Docente da Unesp Rio Preto revela novos usos para a cana-de-açúcar

Experiência expande possibilidades comerciais da cana-de-açúcar

O químico Maurício Boscolo, do Instituto de Biociências, Letras e Ciências Exatas (Ibilce) da Unesp de São José do Rio Preto, pesquisa a utilização do açúcar de cana (sacarose) para fabricar alimentos, xampus, detergentes, bactericidas e pesticidas.

A experiência expande as possibilidades comerciais do insumo no País, centrada hoje na produção de álcool combustível e açúcar. O docente do Departamento de Química e Ciências Ambientais explica que a partir da reação da sacarose com óleos vegetais (soja, milho, amendoim e outros), obtêm-se compostos químicos denominados sucroésteres.

Essas substâncias são um tipo especial de detergente e apresentam amplas propriedades biológicas e químicas. “Podem ser utilizadas no preparo de alimentos e também no fabrico de xampus, detergentes, bactericidas e pesticidas”, explica.

Os sucroésteres, quando usados em alimentos, podem exercer a função de emulsificante, nome dado ao componente capaz de misturar água e óleo. Outra opção de utilização é o emprego como substituto de gordura em processos industriais. “Nos Estados Unidos, estes compostos são empregados no lugar do óleo para fritar batatas. Como o organismo não os absorve, a gordura ingerida é eliminada”, diz.

Pesticida para combater a mosca-branca

O professor Boscolo estuda também o uso de sucroésteres como veneno para combater a mosca-branca, principal praga que afeta a agricultura brasileira. Trata-se de uma iniciativa em parceria com Odair Fernandes, docente do departamento de entomologia da Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias (FCAV) da Unesp de Jaboticabal.

A mosca-branca prejudica mais de 500 espécies de vegetais (plantas ornamentais, hortaliças) e grande número de culturas comerciais como soja, algodão, feijão e citros. “O pesticida que estamos desenvolvendo é biodegradável, não poluente e não deixa resíduos contaminantes. Se o alimento for ingerido com restos do produto, não fará mal à saúde.”

O estudo, iniciado em janeiro de 2002, é financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), e se estenderá até 2005. No decorrer do período, a equipe trabalha em um projeto de produção de polímeros (plásticos em geral) a partir da sacarose. “O polímero gel será utilizado como revestimento de remédios e permitirá a liberação lenta de seus princípios ativos”, finaliza o professor.

SERVIÇO

Unesp – São José do Rio Preto
Departamento de Química e Ciências Ambientais
Correio eletrônico – boscolo@qeg.ibilce.unesp.br
Telefone (17) 3221-2200

Rogério Mascia Silveira
Da Agência Imprensa Oficial e Assessoria de Comunicação e Imprensa da Unesp

Reportagem publicada originalmente na página I do Poder Executivo I e II do Diário Oficial do Estado de SP do dia 22/05/2003. (PDF)

Núcleo da Terceira Idade da Unesp amplia qualidade de vida de idosos

Iniciativa atende à crescente expectativa de vida dos brasileiros, que subiu de 62,7 anos em 1980 para 68,9 anos em 2001

Com o objetivo de ampliar a qualidade de vida da população acima dos 60 anos de idade, a Universidade Estadual Paulista (Unesp) mantém em 14 das suas 25 unidades universitárias o programa Universidade Aberta à Terceira Idade (Unati), vinculado à pró-reitoria de extensão universitária. A iniciativa atende à crescente expectativa de vida dos brasileiros, que subiu de 62,7 anos em 1980 para 68,9 anos em 2001, de acordo com dados do IBGE.

Segundo Benedito Barraviera, pró-reitor de extensão da Unesp, a principal meta do programa é valorizar o idoso e promover a inclusão do grupo social na universidade.

“Os projetos reforçam a auto-estima dos participantes e possibilitam a comunidade acadêmica estudar e pesquisar questões ligadas ao envelhecimento”, comenta. Ele ressalta ser responsabilidade da instituição pública manter programas desta natureza. Reintegrar o idoso é investir na sociedade. Os mais velhos têm muito a oferecer com trabalho e experiência.”

Oficinas e cursos

A iniciativa da Unati abrange alunos, professores e funcionários, por meio de oficinas e cursos nos campi da Unesp. Idosos de várias cidades do Estado têm a oportunidade de participar das atividades gratuitas, que visam a desenvolver dotes artísticos e habilidades perceptivas.

A lista de trabalhos inclui cursos de língua estrangeira, Tai-Chi-Chuan, teatro, artesanato, educação física, informática, excursões, palestras sobre saúde, primeiros socorros, sexualidade, entre outros. O público da melhor idade também pode participar dos grupos de canto coral, disponíveis em 14 cidades.

Interesse pelos idosos

O núcleo inicial da Unati foi criado em 1993 na Faculdade de Filosofia e Ciências (FFC) de Marília e começou a funcionar em 1995. Desde então, a unidade universitária mantém uma série de trabalhos de iniciação científica e de pós-graduação na área. “Há grande interesse dos alunos em trabalhar com esta faixa etária. Destaco o trabalho de Andréia de Oliveira, Cláudia Rodrigues, Simone Paiva e Ana Paula Cordeiro como bons exemplos de auxílio mútuo e integração entre jovens e idosos”, comenta Maria Candida Del-Masso, coordenadora geral da Unati.

Auxílio a alunos cegos

Andréia de Oliveira, quintanista de pedagogia, é responsável pelo projeto Treinamento de Ledores para Deficientes Visuais. A iniciativa permite que os estudantes da Unati auxiliem os alunos cegos da graduação. “Quando o deficiente visual precisa interpretar um texto, nós o transcrevemos em braile ou usamos as nossas vozes para gravá-lo em uma fita cassete”, explica.

Estimulando a reflexão

Simone Paiva, quartanista de Biblioteconomia, trabalha para estimular a reflexão e a capacidade cognitiva dos idosos. Ela coordena um grupo da terceira idade que discute textos de autores como Guimarães Rosa e Clarice Lispector. “Os alunos têm a possibilidade de aprender literatura e de refletir sobre seu papel na sociedade”, afirma.

Mais integração

Cláudia Rodrigues, terceiranista de Pedagogia, organiza as palestras oferecidas aos alunos da Unati na FFC. “Comprovei que o desenvolvimento de atividades físicas e intelectuais distrai, evita a depressão e cria espaço para a integração entre os participantes”, frisa.

Participação teatral

Ana Paula Cordeiro, pós-graduanda, coordena o Grupo de Teatro da Unati de Marília. Formada em 1999, a trupe conta com integrantes de 58 a 83 anos de idade. Entre as peças encenadas, a mais recente é a comédia Ditos, Desditos e Não Ditos. Durante o espetáculo, os estudantes interpretam historietas relacionadas a três ditados populares: Quem conta um conto, aumenta um ponto; Quem pode manda, quem tem juízo obedece; e Visita sempre dá prazer, se não é quando chega é quando sai.

E-mail dos representantes nos campi

Marília – unati@marilia.unesp.br
Araraquara – farachea@fcfar.unesp.br
Araçatuba – rezende@foa.unesp.br
Assis – lsm@femanet.com.br
Bauru – clorinda@travelnet.com.br
Botucatu – faddison@ibb.unesp.br
Franca – digianni@francanet.com.br
Guaratinguetá – tmacedo@feg.unesp.br
Ilha Solteira – cida@adm.feis.unesp.br
Presidente Prudente – converso@stetnet.com.br
Rio Claro – sgobbi@rc.unesp.br
São Paulo – kathya.ivo@terra.com.br
Reitoria – vic@reitoria.unesp.br
São José do Rio Preto – bechara@tll.ibilce.unesp.br

SERVIÇO

Núcleo da Terceira Idade da Unesp
Tel. (11) 5627-0397

Rogério Mascia Silveira
Da Agência Imprensa Oficial e Assessoria de Imprensa da Unesp

Reportagem publicada originalmente na página I do Poder Executivo I e II do Diário Oficial do Estado de SP do dia 21/05/2003. (PDF)

Pesca reduz 50% da população do peixe-batata na costa do RJ até SC

Extração está superando a capacidade de recuperação da espécie

A pesca é a causa da redução em 50% da população do peixe-batata (Lopholatilus villarii). Essa é a confirmação do estudo feito pelo biólogo Antônio Olinto Ávila da Silva, do Instituto de Pesca, ligado à Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento. A pesquisa foi realizada entre 1995 e 1999 e analisou o trecho compreendido entre o norte do Rio de Janeiro (paralelo 22º) e o norte de Santa Catarina (28º).

Na pesquisa, foram mapeadas e catalogadas as espécies como o peixe-batata, que habitam a faixa entre 100 e 500 metros de profundidade. Ele integra uma categoria de alto valor comercial. É importante na cadeia alimentar marinha por estar presente em grande extensão no litoral brasileiro.

O estudo registrou também a evolução da pesca oceânica no País na década de 90. Deixou de ser artesanal para ser mecanizada. Profundidades de até 500 metros passaram a ser atingidas e a quantidade do pescado começou a decrescer progressivamente. Entre as décadas de 70 e 90, caiu 75%, de quatro mil para mil toneladas anuais. “A intensidade de extração está superando a capacidade de recuperação das populações”, observa Olinto.

Expedições de coleta

A atividade pesqueira impacta as espécies com ciclo de vida mais longo. O peixe-batata pode viver até 40 anos, porém não consegue atingir idades elevadas. “A primeira reprodução é tardia, pois só ocorre aos seis anos, fator que retarda a recomposição da população. E o hábitat da espécie é bem conhecido dos pescadores, tornando-o mais suscetível às capturas.”

O Instituto de Pesca realizou mais de 300 operações de coleta. Capturou, entre 1995 e 1997, 58 mil unidades de 43 espécies. O trabalho permitiu a análise do histórico da exploração pesqueira e a confecção de um mapa de atuação dos barcos de exploração comercial.

Olinto avalia que a fiscalização da pesca é falha e as licenças para a atividade são amplas. “É necessário rever os critérios de permissão, com a criação de restrições. O ideal é analisar a área de atuação da embarcação, o modo como a pesca se dá e a relação de espécies autorizadas para a captura.” Ele sugere a instalação de sistemas de rastreamento por satélite nos barcos da frota nacional, para permitir um monitoramento já obrigatório em embarcações estrangeiras arrendadas.

Harém de fêmeas

A recuperação da população do peixe-batata exige mais do que um período anual de proibição para a procriação da espécie, como é feito com camarões e sardinhas. “Faz-se necessário manter a estrutura etária da população e a proporção entre os sexos, além da disponibilidade de alimento.”

Estudos com o peixe-batata do Atlântico Norte (Lopholatilus chamaeleonticeps) mostraram que um macho adulto mantém um harém com várias fêmeas e tem um território delimitado. A sua captura desestrutura a organização social, que só será restaurada com a chegada de outro exemplar do sexo masculino.

A alternativa é criar áreas de pesca proibida. “Elas funcionariam como santuários ecológicos marinhos, onde as espécies poderiam se recompor. Essas mudanças são necessárias para garantir a existência das variedades e manter a atividade pesqueira, tornando-a economicamente interessante”, conclui.

Conheça o peixe-batata

O peixe-batata mede em média 1,2 metro e tem peso que varia entre 15 e 20 quilos. Embora seu nome seja desconhecido entre os consumidores, ele é bastante consumido em peixarias e restaurantes, que o servem como se fosse o namorado, espécie mais conhecida. De sabor excelente e carne clara, custa de R$ 4 a R$ 8 o quilo e é considerado, junto com o cherne, linguado e namorado, produtos de primeira linha.

Rogério Mascia Silveira
Da Agência Imprensa Oficial e Agência USP de Notícias

Reportagem publicada originalmente na página I do Poder Executivo I e II do Diário Oficial do Estado de SP do dia 1º/03/2003. (PDF)