Jovem Cidadão já preparou 170 mil estudantes para o mercado profissional; Camila foi um deles e conta a sua experiência
Criado em abril de 2000, o programa Jovem Cidadão – Meu Primeiro Trabalho já abriu as portas do mercado de trabalho para 170 mil estudantes. Destinado a alunos do ensino médio da rede pública estadual, com idades entre 16 e 21 anos, visa a oferecer estágios e prevenir o desemprego nessa faixa etária da população.
Coordenado pela Secretaria Estadual do Emprego e Relações do Trabalho (Sert), o Jovem Cidadão tem cadastradas atualmente 25 mil empresas e 4 mil jovens estagiando. Atende 53 municípios paulistas: os 39 da Região Metropolitana de São Paulo e 14 municípios abrangidos pelas Diretorias Regionais de Ensino da Secretaria Estadual da Educação nas regiões de Campinas, Piracicaba, São José dos Campos e Santos.
A inscrição é gratuita e deve ser feita pelo site do programa (ver serviço), exceto para alunos matriculados no primeiro ano, que devem procurar um dos 26 postos de atendimento do Jovem Cidadão, cuja lista de endereços e telefones está disponível no site do Jovem Cidadão. No balcão de atendimento, o interessado deve informar data de nascimento e apresentar seu Registro de Aluno (RA).
Ela não perdeu a esperança
Quando tinha 15 anos, a então estudante Camila Sá conheceu o Programa Jovem Cidadão a partir de relatos de amigos que tinham participado, todos com experiências satisfatórias. Hoje, aos 24 anos, é profissional da área de recursos humanos da filial brasileira Faber Castell, multinacional fabricante de material escolar.
Ela conta que, na época, precisava começar a trabalhar e, então, procurou o posto de atendimento do programa no Poupatempo Santo Amaro, zona sul da capital, e preencheu uma ficha. Cinco meses depois foi chamada para participar de um processo seletivo, mas não foi aprovada.
Entretanto, não perdeu a esperança – e cinco meses mais tarde conseguiu a tão sonhada vaga de estágio na área administrativa da Faber Castell, atendendo clientes internos. Passados seis meses, o estágio foi renovado, mas em outra área, a da recepção. Após um ano, foi admitida como funcionária na empresa, de onde diz não pretender sair tão cedo. Ao longo desses oito anos, Camila estudou e se graduou em marketing e agradece ao Jovem Cidadão, que sempre recomenda e indica para contatos pessoais e seu círculo social.
Apelo social
A convocação dos inscritos é feita a partir de um ranking. A lista de nomes é montada de modo automático pelo sistema, a partir das respostas de um questionário on-line de perfil socioeconômico, de preenchimento obrigatório pelo estudante no processo de inscrição.
Quem tem renda inferior tem prioridade para ser chamado, mas todos os inscritos serão convocados. O site do Jovem Cidadão também cadastra empresas e, para cada vaga oferecida, seleciona e convoca três estudantes da escola pública mais próxima, de acordo com o ranking socioeconômico.
Simone Nascimento, supervisora do programa, explica que não é necessário informar nenhuma referência profissional no cadastro. “A ideia é proporcionar uma experiência de emprego inicial para quem nunca trabalhou. E, claro, preparar o estudante para o mercado de trabalho.”
Outro viés da iniciativa, observa Simone, é incentivar a frequência escolar. Só pode participar quem vai à aula regularmente. A verificação da presença é bimestral, por meio do acompanhamento de estágio feito pela escola.
Estágio garantido
Segundo a supervisora do programa Jovem Cidadão, Kaique Bruno da Silva e Bárbara Tavares são exemplos que deram certo. Kaique tem 16 anos, nasceu e mora no bairro de Ermelino Matarazzo, na zona leste da capital paulista. Estudante do terceiro ano do ensino médio, há sete meses ele atua como estagiário de recursos humanos no Departamento de Águas e Energia Elétrica (DAEE), no centro, das 13 às 17 horas. “Tenho aprendido bastante e pretendo seguir na área depois de fazer faculdade de Gestão de Recursos Humanos.”
Também estagiária no DAEE, Bárbara tem 16 anos e mora no bairro Cidade Patriarca, na zona leste. Ela recebe e despacha documentos na auditoria do órgão estadual desde novembro e pensa em cursar faculdade de Publicidade depois de terminar o ensino médio.
Regras do estágio
O jovem é contratado por seis meses e a permanência pode ser prorrogada por igual período, conforme a Lei de Estágio, sem configurar, contudo, vínculo empregatício. De acordo com as regras do programa, o empregador deve pagar, no mínimo, R$ 3,13 por hora trabalhada e fornecer vale-transporte. Por dia, o limite de horas no trabalho varia de quatro a seis horas, de segunda a sexta-feira.
Entretanto, algumas empresas também oferecem outros benefícios. A Sert, responsável pela ação, fornece bolsa-auxílio mensal de R$ 65 para cada participante, além de prover seguros de vida e contra acidentes.
Serviço
Inscrição e informações
Site
E-mail coordenacao@jovemcidadao.sp.gov.br
Rogério Mascia Silveira
Imprensa Oficial – Conteúdo Editorial
Reportagem publicada originalmente na página I do Poder Executivo I e II do Diário Oficial do Estado de SP do dia 06/05/2014. (PDF)