Poupatempo Sé utiliza totens para apressar o atendimento

Projeto piloto com cinco terminais prossegue até o fim do ano; meta para 2016 é oferecer os equipamentos nos 67 postos do programa e em locais com grande concentração de pessoas

Desde setembro, o Poupatempo Sé mantém projeto piloto inédito com totens de autoatendimento. O período de testes com as máquinas prossegue até o fim de 2015. O usuário tem à disposição nas telas dos terminais os serviços mais procurados nos postos: atestado de antecedentes criminais e expedição ou renovação de RG e de Carteira Nacional de Habilitação (CNH).

Operado por toques na tela, cada terminal inclui coletor biométrico de impressões digitais, para substituir, em algumas situações, a necessidade de uso da foto 3×4. A identificação do usuário é quase instantânea e possibilitada quando ele tem cadastro atualizado em algum dos bancos de dados de órgãos ligados aos governos do Estado, como, por exemplo, os do Detran.SP e do Instituto de Identificação Ricardo Gumbleton Daunt (IIRGD).

Multifunção

Equipado com câmera frontal e impressora, o totem é programado para gerar e imprimir recibos, comprovantes e boletos de cobranças, como o Documento de Arrecadação de Receitas Estaduais (Dare), da Secretaria da Fazenda do Estado. Isso permite ao usuário fazer o pagamento no próprio terminal, usando o cartão bancário de débito. Se preferir, pode levar o documento impresso para quitar na rede bancária ou casa lotérica ou, ainda, usando o celular, tablet ou computador, por meio de internet banking.

Outra característica dos totens é simplificar a operação dos postos e oferecer ao usuário mais uma opção para agendar os serviços. Hoje, essas possibilidades seguem disponíveis por telefone (Disque Poupatempo) e pela internet, no site do programa ou por meio do aplicativo SP Serviços, programa para tablet e celular gratuito e disponível nas lojas de aplicativos Google Play, para dispositivos com sistema operacional Android, e Apple Store, para os donos de iPhones e iPads (ver serviço).

Futuro

“O conceito do totem é o de usar a tecnologia em prol do cidadão e ampliar as facilidades atuais e futuras do atendimento”, informa Ilidio Machado, superintendente de Novos Projetos do Poupatempo. Ele diz que, nessa fase de testes, profissionais do Poupatempo, os monitores, orientam os usuários nos terminais. “Além de oferecer apoio, os funcionários colhem a opinião dos usuários sobre os terminais, com o objetivo de aprimorar o serviço.”

Machado destaca a intenção da Diretoria de Serviços ao Cidadão da Companhia de Processamento de Dados do Estado (Prodesp), responsável pelo programa, de instalar totens nos 67 postos no próximo ano, além da previsão de torná-los disponíveis em locais com grande movimento de pessoas – prefeituras, fóruns, shopping centers, etc.

Outra proposta é incorporar ao autoatendimento a avaliação do serviço prestado presencialmente cuja média atual de satisfação dos usuários é de 99%. “A ideia é reproduzir na tela do terminal a classificação do serviço prestado, com a atribuição de um entre quatro conceitos possíveis: ótimo, bom, regular ou ruim – os mesmos oferecidos no balcão, ao término de cada atendimento”, esclarece Machado.

Simples e rápido

O pintor Romário Calixto, morador da capital, foi ao Poupatempo Sé, na região central de São Paulo, na segunda-feira (16), auxiliar seu irmão Josmar a tirar a segunda via da carteira de identidade. Na recepção do posto, foi encaminhado ao totem e se surpreendeu com a facilidade de uso e autonomia oferecidas ao usuário.

“Foram quatro minutos de espera na fila; depois precisei de apenas mais três minutinhos para fazer o agendamento”, contou. “Aprovei o serviço e descobri que preciso pagar a taxa cobrada uma única vez, mesmo que seja necessário alterar a data marcada”, disse Romário.

No totem ao lado, a operadora de telemarketing Sônia Cruz, também da capital, visualizava no terminal as opções de dia e de horário para pedir um novo RG. “Aqui não é preciso pegar senha nem esperar para ser atendida”, contou, sorridente. “Além disso, os números aparecem grandes, não dá para errar a digitação”, finalizou.

Serviço

Site do Poupatempo

Aplicativo SP Serviços (download para celulares)
– Android – Google Play
– iPhone e iPad – App Store

Disque Poupatempo
– 0800 772 36 33 (ligação gratuita de telefone fixo)
– 0 + código da operadora + (11) 2930-3650 (ligação de celular, com cobrança da operadora).
Atendimento de segunda a sexta-feira, das 7 às 20 horas; aos sábados, das 6h30 às 15 horas

Rogério Mascia Silveira
Imprensa Oficial – Conteúdo Editorial

Reportagem publicada originalmente na página I do Poder Executivo I e II do Diário Oficial do Estado de SP do dia 24/11/2015. (PDF)

Alerta: combate ao mosquito da dengue deve ocorrer o ano todo

Pesquisa do Instituto Butantan revela grande capacidade de adaptação do Aedes aegypti mesmo em condições climáticas e ambientais adversas; patrimônio genético variado permite sua reprodução inclusive nos meses frios

Os biólogos Lincoln Suesdek e Caroline Louise, do Laboratório de Parasitologia do Instituto Butantan, fazem o alerta: autoridades e cidadãos não podem diminuir o combate ao mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue, nos meses de inverno, pois, embora o ciclo de reprodução do inseto fique mais lento devido às quedas de temperatura e de umidade da estação, a espécie se mantém ativa. No verão, o ciclo de desenvolvimento é mais rápido.

A dupla de pesquisadores do instituto descobriu que o Aedes aegypti possui um patrimônio genético muito grande e variável. Essa característica pode explicar como os ovos do mosquito sobrevivem até um ano em ambientes e condições adversas e a capacidade da espécie em contornar algumas tentativas humanas de eliminá-la.

Financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), o estudo foi o trabalho de iniciação científica de Caroline, sob orientação do professor Suesdek. Entre abril de 2011 e maio de 2012, houve a coleta de ovos, larvas e pupas do mosquito em seis áreas distintas.

Riqueza genética

As armadilhas foram colocadas em um raio de 7,8 quilômetros quadrados no entorno do Instituto Butantan (órgão vinculado à Secretaria de Estado da Saúde), próximo da Cidade Universitária, na zona oeste da capital.

A pesquisa analisou 150 fêmeas do mosquito durante cinco estações climáticas (outono, inverno, primavera e verão de 2011 e outono de 2012), considerando aspectos genéticos e morfológicos, além de ter avaliado questões evolutivas e demográficas de dispersão desses insetos em áreas urbanas. O objetivo do estudo é compreender a evolução e aprimorar mecanismos de controle da espécie, originária de países da África subsaariana (todo o continente, com exceção da região norte).

O artigo Microevolution of Aedes aegypti (Microevolução do Aedes aegypti) pode ser consultado on-line no site da revista científica PLoS one (ver serviço). Ele apresenta aspectos relacionados à posição de 18 pontos existentes na asa do inseto e sobre a variabilidade do DNA da espécie.

Ao longo do período de estudo, a pesquisa revelou que ocorrem alterações no tamanho e no formato das asas e nas frequências de microssatélites de DNA, indicativos da rápida variação evolutiva da espécie. Os biólogos do Butantan comentam que a riqueza genética confere robustez e versatilidade ao Aedes. Depois do Anopheles, transmissor da malária, essa espécie de mosquito é a segunda que mais infecta pessoas no mundo.

Desdobramentos

“No meio urbano, onde vive a maioria da população brasileira, o Aedes encontra condições muito favoráveis para procriar. Além disso, os fluxos humanos e comerciais em todo o planeta favorecem sua dispersão pelo mundo”, explicam os pesquisadores. Eles indicam o site da Secretaria de Estado da Saúde (ver serviço) como fonte de informação sobre o tratamento e a prevenção da dengue.

O professor Suesdek conta que a pesquisa do Laboratório de Parasitologia prossegue agora com uma tese de doutorado em andamento, prevista para ser finalizada no fim do primeiro semestre de 2016. A autora é a bióloga Paloma Vidal, também aluna, como Caroline, da Universidade de São Paulo (USP).

Atualmente, Paloma valida dados sobre a população e a evolução do Aedes repassados pelos serviços municipais de saúde de Campinas, Catanduva, São Carlos, São José do Rio Preto e Santos. O objetivo é desenvolver estudo complementar ao de Caroline nas cinco cidades paulistas.

Serviço

O Instituto Butantan localiza-se na Av. Vital Brasil, 1.500 – Butantan – capital. O artigo científico dos pesquisadores do Instituto Butantã pode ser consultado em http://goo.gl/A7rFzE. Para obter orientações de tratamento e prevenção da dengue, acesse http://goo.gl/mFw777.

Rogério Mascia Silveira
Imprensa Oficial – Conteúdo Editorial

Reportagem publicada originalmente na página I do Poder Executivo I e II do Diário Oficial do Estado de SP do dia 17/11/2015. (PDF)

Computação é a nova aliada no combate à dengue

Pesquisa da USP São Carlos apresenta tecnologia capaz de distinguir espécies de mosquitos pelo som emitido no voo; sensor também distingue as fêmeas, que picam, dos machos inofensivos

A inteligência artificial é a mais nova aliada da sociedade no combate à dengue. O professor Gustavo Batista, do Departamento de Ciências da Computação do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da USP São Carlos, desenvolveu ferramenta para fortalecer a luta contra a epidemia.

Trata-se de uma armadilha com um sensor capaz de identificar, instantaneamente, as espécies de mosquitos presentes em uma região e, ainda, quantificar o total de insetos capturados e o sexo.

A dengue é hoje a principal doença viral transmitida por mosquitos e um dos principais problemas de saúde pública enfrentados no Brasil e em outras áreas tropicais e subtropicais do planeta. Devido à falta de uma vacina eficaz, o controle da moléstia limita-se a ações para impedir e controlar a proliferação do seu vetor, o mosquito Aedes aegypti.

Precisão

Iniciado em 2010, no pós-doutorado do professor Batista na Universidade da Califórnia, em Riverside, nos Estados Unidos, a ferramenta permite aferir com precisão a população do Aedes aegypti em determinada área e transmitir os dados em tempo real, por meio de um aplicativo instalado em computador, tablet ou celular, às autoridades governamentais. Isso possibilita planejar e centrar ações nos locais com maior incidência de criadouros e pacientes portadores do vírus da dengue.

Promissor, o estudo científico recebeu ao longo de seu desenvolvimento apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), com o financiamento de bolsa de pós-doutorado de Batista naquele ano. Em 2011, o projeto recebeu investimento da Fundação Bill e Melinda Gates. O trabalho foi um dos oito projetos brasileiros do total de 12 laureados pelo Google em toda a América Latina neste ano (ver serviço).

Prevenção

Como prêmio, a empresa norte-americana de tecnologia irá pagar durante um ano bolsa de US$ 750 mensais para o professor Batista, que também é pesquisador do Centro de Ciências Matemáticas Aplicadas à Indústria (CeMEAI), sediado no ICMC e mantido pela Fapesp (ver boxe).

A premiação do Google inclui ainda uma bolsa mensal de US$ 1,2 mil para André Maletzke, aluno de doutoramento orientado por Batista. A dupla de cientistas de São Carlos pesquisa agora uma armadilha doméstica para mosquitos a partir de um sensor cujo desenvolvimento da propriedade intelectual é de domínio público.

A intenção é patentear a invenção com o auxílio da Agência USP de Inovação e lançar um modelo de armadilha com o sensor em 2016, com custo estimado em R$ 200 para o consumidor. “Assim, quem tiver o equipamento em casa poderá detectar a presença de mosquitos e tomar providências antes da ocorrência de surtos da dengue”, observa.

Assinatura

Instalado em uma caixa de acrílico, o sensor usa um fototransistor para medir a variação de luz emitida pelas asas de cada inseto. Nesse processo, o zumbido provocado pelo voo é convertido em sinal elétrico e o resultado obtido assemelha-se ao som capturado por um microfone.

O passo seguinte é a comparação, feita por métodos de inteligência artificial, do dado obtido com o conjunto de outros sons já armazenados na ‘biblioteca’ do sistema. “Cada espécie bate as asas de modo único, como se fosse uma assinatura”, explica Batista. “Em uma fração de segundo, o sensor identifica o sexo e a espécie do exemplar capturado.”

Prioridade

Batista comenta que o estudo desenvolvido no ICMC exigiu a catalogação do zumbido provocado pelo bater das asas de diversos insetos, como abelhas e vespas. Entretanto, priorizou o Aedes aegypti e mais três espécies de mosquitos hematófagos causadores de doenças, que costumam também ser aprisionadas na armadilha – o Anopheles gambiae, vetor da malária e duas do gênero Culex (a quinquefasciatus e a tarsalis), disseminadoras de encefalites.

“O foco é a fêmea adulta do Aedes aegypti, que transmite o vírus e costuma picar suas vítimas em um raio de 100 metros do local onde nasceram, ou seja, ela ataca as pessoas na casa onde nasceu e da vizinhança”, observa Batista. Ele ressalta que essa espécie impõe um desafio adicional às autoridades de controle epidemiológico, pois a fêmea põe seus ovos em água limpa e parada, mas eles são capazes de sobreviver em meio úmido ou seco até um ano depois.


Sobre o CeMEAI

O CeMEAI é um dos Centros de Pesquisa, Inovação e Difusão (CEPIDs) da Fapesp estruturado para promover, de modo multidisciplinar, o uso de ciências matemáticas (matemática aplicada, estatística e da computação) como recurso em aplicações industriais e governamentais. Desenvolve trabalhos nas áreas de otimização aplicada e pesquisa operacional, mecânica de fluidos computacional, modelagem de risco, inteligência computacional e engenharia de software.

Além do ICMC, o CeMEAI é também associado a seis instituições científicas: Centro de Ciências Exatas e Tecnologia da Universidade Federal de São Carlos (CCET-UFSCar); Instituto de Matemática, Estatística e Computação Científica da Universidade Estadual de Campinas (Imecc-Unicamp); Instituto de Biociências, Letras e Ciências Exatas da Universidade Estadual Paulista (Ibilce-Unesp); Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Estadual Paulista (FCT-Unesp); Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE); e o Instituto de Matemática e Estatística da Universidade de São Paulo (IME-USP).

Serviço

Para consultar os 12 projetos selecionados pelo Google na América Latina, acesse http://goo.gl/hxyYmN

Rogério Mascia Silveira
Imprensa Oficial – Conteúdo Editorial

Reportagem publicada originalmente na página IV do Poder Executivo I e II do Diário Oficial do Estado de SP do dia 14/11/2015. (PDF)