Poder público se une para desenvolver programas ambientais em Mogi Guaçu

Parceria entre prefeitura e Diretoria Regional de Ensino faz campanha pela redução do desperdício de água no município

Para chamar a atenção da população para o problema do desperdício de água em Mogi Guaçu, a prefeitura municipal e a Diretoria Regional de Ensino da Secretaria Estadual da Educação se uniram num programa de educação ambiental voltado para as 21 escolas estaduais da cidade. A parceria definiu uma programação de atividades que teve início na Semana da Água, em março, e irá se estender até o mês de dezembro.

A parceria envolve o Serviço Autônomo Municipal de Água e Esgoto (Samae), autarquia ligada à prefeitura de Mogi Guaçu e a Diretoria Regional de Ensino de Mogi Mirim. E foi iniciada em março de 2006, com a inauguração da estação municipal de tratamento de esgoto de Mogi Guaçu.

A idealizadora da parceria é a assistente técnico-pedagógica Gleise Santos, que integrou os programas de combate ao desperdício Água Hoje e Sempre: Consumo Sustentável, da Secretaria de Educação, e Educação e Cidadania – SMAE, da prefeitura. A união já possibilitou a realização de visitas patrocinadas por parceiros do município às estações de tratamento de água e esgoto, a criação de uma agenda ambiental permanente na região e uma gincana, que está sendo disputada por todas as escolas públicas de Mogi Guaçu.

A gincana tem metas específicas, como a redução do consumo nas escolas e também a adoção e intervenções ambientais em um curso d’água próximo da escola, podendo ser um lago, mina, ou córrego. As ações podem ser individuais ou coletivas, a critério das escolas e incluem práticas como replantio de árvores, retirada de lixo, separação de materiais para coleta. Caso haja união entre duas ou mais escolas para a realização de uma tarefa, a pontuação na gincana é ainda maior.

As três escolas melhor classificadas farão, em dezembro, uma visita ao Parque Estadual da Serra do MarAquário de Santos. Os três ônibus com 50 lugares serão pagos pelo patrocinadores da comunidade.

“A intenção é conscientizar as gerações futuras sobre a questão do desperdício da água, um recurso natural não renovável que tende a ser escasso em breve. Conseguimos financiamento com empresários da cidade para o programa, que reúne todos segmentos da população. Até junho, professores e coordenadores pedagógicos das escolas estão sendo capacitados para atuarem como agentes multiplicadores. Em breve, repassarão o conhecimento adquirido para os estudantes e estes para seus familiares e vizinhos”, observa.

A dirigente regional de ensino de Mogi Mirim, Elin de Freitas Vasconcelos, comenta que o próximo passo será estender gradativamente o programa realizado em Mogi Guaçu para as 11 escolas de Mogi Mirim, cidade vizinha localizada distante oito quilômetros. E por fim, estendê-lo também para os 60 mil alunos da região, que compreende também os municípios de Águas de Lindóia, Amparo, Conchal, Estiva Gerbi, Holambra, Itapira, Lindóia, Monte Alegre do Sul, Pedreira, Santo Antonio de Posse e Serra Negra.

Valdir Grossi, diretor administrativo do Samae, conta que Mogi Guaçu é uma cidade que possui 140 mil habitantes e perde 40% de toda água tratada, em vazamentos e em situações corriqueiras, como não fechar a torneira durante a escovação dos dentes. “A intenção da campanha ambiental é começar a combater as causas do desperdício e não somente seus efeitos. O consumidor paga hoje R$ 10,4 por dez mil litros de água e este valor refere-se somente à distribuição. Em breve, pagará também pelo insumo – e o recurso será cada vez mais escasso”, alerta.


Casamento perfeito

Os alunos da oitava série da EE Professora Anália de Almeida Bueno aprovaram a gincana. Motivados, tiveram a oportunidade de dar prosseguimento a uma iniciativa de preservação ambiental iniciada por um grupo de 30 alunos do ensino médio e cinco professores liderados pelo professor de História José Sidney Teixeira em 2005. A atividade consistiu na recuperação de um nascente degradada do Rio Mogi Guaçu, localizada a 200 metros do estabelecimento de ensino.

O local tem árvores com mais de 200 anos, é uma pequena porção remanescente de Mata Atlântica. O grupo de estudantes colheu amostras da água, flores e folhas de árvores e as entregou para uma bióloga da Faculdade Franco Montoro, que comprovou serem todas de espécies nativas, que não haviam sido plantadas.

“Este programa de conservação ambiental foi um casamento perfeito entre as atividades que já eram desenvolvidas na escola e as ações da Samae. Com o trabalho, notamos que há um casal de tucanos que sempre aparece nas árvores do local e também descobrimos que quem jogava lixo nas margens da nascente eram pais e avós de alunos. Eles hoje são os maiores defensores da nascente, inclusive por que encontramos amparo na Lei Orgânica do Município para preservar em definitivo o local”, comenta José Sidney.

Rogério Mascia Silveira
Da Agência Imprensa Oficial

Reportagem publicada originalmente na página I do Poder Executivo I e II do Diário Oficial do Estado de SP do dia 11/05/2007. (PDF)

Parceria Funap-Prefeitura dá início a programa ambiental em Mirandópolis

Trabalham detentos do regime semi-aberto, familiares e egressos do sistema prisional; cidadãos carentes também vão separar e comercializar o material

A Praça Manoel Alves de Ataíde, no centro de Mirandópolis, será palco, hoje, às 9 horas, do lançamento do Programa Educacional Sócio-Ambiental (Proesa). Esta iniciativa tem cunho assistencial e ecológico e vai empregar 25 trabalhadores da recém-formada cooperativa, que será responsável por coletar o lixo do município, separar material reciclável e comercializá-lo.

A instalação da coleta seletiva é resultado de parceria firmada em março de 2006 entre a Fundação Professor Doutor Manoel Pedro Pimentel (Funap) e a prefeitura de Mirandópolis. Na ocasião, foi definido o cronograma de trabalho para geração de emprego e renda para presos, familiares e catadores de material reciclável.

O cronograma culminou com a instalação da cooperativa. A iniciativa pretende encontrar saídas para os desafios enfrentados pelo município, como promover a reintegração social de egressos do sistema prisional, diminuir o volume do lixo depositado no único aterro sanitário da cidade e oferecer novas perspectivas para as famílias que viviam separando materiais no local.

Cooperativa

Mirandópolis tem 25 mil habitantes, fica localizada no oeste paulista, distante a 600 quilômetros da capital e abriga duas penitenciárias, com presos de alta periculosidade. Felipe Mello, gerente regional da Funap em Araçatuba, conta que o investimento no Proesa foi de R$ 400 mil e cada parceiro (Estado e prefeitura) bancou metade do recurso.

Mello diz que a Funap contratou a Adesão – Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip) – para prestar assessoria técnica sobre o Proesa. O município reformou um barracão de sua propriedade e cedeu seu uso à cooperativa. O prédio municipal foi transformado em sede da cooperativa, onde, a partir do dia 21 de junho, será realizada a separação e comercialização do material coletado (papel, vidro, alumínio, metal, borracha).

A expectativa com o Proesa também é grande na Funap. A diretora-executiva Lúcia Casali lembra que se interessou pela iniciativa desde a sua posse, em julho de 2006. “A participação da família do preso é fundamental para reforçar a auto-estima do egresso do sistema carcerário e do detento em regime semi-aberto. A medida amplia as possibilidades de reinserção na sociedade e diminui a chance de reincidência”, analisa.

Ressocialização

Segundo Lúcia, a cooperativa traz outros desdobramentos positivos. Esta experiência inicial em Mirandópolis será repassada em breve para o centro de ressocialização e para o presídio de Avaré. “Além do ganho ambiental, há uma mudança na imagem do sistema carcerário perante a população e empresas interessadas em promover ações de responsabilidade social também podem colaborar. Em Avaré, estamos estudando parcerias com o setor têxtil”, revela.

A cooperativa tem capacidade para absorver até 50 cooperadores. Em princípio funcionará com 25 trabalhadores: cinco presos em regime semiaberto, três egressos do sistema, oito familiares de presos (a maioria mães e esposas) e o restante, pessoas da comunidade. O lixo do município era todo depositado in natura no aterro sanitário causando prejuízo ambiental. Agora há possibilidade de reciclar 60% dos materiais.

José Luiz Jacomelli, responsável da prefeitura no projeto, ressalta que muitas famílias viviam coletando lixo no aterro sanitário. Foram convidadas a participar do programa de reciclagem – a maioria aceitou. “A cooperativa ampliará a qualidade de vida de todos os cidadãos. Também despertou o interesse de municípios vizinhos, como Valparaíso e Guaraçaí, em reproduzir a iniciativa”, conta.


Festa de inauguração

Na festa de inauguração, haverá desfile de alunos das escolas de ensino infantil, fundamental e médio da cidade. A programação do evento terá espetáculo de dança da Escola Dr. Edgar Raimundo da Costa e apresentações musicais com estudantes da Escola Ebe Aurora e da banda da Apae.

Além do lançamento oficial, o Proesa realizará oficinas nas instituições de ensino e unidades prisionais de Mirandópolis, concurso de desenhos e frases e palestra com o tema Desenvolvimento Sustentável.

Rogério Mascia Silveira
Da Agência Imprensa Oficial

Reportagem publicada originalmente na página III do Poder Executivo I e II do Diário Oficial do Estado de SP do dia 03/05/2007. (PDF)