PM oferece primeiro emprego e qualificação para jovens carentes

Com a contratação de soldados temporários, policiais militares que exercem funções burocráticas são liberados para o policiamento das ruas

O Serviço Auxiliar Voluntário (SAV) foi instituído pela Polícia Militar de Estado de São Paulo em 2002, com dois objetivos: oferecer trabalho para jovens desempregados sem experiência profissional. O corpo de soldados temporários é composto atualmente por 5.041 jovens na faixa de 18 a 23 anos, sendo 90% do sexo masculino. Eles foram selecionados em dois concursos realizados no ano passado e contratados pelo período de um ano, prorrogável por mais um ano, dependendo do desempenho de cada e do interesse da corporação.

Os soldados recrutados pelo SAV trabalham em diversas repartições da PM, na Região Metropolitana de São Paulo (RMSP) e nas sete subsedes do interior, onde prestam, entre outros, os serviços de recepcionista, atendimento telefônico, auxiliar administrativo, manutenção de edificações, mecânico de viaturas e guarda de quartel.

“Aqui eles recebem salário e treinamento, mantendo-se afastados de atividades anti-sociais. E, com as funções administrativas e técnicas que realizam, podemos colocar os integrantes do nosso efetivo para o policiamento nas ruas”, explica o capitão Alexandre Marcondes Terra, do Comando Geral da PM.

Aprendizado teórico e prático

Os soldados temporários não portam armas nem exercem qualquer atividade policial, recebem benefícios como vale refeição e fardamento para uso exclusivo nos locais de trabalho, e dois salários mínimos como pagamento mensal. Além disso, os que quiserem fazer carreira na corporação, vão receber como bônus, para cada ano de contrato, um ponto a mais no concurso de seleção de soldados de segunda classe, que é o posto inicial na hierarquia da Polícia Militar.

“Esses jovens são excelentes profissionais, e muitos mostram disposição em seguir carreira na corporação. No período em que trabalham conosco, têm um aprendizado prático de valores e conhecimentos, que abre para cada um deles a perspectiva de exercer no futuro uma atividade profissional como cidadãos dignos”, diz o tenente-coronel Amaury Dias, do Centro de Suprimento e Manutenção de Motomecanização da PM.

Essa afirmação é confirmada pelo soldado temporário Carlos Eduardo Stravini, que trabalha como mecânico no mesmo setor. “Eu estava desempregado quando li no jornal o anúncio do processo seletivo para soldado temporário. Fui aprovado e hoje me considero perfeitamente integrado à PM. Antes, eu só fazia bicos trabalhando na parte elétrica dos carros. Aqui aprendi a fazer consertos em áreas que não dominava, como suspensão, freios e mecânica”.

Soldados entusiasmados

Um dos soldados temporários mais entusiasmados com a nova função é a jovem Patrícia da Costa, grávida de oito meses. “Eu trabalho na expedição e remessa de documentos do Centro Farmacêutico da PM. Depois que meu bebê nascer e terminar o meu contrato, pretendo estudar para o concurso e realizar o meu sonho, que é participar do policiamento nas ruas”, diz ela emocionada.

O entusiasmo de Patrícia é compartilhado pelo seu colega Édson de Souza Pereira, 23 anos, lotado no Quartel General da PM. “Aqui, aprendi a trabalhar em equipe, adquiri disciplina e me revezo nas funções de recepcionista e guarda. A experiência tem sido tão positiva que solicitei a prorrogação do meu contrato pois pretendo fazer carreira aqui”.

O tenente Antônio Thomazelli Júnior, que foi um dos monitores no treinamento, conta que os temporários receberam orientações sobre a hierarquia e a disciplina da corporação e informações sobre direito, cidadania, comunicação e expressão, educação física e legislação, entre outros assuntos. “Durante 60 dias eles participaram do treinamento teórico em período integral, que é igual para todas as funções”.

A tenente Sandra Helena Linhares, coordenadora do curso na capital, ressalta que, depois dessa fase inicial de treinamento – quando foram selecionados para as funções que iriam assumir,de acordo com a aptidão e habilidade de cada um – os jovens participaram da parte prática do curso, com a duração de 30 dias, já direcionada para os serviços que irão prestar na corporação.

Rogério Mascia Silveira
Da Agência Imprensa Oficial

Reportagem publicada originalmente na página I do Poder Executivo I e II do Diário Oficial do Estado de SP do dia 12/07/2003. (PDF)