Criado em 2006, o projeto de distribuição anual gratuita segue até sexta-feira nas estações Tatuapé, Barra Funda e Osasco; depois de ler, passageiro deve repassar a obra a outro leitor
Prossegue até sexta-feira (27), em três estações da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), a 10ª edição do projeto Livro Livre. Iniciada ontem, a ação anual de incentivo à leitura nas linhas férreas metropolitanas irá distribuir, gratuitamente, neste ano, total recorde de exemplares aos passageiros das composições: 55 mil.
De acordo com as regras do Livro Livre, cada usuário pode pegar quantos exemplares quiser entre 10h30 e 15h30. Hoje, quarta-feira, as estantes itinerantes do projeto estarão na estação Tatuapé (Linhas 11-Coral e 12-Safira). Amanhã, quinta-feira, 26, na Estação Barra Funda (Linhas 7-Rubi e 8-Diamante). Na sexta-feira (27), chegam ao destino final, a Estação Osasco (Linhas 8-Diamante e 9-Esmeralda).
“Há diversas opções de gêneros: infantil, ficção, não ficção, culinária, autoajuda, contos, romances policiais, suspense, ação, entre outros”, observa Wanderley Macedo, chefe do departamento de marketing da CPTM. Participante do projeto desde 2006, ele destaca que em 2015 o Livro Livre atingirá a marca de 130 mil exemplares doados, dos quais 45,2 mil foram cedidos pela Biblioteca do Centro Universitário Senac Santo Amaro. Os demais, por editoras, funcionários da CPTM e pelos passageiros das seis linhas da companhia.
Encontros
Neste ano, o projeto inclui um ciclo de debates literários e bate-papos diários com escritores. A programação completa desses encontros está disponível para consulta no site da CPTM (ver serviço). Ontem, primeiro dia do projeto, a mesa-redonda inicial foi realizada na Estação Luz (Linhas 7-Rubi e 11-Coral), das 12 às 14 horas.
Com espaço aberto às manifestações do público, o encontro foi mediado pelo jornalista Alcino Leite Neto. Reuniu Gonçalo Júnior, autor de Quem samba tem alegria (sobre o músico Assis Valente) e da recente biografia do escritor Rubem Alves; Luiza Nagib Eluf, autora de A paixão no banco dos réus (com relatos sobre os principais crimes passionais do País) e de Matar ou morrer (sobre Euclides da Cunha); e Oscar Pilagallo, biógrafo do cantor Roberto Carlos, obra lançada em 2008.
Repasse
O conceito do projeto é ampliar o conhecimento dos passageiros, fazendo do livro um companheiro inseparável em seu dia a dia. Tão logo finalize a leitura de um exemplar, a proposta é repassá-lo a outro usuário nos trens, ou entregá-lo aos agentes da CPTM nas estações, explica Macedo. “A ideia é fazer o livro circular de mão em mão. Todo exemplar distribuído é adesivado com o selo do projeto, que contém as instruções de uso e de repasse da obra. A coleta em todas as estações é ininterrupta, realizada o ano inteiro”, completa.
Compartilhamento
A estudante Suelem Lopes, de 11 anos, e sua mãe, a doméstica Sueli, estavam radiantes com os exemplares que conseguiram pegar na Estação Luz. Moradoras do Largo do Paissandu, região central da capital, pretendem ler e compartilhar os “presentes inesperados de fim de ano” com amigos, familiares e vizinhos. “Olha que livro maravilhoso”, disse Sueli ao folhear Mar de homens, obra com 92 imagens em preto e branco produzidas na costa brasileira, entre 1997 e 2004, pelo fotógrafo Roberto Linsker.
Também de olho na estante, a programadora Daiane de Lima selecionou 15 títulos, a maioria infantil. Moradora de Poá, ela embarca diariamente na Estação Guaianases para ir trabalhar e conta que ler é seu passatempo preferido. “Quando eu era pequena, meu tio lia muitos livros de história para mim. Hoje repito esta experiência tão rica para minha filha de 5 anos.”
Primordial
A estudante Thaís Silva corta caminho diariamente pelos acessos e túneis da Estação Luz. Maravilhada com as estantes à disposição, começou a folhear os “novos” livros ali mesmo. “Ler é primordial para melhorar o nível cultural das pessoas. Gosto tanto que costumo fazer ‘orelhas nas páginas’ para não perder o ponto em que parei”, disse, sorrindo.
A funcionária da Biblioteca Mario Covas da Estação Presidente Altino da CPTM de Osasco, Tânia Martins, foi além do atendimento ao público. Doou 30 exemplares para o projeto e selecionou, para um passageiro, a pedido dele, dois títulos: um de poesia e outro de literatura. Carregou na mochila Antologia poética, de Cruz e Sousa, e Dom Casmurro, de Machado de Assis. “Tomara que ele goste”, diz, esperançosa.
Serviço
Projeto Livro Livre da CPTM
Rogério Mascia Silveira
Imprensa Oficial – Conteúdo Editorial
Reportagem publicada originalmente na página I do Poder Executivo I e II do Diário Oficial do Estado de SP do dia 25/11/2015. (PDF)