Só no primeiro semestre deste ano, foram realizados 18,8 mil desentupimentos domiciliares; população não colabora e joga de tudo nos vasos sanitários
Manter em perfeito funcionamento os 18 mil quilômetros de tubulação de água e esgoto da capital é um dos desafios da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp). Parte da verba anual é investida na manutenção de equipes permanentes de socorro, que atendem aos chamados telefônicos. A maioria para desentupimentos de esgotos obstruídos por objetos jogados no vaso sanitário, como cabelo, gordura, papel higiênico, pontas de cigarro, preservativos, estopa, pó de café, panos, garrafas, cotonetes, bolas de tênis, roupas íntimas, talheres, folhas, areia e terra.
A gordura proveniente de frituras é o maior agente de obstrução. Ao entrar em contato com a água, forma uma pasta que gruda em outros materiais e bloqueia coletores e ramais (ligações na tubulação entre a residência e o encanamento da rua). José Augusto Borges, engenheiro e gerente do pólo de manutenção da Lapa, explica que a principal causa do problema é a desinformação da população.
“O cidadão colabora com a sociedade quando não atira nada nos ralos e vaso sanitário”, ressalta. Situação comum é o entupimento provocado por restaurantes instalados no centro da cidade, que jogam gordura no ralo e não percebem anomalias na rede de água e esgoto da sua propriedade.
“Na verdade, os pontos de retenção se localizam alguns quilômetros adiante na rede e, assim, prejudicam bairros inteiros, ocasionam mau cheiro e atraem animais indesejáveis”, explica Borges. Depois do entupimento causado por um restaurante, ele é notificado, intimado a construir caixa coletora de gordura, e fica sujeito à legislação vigente. Borges conta que os técnicos costumam identificar rapidamente qual é o agente entupidor da rede.
Balanço
No primeiro semestre do ano, foram realizadas 18,8 mil desobstruções domiciliares e 49 mil de coletores. A média diária de desentupimentos é de 370 coletores na capital (270 da rede coletora e cem ligações de ramal). A Sabesp cobra R$ 42 do cliente quando a ligação bloqueada é domiciliar, e oferece garantia de três meses pelo serviço. Nos demais atendimentos, a empresa assume os custos.
Borges lembra que a rede coletora subterrânea é construída com manilha especial, tem vida útil de 50 anos e é projetada para dispensar qualquer tipo de manutenção enquanto está sendo utilizada. “A Sabesp é responsável por toda a tubulação, até a caixa coletora do cliente”, informa.
O atendimento das ocorrências é realizado de segunda a sexta-feira, das 8 às 17 horas, e cada solicitação leva, em média, 12 horas para ser finalizada. O tempo calculado refere-se ao período entre a queixa do cliente e a conclusão do serviço.
Depois da chamada telefônica, a companhia envia um técnico operacional de manutenção, que se desloca de motocicleta até o local da ocorrência. Ele avalia o problema – que pode ser vazamento de esgoto ou de água – e informa à subsede qual o tipo de serviço que deverá ser prestado e quais máquinas deverão ser enviadas para o local.
Reno Gonçalves Filho, responsável pelo departamento de segurança da Dimep Sistemas de Ponto de Acesso, ligou para a Sabesp no dia 17 de agosto e solicitou o desentupimento da ligação entre o ramal da empresa e a rede coletora de esgoto. Sua empresa fica na Vila Leopoldina, zona oeste da capital. “Depois de 40 minutos da chamada, tudo estava pronto. Avalio o serviço prestado como muito bom”, declarou.
Equipamentos de desobstrução
A maioria das redes paulistanas é de seis polegadas (150 milímetros) e oito polegadas (200 milímetros). Depois de identificados os vazamentos, os técnicos utilizam o sewer roder – equipamento que funciona como um saca-rolhas. É uma mangueira que contém uma vareta no seu interior. Ao ser acionada na tubulação, perfura e desobstrui o ramal.
Para cada tipo de entupimento é utilizada uma vareta específica. O passo seguinte é usar o sewer jet, mangueira que injeta água em alta pressão para acabar de vez com o entupimento, retirar a gordura e a sujeira excedentes e lavar as paredes internas da tubulação. Há, ainda, o caminhão de alto vácuo, que funciona como um aspirador de grande potência, sugando e armazenando a sujeira retirada de poços.
Serviço
Sabesp
Telefones 195 e 0800-0119911 (Região Metropolitana de São Paulo) e 0800-550195
Rogério Mascia Silveira
Da Agência Imprensa Oficial
Reportagem publicada originalmente na página I do Poder Executivo I e II do Diário Oficial do Estado de SP do dia 25/08/2004. (PDF)