Nova técnica do Instituto de Pesca aumenta sustentabilidade do mexilhão

Praia da Cocanha em Caraguatatuba lidera produção do marisco no Estado; cultivo amplia renda e fixação da comunidade caiçara

Técnica desenvolvida pelo Instituto de Pesca aumentou a produtividade e a sustentabilidade do cultivo de mexilhão em Caraguatatuba, no litoral norte paulista. Iniciada como pesquisa em maio de 2007, a técnica usa coletores artificiais para retirar do mar as sementes do molusco em suspensão na água.

Sem custos para o produtor, a nova metodologia substituiu na Praia da Cocanha a prática predatória de retirar o marisco de locais como costões e pedras. As vantagens incluem favorecer a recuperação dos estoques do animal na natureza, ampliar a sustentabilidade da atividade econômica e reduzir custos da criação.

O estudo para criar e aperfeiçoar o sistema de coletores foi pedido pela Associação dos Pescadores e Maricultores da Praia da Cocanha (Mapec). Foi realizado com o mexilhão de nome científico Perna perna, comum em Caraguatatuba e encontrado em toda a costa sudeste brasileira.

No Instituto de Pesca, vinculado à Secretaria de Agricultura e Abastecimento, a experiência prática transformou-se no tema da dissertação de mestrado da aluna Isabella Bordon. A defesa da tese foi realizada no final de junho sob orientação do pesquisador Hélcio Marques.

Os pesquisadores Hélcio e Isabella explicam que o coletor desenvolvido retém grande quantidade de larvas de mexilhão espalhadas no ambiente marinho. De tamanho microscópico e invisível a olho nu, elas se enroscam num emaranhado de fios da corda do equipamento. O passo seguinte do estudo inclui descobrir a época com maior abundância das sementes no ambiente marinho, propícia para lançar os coletores na água e, ainda, fixar a altura ideal para posicioná-los. Determinou-se que o melhor posicionamento é na superfície da água, o que se consegue com o auxílio de pequenas boias de isopor.

Na natureza, o ciclo de vida do animal bivalve (de duas conchas) começa no oceano, após a junção dos gametas masculino e feminino. Durante dois meses, a semente vagueia até encontrar um local para se fixar – rocha, rede coletora ou qualquer outro ambiente marinho. Para se alimentar, o mexilhão filtra a água do mar e dela retira plâncton e outros nutrientes.

Viveiro artificial

Na fazenda aquícola, o coletor é usado como viveiro. Quando a concha atinge dois centímetros de comprimento, o mexilhão passa a ser chamado de semente, sendo transferido para as redes de engorda envoltas numa malha fina.

A medida beneficia o ganho de peso e tamanho, amplia o espaço para cada molusco da colônia e reduz a competição por alimento com os outros indivíduos. Com o aumento do tamanho das conchas, o tecido biodegradável se rompe naturalmente. Em média, o animal atinge tamanho entre 7 e 9 centímetros após oito meses, quando está pronto para a colheita e consumo.

O equipamento é instalado a 500 metros da praia, na fazenda aquícola da Mapec, área demarcada exclusiva para a mitilicultura (criação do mexilhão). É fixado no chamado longline – corda com dezenas de coletores paralelos, identificados por boia. Cada um deles possui dois metros de extensão e é formado por cordas entrelaçadas.

A mitilicultura, ou criação de mexilhões, realizada de modo semi-artesanal em Caraguatatuba, é a criação de organismos marinhos mais difundida no litoral paulista. No Estado, a Mapec é a maior fazenda produtora e a atividade econômica ajuda a aumentar a renda e conter o êxodo urbano da população caiçara rumo aos grandes centros urbanos.

A denominação marisco diz respeito a todos os moluscos comestíveis. O mexilhão é um deles, e 90% da sua produção nacional vêm de Santa Catarina. São Paulo e Rio de Janeiro produzem apenas 5% cada. Na Praia da Cocanha, o quilo do produto in natura, na concha, custa em média R$ 6, e a pequena produção local abastece restaurantes e o comércio da região.

“Um dos reflexos da pesquisa foi elevar a produção para 30 toneladas anuais em 2008”, comemora José Luiz Alves, um dos 40 maricultores que integra a Mapec. Ele conta que a associação pesquisa em parceria com a prefeitura opções para aumentar o valor agregado do produto. Uma das novidades em estudo é vender mexilhão defumado em conserva. A Praia da Cocanha dispõe de aspectos naturais favoráveis ao cultivo, como a temperatura média anual da água, 25°C. E os valores ideais para o desenvolvimento do animal oscilam entre 25°C e 28°C.


Menos gordura e mais saúde

A Praia da Cocanha tem águas limpas e é margeada por duas ilhotas situadas a 500 metros do continente, que formam uma baía no local. Ambas atuam como barreiras naturais contra tempestades e correntes marítimas fortes e frias vindas do leste e do sul.

A criação funciona numa área marinha próxima entre a costa e as duas ilhas. No local, de acesso restrito aos maricultores, são espalhadas as longlines, com 50 a cem coletores e redes de engorda em cada uma. O animal produzido na fazenda aquícola apresenta a vantagem de ser livre de areia, poluição e impurezas, além de possuir maior proporção de carne em relação às conchas.

O mexilhão (de ambos os sexos) é um fruto do mar de sabor delicado. O macho é branco e a fêmea, alaranjada, porém não há diferença de paladar na degustação. Do ponto de vista nutricional tem grande valor proteico, com pouca gordura e calorias. É rico em sais minerais, cálcio, fósforo e ferro. Todos os anos, a Mapec promove, em dezembro, na Praia da Cocanha, o Festival do Mexilhão. Na ocasião, são servidas nos quiosques e restaurantes receitas típicas caiçaras com o alimento, como a mariscada temperada, o mexilhão ao forno e o risoto lambe-lambe.

Rogério Mascia Silveira
Da Agência Imprensa Oficial

Reportagem publicada originalmente na página II do Poder Executivo I e II do Diário Oficial do Estado de SP do dia 05/08/2009. (PDF)

Adolfo Lutz inova e lança on-line livro que analisa todos os tipos de alimentos

Conteúdo, importante para pequenas empresas, frigoríficos e população, traz informações sobre o controle de qualidade em gêneros alimentícios

O Instituto Adolfo Lutz (IAL) publicou on-line o conteúdo da quarta edição de seu livro Métodos Físico-Químicos para Análise de Alimentos. A obra de referência apresenta os procedimentos do IAL para os laboratórios mantidos pela pasta da Saúde no Estado. A divulgação pela internet foi a opção usada pelo instituto para economizar recursos de impressão e ampliar o conhecimento da população sobre uma de suas tarefas.

Disponível no site, o material descreve a análise de todos os tipos de alimentos. Não aborda questões ligadas à legislação, porém o conteúdo tem relevância para pequenas empresas, frigoríficos, universidades e para a população. Traz informações sobre processos de controle de qualidade em gêneros alimentícios.

A primeira versão saiu em 1951 e a última foi lançada em 2005, com tiragem já esgotada de 2,5 mil exemplares. A quinta edição impressa do livro está prevista para 2010. O material costuma ser doado pela Anvisa e vendido pelo IAL, a preço simbólico. A receita obtida com a operação é direcionada para o Fundo Especial de Despesa do Adolfo Lutz e ajuda a custear suas pesquisas e serviços prestados.

O site ainda não tem pronta uma versão única e completa da obra para download. Entretanto, é possível fazer cópia gratuita da versão preliminar de todo o conteúdo, composto pelo índice, 29 capítulos e dois apêndices. No total, é possível baixar 32 arquivos, todos no formato PDF.

A coordenação editorial do livro é dividida entre os pesquisadores Odair Zenebon e Neus Pascuet. E os autores são os profissionais do corpo técnico do IAL, formado por 80 pesquisadores.

Marta Salomão, médica sanitarista e diretora do instituto, explica que o lançamento on-line é parte das comemorações do 20º aniversário de criação do Sistema Único de Saúde (SUS). “O SUS é uma conquista importante da sociedade, que tem e teve apoio permanente do IAL na sua construção”, aponta.

Marta informa que, atualmente, o órgão desenvolve em parceria com a Companhia de Processamento de Dados do Estado (Prodesp) sistema para fazer a coleta on-line de resultados de exames. “Esta iniciativa segue fielmente a proposta do instituto, que é planejar e executar ações de vigilância sanitária e epidemiológica”, afirma.


Quase 70 anos de pesquisa

O Instituto Adolfo Lutz foi criado em 26 de outubro de 1940, a partir da união de dois grandes laboratórios públicos: o de Análises Químicas e o Instituto Bacteriológico. É vinculado à Secretaria Estadual da Saúde e formado por cinco divisões técnicas: Biologia Médica, Patologia, Bromatologia e Química, Serviços Básicos e Laboratórios Regionais. Sua sede e o laboratório principal ficam na capital. O complexo abriga também a área de experimentação científica, biblioteca com mais de 50 mil publicações e centro de memória com o acervo reunido desde a fundação.

O centro também mantém laboratórios regionais em Araçatuba, Bauru, Campinas, Marília, Presidente Prudente, Ribeirão Preto, Rio Claro, Santo André, Santos, São José do Rio Preto, Sorocaba e Taubaté. Atua nas áreas de Bromatologia e Química, Biologia Médica e Patologia. Faz também pesquisa científica aplicada voltada para a saúde coletiva e ajuda a elaborar normas técnicas, padronizar métodos diagnósticos e analíticos. Por fim, organiza cursos de formação técnica de aperfeiçoamento e aprimoramento, em nível nacional e internacional.

Rogério Mascia Silveira
Da Agência Imprensa Oficial

Reportagem publicada originalmente na página II do Poder Executivo I e II do Diário Oficial do Estado de SP do dia 22/07/2009. (PDF)

Brasil ganha rede nacional de institutos de ciência e tecnologia de ponta

A nova rede vai reunir as universidades estaduais paulistas, centros de pesquisa, instituições nacionais e internacionais, em busca de conhecimento e aprimoramento tecnológico

Com o objetivo de produzir conhecimento e inovação em áreas estratégicas, o Brasil dá os primeiros passos na formação de institutos nacionais de ciência e tecnologia. A nova rede congrega as universidades estaduais paulistas (USP, Unesp e Unicamp) e de outros Estados, instituições federais, agências de fomento e centros de pesquisa de todo o Brasil.

Essas redes vão contribuir para a formação de profissionais qualificados para atuar no meio acadêmico e no mercado. O Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), órgão do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), está investindo R$ 600 milhões no projeto.

A iniciativa substitui os antigos institutos do milênio e até agora foram criadas 112 novas unidades no País: 37 no Estado de São Paulo. Áreas estratégicas para o território nacional, como informática, comunicação, saúde, biotecnologia, meteorologia, nanotecnologia, petróleo, gás, biocombustível, espacial, nuclear, biodiversidade, recursos naturais e desenvolvimento social e agropecuário são o foco imediato da iniciativa.

Nos institutos paulistas, a Fundação de Amparo à Pesquisa (Fapesp) financiou metade do investimento e é parceira do CNPq na rede nacional, que reúne docentes da USP, Unesp e Unicamp. A USP foi o centro acadêmico que mais recebeu institutos até agora. No total são 17, quatro deles instalados no campus de São Carlos.

Grupos internacionais

Um dos destaques é o Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia na área de Sistemas Embarcados Críticos (INCT-SEC). Sediado no Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da USP São Carlos, o grupo de pesquisa foi idealizado em novembro de 2008 e reúne desde sua fundação, no mês de março, cem cientistas de universidades estaduais como USP, Unesp, PUC-RS e Maringá- PR e federais (do Amazonas, de Goiás e de São Carlos).

A coordenação dos trabalhos do INCT-SEC é do professor José Carlos Maldonado, vice-diretor do ICMC. Recém-criado, já tem parcerias firmadas com a Empresa Brasileira de Aeronáutica (Embraer), a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e acordos de cooperação científica com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e o Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA).

Até 2011, o instituto receberá R$ 4,5 milhões. Os primeiros resultados do trabalho do INCT-SEC estão previstos para o final de 2010. A proposta principal é aprofundar estudos nos chamados sistemas embarcados críticos no Brasil, firmar parcerias com grupos internacionais e dar continuidade a pesquisas em andamento no ICMC, como as experiências com veículos autônomos (aéreos e terrestres).

A primeira atividade do INCT-SEC foi um workshop realizado em abril, em São Carlos. O grupo de pesquisa está instalado nas dependências do ICMC, mas em 2012 mudará para a sede definitiva, a ser construída no Parque Ecotecnológico de São Carlos.

Cooperação alemã

O professor Dieter Rombach, diretor da área de tecnologia da informação do Instituto Fraunhofer (Alemanha), visitou São Carlos na primeira quinzena de março. Na oportunidade, conheceu as pesquisas do ICMC com sistemas embarcados críticos em veículos autônomos e anunciou, para breve, parceria com o INCT-SEC.

“Em Salvador (BA), o governo estadual aportou recursos para criar um Centro Fraunhofer na Universidade Federal da Bahia (UFBA)”, informa o professor José Carlos Maldonado. “E há forte possibilidade de se instalar uma unidade também em São Carlos”, completou o docente do ICMC, que é também presidente da Sociedade Brasileira de Computação.

O Instituto Fraunhofer foi criado em 1949. Voltado à inovação, aproxima a universidade da indústria e procura transformar o conhecimento produzido no meio acadêmico em novos serviços e produtos. A meta é conferir impacto social ao investimento feito em ciência e gerar renda e empregos para a sociedade.

No modelo de parceria proposto, o grupo europeu aporta o mesmo valor que o governo e as empresas locais nos projetos de pesquisa. Cada posto montado fora da matriz alemã tem prazo de três anos para atingir as metas. Após esse período, se a iniciativa for bem-sucedida será finalmente constituída a filial do Fraunhofer e termina o aporte estrangeiro de dinheiro na unidade, que passa a operar com recursos próprios.

No momento, o INCT-SEC procura parceiros para financiar o escritório do Fraunhofer em São Carlos. A verba a ser investida poderá vir de agências de fomento, empresas e governos municipal, estadual ou federal. “A expectativa é repetir no Brasil a experiência norte-americana: uma rede de Centros Fraunhofer bem-sucedida”, destaca o professor.

Inteligência artificial

A proposta principal dos sistemas críticos embarcados é comandar veículos (avião, carro, submarino, satélite e balão) e dispositivos eletroeletrônicos embarcados, como telefone celular, videogame, equipamentos médicos e de monitoramento remoto. Podem inclusive integrar eletrodomésticos e componentes de alta tecnologia.

Os sistemas críticos embarcados são soluções completas de informática. Incluem o projeto e o design dos componentes de hardware (placas, circuitos, dispositivos autônomos) e o desenvolvimento dos softwares (programas de computador) próprios. São capazes de tomar decisões e executar tarefas a partir de conceitos de inteligência artificial.

Os testes com os sistemas são feitos com protótipos (modelo construído em escala menor para reduzir custos e riscos). Os dois mais avançados do INCT-SEC surgiram de pesquisas do ICMC: um veículo aéreo não tripulado (Vant), projeto cuja tecnologia foi repassada à indústria e transformado em aplicação comercial e um veículo terrestre autônomo, ainda em fase de desenvolvimento.

O estudo com o Vant começou em 1999, por iniciativa do professor Onofre Trindade Junior. O avião integrou o antigo Projeto Arara (Aeronaves de Reconhecimento Assistidas por Rádio e Autônomas), parceria da USP com a Embrapa finalizada em 2005.

Ajuda do céu

Hoje, o avião tem patentes depositadas e é comercializado. Funciona sem piloto e tripulação e se orienta por satélite (GPS). Tem custo de R$ 90 mil, fotografa e filma áreas rurais em tempo real e oferece imagens em alta resolução. Voa de modo autônomo a partir de rotas predefinidas e também pode ser controlado como aeromodelo (via rádio).

O Vant é movido a gasolina de aviação convencional e pode voar até duas horas sem reabastecer. No modo autônomo é possível programar altitude, percurso e área a ser sobrevoada e fotografada.

Caso o avião atravesse uma zona de turbulência e se desvie da rota original prevista, o sistema embarcado que comanda a aeronave se orienta pelo GPS e corrige automaticamente a trajetória. É o mesmo princípio usado por mísseis teleguiados para atingir alvos intercontinentais. No voo com rota programada, o avião é calibrado para desempenhar tarefas específicas, como, por exemplo, sobrevoar e mapear plantações.

Suas imagens possibilitam ao produtor identificar quaisquer objetos entre a aeronave e o solo. E, ainda, verificar a presença de pragas, espécies invasoras, e se alguma planta cresce abaixo do padrão esperado.

A informação vinda dos céus auxilia o produtor a traçar diagnóstico preciso de seus campos e permite economizar recursos com fertilizantes e defensivos. O avião já foi usado com sucesso em lavouras de milho e soja e pode ser adaptado para atuar com outras culturas e diferentes missões.

Preservação ambiental

A decolagem do Vant é feita a partir de um carro em movimento. A aeronave fica posicionada numa base afixada na capota e, quando o veículo terrestre atinge a velocidade de 60 quilômetros por hora, um sensor especial no nariz do avião inicia a decolagem.

A autonomia de voo é de até três horas. Se for necessário o avião pode carregar até 12 quilos de peso e aterrissar com paraquedas no meio da plantação. Seu sistema de navegação inclui base que acompanha o voo e recebe em tempo real as imagens e demais dados transmitidos.

A tecnologia dos sistemas embarcados críticos do Vant foi patenteada e repassada para a AGX Tecnologia, empresa parceira sediada em São Carlos. De acordo com Luciano Néris, ex-estudante do ICMC e gerente de projetos da AGX, a aeronave recebeu o nome comercial de AGplane e está disponível para venda ou aluguel (interessados devem acessar o site da empresa – ver serviço).

“As possibilidades de monitoramento aéreo rural e urbano são muitas. A Marinha brasileira já o utiliza em exercícios de treinamento de tiro, mas é possível também fiscalizar e vigiar áreas de preservação ambiental, fronteiras e mapear recursos hídricos, geológicos e ecológicos”, informa Néris.

O Vant desenvolvido na USP tem custo de fabricação menor que os aviões convencionais que geram imagens aéreas. Outras vantagens: voar em baixas altitudes e em espaços reduzidos; e dispensar pista especial para pousar e decolar – o procedimento pode ser feito em qualquer estrada de terra. “E por não ser tripulado tem potencial de poupar a vida de pilotos em regiões de selva fechada e sujeitas à artilharia”, destaca.


Carro autônomo tem várias aplicações

Os professores Denis Wolf, Eduardo Simões e Fernando Osório são os responsáveis pelo protótipo dos veículos terrestres autônomos em desenvolvimento no ICMC. Elétrico e equipado com sensores capazes de identificar obstáculos e mapear todo o terreno ao redor com imagens tridimensionais, o veículo se desloca por todas as direções sem choques ou capotamentos.

A pesquisa foi iniciada no começo de 2009 e tem parceria de professores de Mecatrônica da Escola de Engenharia (EESC) da USP São Carlos e da Politécnica. O protótipo custou R$ 40 mil e os resultados obtidos ainda são preliminares, porém suficientes para atrair o interesse de uma montadora de carros instalada no Brasil.

A multinacional está firmando parceria com a USP de São Carlos, por meio da EESC, e doou um carro top de linha. O veículo será usado nas pesquisas desenvolvidas em parceria com os professores da EESC, do ICMC e demais pesquisadores do INCT-SEC.

Outras perspectivas de uso são adaptar os sistemas de controle inteligentes dos veículos terrestres para desenvolver uma cadeira de rodas inteligente à prova de quedas e de colisões e capaz de receber comandos de voz. Também se cogita utilizar essa tecnologia como robô, para orientar o trânsito de pedestres e carros em cruzamentos de ruas e avenidas.

Por fim, há a possibilidade de uso militar. A ideia é reaproveitar o sistema embarcado usado no carro para equipar um robô antiminas, capaz de transitar em campos com explosivos, detectar e desarmar armamentos. O objetivo é usá-lo em países assolados por conflitos. Em Angola, por exemplo, mesmo com a guerra civil terminada, a população ainda é ameaçada pelas minas enterradas na época da guerra.

Serviço

ICMC-USP
AGX Tecnologia

Rogério Mascia Silveira
Da Agência Imprensa Oficial

Reportagem publicada originalmente nas páginas II e III do Poder Executivo I e II do Diário Oficial do Estado de SP do dia 20/05/2009. (PDF)