Compra deve ser realizada nas Casas da Agricultura e nos Núcleos de Produção de Sementes; são oferecidas sacas de milho, sorgo e feijão e mudas de 80 essências florestais nativas
Para fortalecer o pequeno produtor rural e estimular o plantio de grãos no território paulista, desde o dia 4, as Casas das Agricultura (CAs) dos municípios e os Núcleos de Produção de Sementes do Departamento de Sementes, Mudas e Matrizes (DSMM) da Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (Cati) passaram a dar desconto de 15% nas sacas de sementes variedades de milho convencional e orgânico, feijão e sorgo.
A redução nos preços, adotada pelo órgão vinculado à Secretaria Estadual de Agricultura e Abastecimento (SAA), passa a valer também para as mudas de 80 espécies florestais nativas, como aroeirinha, ipê, embaúba, sangra-d’água, ingá, entre outras. De acordo com Ricardo Lorenzini Bastos, diretor do DSMM da Cati, a venda com desconto foi determinada pela Portaria nº 27/2017, e todas as variedades comercializadas são produzidas com qualidade certificada.
“Essa medida reforça o compromisso do investimento público do Estado em prol do desenvolvimento rural, especialmente da agricultura familiar, segmento responsável por grande parte da produção de alimentos no País”, destaca Bastos.
Quem pode comprar
Para ter direito à compra com desconto, o agrônomo Gerson Cazentini Filho, diretor do Centro de Produção de Sementes (CPS) do DSMM, informa ser necessário o produtor rural apresentar cópia da Declaração de Aptidão ao Pronaf (DAP), a qual o identifica como produtor familiar, e comprovar sua regularidade perante o Cadastro Ambiental Rural (CAR), para receber suas sementes com desconto, de acordo com a área a ser plantada. “O assentado pela reforma agrária é dispensado dessa exigência”, explica.
Depois da primeira aquisição, o produtor familiar fica cadastrado no Sistema de Gestão Integrado de Sementes da Cati. Quem for comprar, tem à disposição milho categoria S2 variedade, cultivares AL Avaré, AL Piratininga, AL Bandeirantes, Cati Verde e AL Bianco; de sorgo, sementes categoria S2 e cultivar AL Precioso; e de feijão, sementes categoria S2 e cultivares BRS Estilo, IPR Campos Gerais e IAC Sintonia. O endereço das Casas de Agricultura e dos Núcleos de Produção de Sementes está disponíveis no site da Cati (ver serviço).
Sorgo AL Precioso
Estão disponíveis nas Casas da Agricultura as sementes do AL Precioso, o primeiro sorgo variedade desenvolvido no Brasil com a chamada polinização aberta, isto é, não é preciso ter na lavoura plantas com flores dos sexos machos e fêmea, isto é, o próprio vegetal se autopoliniza depois da semeadura. De origem africana, o sorgo é uma gramínea rústica, usado na alimentação humana e animal, em especial na preparação de rações. Do ponto de vista nutricional, é alternativa ao milho e o substitui sem prejuízo, além de diminuir custos.
De acordo com Cazentini Filho, o melhoramento genético do cultivar do sorgo foi iniciado na Cati há mais de 15 anos com o agrônomo Sylmar Denucci, aposentado em 2015. Desde então, prossegue com Cazentini Filho e mais três técnicos na Fazenda Ataliba Leonel da Cati, em Manduri, no sudoeste paulista, região de Avaré. A tecnologia empregada consiste em selecionar e incorporar características na planta, como a alta resistência a doenças foliares: antracnose, cercosporiose (mancha de olho pardo), helmintosporiose (mancha marrom) e depois multiplicar as sementes, as quais são revendidas aos produtores.
“Em comparação ao milho, o sorgo é mais resistente à estiagem e tem custo menor para o produtor. O tempo de desenvolvimento de ambos é semelhante, entre 120 e 140 dias; contudo, o teto produtivo do sorgo é obtido com 200 milímetros de água, enquanto o milho, grão nativo das Américas, requer 300 milímetros”, explica Cazentini Filho. Segundo ele, o AL Precioso é ainda vantajoso também em relação ao sorgo híbrido simples, cujo custo da produção de sementes é bem mais alto.
Calendário
De acordo com Cazentini Filho, o ano agrícola baseia-se no período chuvoso, de julho a agosto. Assim, em meados de setembro e outubro o produtor costuma plantar soja ou milho. Depois de 120 dias, quando acaba esse ciclo, aproximadamente em fevereiro e março do próximo ano, começa então a segunda safra (chamada popularmente de safrinha), e o agricultor tem a opção de plantar milho sobre os restos da soja ou aproveitar a palhada para plantar sorgo.
“É possível plantar sorgo em todas as regiões do Estado, embora os municípios de clima quente sejam mais favoráveis”, destaca. “Um saco de sementes de 20 quilos do AL Precioso sai por R$ 116 nas Casas da Agricultura, com o consumo de 8 a 10 quilos por hectare. O preço do concorrente híbrido simples fica em torno de R$ 300 o saco de 20 quilos e será preciso utilizar cerca de 12 quilos por hectare. Portanto, a variedade desenvolvida pela Cati tem custo-benefício superior”, destaca.
Aprovado
Alan Fadil, há oito anos produtor rural da região de Araçatuba, acabou de colher os 170 hectares de sorgo AL Precioso plantados na Fazenda Santa Cecília. Com o apoio dos agrônomos da Cati em todas as etapas, ele se diz satisfeito com o resultado de uma cultura de baixo custo, manejo simples e alta produtividade.
“Não precisei usar fungicidas e a semente custou um terço do preço das híbridas. Além disso, a plantação atraiu menos aves predadoras – pombos e maritacas. Também fiquei um mês sem chuva e a produção superou as expectativas”, diz satisfeito. “No ano que vem, pretendo adquirir 150 sacas de sementes na Casa da Agricultura. Neste ano, como foi a primeira vez, comprei somente 50”, revela.
Serviço
Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (Cati)
E-mail cps_ex@cati.sp.gov.br
Telefone (19) 3743-3870
Rogério Mascia Silveira
Imprensa Oficial – Conteúdo Editorial
Reportagem publicada originalmente na página III do Poder Executivo I e II do Diário Oficial do Estado de SP do dia 12/09/2017. (PDF)