Unesp expõe importantes documentos da história político-social da mulher no País

Cartazes da década de 70 mostram a luta feminina brasileira e integram o acervo permanente do Centro de Documentação e Memória da universidade

Frases como O trabalho da mulher em casa, mesmo parecendo que nada produz, garante a força de trabalho dos homens e Política com cara e jeito de mulher são exemplos de palavras de ordem presentes em cartazes relativos ao Encontro de Mulheres Trabalhadoras Rurais e ao Dia Internacional da Mulher, comemorado em 8 de março. A Universidade Estadual Paulista (Unesp) coloca materiais como esses à disposição do público.

Os cartazes fazem parte do acervo permanente do Centro de Documentação e Memória da Unesp (Cedem), na capital. Dezenas de registros que expõem a condição da mulher, não apenas como coadjuvantes, mas como protagonistas da história recente, estão reunidas no local. A visitação e a consulta são gratuitas. Os textos são acessíveis também pela internet.

A coleção de documentos dos anos 70 privilegia movimentos sociais e retrata as mulheres agrupadas em torno de vários eventos, como o Dia de Protesto contra a Mortalidade Materna, o Fórum de Legalização do Aborto, o Movimento de Solidariedade da Mulher Portuguesa à Mulher Brasileira e o Congresso da Mulher Metalúrgica.

Anos de repressão

A participação política das mulheres no Brasil pode ser contada, ainda, a partir dos periódicos (revistas, jornais e boletins) que integram o acervo. “São relatórios de comitês políticos e outros papéis nos quais elas relatam os anos da repressão sob o seu ponto de vista”, informa a coordenadora do Cedem, Anna Maria Martinez Corrêa, que também é historiadora.

Assim é possível saber como as mulheres se organizavam no exílio em campanhas para combater a repressão e a tortura, saindo corajosamente em defesa da democracia e da anistia, como exibe um cartaz guardado no centro com os dizeres: Saia da sombra, diga conosco liberdade.

Rogério Mascia Silveira
Da Agência Imprensa Oficial

Reportagem publicada originalmente na página I do Poder Executivo I e II do Diário Oficial do Estado de SP do dia 11/03/2005. (PDF)

IPT desenvolve solução ambiental para areias utilizadas na fundição

Unidade Móvel de Regeneração atende às empresas com acesso rodoviário favorável e descarte médio mensal de 200 toneladas; operação pode durar de um a cinco dias

A equipe de pesquisadores da divisão de metalurgia do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) apresentou, recentemente, a Unidade Móvel de Regeneração de Areias de Fundição. Trata-se de um sistema inovador: funciona sobre uma carreta de caminhão e permite reutilizar o material descartado por setores produtivos nos processos de fundição. Ou seja, indústria automobilística, de motores hidráulicos e elétricos.

O uso da unidade móvel possibilita a retirada anual de 2 milhões de toneladas de areia e o posterior descarte na natureza. A cada ano é jogada igual quantidade do produto contaminado em aterros sanitários. O Estado de São Paulo abriga 600 empresas de fundição, as quais respondem pela metade de todo o volume anual de areia empregado no País.

O coordenador da equipe do IPT, Cláudio Mariotto, conta que o equipamento foi projetado para atender às fundições de pequeno e médio portes, que disponham de acessos rodoviários favoráveis e tenham descarte médio mensal de 200 toneladas de areia.

Uma vez por mês, o caminhão pode visitar os clientes, em operações que duram de um a cinco dias. Para requerer sua utilização, a fundição precisa fornecer gás liquefeito de petróleo (GLP), que aquece o forno, óleo diesel, que aciona o gerador, ar comprimido de acionamento e transporte, e água de refrigeração.

O custo estimado é um quinto do exigido para a armazenagem em aterros sanitários, dependendo do tratamento necessário. A capacidade mínima de operação do equipamento é de 1,5 tonelada de areia/hora. Assim, processa 36 toneladas em um dia. No limite máximo, opera com 4,5 toneladas por hora e regenera 108 toneladas por dia.

Molde

Mariotto afirma que, entre os processos industriais, a fundição é o mais recomendado para a produção de peças que exijam precisão e complexidade nas formas internas e externas. Por isso, é muito requerida pela indústria de autopeças na fabricação de componentes com design sofisticado, como pistões, comandos de válvulas, virabrequins, cabeçotes e discos de freio.

“A areia é utilizada para construir moldes, os quais são preenchidos com metal quente. Obtida a peça, podem ser facilmente destruídos,” explica Mariotto.

A produção de uma tonelada de peças de boa qualidade exige de oito a dez toneladas de areia. Após a retirada do molde, é preciso mais areia nova e limpa, para eliminação dos resíduos (resina) da produção. “O material descartado é o que será regenerado na usina móvel de reciclagem”, informa o coordenador.

Parceiros

Os principais elementos contaminantes da areia são os metais pesados (chumbo e cobre) e também o fenol, produto químico encontrado em resinas orgânicas. O tratamento pode ser térmico ou mecânico.

No primeiro caso, os agentes contaminantes são eliminados por calcinação e, no outro, por atrição (desgaste de atrito) grão a grão. A limpeza obtida é total ou parcial, de acordo com o tratamento empregado. A calcinação elimina a totalidade das substâncias contidas, enquanto o tratamento mecânico suprime entre 50% e 70% dos materiais que contagiam a areia.

A regeneração permite, na maioria dos casos, reutilização de 90% a 98% da areia, que retorna para os fornos. A medida reduz em até 10% o volume mensal de novas compras do material. Mariotto ressalta que a economia gerada com a usina móvel e a eliminação de riscos de enquadramento em leis ambientais compensam amplamente os custos com o processo. Seu sistema é projetado para trabalhar com todos os tipos de areia.

Para o presidente da Associação Brasileira de Fundição (Abifa), Luiz Carlos Koch, a unidade móvel diminui pontos negativos do processo industrial. “Ela é eficiente, porém o desafio é permitir que pequenas empresas consigam arcar com os custos da reciclagem sem inviabilizar o negócio. Contudo, o setor não se exime de suas responsabilidades sobre o destino final dos resíduos”, explica.

Os parceiros do IPT no projeto são a Metalúrgica Ipê (Mipel), a Lepe Indústria e Comércio e a Fagor Fundição Brasileira. Tem o apoio da Abifa e recebeu recursos de órgãos de fomento à pesquisa ligados ao Ministério da Ciência e Tecnologia, como a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e o Programa de Apoio ao Desenvolvimento em Ciência e Tecnologia. O evento de lançamento foi patrocinado pelas empresas Cavo Serviços de Meio Ambiente, Comgás e Máquinas Furlan.

Serviço

Divisão de Metalurgia do IPT – tel. (11) 3767-4474

Rogério Mascia Silveira
Da Agência Imprensa Oficial

Reportagem publicada originalmente na página II do Poder Executivo I e II do Diário Oficial do Estado de SP do dia 11/03/2005. (PDF)