Pesquisas da Unicamp inovam no combate a parto prematuro

Proposta é prevenir o problema, associado a traumas, sequelas e mortalidade neonatal; de cada dez nascimentos no Brasil, estima-se que um deles ocorra antes da 37ª semana de gestação

Coordenados pelo professor José Guilherme Cecatti, do Departamento de Tocoginecologia (DTG) da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), dois projetos de pesquisa na área de saúde materno-infantil propõem ajudar a decifrar as causas da incidência dos partos prematuros espontâneos. Este tipo de ocorrência médica impacta a gestante, sua família, comunidade e os sistemas de saúde públicos e privados, por causa de seus riscos e custos envolvidos.

Reduzir os partos prematuros é um dos objetivos de desenvolvimento sustentável proposto em 2015 pelas agências da Organização das Nações Unidas (ONU). A cada ano, estima-se que ocorram no mundo 15 milhões deles. Um dos principais objetivos dos estudos da Unicamp pioneiros no País é ampliar a abordagem dos cuidados preventivos para diminuir a incidência deles, associados à mortalidade perinatal.

“Estima-se que a cada dez nascimentos no Brasil, um deles seja prematuro. Além disso, já sabemos que para quem já teve parto prematuro, a chance de ter outro aumenta de 20% a 30%”, ressalta Cecatti, médico obstetra. De acordo com ele, uma gestação saudável deve durar pelo menos 37 semanas e quanto mais precoce é o parto, mais delicada é a situação do recém-nascido, considerando as possíveis complicações neurológicas, respiratórias, intestinais, nutricionais e metabólicas – todas com potencial de deixar sequelas ou levar a óbito.

Amplitude nacional

No País, a Unicamp coordena por meio de seu Centro de Atenção Integral à Saúde da Mulher (Caism-FCM) a Rede Brasileira de Estudos em Saúde Reprodutiva e Perinatal. Uma das propostas desse trabalho é aumentar a notificação dos casos de nascimentos prematuros em todo o território nacional. Nesse sentido, desde 2012, o Caism tem recebido apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado (Fapesp) e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), para averiguar as causas determinantes do parto prematuro e suas prevalências e consequências.

No final de 2013, um dos dois projetos de pesquisa da Unicamp sobre partos prematuros, a Preterm Screening and Metabolomics in Brazil and Auckland (Preterm SAMBA), foi um dos vencedores do Grandes Desafios Brasil (Grand Challenges Explorations), edital científico internacional organizado conjuntamente pela Fundação Bill e Melinda Gates (ver Serviço) e CNPq. A iniciativa, realizada em conjunto com o Ministério da Saúde, recebeu verba de US$ 1 milhão para investigar as causas dos nascimentos prematuros e oferecer soluções inovadoras para tentar reduzi-las.

Soma de esforços

A Preterm SAMBA é realizada em parceria com as universidades de Auckland, da Nova Zelândia, e de Leicester, do Reino Unido, e seus resultados serão divulgados até o final de 2018. No Brasil, esse protocolo científico propõe identificar biomarcadores de prematuridade em 1,2 mil mulheres grávidas pela primeira vez e com baixo risco gestacional. As grávidas alvo da pesquisa residem nas cidades de Fortaleza (CE), Porto Alegre (RS), Recife (PE) e Botucatu e Campinas (SP).

Baseada no padrão internacional de estudo-referência Scope, a Preterm SAMBA tem apoio das universidades Estadual Paulista (Unesp), Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Federal de Pernambuco (UFPE) e Federal do Ceará (UFC). Consiste, entre outras atividades, em coletar amostras de sangue e de cabelo das voluntárias, com o objetivo de construir o primeiro biobanco brasileiro de material biológico de gestantes de baixo risco, e compartilhar os dados on-line, por meio de um sistema de informações padronizadas. (ver Serviço)

A chamada metabolômica é a técnica empregada na Preterm SAMBA. Nessa metodologia é identificado um conjunto de moléculas únicas do corpo humano envolvidas em múltiplas vias e conexões do organismo e responsáveis por reger o seu adequado funcionamento – assim, têm potencial para auxiliar no diagnóstico, cura e prevenção de doenças. A identificação e quantificação do metaboloma podem ser realizadas pela análise, por exemplo, do sangue e cabelo – e essa coleta realizada em cada gestante alimenta a base de dados do biobanco.

Dispositivos vestíveis

Iniciada em 2017, a outra pesquisa da Unicamp relacionada a partos prematuros é o Estudo Exploratório da Actigrafia Materna (Maternal Actigraphy Exploratory Study – MAES). Esse protocolo irá investigar se os padrões de atividade física e de sono e vigília das gestantes influenciam as condições de saúde delas. Serão coletados dados de mais 400 voluntárias a partir de 20 semanas de gravidez, nas mesmas cinco cidades brasileiras pelas universidades parceiras, da Preterm SAMBA, com quem os dados obtidos também serão confrontados.

O MAES integra outra chamada da Fundação Gates, dedicada às wearable technologies, também conhecidas como ‘tecnologias de informática vestíveis’. Por meio delas, a gestante usa um actígrafo, uma espécie de relógio de pulso digital capaz de monitorar o batimento cardíaco, alterações do sono, atividade física, entre outros dados corporais. “Uma das possibilidades é identificar quem tem maior risco para desenvolver pré-eclâmpsia, a hipertensão associada à gestação”, exemplifica Cecatti.

“O conceito empregado no MAES é preventivo, isto é, serve para identificar sinais precoces de condições médicas graves, como diabetes gestacional e parto prematuro”, explica Cecatti. A proposta é que as mulheres usem o actígrafo do quinto mês até o parto – e os dados coletados serão armazenados e analisados por um software específico. A princípio, será estabelecido um padrão para gestante com gravidez normal; depois será definido outro para permitir comparação com as que tiverem parto prematuro, diabetes e pré-eclâmpsia”, comentou o obstetra. “Assim, esperamos que seja possível predizer quem tem maior risco”.

Serviço

Preterm SAMBA
Grand Challenges Explorations

Rogério Mascia Silveira
Imprensa Oficial – Conteúdo Editorial

Reportagem publicada originalmente na página II do Poder Executivo I e II do Diário Oficial do Estado de SP do dia 05/07/2018. (PDF)

Hoje é o último dia para visitar o 27º Workshop Integrativo na capital

Dirigida a universitários, feira na Poli-USP oferece oportunidades de estágio e de programas de trainee, palestras e oficinas, além de reunir 79 estandes de empresas; entrada é franca, mas exige cadastro on-line

Termina hoje o 27º Workshop Integrativo – feira anual de recrutamento promovida pela Poli Júnior – empresa constituída e gerida por alunos da Escola Politécnica (Poli) da Universidade de São Paulo (USP). O evento ocorre das 9 às 19 horas em uma tenda montada no estacionamento da Poli, no câmpus da Cidade Universitária, e é destinado a estudantes do ensino superior em busca de estágio, programa de trainee ou vaga de emprego.

A entrada é franca, porém, para participar é requerida inscrição on-line no site do evento (ver serviço). Na tenda, o visitante tem acesso aos estandes de empresas e pode participar da programação de palestras e oficinas o dia inteiro.

De acordo com a representante da organização da feira, Flávia Rosa, essa é a maior edição do workshop em número de empresas participantes. “Nos últimos 26 anos, recebemos mais de 100 mil visitantes e, neste ano, o total de expositores aumentou de 73, no ano passado, para 79”, ressalta a universitária do 3º ano do curso de engenharia de minas da Poli.

Evolução

Segundo ela, estão agendadas caravanas de estudantes da USP, Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), Universidade Mackenzie, Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA) e Fundação Getúlio Vargas (FGV), entre outras.

O perfil das empresas expositoras é diversificado, inclui grupos especializados em recrutamento profissional e também instituições do mercado financeiro, consultorias, startups, empreiteiras, fabricantes de software, cimento, fertilizantes, de máquinas pesadas, bebidas, produtos químicos e cosméticos, por exemplo.

“O desejo da maioria das empresas é estreitar laços com os universitários e reforçar seus quadros profissionais no presente ou no futuro. Nos estandes, costumam apresentar produtos, serviços e estrutura organizacional, além de informar sobre recrutamento e oportunidades específicas”, conta Flávia.

“Para organizar o workshop, a Poli Júnior mantém um banco de dados com diversas organizações cadastradas e também participantes de edições passadas. Eventuais interessadas em expor nos próximos anos devem entrar em contato pelo site”, informa.

Passado e presente

Matriculado no 4º ano de engenharia ambiental da Poli-USP, há um mês Álvaro Caetano foi contratado como estagiário pela Ambev. Na sua visão, a multinacional brasileira, fabricante de bebidas, possui propostas desafiadoras para a área ambiental, segmento escolhido por ele para sua carreira.

“Embora eu esteja na firma há pouco tempo, a experiência está sendo bastante enriquecedora”, comentou. No estande da empresa, Álvaro diz ter participado das três últimas edições do workshop como visitante e agora recepcionou, em nome da fabricante, a aluna de Direito da Unicamp, Heloísa Jacomin, e a estudante de Fisioterapia da Universidade do Oeste Paulista (Unoeste), Daniela Araújo.

“Não sabíamos que a Ambev tinha escritórios no País inteiro. Outra surpresa foi descobrir que oferecia oportunidades em áreas profissionais tão diferentes como as nossas”, comentaram as amigas. Ambas moradoras de Presidente Prudente, souberam do evento pelos namorados, estudantes da Universidade Estadual Paulista (Unesp), também presentes na feira. “A viagem de carro até a capital foi longa, mas está compensando demais, fizemos muitos contatos e há excelentes empresas expondo”, revelam.

Cadastro gratuito

A consultora de recursos humanos Jéssica Vitoriano é a responsável pelo estande da 99jobs, empresa de tecnologia (startup) dirigida às áreas de recrutamento e consultoria profissional. “Atendemos negócios de todos os tamanhos – desde a seleção até o encaminhamento do escolhido para a contratante. Com os universitários, fazemos um trabalho especial”, explica.

Segundo Jéssica, quando o aluno preenche gratuitamente seu perfil no site e envia currículo, o algoritmo da ferramenta on-line rapidamente cruza o perfil do candidato com as vagas disponíveis. “Como temos portfólio com mais de 70 grupos de grande porte cadastrados, sempre há esperança”, acredita. No Workshop Integrativo, o espaço da 99jobs é vinculado ao de seus quatro clientes: Porto Seguro, Grupo Suzano Papel e Celulose, Microsoft e Raízen.

A universitária do 4º ano de relações internacionais da Unesp de Franca, Giovanna Mendes, tão logo obteve informações no estande da Porto Seguro, foi saber com Jéssica sobre como se cadastrar para participar do programa de trainee e concorrer em outras carreiras: “Quero atuar em alguma área com impacto social, como entidade do terceiro setor (ONG) ou instituição de empreendedorismo social. A orientação da 99jobs foi excelente, não conhecia”, enfatiza.

Serviço

27º Workshop Integrativo (inscrição e programação)
Telefone (11) 3091-5797
E-mail wi@polijunior.com.br

Rogério Mascia Silveira
Imprensa Oficial – Conteúdo Editorial

Reportagem publicada originalmente na página I do Poder Executivo I e II do Diário Oficial do Estado de SP do dia 10/08/2017. (PDF)

Unicamp é eleita a melhor universidade latino-americana

Esta é a segunda edição no continente do ranking anual realizado por revista britânica especializada em avaliar instituições de ensino superior; USP ficou em 2º lugar

A revista britânica Times Higher Education (THE), uma das mais respeitadas publicações dedicadas ao ensino superior no mundo, elegeu a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) como a melhor da América Latina.

No ranking anual da publicação, divulgado na quinta-feira, 20, a instituição paulista ficou à frente de outras 80 concorrentes em 13 indicadores de desempenho em cinco áreas: Ensino (o ambiente de aprendizado); Pesquisa (volume, renda e reputação); Citações (influência nas pesquisas); Visão internacional (pessoal, alunos e pesquisa); e Renda industrial (transferência de conhecimento).

Este é o segundo ano de avaliação de instituições de ensino superior na América Latina e o resultado foi recebido com satisfação pelo reitor Universidade Estadual de Campinas, Marcelo Knobel. “É sempre motivo de orgulho estar bem posicionado em avaliações internacionais. Trata-se de um reconhecimento ao trabalho realizado. Temos agora um reforço extra para buscar manter essa posição de destaque”, considerou.

No Ranking THE 2017, a segunda posição é ocupada pela Universidade de São Paulo (USP). Entre as dez primeiras colocadas há mais três instituições brasileiras. São elas: Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), que aparece no ranking pela primeira vez; Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ); e Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio). A UFRJ melhorou três posições, passando do 8º lugar para a 5ª colocação. O mesmo ocorreu com a PUC-Rio, que na atual avaliação ocupa a 6ª posição e no ano passado estava na 9ª.

O Brasil apresenta o melhor desempenho entre as instituições de ensino superior da América Latina, e aparece 32 vezes entre as 81 indicadas. Chile, Colômbia e México completam a lista das dez primeiras. Pontifícia Universidade Católica do Chile e a Universidade do Chile mantiveram, respectivamente, a terceira e a quarta posição. A Universidade dos Andes, da Colômbia, aparece na 10ª posição (no ano passado ocupava a 5ª). A Universidade Nacional Autônoma do México e o Instituto de Tecnologia e Ensino Superior de Monterrey, no México, aparecem, respectivamente, na 8ª e 9ª posição.

O editor dos rankings Times Higher Education, Phil Baty, considerou “fantástico ver duas universidades de qualidade internacional competirem pelo prestígio de ser a principal instituição brasileira no ranking”. Baty acrescentou: “A USP é a maior e mais tradicional das duas instituições, enquanto a Unicamp é menor e mais conhecida por ser especializada em pesquisas médicas e científicas. Essas duas universidades tão diferentes representam a diversidade e a excelência do ensino superior do País”.

Excelência

Sobre o desempenho do Brasil na pesquisa, Baty comentou: “Apesar de o País estar bem representado, somente 18 universidades brasileiras estão entre as 50 melhores. Isso significa uma piora em relação ao resultado do ano passado, quando 23 estavam presentes. No total, 20 universidades locais baixaram de posição. Algumas conseguiram melhorar a pontuação total em relação à obtida no ano passado, mas acabaram perdendo terreno graças ao aumento da concorrência ou, então, porque as outras instituições evoluíram em ritmo mais acelerado”, completa.

Entre as brasileiras, São Paulo teve também a Universidade Estadual Paulista (Unesp), na 12ª colocação. As três instituições do Estado já têm calendários definidos para quem deseja ingressar nos seus cursos de graduação em 2018. Mais informações em Unesp, USP e Unicamp divulgam calendário do Vestibular 2018.

Rogério Mascia Silveira
Imprensa Oficial – Conteúdo Editorial

Reportagem publicada originalmente na página I do Poder Executivo I e II do Diário Oficial do Estado de SP do dia 22/07/2017. (PDF)