Sobre: Rogerio Mascia Silveira

Brazilian journalist

Tomate sem semente é inovação da Esalq-USP

Tecnologia genética desenvolvida dispensa fertilização da planta e uso de hormônios; pesquisadores procuram parceiros para as próximas etapas do projeto

Uma variedade nova de tomate sem semente e na medida para fazer molhos. Esse sonho de muitos cozinheiros – e desejo da indústria alimentícia e dos que têm dieta restrita por recomendação médica – ganhou impulso com uma tese de doutorado defendida em julho do ano passado. A novidade segue seu desdobramento no Laboratório de Genética Molecular do Desenvolvimento Vegetal da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo (Esalq-USP).

Orientado pelo agrônomo Fabio Tebaldi Silveira Nogueira, professor do Departamento de Ciências Biológicas, o estudo acadêmico foi a tese do biólogo Eder Marques da Silva. De acordo com Nogueira, a proposta inicial do trabalho, auxiliado pelo pesquisador Lázaro Peres, também da Esalq-USP, era compreender de que maneira ocorre o avanço dos órgãos reprodutivos dos vegetais, em especial o da genética dos frutos e sementes, elementos participantes nesse processo da planta.

Molécula

Tudo começou, lembra o professor Nogueira, em 2012, quando ele era docente do Instituto de Biociências de Botucatu da Universidade Estadual Paulista (Unesp). “Com o apoio de bolsas da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado (Fapesp), partimos do zero no laboratório para identificar, no estudo dos genes do tomateiro, uma molécula de RNA capaz de, uma vez induzida, permitir à planta produzir frutos sem precisar ser polinizada e fertilizada”, revela.

Trata-se da microRNA159, molécula presente em todos os vegetais. A partir de sua identificação e comprovação de sua viabilidade, com mais de quatro anos de testes em muitas gerações de tomateiros, somente obtendo frutos sem sementes, abriu-se um novo campo de estudos e perspectiva para a produção agronômica. “Essa tecnologia é inédita e tem base na genética, diferentemente da empregada em alguns cultivos de uva, laranja e melancia, centrada na aplicação de hormônios para induzir a produção de frutos sem sementes”, explica Nogueira.

Patentes

Na semana passada, o estudo da Esalq-USP foi publicado na revista científica internacional The Plant Journal e pode ser acessado on-line, na íntegra (ver serviço). Agora, o próximo passo do trabalho, informa o professor, é criar um método científico que possibilite a aplicação direta da molécula de RNA nas flores, a fim de produzir frutos sem sementes, mas sem modificar geneticamente as plantas, outro diferencial do projeto.

“Buscamos encontrar, até o começo do ano que vem, parceiros para financiar esse desenvolvimento, e inclusive, para compartilhar conosco a propriedade intelectual dessa inovação, isto é, iniciar o processo de patenteamento. Entretanto, para produção em larga escala de tomate sem semente, há ainda um longo caminho a ser trilhado. Eventuais interessados em saber mais sobre a pesquisa ou em se associar devem nos procurar na Esalq-USP”, revela (ver serviço).

Controle

Nos estudos em laboratório, o grupo da Esalq-USP utiliza uma variedade não comercial de tomate, denominada Micro Tom, somente para pesquisa, porém, muito parecida e geneticamente semelhante às variedades comerciais do alimento convencional, inclusive no sabor, cor, textura, etc. “Além disso, a metodologia concebida para o tomate pode ser aproveitada no futuro, por exemplo, no cultivo de outras frutas sem semente, como maracujá, melão e goiaba”, informa Nogueira.

Outro destaque do projeto é seu apelo ambiental e ecológico. Por causa do aumento da temperatura causado pelo aquecimento global, vem ocorrendo a diminuição de populações de espécies polinizadoras, como as abelhas, participantes dos processos reprodutivos das plantas.

“Com a tecnologia elaborada, os frutos gerados são produzidos independentemente da oferta de pólen. Assim, será possível produzir reduzindo a necessidade de insetos polinizadores. Na natureza, fruto nascer sem sementes é fenômeno raro e imprevisível, inclusive o próprio tomate. Agora, com o controle da ciência é uma inovação”, explica.

Serviço

Laboratório de Genética Molecular do Desenvolvimento Vegetal (Esalq-USP)
E-mail ftsnogue@usp.br
Telefone (19) 3429-4052

Artigo sobre a pesquisa na The Plant Journal

Rogério Mascia Silveira
Imprensa Oficial – Conteúdo Editorial

Reportagem publicada originalmente na página III do Poder Executivo I e II do Diário Oficial do Estado de SP do dia 16/08/2017. (PDF)

Hoje é o último dia para visitar o 27º Workshop Integrativo na capital

Dirigida a universitários, feira na Poli-USP oferece oportunidades de estágio e de programas de trainee, palestras e oficinas, além de reunir 79 estandes de empresas; entrada é franca, mas exige cadastro on-line

Termina hoje o 27º Workshop Integrativo – feira anual de recrutamento promovida pela Poli Júnior – empresa constituída e gerida por alunos da Escola Politécnica (Poli) da Universidade de São Paulo (USP). O evento ocorre das 9 às 19 horas em uma tenda montada no estacionamento da Poli, no câmpus da Cidade Universitária, e é destinado a estudantes do ensino superior em busca de estágio, programa de trainee ou vaga de emprego.

A entrada é franca, porém, para participar é requerida inscrição on-line no site do evento (ver serviço). Na tenda, o visitante tem acesso aos estandes de empresas e pode participar da programação de palestras e oficinas o dia inteiro.

De acordo com a representante da organização da feira, Flávia Rosa, essa é a maior edição do workshop em número de empresas participantes. “Nos últimos 26 anos, recebemos mais de 100 mil visitantes e, neste ano, o total de expositores aumentou de 73, no ano passado, para 79”, ressalta a universitária do 3º ano do curso de engenharia de minas da Poli.

Evolução

Segundo ela, estão agendadas caravanas de estudantes da USP, Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), Universidade Mackenzie, Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA) e Fundação Getúlio Vargas (FGV), entre outras.

O perfil das empresas expositoras é diversificado, inclui grupos especializados em recrutamento profissional e também instituições do mercado financeiro, consultorias, startups, empreiteiras, fabricantes de software, cimento, fertilizantes, de máquinas pesadas, bebidas, produtos químicos e cosméticos, por exemplo.

“O desejo da maioria das empresas é estreitar laços com os universitários e reforçar seus quadros profissionais no presente ou no futuro. Nos estandes, costumam apresentar produtos, serviços e estrutura organizacional, além de informar sobre recrutamento e oportunidades específicas”, conta Flávia.

“Para organizar o workshop, a Poli Júnior mantém um banco de dados com diversas organizações cadastradas e também participantes de edições passadas. Eventuais interessadas em expor nos próximos anos devem entrar em contato pelo site”, informa.

Passado e presente

Matriculado no 4º ano de engenharia ambiental da Poli-USP, há um mês Álvaro Caetano foi contratado como estagiário pela Ambev. Na sua visão, a multinacional brasileira, fabricante de bebidas, possui propostas desafiadoras para a área ambiental, segmento escolhido por ele para sua carreira.

“Embora eu esteja na firma há pouco tempo, a experiência está sendo bastante enriquecedora”, comentou. No estande da empresa, Álvaro diz ter participado das três últimas edições do workshop como visitante e agora recepcionou, em nome da fabricante, a aluna de Direito da Unicamp, Heloísa Jacomin, e a estudante de Fisioterapia da Universidade do Oeste Paulista (Unoeste), Daniela Araújo.

“Não sabíamos que a Ambev tinha escritórios no País inteiro. Outra surpresa foi descobrir que oferecia oportunidades em áreas profissionais tão diferentes como as nossas”, comentaram as amigas. Ambas moradoras de Presidente Prudente, souberam do evento pelos namorados, estudantes da Universidade Estadual Paulista (Unesp), também presentes na feira. “A viagem de carro até a capital foi longa, mas está compensando demais, fizemos muitos contatos e há excelentes empresas expondo”, revelam.

Cadastro gratuito

A consultora de recursos humanos Jéssica Vitoriano é a responsável pelo estande da 99jobs, empresa de tecnologia (startup) dirigida às áreas de recrutamento e consultoria profissional. “Atendemos negócios de todos os tamanhos – desde a seleção até o encaminhamento do escolhido para a contratante. Com os universitários, fazemos um trabalho especial”, explica.

Segundo Jéssica, quando o aluno preenche gratuitamente seu perfil no site e envia currículo, o algoritmo da ferramenta on-line rapidamente cruza o perfil do candidato com as vagas disponíveis. “Como temos portfólio com mais de 70 grupos de grande porte cadastrados, sempre há esperança”, acredita. No Workshop Integrativo, o espaço da 99jobs é vinculado ao de seus quatro clientes: Porto Seguro, Grupo Suzano Papel e Celulose, Microsoft e Raízen.

A universitária do 4º ano de relações internacionais da Unesp de Franca, Giovanna Mendes, tão logo obteve informações no estande da Porto Seguro, foi saber com Jéssica sobre como se cadastrar para participar do programa de trainee e concorrer em outras carreiras: “Quero atuar em alguma área com impacto social, como entidade do terceiro setor (ONG) ou instituição de empreendedorismo social. A orientação da 99jobs foi excelente, não conhecia”, enfatiza.

Serviço

27º Workshop Integrativo (inscrição e programação)
Telefone (11) 3091-5797
E-mail wi@polijunior.com.br

Rogério Mascia Silveira
Imprensa Oficial – Conteúdo Editorial

Reportagem publicada originalmente na página I do Poder Executivo I e II do Diário Oficial do Estado de SP do dia 10/08/2017. (PDF)

Parceria entre Agricultura e Centro Paula Souza rende bons resultados

Desde o ano passado, cursos ministrados pela APTA apresentam tecnologias desenvolvidas pelos institutos de pesquisa paulistas para professores de Escolas Técnicas Estaduais

Cooperação firmada entre a Secretaria Estadual de Agricultura e Abastecimento (SAA) e o Centro Paula Souza (CPS), com base no Processo SAA nº 15.185/2015, possibilita a difusão de conhecimentos produzidos nos centros de pesquisa ligados à SAA, como, por exemplo, a Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA) e a Coordenadoria de Desenvolvimento dos Agronegócios (Codeagro).

Desde o ano passado, essas informações científicas e tecnológicas vêm sendo transmitidas por meio de cursos para professores e servidores de 35 Escolas Técnicas Estaduais (Etecs) agrícolas, administradas pelo Centro Paula Souza, vinculado à Secretaria Estadual de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação.

De acordo com o responsável da secretaria pelo planejamento de atividades, Daniel Gomes, esses cursos são rápidos (têm até 36 horas de duração) e abordam temas agropecuários variados. As capacitações são ministradas na sede da APTA, em Campinas, e nos 14 polos regionais, localizados em Adamantina, Andradina, Assis, Bauru, Capão Bonito, Colina, Mococa, Monte Alegre do Sul, Pariquera-Açu, Pindamonhangaba, Pindorama, Piracicaba, Presidente Prudente e Ribeirão Preto.

Temas

“Nesses treinamentos a proposta é apresentar aos docentes das Etecs os mais recentes avanços aprimorados no campo”, observa Gomes, do Polo Regional Leste Paulista, da APTA de Monte Alegre do Sul. Segundo ele, são destacadas tecnologias referentes à área agropecuária e características e possibilidades de consumo de ingredientes de alta qualidade. “Muitos deles estão disponíveis. São o resultado desses esforços as variedades especiais de batatas, cogumelos, cachaças e hortaliças orgânicas, entre outros trabalhos desenvolvidos”, informa.

Os temas dos cursos incluem fruticultura tropical, piscicultura, integração lavoura-pecuária, suinocultura, vitivinicultura, tecnologia de produção de cachaça, qualidade de azeites, de pescado, de carnes, plantas aromáticas, medicinais e óleos essenciais, entre outros. Mais informações no site da APTA (ver serviço).

Potencial

Agrônomo especialista em pós-colheita e doutor em engenharia agrícola, Gomes classifica como fundamental o retorno dado pelos professores das Etecs nos cursos. Ele explica que, no campo, a meta da APTA é avaliar características agronômicas, como resistência a pragas, secas e produtividade, e demais questões. Com os docentes, o propósito da agência é saber deles qual é o potencial mercadológico das tecnologias aprimoradas para adequar as pesquisas às necessidades apresentadas.

“Testamos mais de 23 variedades de batata em plantios nas regiões de Itararé, Mococa e Monte Alegre do Sul e descartamos 17 delas. As restantes são as mais indicadas, por exemplo, para fritar; uma ou outra tem a consistência perfeita para preparar purê; e a terceira é capaz de resistir mais tempo estocada”, relata.

Desse modo, ressalta, é possível vislumbrar para o futuro produção capaz de atender consumidores em busca de um alimento saboroso, de baixo custo, com alto rendimento e valor nutricional recomendado, bem como atender a chefs de cozinha interessados em produtos e alimentos gourmet.

Repertório

Os 15 mil alunos das Etecs agrícolas são beneficiários indiretos da cooperação. São estudantes com formação em açúcar e álcool, agricultura, agrimensura, agroecologia, agroindústria, agronegócio, agropecuária, alimentos, cafeicultura, cozinha, produção de cana-de-açúcar, nutrição e dietética e zootecnia, em uma lista de 99 cursos técnicos oferecidos pelo CPS.

“No futuro, além de difusores de novas tecnologias, eles terão amplo repertório para atuar. Incorporaram em sua formação conceitos de agricultura sustentável, familiar e executada em harmonia com o meio ambiente. Além disso, quem seguir para áreas de cozinha e nutrição passará a dispor de informações úteis para orientar grandes volumes de compras de alimentos em licitações públicas e para abastecer despensas de empresas, restaurantes e escolas”, informa Gomes.

A coordenadora de projetos em agropecuária do CPS, Adriana Medroni, vê a cooperação como grande oportunidade para a comunidade acadêmica atualizar e ampliar conhecimentos. “Além de trazer as tecnologias mais recentes, os cursos mostram o resultado prático das pesquisas”, observa Adriana, zootecnista da área de produção animal e docente da Etec Prefeito José Esteves, de Cerqueira César.


Gastronomia na capital

Pesquisadores de gastronomia, no final de 2015, os professores Danielle Massa, Carla Keiko e Luigi Réa, dos cursos de cozinha e de nutrição da Etec Professor Camargo Aranha, na Mooca, zona leste da capital, conheceram o responsável pelo planejamento das atividades da secretaria, Daniel Gomes, em um evento da revista Prazeres da Mesa. “O interesse foi recíproco. Com o auxílio da professora Márcia Dias, diretora da escola, estreitamos laços no âmbito da cooperação firmada. Não paramos mais de convidar o Gomes para ministrar cursos e trocar experiências”, conta a nutricionista Danielle.

O primeiro resultado da parceria foi um curso de 4 horas sobre degustação de café ministrado no primeiro semestre do ano passado. “Com orientações simples, aprendemos, por exemplo, a preparar a bebida considerando questões relativas à temperatura da água e ao tipo da torra dos grãos”, revela Danielle.

Neste ano, no dia 19 de junho, foi realizada nova ação conjunta: o trio de professores preparou cardápio usando somente ingredientes desenvolvidos pela APTA: arroz preto, mandioca amarelinha, batata-doce, cará, urucum, cogumelo, truta arco-íris, plantas alimentícias não convencionais (Pancs) e cachaça de alambique.

Os pratos foram servidos em uma degustação na capital, em novo evento da revista Prazeres da Mesa. A mais recente parceria da APTA com a Etec Camargo Aranha resultou em um novo curso sobre café, agora incluindo degustação. O treinamento foi ministrado por Gomes na terça-feira passada, dia 1º.

Serviço

Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA)
Telefone (19) 2137-8930
E-mail gabinete@apta.sp.gov.br

Rogério Mascia Silveira
Imprensa Oficial – Conteúdo Editorial

Reportagem publicada originalmente na página II do Poder Executivo I e II do Diário Oficial do Estado de SP do dia 09/08/2017. (PDF)