Transplante de órgãos cresce 58,5% no Estado nos 5 primeiros meses deste ano

Foram realizadas 201 operações de captação e distribuição, volume 58,5% maior em comparação com o mesmo período de 2003, que teve 127 doadores. Foram realizados 113 transplantes de fígados no Estado, ante 162 no mesmo período deste ano; resultado é fruto do trabalho das Organizações de Procura de Órgãos em SP

Pacientes na fila de espera por um órgão ganharam novo alento com o aumento de transplantes de órgãos realizados em São Paulo nos cinco primeiros meses do ano, quando foram realizadas 201 operações de captação e distribuição, volume 58,5% maior em comparação com o mesmo período de 2003, que teve 127 doadores. (Ver tabela abaixo.)

Luiz Augusto Pereira, médico-coordenador da Central Estadual de Transplantes, explica que o crescimento é fruto do trabalho iniciado há sete anos com profissionais da área da saúde e hospitais para notificar as Organizações de Procura de Órgãos (OPOs) quando surge caso de morte encefálica e um possível doador. Outro fator de incentivo às doações são as campanhas públicas promovidas pelo Ministério da Saúde e Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos (ABTO), e também a mídia, por incluir o assunto em roteiros de novelas e programas de televisão.

“O ponto mais importante continua sendo esclarecer à sociedade que o processo de captação e decisão para quem vai o órgão é transparente”, salienta Pereira. A rede estadual de captação é uma iniciativa da Secretaria da Saúde para que hospitais públicos e universitários se incumbissem de aumentar o número de doadores e transplantes na sua região de atuação.

O trabalho é por dez OPOs no Estado. Na capital, são quatro: Hospital das Clínicas (HC), Santa Casa, Escola Paulista de Medicina e Instituto Dante Pazzanese. No interior, as subsedes estão nas universidades de Campinas, Botucatu, Marília, Ribeirão Preto, Sorocaba e São José do Rio Preto. O sistema estadual de transplantes é único e tem duas centrais informatizadas, na capital e interior. Cada uma gerencia o nome dos inscritos na fila de espera. Pereira ressalta que não há manipulação em nenhum estágio do processo.

“A lista de receptores é gerenciada pelos computadores da secretaria e está disponível para consulta individual na internet. Não há nenhum tipo de comércio ou favorecimento, e a decisão para quem vai o órgão é estritamente técnica.”

Critérios de escolha

Antes de decidir quem será o receptor, há uma série de critérios observados, que são diferentes para cada tipo de órgão transplantado (fígado, rim, pâncreas, pulmão, coração e intestinos). A Central Estadual não controla transplantes de pele, ossos, vasos sanguíneos, medula óssea e tendões. O tipo sanguíneo é um dos critérios de seleção, para evitar rejeição. São quatro os tipos (A, B, O e AB) e deles surgem quatro listas distintas. Se o transplante for cardíaco, é fundamental que haja compatibilidade de peso entre doador e receptor. É impossível transplantar numa criança o coração de um adulto.

Para o fígado, os critérios são idade e peso. Se surgir doador com até 12 anos, são selecionados primeiro os receptores dessa faixa etária. É impensável transplantar o fígado de uma criança de oito quilos num adulto de 90. Para o rim, um critério específico é o HLA (substância que gera anticorpos), antígeno de uma proteína que vive na célula humana, dividida em três tipos: A, B e o DR.

Cada um subdivide-se em dois números, provenientes da mãe e outro do pai. Assim, cada receptor tem seis números e o sistema da lista irá procurar o paciente com o maior número de compatibilidades.

“Na realidade, o sistema procura um “irmão” imunogenético. Quanto maior o número de caracteríscas comuns, entre doador e receptor, maior a perspectiva de sobrevida do paciente, fator que confere qualidade ao transplante. O grande desafio é encontrar doador e receptor compatíveis”, explica Pereira. A maior lista de espera é a de rins. É um órgão que apresenta ao paciente um tratamento substitutivo, a diálise, que lhe permite fazer duas ou três sessões por semana e a pessoa consegue se manter viva enquanto aguarda o transplante.

O coração ainda bate

Os órgãos transplantados são provenientes de pacientes com morte encefálica declarada. Esse estado clínico obedece ao protocolo do Conselho Federal de Medicina e representa não haver mais atividade no cérebro e tronco cerebral, e que em poucas horas o coração vai parar de bater. Somente nesse intervalo de tempo, enquanto o coração bate, é possível coletar órgãos. Assim, as equipes médicas precisam rapidamente comunicar à família do doador sobre a morte encefálica e tentar obter, em tempo, autorização para a doação.

Quando o coração para definitivamente, os órgãos são descartados para transplantes. “A dificuldade é grande, pois são poucos os doadores com morte encefálica e envolve jovens na sua maioria com situação de morte inesperada ou acidental. É traumático para a família decidir pela doação, pois, embora o doador esteja morto, seu coração ainda funciona.”

Serviço

Central Estadual de Transplantes – www.saude.sp.gov.br


Número de transplantes realizados no Estado
Órgão
Janeiro a maio de 2003
Janeiro a maio de 2004
Rim
209
340
Fígado
113
162
Coração
36
42
Pâncreas
33
53
Pulmão
2
8

Rogério Mascia Silveira
Da Agência Imprensa Oficial

Reportagem publicada originalmente na página I do Poder Executivo I e II do Diário Oficial do Estado de SP do dia 22/07/2004. (PDF)

Livro conta história do cigarro e aponta saídas para deixar o vício

Obra será lançada nesta segunda-feira, e 2 mil exemplares serão doados a médicos do Estado

Com o objetivo de divulgar as doenças causadas pelo tabagismo e incentivar fumantes a abandonar o vício, a Secretaria Estadual da Saúde lança, no Dia Mundial sem Tabaco (31 de maio), em Santos, o livro Nicotina – Droga Universal. A publicação aborda questões históricas sobre a droga, aspectos genéticos, a dependência química e formas de tratamento para tratar a dependência.

Os escritores José Rosemberg, presidente da Comissão Estadual de Prevenção e Controle do Tabagismo, Marco Antonio de Moraes e Ana Margarida Arruda Rosemberg distribuirão dois mil exemplares para médicos de todo o Estado. O livro também será apresentado no “Fórum Tabagismo e Pobreza”, que será realizado em Brasília, também no dia 31.

Segundo os autores, a obra é de grande importância para a atualização do conhecimento dos profissionais. O lançamento será na Universidade Católica de Santos (Unisantos), câmpus Vila Mathias, entre 8h30 e 13 horas, na Rua Carvalho de Mendonça, 144.

Rogério Mascia Silveira
Da Agência Imprensa Oficial

Reportagem publicada originalmente na página I do Poder Executivo I e II do Diário Oficial do Estado de SP do dia 29/05/2004. (PDF)

Casa de Maria oferece atendimento gratuito para gestantes da capital

Desconhecida da maioria da população, instituição proporciona serviços diferenciados e gratuitos para mães da zona leste

A Casa de Maria, instituição especializada em partos da Secretaria da Saúde, acaba de completar dois anos. Localizada no Hospital Geral de Itaim Paulista, zona leste paulistana, oferece serviços diferenciados e gratuitos para gestantes, como quartos exclusivos, banheiras de hidromassagem e técnicas modernas de parto humanizado.

A atual infraestrutura suporta até 230 partos por mês, porém, têm sido realizados, em média, 100. “Apesar de dispor de atendimento e condições adequadas, o espaço ainda é subutilizado pelas gestantes em razão do desconhecimento de médicos e mulheres sobre a existência do local”, afirma Carlos Alberto Panegua Ferreira, diretor do hospital.

A Casa de Maria foi planejada para atender às gestantes durante a chegada do bebê. Tem quartos equipados com barras para exercícios de estimulação, além da presença constante de uma enfermeira obstetra, que acompanha a mãe até o rompimento da bolsa com a criança. A família tem acesso à gestante durante todo o trabalho de parto e pode, inclusive, recepcionar o recém-nascido na hora do nascimento.

Sala de conforto

Depois do parto, o bebê é colocado junto à mãe para incentivar a amamentação e recebe seu primeiro banho de imersão, que é dado por um familiar. Depois é levado para uma sala de conforto e a mulher, para um quarto coletivo.

Em média, parturientes e filhos ficam apenas 12 horas na Casa de Maria, podendo voltar para suas casas rapidamente. Antes da alta recebem orientação sobre amamentação, planejamento familiar, noções de higiene e cuidados com a criança. Em caso de emergência, ambos são conduzidos imediatamente ao hospital, onde têm acesso aos médicos e infraestrutura para atendimento.

Filosofia empregada

Para ter acesso à Casa de Maria, a gestante precisa ser encaminhada pelo hospital ou unidade básica de saúde onde faz o acompanhamento da gravidez. Após a 32ª semana de gestação, a família pode conhecer o local e se ambientar à Casa e à filosofia empregada. O atendimento é iniciado após a 37ª semana, depois que a parturiente faz a primeira avaliação médica e começa a ser acompanhada semanalmente pela equipe da Casa de Maria.

Rogério Mascia Silveira (texto e fotos)
Da Agência Imprensa Oficial

Reportagem publicada originalmente na página I do Poder Executivo I e II do Diário Oficial do Estado de SP do dia 18/03/2004. (PDF)