Defesa Civil intensifica trabalhos da Operação Verão

Até o fim de março, ação integrada do Estado com as prefeituras contempla oito planos preventivos contra enchentes e inundações; sistema reforça vigilância nos 175 municípios mais vulneráveis

Com o aumento da frequência e intensidade das chuvas das últimas semanas, a Defesa Civil do Estado de São Paulo intensificou os trabalhos da Operação Verão 2015/2016. Coordenado pela Casa Militar do Gabinete do Governador, por meio da Coordenadoria Estadual de Defesa Civil, esse monitoramento permanente no território paulista visa a preservar vidas e evitar prejuízos materiais e ambientais decorrentes dos temporais, como inundações e escorregamentos de encostas.

Operação Verão é realizada de 1º de dezembro a 31 de março no Estado. Nesta edição, o número de municípios paulistas com Planos Preventivos de Defesa Civil (PPDCs) foi ampliado de 129 para 175. Essas cidades recebem maior atenção e são monitoradas de acordo com quatro níveis de atuação para cuidar de enchentes e deslizamentos: Observação, Atenção, Alerta e Alerta máximo.

Fases

Observação’ é o nível de atuação que consiste em acompanhar índices pluviométricos e previsões meteorológicas. Se a média de chuvas tiver um aumento, a cidade entra no nível de ‘Atenção’, sendo realizadas vistorias de campo para avaliar possíveis deslizamentos de terra. A fase seguinte, ‘Alerta’, inclui identificar áreas críticas e propor a remoção preventiva de famílias de locais de perigo iminente. O último estágio, ‘Alerta máximo’, exige a retirada simultânea de todos os moradores de todas as áreas de risco.

A Defesa Civil executa os oito planos preventivos globais, tendo o apoio de suas subsedes regionais instaladas nas 15 regiões administrativas do Estado. O primeiro plano é contra inundações na região do Vale do Ribeira. Os outros sete têm foco nas ocorrências de escorregamentos na Região Metropolitana de São Paulo, Baixada Santista e adjacências dos municípios de São José dos Campos, litoral norte, Campinas, Sorocaba e Itapeva (ver abaixo).

Olhar global

O diretor de divisão da Defesa Civil, capitão PM Fauzi Katibe, destaca que a atenção maior dedicada às cidades com PPDCs se deve ao fato de elas serem mais suscetíveis a acidentes decorrentes da chuva. Mas o monitoramento nos 645 municípios é permanente e prevê atendimento emergencial sem planos preventivos, porém, com risco de ocorrências.

“De acordo com o volume pluviométrico, a Operação Verão pode ser prorrogada, em alguns municípios, até o fim do primeiro semestre. Em outros, cujo volume de água também aumentou, é sugerida a realização de PPDCs na Operação Verão seguinte”, esclarece.

A proposta principal da ação é articular e coordenar, simultaneamente, todos os agentes públicos e privados para os atendimentos emergenciais. O trabalho é integrado e contempla os planos municipais e regionais de defesa civil de todas as cidades e regiões do Estado.

De perfil técnico, o serviço é embasado com vistorias de campo e laudos expedidos pelo Instituto Geológico (IG) e Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT). Vinculados ao governo estadual, eles atuam de modo a identificar problemas no solo causados pelo ciclo das águas. O sistema recebe ininterruptamente informações pluviométricas e meteorológicas de diversos órgãos.

As principais bases de dados são as do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), do Governo federal. O Estado de São Paulo colabora, fornecendo as previsões dos meteorologistas da Defesa Civil. O sistema é complementado por boletins meteorológicos e leituras telemétricas (acompanhamento do nível dos rios) elaborados pelo Departamento de Águas e Energia Elétrica (DAEE).

Colaboração

“O apoio do cidadão é fundamental”, comenta o capitão. Ele explica que a principal recomendação para a população é informar a defesa civil municipal sobre eventuais situações de risco. Outros cuidados incluem não construir em barrancos ou em locais próximos a cursos d’água e não acumular lixo nem jogá-lo nas encostas, pois isso potencializa os riscos de acidentes e contaminações após chuvas fortes.

“O site da Defesa Civil também traz folhetos com orientações sobre a prevenção de acidentes causados por alagamentos e deslizamentos. Eles informam sobre temas afins, como raios, tempestades, dengue, etc. Todos podem ser copiados gratuitamente”, destaca o oficial.

Cuidados

Antes da chuva, a recomendação para o morador de área de risco é ter à disposição um local seguro para se proteger de enchentes repentinas. Na hora da emergência, ele deve desligar os aparelhos elétricos para prevenir choques e descargas e abandonar a moradia.

Durante a tempestade e depois dela, jamais transitar em locais alagados, nem a pé, para evitar quedas, nem de carro ou de moto, pois poucos centímetros de água acumulada são suficientes para arrastar veículos. Outro perigo são as doenças que podem ser contraídas a partir do contato da pele com as águas das enxurradas.


Vigilância reforçada

Atualmente, três cidades paulistas estão em estado de ‘Alerta’: Francisco Morato, Itapecerica da Serra e Cajati. No nível ‘Atenção’, além da capital há mais três municípios da Serra do Mar: Cubatão, Itanhaém e Praia Grande. As demais são da região do Vale do Paraíba: Aparecida, Arapeí, Areias, Bananal, Cachoeira Paulista, Campos do Jordão, Canas, Cruzeiro, Cunha, Guaratinguetá, Igaratá, Ilhabela, Lagoinha, Lavrinhas, Lorena, Monteiro Lobato, Pindamonhangaba, Piquete, Potim, Queluz, Redenção da Serra, Roseira, Santo Antônio do Pinhal, São José dos Campos, Silveiras, Taubaté, Tremembé e Ubatuba.

Seguem em ‘Atenção’ as cidades da Região Metropolitana de Campinas de Águas de Lindoia, Americana, Amparo, Artur Nogueira, Atibaia, Bragança Paulista, Campinas, Cosmópolis, Espírito Santo do Pinhal, Holambra, Hortolândia, Itapira, Joanópolis, Limeira, Mogi-Guaçu, Monte Mor, Morungaba, Nova Odessa, Pedreira, Piracaia, Sumaré, Valinhos e Vinhedo.

Serviço

Defesa Civil Estadual
Telefone (11) 2193-8888 (24 horas por dia)

Rogério Mascia Silveira
Imprensa Oficial – Conteúdo Editorial

Reportagem publicada originalmente na página IV do Poder Executivo I e II do Diário Oficial do Estado de SP do dia 20/01/2016. (PDF)

IPT orienta sobre a prevenção de acidentes com raios

Recomendações incluem manutenção periódica de sistemas de segurança e cuidados como procurar abrigo em área coberta logo após o primeiro trovão

As chuvas fortes de primavera e de verão aumentam a incidência de raios na região Sudeste brasileira. Para prevenir prejuízos e mortes causadas pelas descargas elétricas, o engenheiro eletricista Mário Leite Pereira Filho, do Laboratório de Equipamentos Elétricos e Ópticos (LEO) do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), indica as duas recomendações mais importantes.

A primeira é fazer a manutenção periódica de equipamentos de segurança, como sistemas de para-raios e aterramento, serviços prestados pelo IPT. A outra é procurar abrigo em qualquer edificação ou instalação subterrânea tão logo comece a chover forte. Opção segura também é aguardar a chuva passar dentro de um carro.

Acidente

“É preciso interromper qualquer atividade ao ar livre e abandonar piscina e locais descampados, como praia, campo de futebol, plantação, pista de pouso, entre outros”, orienta o especialista. “E sempre manter distância de árvore, poste ou qualquer estrutura alta, capaz de atrair a descarga elétrica”, alerta.

Se ocorrer um acidente com vítima, a recomendação é ligar para o telefone gratuito 192 e solicitar apoio do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). Caso haja no local alguém habilitado, prestar primeiros socorros, medida capaz de diminuir a letalidade em muitas emergências.

Referência nacional

O engenheiro destaca o monitoramento permanente sobre raios realizado pelo Grupo de Eletricidade Atmosférica (Elat), do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), vinculado ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI). “O grupo monitora todo o território brasileiro e é a referência científica mais importante e atualizada sobre o assunto”, observa.

De acordo com o Elat-Inpe, na região Sudeste, São Paulo lidera o ranking de cidades mais atingidas por raios – em média, são 20 mil a cada ano. A capital também é o município brasileiro com mais mortes causadas pelas descargas elétricas – foram registradas 26 entre os anos 2000 e 2014. Neste período, 288 pessoas foram a óbito no Estado por este motivo e, a cada ano, o território paulista recebe, em média, 2 milhões de raios.

Portfólio

Desde a década de 1980, o IPT atende órgãos dos três níveis do poder público (Prefeitura, Estado e União) e também empresas interessadas na prevenção de acidentes com raios em suas instalações. O serviço é executado pelos profissionais do LEO, unidade do Centro de Tecnologia Mecânica, Naval e Elétrica do IPT, órgão vinculado à Secretaria Estadual de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação.

Além de Mário Leite, a equipe do LEO é formada pelo engenheiro Luiz Eduardo Joaquim e pelo técnico Kleber Jesus. O primeiro serviço prestado pelo grupo é direcionado ao setor industrial. Consiste em realizar testes e ensaios em materiais e componentes para aterramentos, para-raios, supressores de sobretensão elétrica, etc.

Segurança

Prefeituras e demais órgãos governamentais podem contratar o IPT para fazer a verificação e revisão de seus Sistemas de Proteção contra Descargas Atmosféricas (SPDA). Essa manutenção preventiva, periódica e obrigatória é prevista pela legislação vigente e segue as diretrizes da norma NBR nº 5419 (revisão 2015) da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT).

O terceiro serviço oferecido é a medição em campo das partes aéreas e subterrâneas de estruturas preventivas, para verificar as condições dos cabos e para-raios – itens que costumam ter vida longa.

“Nos atendimentos realizados, a equipe sempre instrui o cliente sobre quais cuidados deve tomar para evitar ocorrências”, observa o engenheiro Mário Leite. Ele destaca trabalhos desta natureza realizados pelo instituto, como a revisão do SPDA dos palácios do governo paulista (dos Bandeirantes e do Horto, na capital, e o da Boa Vista, em Campos do Jordão).


As dez cidades paulistas que têm mais queda de raios

Município Densidade anual de descargas (por km²)
Itaquaquecetuba 13,13
Cândido Rodrigues 13,12
Ferraz de Vasconcelos 12,23
Rosana 12,00
Bananal 11,96
Poá 11,94
Eldorado 11,89
Arujá 11,80
Potim 11,76
Caçapava 11,70

Serviço

Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT)
Telefone (11) 3767-4823
e-mail – leo@ipt.br
Grupo de Eletricidade Atmosférica (Elat) do Inpe

Rogério Mascia Silveira
Imprensa Oficial – Conteúdo Editorial

Reportagem publicada originalmente na página II do Poder Executivo I e II do Diário Oficial do Estado de SP do dia 26/11/2015. (PDF)

Tudo o que você precisa saber sobre raios

Defesa Civil alerta sobre os riscos de acidentes nesta época de temporais, até porque também em raios o Brasil é campeão

No Brasil, a probabilidade de alguém morrer atingido por raio é de 0,8 por milhão, mas é melhor não desafiar as estatísticas, alerta a Defesa Civil, tendo em vista que nos meses de verão (21 de dezembro a 21 março) aumenta, e muito, a incidência de chuvas e temporais no sudeste brasileiro. E ainda porque também nesse quesito o Brasil é campeão mundial.

A ocorrência dos raios está associada a duas situações: a primeira, a partir da eletrificação causada pela colisão de cristais de gelo na atmosfera; a segunda é restrita a países com vulcões no território e surge a partir de nuvens de cinzas decorrentes da erupção. Embora ocorra com maior frequência nos meses de verão e esteja associado às nuvens negras e chuvas fortes, o raio também pode cair no inverno.

Segundo a tenente Aline Betânia Carvalho, da Polícia Militar e da Divisão de Comunicação Social da Coordenadoria Estadual da Defesa Civil, a orientação de modo geral é a mesma: com chuva forte, deve-se interromper qualquer atividade ao ar livre em local descampado, como clube, praia, campo de futebol, plantação, pista de pouso. E procurar abrigo em qualquer edificação ou instalação subterrânea, como o Metrô, por exemplo.

Ponto mais alto

Se alguém estiver na rua e não houver nenhuma casa ou prédio por perto, a orientação é ficar agachado, com os pés juntos, até a chuva passar, e nunca deitar no chão. “Evite tornar- se o ponto mais alto de um terreno ou mesmo ficar próximo a ele – para não ser atraído pelo raio. A construção do para-raio segue este princípio e usa materiais capazes de oferecer menos resistência para a condução da corrente elétrica, direcionada sempre para o solo por um fio terra”, explica Betânia.

O veículo costuma ser um local seguro, mas feche vidros e procure não encostar nas partes metálicas. Lugares abertos e descampados devem ser evitados. Se estiver no mar, rio, lago ou piscina, a orientação é também sair imediatamente. Motivo: a água é um eficiente condutor de eletricidade. Durante uma tempestade, deve-se ficar distante de qualquer objeto alto e isolado, como árvore, poste, quiosque, caixa-d’água, etc.

Durante uma tempestade, deve-se ficar distante de qualquer objeto alto e isolado, como árvore, poste, quiosque, caixa-d’água, etc. A recomendação vale também para objeto metálico, grande e exposto, como trator, escada e cerca de arame. Recomenda-se não soltar pipas, nem carregar objetos como canos e varas de pesca, assim como andar de bicicleta, moto ou a cavalo.

Se estiver em casa, evite tomar banho e usar telefone fixo. Procure também se afastar de equipamentos plugados na rede elétrica, como televisor, geladeira e fogão. A recomendação vale também para janelas, tomadas, torneiras e canos elétricos.


Como se formam os raios

O raio é uma descarga elétrica que ocorre na atmosfera, com intensidade típica de 30 mil ampéres, total equivalente mil vezes à potência de um chuveiro elétrico. Esse fenômeno meteorológico se forma no interior das nuvens de tempestade, chamadas de Cumulos nimbos, a partir das cargas elétricas geradas pelo choque de partículas de gelo dentro delas. Quando estas cargas atingem certa quantidade surge uma faísca que dá início ao raio.

À medida que esta faísca se aproxima do solo, inicia-se uma descarga do solo para a nuvem, principalmente em objetos salientes e pontiagudos ou, ainda, em pontos com maior condutividade elétrica (em geral, objetos metálicos). Quando as duas se unem, acontece o raio.

Descargas atmosféricas podem ocorrer ainda no interior de uma nuvem, entre duas nuvens ou de uma nuvem para o ar. Em geral, quando os raios acontecem provocam um clarão e, logo em seguida, um barulho denominado trovão, devido ao deslocamento de ar.

De acordo com o Grupo de Eletricidade Atmosférica do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), 80% das mortes causadas por raios podem ser evitadas. Basta a população saber o que fazer e o que evitar quando se escuta o primeiro trovão.

Ao contrário do ditado popular, o raio pode, sim, cair mais de uma vez, num mesmo lugar. Quando alguém é atingido, na maioria das vezes recebe correntes indiretas vindas pelo chão. É raro uma pessoa ser atingida diretamente pelo raio, mas quando acontece, a morte é instantânea.

A cada 50 mortes por raios no mundo, uma é no Brasil, cujo território é o de maior incidência mundial do fenômeno. Em média, a cada ano, as descargas elétricas provocam 130 mortes no País, deixam 200 feridos e trazem prejuízos de R$ 1 bilhão.

Rogério Mascia Silveira
Da Agência Imprensa Oficial

Reportagem publicada originalmente na página I do Poder Executivo I e II do Diário Oficial do Estado de SP do dia 25/01/2012. (PDF)