Classificado on-line é inovação de ex-alunos da Fatec Botucatu

Transformado em franquia, serviço destaca opções de lazer e cultura em cidades do interior e divulga anúncios de profissionais autônomos, estabelecimentos comerciais e vagas de emprego

Formados na primeira turma do curso de Logística, da Faculdade de Tecnologia do Estado (Fatec) de Botucatu, os empresários Erika Morales e Rafael Somera se inspiraram no Google, gigante mundial de buscas na internet, para desenvolver novo modelo de serviços on-line.

Dirigida a profissionais autônomos e a pequenos negócios de atuação municipal e regional, a plataforma surgiu com a proposta de complementar a função da antiga publicação Páginas Amarelas. Em 2015, o sucesso dos classificados eletrônicos transformou o negócio em franquia nacional, que faturou, no ano passado, R$ 3 milhões.

Batizada de Solutudo, a rede tem hoje 34 unidades distribuídas no interior paulista e nos Estados de Mato Grosso do Sul, Espírito Santo e Sergipe. De acordo com Érika e Somera, o público-alvo são manicures, eletricistas, encanadores, cuidadores de idosos e jardineiros, e também comerciantes de bairro, como donos de padarias, salões de beleza, mercadinhos e bicicletarias, entre outros.

“Todo interessado pode se cadastrar gratuitamente, mas para aparecer entre os primeiros resultados listados é preciso pagar mensalidades em torno de R$ 150”, informam os sócios, assumindo usar estratégia parecida com a adotada pelo Google e outros mecanismos de busca internacionais da Web.

Jornal

Formada no final do primeiro semestre de 2005, a dupla vivenciou os primeiros dias letivos da Fatec Botucatu, instituição que oferece seis graduações tecnológicas (ver serviço). Orgulhoso de sua carreira acadêmica, Somera lembra ter sido o primeiro aluno a matricular-se na instituição, criada no segundo semestre de 2002.

Na época, havia apenas dois cursos noturnos, ambos com 40 vagas e seis semestres de duração: o de Logística, com Ênfase em Transportes, precursor da formação atual, e o de Informática, com Ênfase em Gestão de Negócios, predecessor do atual Análise e Desenvolvimento de Sistemas (ADS).

Comunicativos e populares entre os colegas, os hoje sócios criaram, no primeiro semestre do curso, um jornal bimestral interno, Anos Incríveis. O impresso, de quatro páginas em média, teve 16 edições, sendo sua maior tiragem 2 mil exemplares.

“A proposta, na época, era informar, entrosar colegas, docentes e funcionários e registrar as novidades, como, por exemplo, a chegada dos computadores na instituição de ensino. Quando ingressamos, tudo era ensinado na base da lousa e giz, inclusive a aula de informática”, recordam. A popularidade deles também os credenciou a fundar o atual Diretório Acadêmico da Fatec Botucatu – e ainda os ajudou a disputar e vencer a eleição da primeira chapa.

Oportunidade

Ao longo da graduação tecnológica, Érika e Somera trabalhavam durante o dia: ele, na área de marketing; e ela com vendas. Dois meses antes da formatura, a estudante ouviu as queixas de um empresário, hospedado na cidade, sobre não ter “nada” para fazer em Botucatu no fim de semana, em termos de lazer e turismo.

Inquieta com a situação, Érika, nascida em Botucatu, comentou com o amigo sobre a oportunidade de eles recriarem no final do curso a experiência do jornal, mas dessa vez em versão aprimorada, como uma revista colorida, destacando opções de passeio, hospedagem e alimentação.

Site

A finalidade seria divulgar, gratuitamente, esse tipo de serviço para os 13 mil atletas dos Jogos Abertos do Interior. Depois de duas semanas de trabalho, realizado nas madrugadas, a dupla conseguiu lançar a primeira versão da revista, chamada Solutudo, finalizada na véspera do início das competições esportivas. Desde então, contam, o serviço evoluiu em 2008 para um site e de lá para cá não parou mais de crescer.

Com a rede de contatos estabelecida na cidade com empresários, prefeitura e instituições religiosas e beneficentes, o projeto passou a ser uma central de serviços para os próprios botucatuenses. “O segredo foi montar equipes de vendedores e cobrir todos os bairros da cidade. Passamos a oferecer aos prestadores de serviço a possibilidade de, efetivamente, anunciarem em um mecanismo de busca da internet usado no município e região”, explicam.

Crescimento

Ambos então abandonaram os antigos empregos e passaram a dedicar-se integralmente ao projeto e acrescentaram novas funcionalidades ao site, como ofertas de emprego, eventos e anúncios variados. “O aprendizado na Fatec foi essencial para planejar, estruturar e desenvolver o negócio, hoje em expansão e homologado pela Associação Brasileira de Franquias (ABF)”, ressaltam.

Atualmente, a Solutudo oferece versões de seu sistema em aplicativos gratuitos para celulares com sistema operacional Android, iOS (iPhone e iPad) e Windows Phone. “A proposta agora é multiplicar o número de atendimento, incluindo outros municípios paulistas e de outros Estados”, ressaltam.

Sucesso

Coordenador de cursos desde a criação da Fatec Botucatu e atual diretor da instituição, o professor Roberto Antonio Colenci ministrou diversas disciplinas para a dupla de ex-alunos, os quais ainda mantêm contato constante. Entre as disciplinas, o professor destaca a de Liderança e Empreendedorismo, em cujas lições são transmitidos estudos de caso de sucesso, avaliadas experiências pessoais e, na conclusão do semestre, como trabalho final, os universitários precisam simular a estruturação de um negócio real.

“Cursar Logística possibilitou a eles planejar e desenvolver estratégias a longo prazo, conceitos fundamentais para a tomada de decisão. Além disso, o estímulo e a valorização do empreendedorismo integram todas as formações tecnológicas do Centro Paula Souza. Essa dupla é um dos casos de sucesso da Fatec Botucatu, entre muitos outros, felizmente”, diz Colenci.

Serviço

Fatec Botucatu
Telefone (14) 3814-3004
E-mail diretoria@fatecbt.edu.br

Solutudo

Rogério Mascia Silveira
Imprensa Oficial – Conteúdo Editorial

Reportagem publicada originalmente na página III do Poder Executivo I e II do Diário Oficial do Estado de SP do dia 11/05/2017. (PDF)

Etec de Americana inova com carteira digital de vacinação

Com pedido de patente encaminhado em fevereiro para o Instituto Nacional da Propriedade Industrial (Inpi), um programa de computador desenvolvido na Escola Técnica Estadual (Etec) Polivalente, de Americana, promete transformar o registro de imunização da população e a gestão dos postos municipais vinculados ao Sistema Único de Saúde (SUS).

Batizada de Vitae – Carteira de Vacinação Digital, a ferramenta foi o Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) dos estudantes Gustavo Benato e Raíssa Faccioli, formados em junho do ano passado em informática.

Ainda inédito, o Vitae é dividido em dois módulos. O primeiro, gerencial, para ser usado nos terminais do posto de saúde com a finalidade de eliminar processos analógicos, como o preenchimento de formulários em papel, e permitir o controle de prontuários de pacientes e de estoque de materiais, entre outras funções.

A segunda parte consiste em um aplicativo para celular para enviar alertas e convocações aos usuários, substituir a carteira de vacinação e agendar as idas das pessoas ao posto, fazendo a distribuição do fluxo de atendimento.

Otimização

O trabalho foi orientado pela professora Gislaine Araújo e co-orientado pelo professor Oscar Meira Júnior. Amigos, Raíssa e Gustavo ingressaram na Etec de Americana no primeiro semestre de 2015. No ano passado, ambos passaram no vestibular em Análise e Desenvolvimento de Sistemas.

“O conceito do Vitae é preservar o histórico do paciente com relação às vacinas obrigatórias do calendário do SUS, além de alertar o cidadão, automaticamente, sobre suas próximas idas ao posto municipal onde é vinculado”, explica Gustavo.

Ele informa que a tecnologia empregada no programa da Etec Polivalente é mais segura e barata do que a utilizada atualmente nos postos e permite, a qualquer tempo, a recuperação dos dados, dispensa anotações manuais e pode ser utilizada em outras unidades de atendimento, como, por exemplo, hemocentros e clínicas particulares de vacinação.

Patente

Os estudantes ainda mantêm contato com seus ex-docentes da instituição vinculada ao Centro Paula Souza. Trata-se, segundo eles, de apoio fundamental para processar os ajustes no Vitae. Gustavo agora estuda em Limeira, na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp); e Raíssa, em Hortolândia, no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo (IFSP).

Eles pretendem lançar o Vitae tão logo obtenham a patente definitiva, prevista para até o final do ano, além de conseguir sócios para possibilitar a abertura do negócio. No mês de março, a dupla conquistou o 4º lugar na categoria Ciências Exatas da 15ª Feira Brasileira de Ciências e Engenharia (Febrace), realizada na capital, em uma tenda montada no estacionamento da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli-USP).

Rogério Mascia Silveira
Imprensa Oficial – Conteúdo Editorial

Reportagem publicada originalmente na página III do Poder Executivo I e II do Diário Oficial do Estado de SP do dia 18/04/2017. (PDF)

Cera ecológica é inovação apoiada pelo IPT

Parceiro do empreendedor paulista, Instituto de Pesquisas Tecnológicas capacita quem deseja iniciar produção ou aprimorar processos para atender ao mercado interno e externo

Substituir a parafina – extraída do petróleo e espalhada na prancha pelo surfista para oferecer mais equilíbrio nas manobras – por uma cera ecológica, proveniente de fonte renovável e capaz de se degradar no meio ambiente sem afetar o ecossistema marinho.

Com essa proposta, o microempreendedor Alexandre Bruno, de Cotia, município da Grande São Paulo, encontrou no Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) o parceiro ideal para desenvolver uma linha de produtos à base de cera de abelha capaz de propiciar alta aderência para a prática de surfe, bodyboarding e stand-up paddle em águas de diferentes temperaturas.

Publicitário e webdesigner freelancer, Bruno, 38 anos, pega onda desde os 16 anos. No início, revela ter testado por conta própria receitas caseiras de misturas com ceras apresentadas no canal de vídeos YouTube – porém nenhuma delas resistia aos testes com a prancha na água. Depois, o surfista amador passou a importar dos Estados Unidos alguns produtos à base de cera de abelha. No entanto, a crise cambial tornou-os caros demais.

Consultoria

Bruno decidiu montar um negócio e fabricar a cera, partindo do zero, para lançar um produto inédito no País e funcional, que pudesse ser usado em qualquer situação pelo surfista. Ele sabia do ferramental e serviços tecnológicos oferecidos pelo IPT, órgão vinculado à Secretaria Estadual de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação, para empresas de todos os portes, interessadas em atender ao mercado interno e externo.

Em março de 2015, Bruno enviou e-mail ao Núcleo de Atendimento Tecnológico à Micro e Pequena Empresa (NT-MPE) para pedir orientação sobre como desenvolver o produto e obter financiamento para abrir sua empresa, depois batizada de Parafinaria (ver serviço). Duas semanas depois, recebeu resposta do Produção Mais Limpa (Prolimp), um dos programas do NT-MPE.

O atendimento ficou a cargo da equipe formada pelos engenheiros químicos Silas Derenzo e Guilherme Ungar e pela estagiária Larissa Araújo, do Laboratório de Processos Químicos e Tecnologia de Partículas. No contrato assinado entre as partes, Bruno aportou R$ 4 mil; o Estado, por meio da secretaria, subsidiou os R$ 19 mil restantes necessários, além de fornecer ao microempreendedor a consultoria do IPT para montar e gerir o novo negócio.

Baixo custo

Uma das dificuldades iniciais, revela Derenzo, era não existir referência técnica constituída sobre a nova cera, cuja composição utiliza somente matérias-primas naturais e nacionais. Trabalhando em conjunto, Bruno, Derenzo e a equipe do IPT aprimoraram o produto ao longo de seis meses.

Nesse período, avaliaram dureza, temperatura de fusão e capacidade de aderência da cera. Bruno fazia testes nos fins de semana na Praia do Tombo, Guarujá. Em novembro de 2015, o trabalho foi concluído e rendeu um pedido nacional de patente, cuja propriedade intelectual é compartilhada entre a microempresa e o IPT.

“O surfe é uma integração completa do ser humano com a natureza e seu praticante costuma valorizar a preservação ambiental. Com a cera orgânica, o atleta passa a dispor de um produto de baixo custo para passar na prancha e ter uma película com ótima aderência. Aliás, pode usar sem sentimento de culpa. O produto não tem origem fóssil nem utiliza processos produtivos poluentes, desde o início até o fim de seu ciclo na natureza”, conta o microempresário.

Diferenciais

Além da questão da sustentabilidade, a cera orgânica tem como atrativos melhorar o desempenho do surfista sobre as ondas e, principalmente, o preço. É comercializada on-line no atacado e no varejo no site da empresa (ver serviço). A equipe do IPT ajustou o odor da cera e amenizou o cheiro excessivo de mel.

Para turbinar as vendas, os parceiros apostam no crescimento do comércio eletrônico mundial, considerando a vasta faixa litorânea existente no País e o fato de o Brasil ter esportistas campeões mundiais, como Gabriel Medina, no surfe, um incentivo para “mais pessoas destruírem somente as ondas e não as praias”, brincam os parceiros.

Serviço

Núcleo de Atendimento Tecnológico à Micro e Pequena Empresa do IPT
E-mail ntmpe@ipt.br
Telefone (11) 3767-4204

Parafinaria

Rogério Mascia Silveira
Imprensa Oficial – Conteúdo Editorial

Reportagem publicada originalmente na página III do Poder Executivo I e II do Diário Oficial do Estado de SP do dia 11/04/2017. (PDF)