Banco do Povo Paulista comemora 5 anos investindo no resgate da cidadania

Com agências em 335 cidades e juros de apenas 1% ao mês, é o maior programa governamental de microcrédito do País

No quinto ano de aniversário, o Banco do Povo Paulista já emprestou R$ 200 milhões com juros subsidiados de 1% ao mês para pequenos empreendedores e cooperativas. A instituição financeira governamental empresta em média R$ 8 milhões mensais, tem agência em 335 cidades paulistas e já gerou 84 mil empregos diretos e indiretos.

O Banco do Povo é uma parceria entre a Secretaria Estadual do Emprego e Relações do Trabalho (Sert), que responde por 90% dos recursos, e as prefeituras paulistas, que ficam com os 10% restantes. Guaracy Monteiro Filho, diretor executivo do programa conta que ele foi criado como um mecanismo não paternalista de ajuda para o micro-empreendedor com situação regularizada ou informal.

O programa de microcrédito está presente em todas regiões do Estado e as agências ficam localizadas preferencialmente no centro dos municípios grandes e médios. “Falta ainda criar postos nas pequenas cidades, de quatro a cinco mil habitantes, e estamos montando sedes conjuntas para atendê-las”, comenta Guaracy.

Justiça social

A proposta do Banco do Povo é ser parceiro do pequeno empreendedor na expansão de seu negócio e não concorrer com os bancos comerciais. Empresta valores baixos, com parcelas fixas e aceita que seus tomadores de crédito não tenham situação regularizada. Não faz caridade, porém atende a população excluída e clientes com dificuldade para conseguir empréstimo nos demais bancos, como um catador de papelão, que muitas vezes não consegue comprovar renda e preencher todos os requisitos exigidos pelo sistema financeiro tradicional.

Pode tomar empréstimo qualquer tipo de empreendedor, com atividade lícita, como açougue, bicicletaria, carrinho de pipoca, artesanato, costureira, bar, oficina mecânica, chaveiro e produtor rural. “A proposta é fazer com que a pessoa progrida, aumente sua auto-estima e empregue mais gente. Cerca de 73% dos empréstimos concedidos foram pagos. E depois do primeiro financiamento ser quitado, o cliente tende a regularizar sua situação legal para conseguir créditos maiores e por fim, acaba por empregar familiares no negócio”, conta.

Agentes de cidadania

O agente de crédito é o grande motor do Banco do Povo. Ele atende ao empreendedor, faz estudos de viabilidade do negócio e orienta e acompanha o cliente. É quem identifica riscos de inadimplência e define o valor do empréstimo, de modo a não sobrecarregar o tomador de empréstimo.

Esse profissional não tem perfil burocrático, se desloca da agência até a propriedade ou negócio do cliente e faz um estudo de viabilidade. Atualmente o Estado dispõe de 485 agentes de crédito. Cada um recebe treinamento constante e tem noções de matemática financeira, comunicação e assistência. As lições aprendidas são sempre repassadas para os empreendedores.

O agente de crédito está preparado para atender ao público diferenciado. Desde o momento da chegada no balcão, ele explica termos técnicos muitas vezes desconhecidos pelo cliente, como juros e capital. Depois, estuda a situação e identifica possíveis problemas no negócio. O objetivo final é evitar um calote.

Condições para o empréstimo

Para conseguir empréstimo, o interessado deve ter endereço fixo e estar produzindo no município há mais de seis meses, com firma aberta ou não. Precisa também ter nome limpo no Serasa e no Serviço de Proteção ao Crédito e faturar menos que R$ 150 mil por ano.

É necessário também apresentar um avalista que não tenha nome sujo. O fiador pode ser parente de primeiro grau, desde que não more na mesma casa. O dinheiro pode ser cedido para investimento fixo (compra de máquinas, equipamentos e ferramentas) ou para capital de giro (mercadoria, matéria-prima, consertos e ferramentas). Não é permitido usá-lo para comprar insumos para o setor agropecuário (sementes, fertilizantes, animais), pagar dívidas, comprar veículos de passeio e qualquer atividade ilegal.

O prazo de devolução é de até seis meses para produção e de até 18 meses para capital de giro e investimento fixo. Empreendedores pessoa-física podem tomar empréstimo de R$ 200 até R$ 5 mil e cooperativas podem pegar até R$ 25 mil.

Aprovação do crédito

O dinheiro do empréstimo é liberado somente após aprovação do comitê de crédito, composto sempre por, no mínimo, três profissionais: representante da Sert, da comissão municipal de emprego e do Banco Nossa Caixa.

O crédito é cobrado rigorosamente em dia. Guaracy explica que a administração do programa é transparente, foge de paternalismos e relata que o cumprimento do dever de cada uma das partes é essencial para seu sucesso. “Dependemos de gestão técnica séria, comprometimento dos agentes de crédito e disposição dos empreendedores em crescer”, salienta.

O Banco do Povo investe no resgate da cidadania. “Se o governo doar alimentos ou gêneros de primeira necessidade, compulsoriamente decide aquilo que o indivíduo irá comer ou consumir. A proposta é capacitá-lo e transformá-lo em cidadão, para que consiga renda suficiente para se manter e não depender mais da solidariedade alheia”, comenta.

A taxa de inadimplência do Banco do Povo é baixa, 73% dos financiamentos são pagos integralmente e 56% deles são na área de serviços. O valor médio dos empréstimos é de R$ 2,7 mil. Guaracy conta que a instituição está próxima de conseguir o equilíbrio financeiro entre receitas e despesas. “Os aportes financeiros de prefeituras e Estado têm sido cada vez menores e a tendência é de estabilização”, aponta.

Aprendizado constante

José Francisco Bastia, coordenador de desenvolvimento do Banco do Povo conta que o próximo passo é realizar uma pesquisa para descobrir porque alguns empreendedores fracassam. “O objetivo é aprender com os erros, repassar para todos os agentes de crédito as experiências adquiridas e tornar o serviço ainda mais eficiente”, salienta.

“Quando é detectado um problema em mais de uma cidade, como por exemplo a falta de capacitação em alguma atividade profissional, dispomos do auxílio do Sebrae para organizar um curso. A meta é que todos tenham sucesso”, finaliza.

Parcerias

Além das prefeituras, o Banco do Povo mantém parcerias com o Sebrae, Nossa Caixa e com o programa Prolar Banco do Povo Paulista, que financia de R$ 500 a R$ 5 mil para compra de material de construção e permite pagamento em 48 pagamentos sem juros. Esta iniciativa já está presente em 30 cidades. Mantém ainda parcerias com a Secretaria Estadual de Administração Penitenciária (SAP), com o Projeto Vida Nova, que financia parentes de detentos. E com a Sutaco, programa também da Sert que auxilia na capacitação e formação de cooperativas de artesãos.

Agência Araraquara

A agência Araraquara do Banco do Povo é uma das mais movimentadas do interior. Foi criada em dezembro de 2001, dispõe de três agentes de crédito e já emprestou mais de R$ 800 mil. Paulo Alexandre da Silva, agente, conta que 80% dos pedidos atendidos são para trabalhadores informais e os 20% restantes para os formais.

“A maior motivação é saber que, depois do levantamento econômico para conceder o primeiro empréstimo, passamos para o cliente uma nova visão gerencial de seu próprio negócio que ele antes não tinha, ou não era capaz de enxergar”, conta Paulo.

Celso Paiva, agente de crédito, conta que os vínculos de amizade formados são frequentes. “Muitos empreendedores voltam para trocar ideias e informações e pedir novos empréstimos. Um cliente retornou para receber novas planilhas de custos e pedir cursos”, conta.

Juliana Porto, também agente de crédito, conta a história de um migrante que veio para região colher laranja e ficou desempregado na entressafra. Decidido, começou a percorrer a cidade recolhendo sucata com sacolas e depois transformou uma geladeira velha em carrinho para carregar mais itens. Para expandir ainda mais e coletar o material proveniente de indústrias, solicitou ao Banco do Povo que financiasse uma kombi para transportar o material.

O comitê de crédito fez então o estudo de viabilidade e constatou que o homem não teria como arcar com as despesas do veículo e com a retirada da carteira de habilitação. Foi lhe então sugerido que financiasse uma charrete com uma mula por mil reais. “Foi a solução encontrada, viável e que atendeu à necessidade do cliente sem sobrecarregá-lo”, conta Juliana.

Gráfica em Matão

José Luiz Mendonça e Lúcio Antonio Giannini, proprietários da MG Artes Gráficas, conheceram o Banco do Povo Paulista por meio de um folheto e decidiram procurar a agência local, em Matão, para financiar R$ 5 mil, parte do preço de uma máquina offset. O equipamento permitiu à empresa imprimir 2,5 mil folhetos monocromáticos por hora, no formato ofício, e ampliar a produção.

O investimento teve retorno rápido e a dupla de empreendedores decidiu quitar o empréstimo antes do vencimento das 18 parcelas. O objetivo: comprar outra offset para imprimir no formato duplo-ofício e ampliar a variedade de panfletos para os clientes. “O empréstimo permitiu a expansão do negócio, antes restrito a nós dois e já chegamos a ter doze funcionários”, conta Lúcio satisfeito.

Depoimentos de empreendedores da região de Araraquara

Ana Maria Mauri – dona de confecção: “Ajudou-me na produção, tornando-a mais rápida e a qualidade melhor.”

Andreia Rodrigues – setor de alimentação: “Com o financiamento pude aumentar os itens a serem vendidos dando comodidade para os clientes, aumentando o movimento.”

Antonio Ciniato – afiador de ferramentas: “Ajudou-me na compra de equipamentos para ampliar minha produção e melhorar a qualidade.”

Inara de Freitas – dona de floricultura: “Tive oportunidade de ampliar a floricultura. Com essa mudança aumentaram meus clientes.”

Josefa da Silva – dona de confecção: “O Banco do Povo Paulista me deu condições de ter maior produção e variedades na parte de tecelagem.”

Manoel Gomes – setor de alimentação: “Com o financiamento comprei uma máquina de café expresso. Com isso deixei de pagar aluguel e aumentei a minha clientela.”

Maria Cristina Ruivo – artesã: “Proporcionou um impulso mais rápido para viabilizar negócios maiores.”

Roberto Zacarias – oficina mecânica: “Consegui melhorar diagnósticos e com maior rapidez, depois que comprei novos equipamentos com o financiamento.”

Imagem do Banco do Povo Paulista junto aos empreendedores
Fonte: Instituto Paulista de Ensino e Pesquisa
Avaliação
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Ótimo
75
Bom
23
Regular
2
Péssimo/ruim
0
Total
100

Rogério Mascia Silveira (texto e fotos)
Da Agência Imprensa Oficial

Reportagem publicada originalmente nas páginas II e III do Poder Executivo I e II do Diário Oficial do Estado de SP do dia 05/08/2004. (PDF)

Unesp de Araraquara torna-se referência mundial em pesquisa com fibras ópticas

O mais aparelhado centro acadêmico do País, Laboratório de Materiais Fotônicos do Instituto de Química, desenvolve aplicativos para telecomunicações, biomedicina e sensoriamento remoto

O Laboratório de Materiais Fotônicos do Instituto de Química (IQ) da Universidade Estadual Paulista (Unesp) é o mais aparelhado centro acadêmico do País para pesquisa e desenvolvimento de fibras ópticas. Instalado no câmpus de Araraquara, é o único da América Latina que dispõe de duas torres de puxamento de fibras ópticas, dispositivo tecnológico utilizado nas áreas de telecomunicações, sensoriamento remoto de estruturas de concreto e biomedicina.

A pesquisa é centralizada nos materiais fotônicos, cujas propriedades físico-químicas, térmicas, elétricas e mecânicas permitem a transmissão de dados na velocidade da luz, de cerca de 300 mil quilômetros por segundo. As malhas com redes de fibras ópticas têm aplicações distintas em rodovias, ferrovias e em ligações subterrâneas e marítimas, capazes de interligar até mesmo continentes. Os sinais luminosos das fibras ópticas transportam dados, vozes, filmes, imagens e qualquer tipo de informação.

O grupo de cientistas é liderado pelos professores Younes Messaddeq e Sidney José Lima Ribeiro. Sua equipe é composta por estudiosos de diversas nacionalidades, como o russo Igor Skripacheve, que desenvolve fibras a partir de sulfetos de arsênio e de germânio, alunos bolsistas franceses e pesquisadores brasileiros como Édison Pecoraro. Os estudos são aplicados no aprimoramento de novas bandas para transmissão de dados e de sinais de alta potência.

Melhores soluções

A tecnologia de desenvolvimento de fibras ópticas é conhecida em diversos laboratórios brasileiros e internacionais de pesquisa de ponta, que competem entre si para oferecer as melhores soluções. “O desafio dos pesquisadores da Unesp é produzir novos materiais que possam contribuir com a sociedade em diversas aplicações”, comenta Messaddeq.

“É crescente a demanda das empresas por fibras ópticas que suportem volumes cada vez maiores de dados. Elas serão usadas em sistemas como a TV digital de alta-definição, aplicações em telefonia celular e tecnologia da informação”, explica.

Messaddeq conta que o campo para pesquisas sobre o tema ainda é fértil. “Quem tiver mais e melhores opções para o uso das fibras tende a se sair melhor na disputa por mercados. O investimento em tecnologia nacional possibilita baratear produtos e reduzir a demanda pela importação de componentes.”

Outra preocupação permanente do laboratório é a reposição e formação de novos pesquisadores. “Investimos em alunos de graduação e pós-graduação que fazem estágio e cursam disciplinas obrigatórias e optativas nas áreas de química, física e aplicações industriais. O sucesso dos trabalhos também depende deles”, finaliza.

Torres de puxamento

As duas torres de puxamento de fibras ópticas têm em média dez metros de altura. Segundo Édison Pecoraro, pesquisador pós-doutorado do laboratório, a distância é necessária para que aconteça o resfriamento da fibra, que tem como matéria-prima um pequeno bloco de vidro com características especiais do ponto de vista físico, químico, térmico, mecânico e óptico.

“O processo se inicia no alto, com o derretimento do material num forno de raios ultravioleta que vai pingando e afunilando até chegar embaixo e atingir a espessura desejada, que pode ser mais fina que um fio de cabelo, depois vai sendo enrolado e colocado em bobinas”, comenta.

Édison explica que o investimento na pesquisa de fibras ópticas possibilita a empresas como a Petrobras economizar recursos em processos de difícil execução. “Imagine numa rede ultramarina, onde os cabos são fixados a 5 mil metros de profundidade, em alto-mar, ocorrer a necessidade de se fazer um reparo numa rede de comunicações, cujo cabo tem 60 centímetros de diâmetro, e só existem quatro navios no mundo capazes de fazer o conserto”, relata.

“É preciso retirar o cabo, que pesa algumas toneladas, com um guindaste até a superfície, serrar o revestimento externo, trocar o ponto defeituoso, fechar novamente e recolocá-lo. Assim, é mais barato substituir esses sistemas eletrônicos por equivalentes ópticos, que têm menos peças e custo final, exigem menos manutenção e oferecem maior eficiência”, salienta.

Patrocínios

Os projetos de pesquisa têm patrocínio público da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado (Fapesp) e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Entre os parceiros e clientes privados estão instituições como Ericcson (Suécia) e Verillon (Estado Unidos).

Rogério Mascia Silveira (texto e fotos)
Da Agência Imprensa Oficial

Reportagem publicada originalmente na página I do Poder Executivo I e II do Diário Oficial do Estado de SP do dia 13/03/2004. (PDF)

Unesp mantém em Araraquara maior museu e acervo odontológico do País

Exposição apresenta a evolução do instrumental odontológico e a história da faculdade local, a segunda mais antiga do Brasil

As 3 mil peças do Museu Odontológico Prof. Dr. Welingtom Dinelli da Universidade Estadual Paulista (Unesp) preservam, em Araraquara, a história da odontologia, a evolução do instrumental odontológico e a história da faculdade, a segunda escola de odontologia mais antiga do Brasil, que completou 80 anos no ano passado. O acervo é o maior e mais variado do País, e tem o maior número de itens em exposição permanente que se conhece.

O museu ocupa cem metros quadrados de uma sala no andar térreo da Faculdade de Odontologia (FO), anexo à biblioteca. Nele, o público tem a oportunidade de conhecer consultórios antigos, modelos dentários, material didático, catálogos, aparelhos de alta rotação e sua evolução ao longo do tempo, sugadores de saliva, medicamentos, estufas esterilizadoras e antigos anúncios de material odontológico restaurados.

História da odontologia

Desde outubro de 2003, abre todos os dias úteis para visitação. Mostra a cronologia da história da Odontologia e o público descobre que o ofício do dentista foi exercido na Idade Média por barbeiros, por volta do ano 1100. As informações são oferecidas por meio de retratos e fotos de época, alguns assustadores, que mostram como era feito o atendimento aos pacientes.

Na sequência, a exposição apresenta um consultório itinerante, do século 19, que era transportado no lombo de burros para atender à população brasileira dispersa em pontos longínquos, principalmente no interior da Bahia e de Minas Gerais. O destaque seguinte é um consultório retrátil utilizado na Segunda Guerra Mundial, que era lançado de para-quedas para atender aos soldados no campo de batalha. Do mesmo período, há um aparelho alemão de Raios X, da Siemens, dos anos 40, que, segundo os expositores, deixou de ser fabricado por ser eficiente demais. “Nunca quebrou e, se for preciso, pode ser usado até hoje”, conta Carolina Carvalho Bortoletto, monitora do museu.

Parcerias de sucesso

Roberto Esberard, vice-diretor da FO, conta que o Museu Odontológico recebeu, há algum tempo, importante apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado (Fapesp), e conta, até hoje, com o auxílio da Fundação para o Desenvolvimento da Unesp (Fundunesp), mas o seu principal aliado para colocá-lo em atividade permanente foi a Pró-Reitoria de Extensão Universitária (Proex) da Unesp.

“O pró-reitor de Extensão Benedito Barraviera ofereceu auxílio financeiro e patrocinou uma bolsa de estudos, que foi repassada para um dos alunos monitores de visitação. E a Dabi Atlante, fabricante de material odontológico, também concedeu uma bolsa de estudos por meio do Projeto Adote um Aluno da Unesp. As duas bolsas mantêm os dois monitores, que se dividem nos períodos da manhã e da tarde. A Dabi Atlante prometeu recursos significativos para o início de março para dar prosseguimento às atividades do museu”, conta Esberard.

Agendamento

O Museu foi incluído pela Secretaria de Turismo de Araraquara como atração turística permanente da cidade. Desde sua inauguração, mais de mil pessoas assinaram a lista de visitas. Ele foi incluído no Guia Brasileiro de Museus e fica aberto de segunda a sexta-feira, das 9 às 11 horas e das 15 às 17 horas, com entrada franca. As escolas ou grupos interessados em conhecê-lo devem entrar em contato com a diretoria da FO pelo telefone (16) 3301-6300.

Permutas e doações

“Tenho a ferrugem no sangue, sou colecionador de lambretas, vespas e automóveis antigos. Há dois anos, fui convidado pelo professor Dinelli e dei prosseguimento à sua iniciativa”, lembra o vice-diretor Esberard. “Desde o início, recebi o apoio do professor Ricardo Abi-Rached, diretor da FO e de todos os departamentos, que não mediram esforços no sentido de consolidar as atividades”, recorda.

“Minha preocupação foi criar ambientes propícios para a visitação do público com conforto. Adaptei as instalações disponíveis, reuni e dispus as peças de modo didático-funcional, com o objetivo de tornar a exposição auto-explicativa para os leigos”, conta, acrescentando: “Para isso, visitei os principais museus odontológicos do País: da Associação Paulista de Cirurgiões Dentistas (APCD), na capital, de Piracicaba e um no Rio de Janeiro”, diz Esberard. “Mantenho contato permanente com essas instituições e sempre consigo, por meio de permutas e doações, novos itens”, relata.

Ideia do Museu nasceu há mais de 30 anos

A idéia de um museu odontológico teve início no final da década de 1970 quando o ex-diretor da FO, Rafael Lia Rolfsen, solicitou aos ex-alunos e fornecedores da universidade que doassem peças em desuso. Inicialmente, elas foram estocadas numa pequena sala do 6º andar do prédio da faculdade e, assim, o museu começou a tomar forma no início dos anos 80, quando o professor Welingtom Dinelli, também ex-diretor da FO, abraçou a causa.

Os anos de luta pela efetivação renderam ao professor Dinelli uma homenagem: o conjunto foi batizado com seu nome. “A maior dificuldade foi conseguir local definitivo para receber o acervo, que até hoje cresce sem parar”, explica Dinelli. A disposição em preservar a história da instituição acabou por contagiar outros profissionais da faculdade, como a professora Ângela Cristina Zuanon, do Departamento de Odontopediatria, a bibliotecária Maria Helena Matsumoto Komasti Leves, o supervisor de seção Róbson Ostan, o auxiliar acadêmico aposentado Cláudio Titã e o pintor Wagner Adalberto Correa dos Santos”, finaliza. Esberard, assumiu a coordenação do museu em 2002.

Rogério Mascia Silveira (texto e fotos)
Da Agência Imprensa Oficial

Reportagem publicada originalmente na página IV do Poder Executivo I e II do Diário Oficial do Estado de SP do dia 12/02/2004. (PDF)