Projeto da Fundação Florestal pretende preservar vegetação do cerrado paulista

Primeira colocada entre 192 concorrentes, a instituição vai conservar três áreas com quase mil hectares nos municípios de Rincão e São Carlos

Um projeto de preservação do cerrado paulista, proposto pela Fundação Florestal, vinculada à Secretaria Estadual do Meio Ambiente, foi classificado em primeiro lugar entre 192 concorrentes de todo o País para conseguir financiamento do Ministério da Justiça. A iniciativa preservará três importantes fragmentos de vegetação de cerrado e de floresta estacional, que totalizam 993 hectares, localizados nos municípios de Rincão e São Carlos.

Os recursos que possibilitarão a benfeitoria serão repassados pelo Conselho Federal Gestor do Fundo de Defesa dos Direitos Difusos, órgão do Ministério da Justiça que divulgou a relação com os 25 trabalhos escolhidos.

O dinheiro será destinado à reparação de danos causados ao meio ambiente por infração à ordem econômica e a outros interesses coletivos. O custo previsto é de R$ 354 mil: R$ 210 mil de origem federal e R$ 144 mil vindos da Fundação. O Projeto Conservação e Conectividade de Remanescentes de Cerrado e Floresta Estacional no Interior Paulista vai recuperar 14 hectares de matas ciliares, de modo a formar corredores ecológicos que permitam restabelecer a ligação entre os três terrenos.

Forte ameaça

Antônia Pereira de Avila Vio, diretora-executiva da Fundação Florestal, explica que o programa de preservação é fundamental. Mantém as últimas áreas de cerrado no Estado, bioma de grande diversidade biológica que já cobriu 14% do território paulista e hoje ocupa menos de 1% do total. Sandra Leite, uma das coordenadoras do programa, ressalta que das três áreas vegetais remanescentes escolhidas, duas estão sob forte ameaça de extinção e já foram motivo de multas pela Polícia Ambiental e de ações movidas pelo Ministério Público, em razão de desmatamentos irregulares. A terceira tem um processo de pedido de desmatamento no Departamento Estadual de Proteção de Recursos Naturais.

Os três fragmentos estão localizados num raio de 10 quilômetros entre as estações ecológicas de Jataí e de São Carlos, administradas pelo Instituto Florestal, que também participa do projeto. “Um dos efeitos positivos esperados é o amortecimento dos impactos nessas unidades de conservação de proteção integral”, anuncia Sandra.

Claudette Hahn, também coordenadora do projeto, informa que a recuperação das matas ciliares pode conseguir a adesão de proprietários rurais e eliminar fatores de degradação. Para isso, estão sendo instaladas unidades demonstrativas de recuperação florestal, que promovem reuniões e atividades objetivando sensibilizar e mobilizar a comunidade local, que participará da tomada de decisões.

SP tem um milhão de árvores nativas plantadas ao longo de suas rodovias

A Agência de Transporte do Estado (Artesp), órgão responsável pela fiscalização das atividades das empresas concessionárias das rodovias paulistas contabilizou 1,1 milhão de mudas de árvores nativas plantadas às margens das estradas privatizadas no Estado. A reposição florestal é ação prevista nos contratos de concessão entre as empresas e o governo de São Paulo.

Objetiva repor e recuperar a flora atingida pela construção e remodelação das vias. Depois de seis anos do início do programa de concessões, foram plantadas 311 mil árvores nas regiões de Campinas, 154 mil em Araraquara, 120 mil na Baixada Santista, 119 mil em Franca, 114 mil em Araras, 82 mil em Itu, 75 mil em Itapetininga, 46 mil em Ribeirão Preto, 30 mil em Bauru, 27 mil em Sorocaba, 10 mil em Mogi Guaçu e 4 mil em Barretos.

Recuperação dos passivos ambientais – problemas resultantes de obras e operação nas rodovias, assumidos pelas empresas ao assinarem o contrato de concessões – alcançou o índice de 60% de recuperação dos ecossistemas, num total de 3,5 mil quilômetros de rodovias. O trabalho consiste em recuperar a cobertura vegetal, fauna silvestre e realizar drenagens ao longo das pistas. No ano passado, as regiões mais recuperadas foram Itu (90%), Araraquara (82%) e Araras (77%), Bauru (76%) e Barretos (68%). A Artesp fiscaliza 12 concessionárias e o trabalho inclui a cessão de licenças ambientais.

A finalidade é causar menor impacto ao meio ambiente na execução das obras da malha viária, que interfiram em área de preservação permanente ou que necessitem de supressão de árvores nativas.

Plano emergencial

O conjunto de ações previstas em contrato permitiu a instalação de programas ambientais permanentes. Entre eles, a elaboração obrigatória de Plano de Ação Emergencial (PAE) para escolta ou atendimento a acidentes com transportes rodoviários, que carregam produtos considerados perigosos e prejudiciais ao meio ambiente. Atualmente, 23 programas socioambientais, alguns premiados, visam a melhorar a saúde e a qualidade de vida da população dos municípios interligados pelas rodovias concedidas. As atividades incluem avaliações acústicas, planos de salvamento arqueológico, passagens e estudos de manejo de fauna.

Rogério Mascia Silveira
Da Agência Imprensa Oficial

Reportagem publicada originalmente na página II do Poder Executivo I e II do Diário Oficial do Estado de SP do dia 04/12/2004. (PDF)

Alunos de escola estadual representam País em desafio científico internacional

Equipes acompanharam, em tempo real, desempenho de estudantes da França, Colômbia, Marrocos, Chile, Espanha, Canadá e Sérvia

Um grupo de dez alunos da Escola Estadual Professor Paulo Trajano da Silveira Santos, da Freguesia do Ó – capital, representou o Brasil na 3ª edição do Desafio Internacional – World Space Week. A competição anual, de caráter científico, foi organizada pela European Space Agency (ESA) e envolveu equipes de oito países.

A missão foi lançar um ovo de uma altura de dois metros do solo, direcionar a trajetória para a queda em um local determinado e evitar avarias e trincas na casca. A Estação Ciência da USP foi o cenário brasileiro da disputa, realizada simultaneamente, dia 4, em oito países.

As equipes participantes puderam acompanhar em tempo real, por meio de videoconferência, o desempenho de estudantes franceses, colombianos, marroquinos, chilenos, espanhóis, canadenses e sérvios. Do alto de uma escadinha, cada grupo de crianças se organizou, discutiu estratégias e utilizou materiais determinados pelo regulamento: quatro folhas de papel branco, 25 canudinhos de plástico, 25 palitos de sorvete, 150 cm de barbante, 150 cm de fita adesiva, cinco elásticos, uma tesoura, um cronômetro e um ovo cru.

Vencedores

Cada time projetou um pára-quedas para retardar a descida, revestiu o ovo com papel e fez um cestinho para a aterrissagem.

No término das apresentações, a comissão julgadora considerou a equipe do Marrocos como a que melhor executou o projeto; a ideia mais original foi a da Sérvia; o melhor tempo de resposta ficou com a Colômbia; o melhor caderno de experiências para a França e a equipe mais precisa, a brasileira. Cada grupo vencedor recebeu um certificado de participação assinado pelo físico francês George Charpak, vencedor do Prêmio Nobel e um dos responsáveis pelo concurso.

A participação do Brasil foi intermediada pelo Projeto ABC na Educação Científica – Mão na Massa. Beatriz de Castro Athayde é funcionária da Estação Ciência e uma das profissionais envolvidas com o programa.

“Através de experiências com materiais de baixo custo, estimulamos a expressão oral e escrita das crianças no estudo de ciências. Além disso, o professor é beneficiado, já que muitas vezes não tem formação específica na matéria. Os pais também participam do processo e acompanham os filhos quando eles reproduzem, em casa, as experiências realizadas na escola”, conta.

Grupo de alunos

Caíque Leite, 10 anos, e mais nove colegas foram os selecionados – pelos professores – entre 300 estudantes. Jéfferson da Silva, também do grupo, conta que na primeira reunião da equipe houve uma divisão de tarefas. “Decidimos, juntos, que cada um ficaria com a parte do trabalho que tivesse mais facilidade para desempenhar.

Beatriz Silva, que tem caligrafia bonita, foi escolhida para redigir o relatório de experiências. A maior dificuldade foi utilizar somente as quantidades de fita adesiva e barbante previstas no regulamento”, explicou Jéfferson. “Além disso, a professora Noemi Alves nos deu uma dica fundamental: revelou que se o ovo caísse com o fundo reto certamente racharia”.

Caio Pimentel acrescentou que a mestra também passou informações importantes sobre como vencer a resistência do ar e qual a melhor posição para o lançamento do ovo – alguns centímetros a mais do que o grupo estava fazendo.

A equipe de professores-orientadores da escola foi organizada por José Carlos Lima. E foi completada com os docentes Edna Sabino da Silva, Noemi Alves e Wanderleya Nogueira. Para o coordenador, o saldo final do trabalho foi positivo. “Conseguimos, num mês, orientar os estudantes. Além do que a competição integrou os alunos à escola e todos puderam aprender mais”, ressalta José Carlos.


Programa foi idealizado por vencedores do Prêmio Nobel

O Projeto ABC na Educação Científica – Mão-na-massa é uma iniciativa complementar de ensino de ciências para crianças entre cinco e doze anos. O intuito é aproximar a alfabetização à educação científica. Foi criado em 1996, a partir de uma ideia de dois físicos vencedores do Prêmio Nobel: o norte-americano Leon Ledderman e o francês George Charpak.

No Brasil, contatos entre educadores franceses e brasileiros possibilitaram, em julho de 2001, a instalação do programa com a direção-geral do professor aposentado da USP, Ernst Hamburguer. Na região metropolitana da capital participam 13 escolas da rede estadual; além delas o Mão-na-massa atende 115 estabelecimentos de ensino municipal na cidade de São Paulo, e também escolas de São Carlos e Ribeirão Preto.

Progressão da aprendizagem

O Mão-na-massa estimula as crianças a observarem um objeto ou fenômeno científico do mundo real, próximo e perceptível, e aprender com ele. Durante a investigação, a garotada argumenta, raciocina, discute idéias e, ao mesmo tempo, adquire conhecimento. As atividades propostas são sequenciais e permitem a progressão da aprendizagem.

Um tema único é desenvolvido por pelo menos duas horas semanais. Cada criança anota suas experiências e tira dúvidas em grupo. O objetivo principal é a apropriação progressiva de conceitos científicos e de aptidões pelos alunos, além da consolidação da expressão escrita e oral.

Os parceiros científicos nas universidades acompanham o trabalho escolar e colocam sua competência à disposição. O professor-orientador encontra na internet módulos a executar, idéias para atividades e respostas às suas perguntas.

Rogério Mascia Silveira
Da Agência Imprensa Oficial

Reportagem publicada originalmente na página II do Poder Executivo I e II do Diário Oficial do Estado de SP do dia 11/11/2004. (PDF)

Ex-favelados passam por curso para se tornarem pequenos empreendedores

Os cursos abrangem as áreas têxtil, de alimentação, construção civil e serigrafia. Inicialmente, vão beneficiar 400 famílias da capital

Com o objetivo de gerar emprego e renda para ex-moradores de favelas da zona leste da capital, a Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU) em parceria com a Secretaria Estadual do Emprego e das Relações do Trabalho (Sert) efetivaram o Programa de Auto Emprego (PAE) no Conjunto Habitacional Jardim Iguatemi.

Os atendidos na primeira etapa são 400 famílias, provenientes das favelas Paraguai, Viaduto e da Paz, na Vila Prudente, que foram desocupadas pela CDHU entre agosto e fevereiro. A maioria tem renda mensal de até três salários mínimos e mora em conjunto habitacional construído pela companhia na zona leste.

A próxima meta é incluir as 830 famílias do Conjunto Habitacional Jardim Iguatemi, no PAE, que foi lançado na região sábado passado. Na cerimônia compareceram os moradores que se inscreveram para participar dos cursos.

As oficinas de capacitação incluem atividades nas áreas têxtil, serigrafia, alimentação e construção civil. Os cursos têm dois meses de duração e serão ministrados por técnicos da Sert nos Centros de Apoio ao Condomínio, localizados no conjunto, na Avenida Ragueb Chofi, 7.208, onde também funcionarão as futuras pequenas empresas.

O principal objetivo é formar pequenos empreendedores. A questão da geração de renda para ex-favelados vem sendo tratada por técnicos da área social da CDHU com a população desde que a companhia iniciou os preparativos para a desocupação da área. A maioria desses moradores está desempregada ou trabalha na informalidade, muitos como catadores de papel.

Oito anos de atuação

O Programa de Auto Emprego (PAE) foi criado em 1996 com a finalidade de identificar as demandas e potencialidades de comércio das regiões atendidas, especificamente as mais carentes. A metodologia se baseia em aulas práticas, nas quais os alunos começam na prática de produção, ensinados por membros da comunidade e supervisionados por técnicos da Sert.

Eles ministram também a parte teórica do curso, que inclui noções de trabalho em grupo e administração financeira, entre outras questões práticas. Além dessa iniciativa, foi instalado o Programa Emergencial de Auxílio-Desemprego, que cria frentes de trabalho temporário e oferece treinamento para os participantes e bolsa-auxílio de R$ 210, complementada por auxílio-alimentação de R$ 46,40.

Em parceria com a CDHU, frentes de trabalho foram criadas para atuar na administração do condomínio, no posto de saúde local, na sala de leitura e na creche. Outra ação foi a instalação de uma padaria comunitária, com equipamentos doados pelo Fundo Social de Solidariedade do Estado de São Paulo (Fussesp). Os profissionais foram treinados pela Sert e hoje a padaria atende o conjunto e os moradores das imediações.

Investimentos

O PAE foi idealizado pelo sociólogo e consultor da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), Clodomir Santos de Morais. O projeto nasceu como proposta para o setor agrícola e já foi adotado com sucesso em países como Peru, Panamá, Costa Rica, Honduras e em algumas nações africanas.

Para a efetivação no Brasil, a Sert firmou convênio com a FAO e com o Instituto de Apoio Técnico aos Países do Terceiro Mundo. Adotou sistema de parcerias com associações, entidades sindicais, igrejas e outros tipos de lideranças dispostas a colaborar com o processo de qualificação da população e providenciar o espaço para os cursos, o maquinário e a divulgação na comunidade.

A administração estadual já investiu R$ 15,5 milhões no PAE desde a sua instalação. Nos 119 municípios paulistas onde atua, foram capacitadas 30.254 pessoas e o resultado foi o surgimento de 1.068 novas empresas comunitárias ou microempresas, além de outras iniciativas individuais.

Rogério Mascia Silveira
Da Agência Imprensa Oficial

Reportagem publicada originalmente na página II do Poder Executivo I e II do Diário Oficial do Estado de SP do dia 27/05/2004. (PDF)