Empreendedorismo: elas têm a força

Mulheres lideram empréstimos do BPP: nos últimos 12 meses, programa de microcrédito financiou R$ 100 milhões

Os versos de que é “preciso ter força, raça e gana sempre” nunca estiveram tão em alta no mundo dos negócios, sobretudo no Estado de São Paulo. Nos últimos 12 meses, 51,2% do público que procurou financiamento nas 524 agências do Banco do Povo Paulista (BPP) espalhadas pelo Estado são do sexo feminino.

As empreendedoras foram responsáveis por aproximadamente R$ 100 milhões emprestados pelo BPP no período – e a tendência é de aumento nos números. O motivo é que o programa estadual de microcrédito, o maior do País, reduziu, no dia 24 de fevereiro, a taxa de juros mensal de 0,5% para 0,35% e elevou de R$ 15 mil para R$ 20 mil o limite do teto do financiamento de crédito.

De acordo com o diretor-executivo do BPP, Antonio Mendonça, as mulheres foram responsáveis por mais de 17,8 mil contratos firmados no período apurado. “Entre as ocupações, podemos destacar as de cabeleireira, costureira e vendedora autônoma. A mulher busca alternativas para melhoria na qualidade de vida, seja por meio da conquista de postos de trabalho, seja se arriscando no mundo do empreendedorismo”, destaca.

Suaves prestações

Maria Neuza Araujo, de 45 anos, é uma prova disso. Moradora da capital de São Paulo há 29 anos, ela procurou a unidade Penha do BPP, em maio de 2012, para investir no salão de beleza que tem em sociedade com a irmã. Casada e mãe de dois filhos, a cabeleireira da região do Tatuapé emprega duas manicures e usou os R$ 7,5 mil para a compra de móveis para o salão. “Troquei cadeiras, lavatório e carrinho auxiliar para manicure. Parcelei tudo em 36 vezes. A gente paga e nem sente. O empréstimo permitiu melhorar o ambiente de trabalho para todo mundo”, conta.

Em Avaré, a criadora de bovinos destinada à produção leiteira, Kelly Cristina de Oliveira, 38 anos, está em seu terceiro empréstimo. Casada e mãe de dois filhos e cliente do BPP desde 2009, a empreendedora solicitou R$ 13 mil recentemente para a aquisição de um trator. Com isso vai ganhar agilidade no seu trabalho diário no campo.

Tendência nacional

Os números do BPP espelham tendências nacionais. Pesquisa do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas – Sebrae apontou que 52% dos empreendedores com menos de três anos e meio de atividade são do público feminino. O levantamento revelou, também, que a força empreendedora das mulheres é maioria em quatro das cinco regiões brasileiras.

O Nordeste é a única exceção. Lá, elas ainda não ultrapassaram os homens, mas têm 49% de participação entre os novos empresários. Boa parte desse resultado pode ser creditada à força do mercado interno brasileiro e à flexibilidade para administrar o próprio tempo, dividido entre a empresa e demais atividades da vida familiar.

Mais emprego e renda

O BPP é um programa administrado pela Secretaria Estadual do Emprego e Relações do Trabalho (Sert) em parceria com as prefeituras. Seu foco é estimular a geração de emprego e renda nos 645 municípios paulistas. Para sua implantação, o Estado arca com 90% dos custos, seleciona e treina os agentes de crédito responsáveis pela agências e gerencia e supervisiona as atividades operacionais. A contrapartida dos municípios é bancar os 10% restantes do programa e ceder pessoal, espaço físico e infraestrutura para manutenção e funcionamento do posto.

Em 15 anos, o programa emprestou mais de R$ 1,27 bilhão a 336,2 mil empreendedores e está presente em 514 cidades paulistas. Atende empreendedor formal ou informal, urbano e rural, microempreendedor individual, produtor rural, cooperativa e associação de produção formalmente constituída nos municípios.


Linhas especiais

O crédito do BPP apenas pode ser solicitado para fins produtivos, e não para consumo. Ter um avalista é exigência contratual. Ele pode até ser um parente de primeiro grau, desde que não trabalhe no negócio. Mas se o cliente quitar em dia as prestações do empréstimo, ao pedir um segundo será dispensado da apresentação do fiador, desde que o valor não passe de R$ 7,5 mil. Depois de ter seu cadastro aprovado, o empreendedor recebe o dinheiro em até 72 horas.

Há ainda financiamento exclusivo para mutuário da Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU) que deseja reformar ou ampliar seu imóvel. Outras linhas especiais oferecidas são: para motofretista que precisa se adequar à nova regulamentação do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran) e para taxista disposto a investir no negócio. A taxa de juros é a mesma cobrada dos microempreendedores.

Serviço

A relação completa de agências, documentos exigidos e regras de empréstimos está disponível no site do Banco do Povo Paulista. A página também dispõe de um simulador on-line para empréstimos, informando valores das parcelas e prazos de pagamentos.

Rogério Mascia Silveira
Imprensa Oficial – Conteúdo Editorial

Reportagem publicada originalmente na página I do Poder Executivo I e II do Diário Oficial do Estado de SP do dia 11/03/2014. (PDF)

Primeiro passo

Estado começa a destruir veículos apreendidos. Ação inédita vai desafogar pátios de distritos policiais que abrigam mais de 45 mil unidades

O pátio Santo Amaro, da Secretaria Estadual da Segurança Pública (SSP), na zona sul da capital, foi o cenário, ontem, da primeira compactação de veículos apreendidos criminalmente. Nos próximos seis meses, 13 mil passarão pelo processo, que visa a descontaminar o local, destruir os carros e liberar mais espaço para o trabalho policial.

A medida é o primeiro passo do Estado para resolver um passivo de mais de 25 anos, gerado por entraves judiciais que impediam a liberação desses veículos dos pátios. Em maio de 2013, a Justiça autorizou que fossem realizados leilões dos 45 mil veículos apreendidos em pátios na capital, atendendo pedido da SSP.

Antes da compactação, a Polícia Civil vistoria e fotografa os veículos, de modo a preservar as características básicas de identificação e garantir a rastreabilidade deles em todas as etapas do processo.

Os detritos e resíduos (baterias, pneus e catalisadores) são recolhidos das carcaças antes do início do processo, e o material removido receberá destinação conforme as normas ambientais vigentes. O trabalho inclui ainda a coleta de fluidos e combustíveis e de materiais com algum potencial lesivo ao meio ambiente.

Vigilância ambiental

A fiscalização dos processos adotados é de responsabilidade da Secretaria de Controle e Licenciamento Ambiental da Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (Cetesb), ligada à Secretaria Estadual do Meio Ambiente (SMA). O trabalho de compactação está sendo realizado pela Trufer Comércio de Sucatas.

Sediada em Diadema, a empresa venceu leilão em janeiro contra outras seis concorrentes. Em troca do serviço, pagará R$ 0,11 por quilo de material ferroso, totalizando R$ 808,8 mil – metade desse valor já foi repassada aos cofres estaduais.

De 2003 a 2008, o pátio de Santo Amaro recebeu 13 mil veículos. Há seis anos o estacionamento estava interditado pela Justiça por ocupar área de mananciais, com os carros mantidos a céu aberto, debaixo de sol e de chuva. Naquele local, a quantidade total de sucata é estimada em 7,357 milhões de quilos.

A compactação de cada carro exige menos de dez minutos no pátio. De lá, o material é transportado em guinchos para as instalações da empresa, onde será feita a separação definitiva do material.

Missão para o Decap

O diretor do Departamento de Polícia Judiciária da Capital (Decap), Domingos Paulo Neto, explica que essa medida começa agora a abrir espaços nas delegacias paulistanas. O delegado explica que a operação tomou novo rumo em fevereiro do ano passado, quando a Delegacia Geral de Polícia expediu a Portaria DGP-10, assinada pelo delegado Maurício Blasek, que revogou todas as disposições anteriores e destinou ao Decap a missão de buscar a solução para os pátios superlotados de 93 distritos policiais.

“Essa estratégia inovadora permitiu ao Estado também receber recursos”, observa Domingos Paulo Neto. Ele informa que, além dessa medida, o Decap também está procurando quatro terrenos de grandes dimensões para abrigar veículos, devendo totalizar uma nova área total de 210 mil metros quadrados. Os novos pátios serão instalados a uma distância de até 100 quilômetros da capital e passarão a atender às oito delegacias seccionais da cidade de São Paulo.

Rogério Mascia Silveira
Imprensa Oficial – Conteúdo Editorial

Reportagem publicada originalmente na página I do Poder Executivo I e II do Diário Oficial do Estado de SP do dia 18/02/2014. (PDF)

Economizar água é simples e dá resultado

Programa de uso racional da água chega a mais 1,5 mil escolas; objetivo da Sabesp e da Educação é combater desperdícios

A Secretaria Estadual da Educação (SEE) e a Companhia de Saneamento Básico do Estado (Sabesp) vão estender para mais 1.523 escolas da rede de ensino público paulista as ações do Programa de Uso Racional da Água (Pura). A terceira fase do programa teve início no dia 10 e tem por metas reduzir desperdícios e poupar água.

Na terceira fase da iniciativa, o investimento é de R$ 62,8 milhões. Os recursos serão usados na adequação de equipamentos hidráulicos das escolas, na orientação de 1,5 milhão de alunos e no desconto de 25% na conta de água para a unidade escolar que reduzir seu consumo.

Nesta etapa, 1.093 das escolas ingressantes são da Região Metropolitana de São Paulo e 430 do interior e do litoral. Na primeira fase, o programa abrangeu 345 unidades e gerou economia anual de água de 610,9 mil metros cúbicos, valor equivalente a R$ 17,8 milhões. Na segunda fase, ainda em andamento, foram acrescentados mais 282 estabelecimentos de ensino, com poupança prevista de 216 mil metros cúbicos por ano, equivalente a R$ 13,9 milhões no período de um ano.

Hoje, o Brasil enfrenta dias secos e a média das temperaturas do verão de 2014 tem sido a mais alta desde 1943, de acordo com as medições do Instituto Nacional de Meteorologia. Por meio do Pura, a Educação pretende poupar R$ 53,7 milhões a cada ano e estender a atividade, com viés de educação ambiental, a cerca de 4,5 milhões de estudantes paulistas.

Troca de equipamentos

Para combater desperdícios, o programa investe na substituição de torneiras, vasos sanitários, bebedouros e dispositivos por onde a água passa. Essa medida também é progressivamente adotada em hospitais e penitenciárias, mas sem afetar a qualidade e a quantidade da água oferecida.

Nesta terceira fase, o objetivo é economizar 300,4 mil metros cúbicos de água (R$ 24,2 milhões) por ano, volume equivalente ao consumo anual de uma cidade com 7 mil habitantes. A expectativa é que o montante investido seja recuperado em cerca de dois anos e meio.

A substituição da rede hidráulica por aparelhos mais eficientes, como é o caso de hidrômetros com telemedição (que indicam quando o consumo de água sofre uma anormalidade), permite uma redução de 10% no consumo.


Tecnologia aliada ao Pura

O engenheiro Ricardo Chahin, gestor da Sabesp, conta que o Programa de Uso Racional da Água foi idealizado, em 1994, pelo diretor metropolitano da companhia, Paulo Yoshimoto. Segundo ele, desde sua criação, há duas décadas, a motivação do Pura continua a mesma: combater o desperdício e otimizar o uso da água, recurso natural renovável, porém finito.

Na época, a Sabesp atuou em parceria com a Escola Politécnica da USP e com o Instituto de Pesquisas Meteorológicas (IPMet), da Unesp. O desafio conjunto foi buscar caminhos para diminuir a média de consumo residencial de água no Estado, que era de 20 metros cúbicos mensais por moradia.

Passadas duas décadas, o plano foi bem-sucedido – e a média de leitura dos hidrômetros caiu para 14 metros cúbicos mensais nas residências do Estado. As principais medidas adotadas focavam duas propostas: a primeira, usar a tecnologia para readequar equipamentos; e a segunda, investir de modo maciço em educação ambiental e uso racional do recurso por toda a sociedade.

Uma das ações tomadas foi no processo de normatização de itens hidrossanitários (torneira, lavatório, chuveiro) produzidos no País. Por integrar o colegiado que comanda a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), nos últimos 20 anos a Sabesp colaborou com os fabricantes, no sentido de orientá-los para aumentar a eficiência e a vida útil dos equipamentos.

Como exemplo, Chahin comenta que, no início do trabalho, uma válvula de descarga suportava no máximo 30 mil acionamentos. Hoje, chega a 50 mil operações. O prolongamento da vida útil dos aparelhos diminui as chances de vazamentos e as perdas de água. Antes, um vaso sanitário exigia 20 litros de água em cada ciclo; hoje consome, em média, seis litros.

Rogério Mascia Silveira
Imprensa Oficial – Conteúdo Editorial

Reportagem publicada originalmente na página I do Poder Executivo I e II do Diário Oficial do Estado de SP do dia 12/02/2014. (PDF)