Avança o Parque Tecnológico de Botucatu

Núcleo administrativo do complexo foi inaugurado; previsão dos gestores é de que empresas comecem a funcionar no local até o fim deste ano

O Parque Tecnológico de Botucatu concluiu mais uma etapa em seu processo de instalação neste mês. Vinculado à Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação do Estado (SDECTI), o empreendimento finalizou seu núcleo administrativo. O empreendimento busca favorecer a geração de emprego e de renda na região, a partir da incubação e fixação de empresas de base tecnológica.

Funcional, o prédio dispõe de recepção, salas de treinamento, instalações para coordenadoria, contabilidade, compras, manutenção, sala de espera, copa, sanitários, área de atendimento, hall, centro de exposições, laboratório compartilhado e anfiteatro com 200 lugares.

Próximas etapas

“Agora, foi lançado o edital de convocação (chamamento público) para organização da incubadora e do centro empresarial”, informa a gerente do Sistema Paulista de Parques Tecnológicos (SPTec), Margareth Leal. “A expectativa dos gestores é ter empresas sediadas no local até o fim de 2015”, acrescenta.

As etapas seguintes são a construção do prédio da incubadora, condomínio industrial, auditório, praça de alimentação, laboratórios, biblioteca, centros de ensino, pesquisa e desenvolvimento e criação de estacionamentos.

“Parque tecnológico é um projeto longevo, de perfil autossustentável e com retorno previsto para as décadas seguintes”, observa a gerente. “O conceito é reunir empresas, poder público e universidades no mesmo local. E, a partir dessa aproximação, favorecer o desenvolvimento regional. Repetir, por exemplo, a experiência com a indústria criativa no Vale do Silício, nos Estados Unidos”, comenta Margareth.

Localização privilegiada

O Parque Tecnológico de Botucatu recebeu investimento de R$ 1,4 milhão da prefeitura local e R$ 10 milhões do Executivo paulista, dos quais R$ 9,7 milhões foram direcionados às obras de construção do núcleo administrativo, que tem 1,3 mil metros quadrados. Os R$ 300 mil restantes foram aplicados em estudos relacionados ao complexo.

Localizado na altura do km 7 da Rodovia Gastão Dal Farra, em duas áreas paralelas de 286 mil metros quadrados, o Parque Tecnológico situa-se a três quilômetros da Rodovia João Hipólito Martins (SP-209), estrada que interliga a Rodovia Castelo Branco com o município de Botucatu, distante 230 quilômetros da capital.

Saber e negócios

Integrante do SPTec, o empreendimento de Botucatu está localizado nas proximidades da Faculdade de Tecnologia Estadual (Fatec) local, do aeroporto municipal, da Empresa Brasileira de Aeronáutica (Embraer), do Centro de Treinamento da Prefeitura e da Estância Demétria – iniciativa local voltada à agricultura biodinâmica.

As bases científico-acadêmicas do parque virão da Fatec local e das quatro unidades da Universidade Estadual Paulista (Unesp) sediadas em Botucatu. O campus local abriga o Instituto de Biociências (IBB) e as faculdades de Ciências Agronômicas (FCA), de Medicina (FMB) e de Medicina Veterinária e Zootecnia (FMVZ).

Do setor empresarial, o Parque Tecnológico terá representantes de diversos segmentos mercadológicos e de negócios de todos os portes: grandes, médios e pequenos. As empresas com potencial participação são Embraer-Neiva (projetos para pulverização com aviões); Eucatex e Duratex, concorrentes, mas ambas atuantes nas áreas de madeira e reflorestamento; Caio Induscar (construção de carrocerias de ônibus); Eriser (veículos de transporte intermunicipal); e o Grupo Centroflora, base do Arranjo Produtivo Local, com produtos naturais voltados à produção de fármacos.

Biomateriais

Em Botucatu, o complexo será centrado no desenvolvimento de produtos e serviços nas áreas de bioprocessos. O novo ramo científico desenvolve sistemas biológicos, componentes e derivados de organismos vivos para serem incorporados em medicamentos, insumos médico-hospitalares e em processos industriais.

Outras especializações do núcleo são fitoterápicos; sistemas de produção agropecuários sustentáveis; produtos orgânicos; uso de micro-organismos para recuperar áreas contaminadas (a chamada biorremediação); criações para o controle biológico de pragas da lavoura; e serviços ambientais, como caracterização e uso de resíduos; entre outros.


28 parques tecnológicos

No Estado de São Paulo, o SPTec mantém 28 iniciativas. A primeira a receber o status de credenciamento definitivo foi o Parque Tecnológico de São José dos Campos. Vieram depois os projetos já em funcionamento em Piracicaba, Sorocaba, Ribeirão Preto, Santos e São Carlos.

Outros sete empreendimentos enviaram documentação e seus processos seguem sob análise e à espera de regulamentação antes do credenciamento definitivo. São os complexos de São José do Rio Preto, Botucatu, Santo André e quatro iniciativas em Campinas (Unicamp, CPQD, CTI e Techno Park).

Outros sete parques estão em fase de credenciamento provisório. A lista inclui São Carlos, Barretos, São Paulo (Jaguaré e zona leste), Araçatuba, São José dos Campos (Univap) e Campinas (Ciatec). Por fim, estão em fase de negociação: Americana, Bauru, Grande ABC, Guarulhos, Jundiaí, Pirassununga, Rio Claro e Santa Bárbara d’Oeste.

Serviço

Parque Tecnológico de Botucatu
Telefone (14) 3813-4659

Rogério Mascia Silveira
Imprensa Oficial – Conteúdo Editorial

Reportagem publicada originalmente na página II do Poder Executivo I e II do Diário Oficial do Estado de SP do dia 28/04/2015. (PDF)

Conheça os vencedores da 7ª Feteps

Feira Tecnológica do Centro Paula Souza mostra projetos inovadores criados por alunos das Etecs e Fatecs estaduais

O Centro Paula Souza anunciou os 17 projetos campeões da sua 7ª Feira Tecnológica (Feteps), realizada anualmente. Em 2013, um total de 29 mil visitantes conferiu, de 22 a 24 de outubro, na Expo Barra Funda, na capital, 256 trabalhos inovadores de alunos de Escolas Técnicas Estaduais (Etecs), Faculdades de Tecnologia do Estado (Fatecs) e de instituições de ensino de outros Estados e países.

Formadas por alunos e professores orientadores, as equipes premiadas receberam tablets e troféus. A comissão julgadora foi composta por grupos de formados entre 35 e 38 professores. No total, avaliaram 180 trabalhos de Etecs e de 50 Fatecs que concorreram em sete categorias. (veja abaixo)

Entre outros objetivos, a Feteps estimula os estudantes a encontrarem, coletivamente, soluções simples, baratas e acessíveis para desafios científicos e problemas da sociedade. Assim, muitos projetos têm apelo de inovação tecnológica e de viés empreendedor, e acabam gerando novos negócios e serviços.


Antibiótico vegetal e natural

Vem da Etec Itanhaém, no litoral paulista, uma novidade na área de farmacologia. Os alunos Jéferson Silva e Natany Weller, do curso técnico em Meio Ambiente, desenvolveram um princípio ativo para ser usado como antibiótico alternativo ao produzidos à base de toxinas de fungo, que causam alergias em muitos pacientes.

O estudo rendeu à dupla de estudantes e ao professor José Adriano de Barros o primeiro lugar na categoria Ciências Biológicas e Agrárias, na 7ª Feteps. E já despertou o interesse de empresas e de grupos de pesquisas em financiar testes farmacológicos aprofundados.

Com o nome ainda sob sigilo, à espera de ser patenteado, o princípio ativo é extraído de um vegetal típico da restinga e comum no litoral brasileiro e da América Central, a Dalbergia ecastophyllum. A planta é um arbusto que atinge até 2,5 m de altura e é conhecido pelos nomes populares de rabo-de-bugio e jacarandazinho-da-praia.

Jéferson, idealizador do projeto, destaca que o estudo surgiu a partir da sua observação da grande concentração de espécies de abelhas em todas as partes da planta. Os insetos sociais a usam para produzir o própolis, antibiótico natural de uso farmacológico já testado, aprovado e usado em larga escala.

O diferencial da Dalbergia, explica o estudante, é originar um própolis de coloração avermelhada, com propriedades anti-inflamatórias potencializadas. A inovação da pesquisa desenvolvida na Etec Itanhaém foi concentrar os estudos no ciclo de vida e reprodução da planta, fonte do própolis, em vez de privilegiar as abelhas.

Ao longo da evolução da Dalbergia, o princípio ativo do vegetal se desenvolveu como uma defesa da planta contra fungos e bactérias. Os índios e a medicina popular descobriram que não havia contra-indicações no uso humano e a empregavam como fitoterápico, esfregando as folhas em feridas, para acelerar a cicatrização.

Além das propriedades terapêuticas, o princípio ativo foi testado com sucesso como defensivo agrícola em culturas de tomate e morango na estufa da Etec. O grupo de estudo de Itanhaém, formado por professores de diversas áreas e seis alunos, a classificou de alternativa ‘agro-orgânica’, por ter origem natural e sustentável, para substituir os agrotóxicos.


Motocicleta tetraflex

Motocicleta Tetraflex, projeto dos alunos Ricardo Fonseca, Luciano Gomes e Renato Paixão, do curso de Tecnologia Eletrônica Automotiva da Fatec Santo André, rendeu o primeiro prêmio na categoria Tecnologia Industrial e Infraestrutura.

Orientado pelo professor Cleber Gomes, o projeto inédito já havia sido classificado entre os 200 melhores do Congresso SAE Brasil 2013, o maior do gênero de mobilidade do País. O estudo propõe e comprova na prática, a viabilidade de uma moto adaptada para funcionar de modo híbrido, alimentada por quatro combinações possíveis de combustíveis: gasolina, etanol, gás natural veicular (GNV) e uma mistura dos três anteriores em qualquer proporção.

Embora perca 18% de desempenho, a adoção do GNV no protótipo compensa. O combustível é mais barato e menos poluente do que o etanol e a gasolina usados pelas motos convencionais e traz a vantagem de aumentar a vida útil do motor.

O trabalho consumiu nove meses. O protótipo usado foi com uma moto de 150 cilindradas, ano 2011, bicombustível (flex), que foi comprada por R$ 1,7 mil. Além deste gasto, o projeto e adaptação do sistema tetracombustível custaram mais R$ 1 mil.

No projeto, a motocicleta recebeu um cilindro atrás do banco capaz de armazenar 1,8 metro cúbico de GNV e exige que sempre haja gasolina no tanque, para permitir a partida e deslocamento inicial. Depois da ignição, após 20 segundos, a tecnologia desenvolvida verifica, de modo automático, se a rotação do motor atingiu 1,6 mil giros. Em caso afirmativo, o GNV passa a alimentar os bicos injetores do motor.  Ricardo Fonseca, um dos alunos campeões, observa que com o tanque e cilindro cheios é possível rodar até 550 quilômetros.


Os três campeões nas outras categorias

Inclusão Social

Internacional

Parceiro nacional

  • Centro de Educação Profissional Helio Augusto de Souza (Cephas), de São José dos Campos
    Disseminação da Ciência e Tecnologia

Etecs e Fatecs vencedoras

1) Ciências Humanas, Sociais e Artes

2) Gestão e Ciências Econômicas

3) Ciências Biológicas e Agrárias

4) Informática e Ciências da Computação

  • Etec de São Roque
    Sistema de Gerenciamento de Recursos Humanos
  • Fatec Itu
    Software Libraille: jogo para alfabetização de crianças cegas e surdas

5) Tecnologia Industrial e Infraestrutura

6) Segurança e Saúde

7) Tecnologia Química, de Alimentos, da Agroindústria e da Bioenergia

Rogério Mascia Silveira
Imprensa Oficial – Conteúdo Editorial

Reportagem publicada originalmente na página IV do Poder Executivo I e II do Diário Oficial do Estado de SP do dia 31/10/2013. (PDF)