Fatec de São Bernardo inova com bicicletário inteligente

Com apelo sustentável, projeto traz alternativa para poupar espaço e favorecer a mobilidade nas cidades; ex-alunos aguardam investidores para desenvolver o projeto

Reunir, em uma única solução, respostas tecnológicas e sustentáveis para diversos desafios urbanos, como a oferta de espaço, e ampliar a mobilidade e a qualidade de vida da população. Esse é o conceito do Intelligent Bike Park, protótipo de bicicletário inteligente desenvolvido por quatro ex-universitários do curso de Automação Industrial da Faculdade de Tecnologia do Estado (Fatec), de São Bernardo do Campo.

Premiado com o troféu de terceiro lugar no 3º Desafio Inova Paula Souza de Ideias e Negócios (2015/2016), o bicicletário automatizado foi o trabalho de conclusão de curso (TCC) do quarteto Fábio Negrini, Jairo Silva, Jefferson Silva e João Victor da Silva. Apresentado no final do primeiro semestre do ano passado, o projeto recebeu orientação do professor Francisco Maia, engenheiro elétrico e também responsável por ministrar diversas disciplinas durante o curso.

Segundo os bacharéis em automação industrial, a tecnologia desenvolvida na Fatec agrega diversas propostas: retirar carros das ruas e calçadas, diminuir a poluição, congestionamentos e estimular a prática de exercícios físicos. Pode ainda ser aproveitada de várias formas. Uma delas é a de se integrar a ciclovias e em locais com grande frequência de pessoas, como estações de trens e terminais de ônibus – outra opção é atender empresas e repartições públicas com muitos funcionários.

Robótica

Inspirado em sistemas japoneses e alemães, o protótipo funcional custou R$ 4 mil e foi construído em escala dez vezes menor do que a real. Desenvolvido em formato cilíndrico vertical, pode armazenar até 96 bikes, ocupando área física equivalente à de seis veículos estacionados.

O bicicletário usa dispositivo elétrico, com funcionamento automático e se integra a cartões com identificação eletrônica, como, por exemplo, o Bilhete Único, sistema de vale-transporte aceito na capital em ônibus, metrô e Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM).

O primeiro passo é o ciclista encaixar a bike na rampa de acesso ao elevador e encostar seu cartão cadastrado no leitor. O sistema irá identificar a vaga disponível localizada mais próxima do térreo. Após o fechamento da porta, um braço mecânico a leva até o local escolhido. A retirada da bicicleta exige apenas outra aproximação do cartão no leitor.

O protótipo já foi apresentado à Prefeitura de São Bernardo e segue em fase de patenteamento. Além de produzir o bicicletário ou repassar a tecnologia para algum empreendedor, ao custo de R$ 500 mil, há outras possibilidades em aberto, salientam os estudantes. Muitas delas incluem adaptar a plataforma ágil, precisa e confiável para motos e veículos ou, ainda, funcionar como um guarda-volumes inovador em rodoviárias e aeroportos, podendo também ser aproveitado em instalações subterrâneas.

União

“A maior dificuldade enfrentada foi administrar o tempo”, contaram os estudantes. Ao longo do trabalho, a comunicação via WhatsApp era permanente até nas madrugadas e finais de semana. A partir das sugestões do professor Francisco e dos docentes da Fatec, os alunos partiam em busca de soluções. “Um dos segredos do sucesso desse trabalho é o fato de cada integrante ter uma habilidade especial”, revelam.

Fábio se dedicava às questões elétricas e eletrônicas; Jairo à parte mecânica; Jefferson à técnica e administrativa e João Victor à programação. Os quatro universitários receberam apoio da empresa Somai Tecnologia e Educação (onde João Victor trabalha) e lembram que outra ajuda importante veio da oficina do avô de Fábio: “Ele nos forneceu materiais indispensáveis para o projeto”, conta o neto.


Campeões de inovação

O Desafio Inova Paula Souza de Ideias e Negócios tem por objetivo destacar projetos de base tecnológica criados por alunos das Escolas Técnicas Estaduais (Etecs) e Fatecs com potencial para originar novas empresas e serviços. Na seleção dos trabalhos acadêmicos, os critérios considerados são inovação, possibilidade de oferecer resposta a um problema existente na sociedade, viabilidade comercial e competitividade.

Cerca de 3 mil estudantes participaram da edição 2015/2016 do concurso estadual. A avaliação dos trabalhos foi delegada a um júri composto por professores de diferentes áreas, empresários e investidores. Foram selecionados 15 projetos para a fase final e o nome dos três vencedores foi divulgado em solenidade realizada dia 24 de junho, no Centro de Capacitação do Centro Paula Souza, na capital.

Nessa terceira edição do evento, o trio de campeões veio de Etecs e Fatecs da região do ABC. O primeiro lugar ficou com o Detect 3, dispositivo criado na Etec Santo André para prevenir explosões e acidentes causados por gás de cozinha.

O segundo foi obtido pela Cadeira Infantil Veicular Inteligente (Civi), da Fatec Santo André. Também estruturado em sensores, alerta o motorista sobre criança esquecida no interior de carro e entra em operação quando o condutor desce do veículo e não desafivela o cinto de segurança da cadeirinha da criança ou, mesmo, quando sobe a temperatura no interior do veículo. O bicicletário da Fatec São Bernardo do Campo foi o terceiro classificado.

Até o dia 31 de agosto, seguem abertas inscrições para a edição 2016/2017 do desafio. Para concorrer, os grupos de alunos interessados precisam desenvolver um modelo de negócio com a ajuda de um professor mentor de um dos 15 polos regionais da Agência Inova Paula Souza no Estado. A inscrição no concurso e informações adicionais a respeito estão disponíveis no site da Agência. (ver link em Serviço).

Serviço

Agência Inova Paula Souza
Fatec São Bernardo do Campo
Tel. (11) 4121-9008
Vídeo sobre o bicicletário: https://goo.gl/X7kHZ7

Rogério Mascia Silveira
Imprensa Oficial – Conteúdo Editorial

Reportagem publicada originalmente na página IV do Poder Executivo I e II do Diário Oficial do Estado de SP do dia 02/07/2016. (PDF)

Pesquisa da Etec Suzano barateia reciclagem da borra de tinta

Tecnologia criada por antigos alunos reduz custos em cerca de 20% e evita o descarte de compostos com potencial poluente, como o carbonato de cálcio e o dióxido de titânio

Baratear o custo de reaproveitamento da borra, um resíduo da fabricação de tinta látex usado pela indústria para produzir mais tinta. Com essa proposta, um grupo de antigos alunos do curso de Química da Escola Técnica Estadual (Etec) de Suzano desenvolveu um método capaz de gerar economia de cerca de 20% nesse processo.

Com baixo custo e sustentável, a solução oferece tinta de qualidade para pintar paredes internas, ambientes externos ou para ser usada como textura (grafiato). Também assegura destinação ambiental adequada para a borra, matéria-prima de origem inorgânica e rica em compostos com potencial poluente, como o carbonato de cálcio e o dióxido de titânio, entre outros.

Com orientação do professor Cesar Tatari, o método inovador foi o trabalho de conclusão de curso (TCC) dos antigos alunos Arthur Eroles, Emili Hirabara e Nikollas Amâncio – todos com 18 anos de idade e atualmente cursando faculdade.

Continuidade

Desenvolvido ao longo do ano passado e concluído em dezembro, o projeto acadêmico dá continuidade a uma linha de pesquisas com tintas iniciada na Etec Suzano há quatro anos. A primeira delas, realizada em 2013, consistia em criar um esmalte capaz de suportar temperaturas de até 700ºC sem se deteriorar.

Em 2014, a proposta foi desenvolver uma tinta látex feita com restos de cascas de ovos; no ano passado, a borra de tinta originou outro TCC, concluído em junho, cujo tema era um método para adequar o seu descarte à Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS – Lei federal nº 12.305/2010). Agora, o mais recente projeto da Etec é um dos 15 finalistas do 3º Desafio Inova Paula Souza de Ideias e Negócios (ver boxe).

Custos

Na pesquisa da Etec, 210 gramas de borra permitem produzir um litro de tinta. O reaproveitamento dessa matéria-prima evita sua eventual deposição no meio ambiente e diminui a extração de carbonato de cálcio e de dióxido de titânio, operação realizada por mineradoras em rochas e no solo.

Atualmente, a tinta desenvolvida na Etec consegue reaproveitar 21% do carbonato de cálcio e 12% do dióxido de titânio presentes na borra. O quilo do primeiro tem custo de R$ 0,14; o do segundo mineral custa R$ 20.

A viabilidade e a eficiência da tinta originada da borra foram comprovadas com testes de viscosidade, riscabilidade, cobertura, abrasão úmida e acidez (pH) realizados nos laboratórios da Etec.

A produção começa com a exposição da borra ao sol, durante quatro horas para secagem, diminuição do volume e eliminação dos solventes do material. Em seguida, o composto é misturado com uma resina acrílica e, finalmente, recebe o pigmento que lhe confere cor e permite a produção da tinta em qualquer tonalidade.

Dificuldade

Arthur conta que o grupo venceu dois grandes desafios para viabilizar o estudo. O primeiro deles foi conseguir três quilos de borra para fazer as experiências. “As indústrias armazenam essa matéria-prima para depois reaproveitá-la e não costumam fornecê-la”, observou. A solução chegou, então, pelas mãos do pai de Nikollas, empregado de um fabricante de tintas, que conseguiu a amostra.

Depois disso, conta Arthur, a dificuldade seguinte foi acertar a formulação exata da tinta. “O caminho foi rever todas as etapas das avaliações realizadas no laboratório. Assim, o relatório de cada uma das atividades foi um aliado importante”, destacou.

Segurança

A tinta desenvolvida em Suzano exige uma única demão na parede e sua secagem é rápida, em torno de 40 minutos. Por usar água em vez de solvente, não traz riscos à saúde durante sua manipulação ou perigo durante a comercialização e aplicação.

Ainda não patenteada, a tecnologia tem como público-alvo empresas de porte médio, sem capacidade de armazenar e reaproveitar a borra de tinta. Eventuais interessados em adquirir essa inovação devem contatar a Etec Suzano (ver serviço).

Diferenciais

“Em novembro do ano passado, os alunos e eu pintamos um pedaço da parede do laboratório com cinco diferentes cores da tinta. Até agora, o material segue em condições favoráveis”, revelou o professor Tatari. “Ainda não testamos em muros e ambientes expostos ao sol, chuva, vento e poluição, mas a expectativa é que os resultados sejam semelhantes aos obtidos nas paredes e revestimentos internos”, sublinhou.

Ele conta que a tinta látex produzida na Etec Suzano poderia ser comercializada como de segunda linha, porém, com qualidade comparável à de primeira linha. “Esse é um dos diferenciais: as tintas fabricadas com borra pelas grandes indústrias são consideradas de terceira linha”, revela o docente.


Novas ideias e negócios de base tecnológica

O método para fazer tinta a partir da borra criado por alunos da Etec Suzano é um dos 15 projetos finalistas do 3º Desafio Inova Paula Souza de Ideias e Negócios. Neste ano, o concurso do centro paulista de ensino tecnológico recebeu 3 mil trabalhos e a lista dos classificados está disponível para consulta no site http://goo.gl/gH30B0.

A premiação visa a estimular o espírito empreendedor e destacar pesquisas realizadas nas Faculdades Estaduais de Tecnologia (Fatecs) e Escolas Técnicas (Etecs) com potencial para originar produtos e serviços.

A avaliação dos trabalhos é feita por um júri composto por profissionais e empresários de diferentes áreas. O anúncio dos campeões ocorrerá no dia 24, às 9 horas, em solenidade no Centro de Capacitação do Centro Paula Souza, na Rua General Couto de Magalhães, 145, Santa Ifigênia, região central da capital.

Serviço

Etec Suzano
E-mail cesartatari@hotmail.com
Telefone (11) 4748-1732

Vídeo do projeto com a borra de tinta, em https://goo.gl/m8bFTo

Rogério Mascia Silveira
Imprensa Oficial – Conteúdo Editorial

Reportagem publicada originalmente na página IV do Poder Executivo I e II do Diário Oficial do Estado de SP do dia 20/05/2016. (PDF)

Projeto da Etec Santo André evita acidentes domésticos com gás

Com pedido de patente depositado, criação de antigos alunos de Eletrônica da unidade busca investidor para se associar ao grupo e fabricar o Detect3 em escala industrial

A cada ano, os vazamentos de gás provocam inúmeras mortes, deixam centenas de feridos e causam prejuízos aos patrimônios público e privado no Brasil. Para prevenir esse tipo de acidente, um grupo de antigos alunos do curso de Eletrônica da Escola Técnica Estadual (Etec) Júlio de Mesquita, de Santo André, desenvolveu o sistema Detect3 – Detecção e prevenção contra explosão por vazamento em três etapas.

Trata-se de um equipamento autônomo dotado de sensores capazes de identificar vazamentos em uma casa ou apartamento e, de modo automático, bloquear o fornecimento de gás e de energia elétrica, desligando a chave geral da residência. “Muitos acidentes ocorrem quando o morador sente o cheiro de gás e acende a luz, causando a faísca capaz de detoná-lo”, explica o quarteto formado por Edmar dos Santos, Leandro Luna, Marcelo Oliveira e Paulo Gimenes.

Tema do trabalho de conclusão de curso (TCC) dos antigos alunos, a construção do equipamento exigiu o desenvolvimento de três protótipos para incorporar, sucessivamente, melhorias ao projeto. A orientação da pesquisa foi do professor Renato Koganezawa, do Departamento de Elétrica da Etec. Em fevereiro, o Detect3 teve pedido de depósito de patente, visando a proteger a propriedade intelectual do conjunto da tecnologia incorporada ao sistema e mais o sistema de bloqueio do fornecimento de gás.

Funcionamento

O Detect3 é bivolt (110V-220V), funciona ligado em uma tomada e deve ser instalado próximo ao ponto de fornecimento de gás da residência (de botijão ou encanado). Em eventual falta de energia elétrica, o gás pode ser acionado manualmente pelo morador por meio de uma válvula e, assim, acender o fogo com um palito de fósforos.

Quando o sensor do Detect3 identifica a presença de gás natural ou de gás liquefeito de petróleo (GLP) no ambiente, entra em estado de alerta. Instantaneamente, o sistema misto de software e hardware dispara alerta sonoro intermitente, e, por radiofrequência, aciona o bloqueio do fornecimento do gás (combustível) e de eletricidade.

“O equipamento é projetado para proteger área de 25 metros quadrados. Entretanto, é flexível e permite a instalação de inúmeros pontos adicionais para detecção de gás em outros cômodos da casa”, explicam os criadores.

Desafios

“Eles foram muito além do conteúdo programático transmitido no curso”, revelou o professor Koganezawa, também engenheiro eletricista e servidor da Universidade Federal do ABC. O grupo de idealizadores do Detect3 segue estruturando um plano de negócios para o projeto na Inova Santo André, incubadora de empresas da prefeitura local.

O docente conta ter sugerido algumas saídas possíveis para as dificuldades surgidas ao longo da criação do Detect3, entretanto, deixou com o grupo as tarefas de pesquisar e identificar as soluções mais eficazes e viáveis. “O mérito do trabalho é deles”, revelou.

A lista de desafios incluiu projetar a parte elétrica, programar (em linguagem C, uma das mais populares) a placa integrada do circuito, transformar a radiofrequência usada no sistema e a instalação do sistema de corte do fornecimento de gás e de luz. “Hoje, temos duas opções possíveis: achar um sócio para a empresa disposto a investir cerca de R$ 400 mil e fabricar conosco o Detect3”, planejam os idealizadores.

Outra possibilidade cogitada é repassar as tecnologias incorporadas ao Detect3 para fabricantes de fogões. A ideia é adaptar a parte do dispositivo responsável pelo corte de gás no eletrodoméstico – e passar a incluí-lo na linha de montagem, como item adicional de segurança.

Finalista

O Detect3, criado na Etec Santo André, é um dos 15 projetos finalistas do 3º Desafio Inova Paula Souza de Ideias e Negócios. Em 2014, o Capacete High Tec, outro trabalho acadêmico orientado pelo professor Koganezawa, foi o vencedor e, no ano passado, mais um TCC supervisionado por ele ficou no grupo de finalistas.

Neste ano, o concurso do centro paulista de ensino tecnológico recebeu 3 mil trabalhos e a relação de classificados está disponível para consulta no site do Centro Paula Souza (ver serviço). A premiação visa a estimular o espírito empreendedor e destacar pesquisas realizadas nas Etecs e Faculdades Estaduais de Tecnologia (Fatecs) com potencial para originar pro dutos e serviços.

A avaliação dos trabalhos é feita por um júri composto por profissionais e empresários de diferentes áreas. O anúncio dos campeões ocorrerá no dia 24, às 9 horas, em solenidade no Centro de Capacitação do Centro Paula Souza, localizado na Rua General Couto de Magalhães, 145, Santa Ifigênia, região central da capital.

Serviço

Etec Júlio de Mesquita (Santo André)
E-mail faleconosco@etecjuliodemesquita.com.br
Telefone (11) 4990-2577

Os 15 projetos finalistas do 3º Desafio Inova Paula Souza podem ser visualizados em http://goo.gl/gH30B0 e o vídeo com a apresentação do Detect3 em https://goo.gl/pGEkCt.

Rogério Mascia Silveira
Imprensa Oficial – Conteúdo Editorial

Reportagem publicada originalmente na página I do Poder Executivo I e II do Diário Oficial do Estado de SP do dia 18/05/2016. (PDF)