Agência Desenvolve SP impulsiona negócios no setor sucroenergético

Linhas de financiamento propiciaram a construção da planta industrial da FibraResist, em Lençóis Paulista, e o investimento da Al Sukkar, de Ribeirão Preto, em novos produtos e a sua inserção no mercado

Criadas para fortalecer a inovação, estimular o surgimento de novos negócios e apoiar todos os setores da economia, as linhas de crédito da Agência de Desenvolvimento Paulista (Desenvolve SP) são as grandes aliadas de quem pretende empreender no futuro ou já está em operação e deseja expandir atividades e instalações. Dois exemplos recentes de empresas impulsionadas pelo financiamento público vêm da cadeia sucroenergética.

A indústria FibraResist, sediada em Lençóis Paulista, é o primeiro deles. A empresa foi pioneira ao fornecer massa celulósica, para a indústria papeleira, obtida a partir de tratamento exclusivo da palha da cana-de-açúcar – um dos resíduos da produção das usinas.

O segundo empreendimento atendido pela instituição vinculada ao Governo estadual foi a Al Sukkar, de Ribeirão Preto. Ela desenvolve e fornece antibióticos naturais – modelo alternativo, eficiente e sustentável – para a substituição de agroquímicos utilizados, por exemplo, em processos de fermentação do açúcar e na produção do etanol.

Ação social

De acordo com o gerente de negócios da agência paulista, Rafael Bergamaschi, os dois financiamentos foram solicitados no final de 2015 e as primeiras parcelas começaram a ser liberadas em abril do ano passado, após as etapas obrigatórias de análise da documentação e de verificação de pendências legais e financeiras.

“Esses empréstimos têm caráter social e visam a gerar emprego e renda nos 645 municípios paulistas. Por esse motivo, oferecem taxas de juros e prazos de carência e de pagamento mais atrativos em comparação aos vigentes no mercado”, sublinha Bergamaschi.

Atualmente, estão disponíveis 20 linhas de crédito para empresas com faturamento anual entre R$ 360 mil e R$ 300 milhões. “Além da criação de tecnologias e construção de instalações, o dinheiro pode ser usado para adquirir estoques ou maquinários, bancar projeto na área ambiental ou projetos de exportação”, destaca o gerente.

Há também opções de financiamento para prefeituras paulistas. Nesses casos, o recurso pode ser aplicado em obras de infraestrutura, iluminação, redução de impactos ambientais, pavimentação, adequação e construção de distritos industriais e de centros agropecuários de distribuição e de abastecimento.

Facilidade

“A Desenvolve SP tem atualmente R$ 1 bilhão em caixa. Desde 2009, repassou mais de R$ 2,4 bilhões a 1,6 mil projetos de 270 cidades paulistas”, informa o gerente. Para facilitar ainda mais o acesso aos seus serviços, a agência lançou na primeira quinzena de junho a versão de seu site (ver serviço), que oferece interatividade total.

“Agora, para fazer a simulação de um empréstimo, basta informar no campo do formulário eletrônico o valor pretendido, o prazo total de pagamento em número de meses e o período de carência desejado, isto é, o prazo, também em meses, para começar a quitar a dívida”, comenta.

Outro destaque é o recém-criado crédito digital: financiamento de capital de giro com aprovação em até dois dias úteis e taxas a partir de 1,18% ao mês e três anos para pagar. “Se preferir, o interessado pode ir pessoalmente à sede da Desenvolve SP, na capital, para ser atendido”, explica o gerente (ver serviço).

Planta industrial

“O apoio da agência paulista foi fundamental para a construção da fábrica, cuja capacidade de operação foi dimensionada para atender ao crescimento nos próximos anos”, revela o representante da FibraResist, Mario Welber.

Segundo ele, o projeto de empresa, idealizado pelo químico industrial José Sivaldo de Souza, começou com o desenvolvimento de um biodispersante. Esse agente químico permitiu separar as fibras da palha da cana e a produção a frio da pasta celulósica, sem gases poluentes e em circuito fechado.

A empresa tem 51 funcionários trabalhando em três turnos e capacidade para produzir até 72 mil toneladas de pasta celulósica por ano. A produção é vendida para a indústria papeleira e para a fabricação de papel-cartão, papel-jornal, embalagens e papéis para a linha higiênica.

“Essa tecnologia é sustentável e abriu novo nicho para a palha da cana. Antes, uma das poucas opções rentáveis para a matéria-prima era queimá-la para gerar eletricidade, isto é, quando ela não era descartada indevidamente no meio ambiente”, analisa. “Agora, o próximo passo será aproveitá-la para produzir fórmica, tijolo e embalagens”, anuncia Welber.

Largada

Em 2010, depois de estudar e lecionar por muitos anos, a química pós-doutorada Eloísa Kronka incubou sua empresa de tecnologia (startup), a Al Sukkar, no Supera Parque Tecnológico de Ribeirão Preto – iniciativa conjunta do câmpus local da Universidade de São Paulo (USP), prefeitura e Secretaria Estadual de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação.

A proposta, conta a empreendedora, foi aproveitar sua experiência laboratorial para criar, controlar e monitorar processos fermentativos industriais. O primeiro produto foi uma linha de antibióticos com plantas medicinais brasileiras.

Essa solução, ao contrário dos agrotóxicos comumente usados, é 25% mais barata, não deixa resíduos no solo nem na água e tem eficiência superior no combate às contaminações causadas por micro-organismos, fator de perda de produtividade em processos das usinas, como, por exemplo, na fermentação alcoólica.

Outro diferencial, indica Eloísa, é oferecer uma solução sob demanda para cada usina a partir da análise laboratorial. Os micro-organismos ativos nos processos variam de acordo com a região e pelo fato de a produção de etanol apresentar cerca de 9 a 15 tipos de bactérias diferentes.

“O aporte obtido na Desenvolve SP foi fundamental para investir na produção e inserir a Al Sukkar no mercado”, revela. “Hoje, além de mim, trabalham na empresa seis funcionários. Para prospectar clientes, cito como exemplo um dos mais antigos. Ele utilizou a nossa solução e obteve uma economia de R$ 2 milhões”, conta, orgulhosa.

Serviço

Desenvolve SP
Atendimento presencial ao empreendedor: de segunda a sexta-feira, das 9 às 18 horas
Rua da Consolação, 371 – Centro – São Paulo (SP)
Telefone (11) 3123-0464

Rogério Mascia Silveira
Imprensa Oficial – Conteúdo Editorial

Reportagem publicada originalmente na página IV do Poder Executivo I e II do Diário Oficial do Estado de SP do dia 30/06/2017. (PDF)

Cati inova com semente de milho orgânica 100% certificada

Mais barata, ecológica e sustentável, a terra diatomácea tem aplicação única no controle de insetos e pragas; e sua validade é indeterminada

Aprimorado pelo Núcleo de Produção de Sementes da Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (Cati) de Paraguaçu Paulista, um método de tratamento de sementes de milho abriu novas frentes para a produção orgânica no Estado.

Desenvolvida pelo agrônomo Márcio Luiz Mondini, a técnica da instituição vinculada à Secretaria Estadual de Agricultura e Abastecimento (SAA) consiste em aplicar terra diatomácea no local onde as sementes ficam armazenadas. Uma opção mais barata, ecológica e sustentável de controle de insetos e pragas em comparação com o trato tradicional, a partir da aplicação de inseticidas e fungicidas.

De acordo com Mondini, tudo começou em 2014, quando o Departamento de Sementes, Mudas e Matrizes (DSMM) da Cati lançou sua primeira semente de milho orgânico: a variedade AL Avaré. No entanto, na época, uma das exigências do Instituto de Biodinâmica (IBD), empresa certificadora de Botucatu, para aprovar o produto como orgânico era incorporar procedimentos naturais em todas as etapas de sua produção.

“Faltava uma solução para combater as gerações cada vez mais resistentes de carunchos, gorgulhos, besouros e traças nos silos e locais de armazenamento. Ao mesmo tempo, a saída não poderia interferir na capacidade germinativa da semente e deveria ser inofensiva para seres humanos, animais e o meio ambiente em todas as etapas de vida da planta e depois de seu desenvolvimento”, recorda o engenheiro agrônomo.

Origem

Pesquisando na literatura científica nacional, Mondini encontrou diversas recomendações de uso da terra diatomácea para tratar grãos e sementes armazenadas, em especial as da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), direcionadas a produtores rurais e técnicos agrícolas. Assim, depois de diversos testes no Núcleo da Cati em Paraguaçu Paulista, o agrônomo aprimorou seu uso para as sementes e as instalações do complexo armazenamento de acordo com as exigências do órgão certificador.

A origem dessa matéria-prima é o diatomito, tipo de rocha constituída por algas mortas depositadas no fundo dos oceanos e rios há milhões de anos. Rica em silício, um dos minerais mais abundantes no planeta e com diversas aplicações, a terra diatomácea é usada por mineradoras como isolante térmico em caldeiras. Áspera e abrasiva, ela limpa metais e azulejos; nos cremes dentais, auxilia a retirada de restos de alimentos dos dentes; e na indústria cervejeira e de vinhos é usada para filtrar as sobras da fermentação alcoólica.

Características

Atóxica, branca e sem cheiro, a terra diatomácea é um pó inerte à base de sílica, que, ao ser aplicada às sementes armazenadas, adere aos insetos e pragas e os mata por desidratação. “Para cada tonelada de semente, eram gastos R$ 28 a cada trimestre em produtos químicos. Com a troca, o custo caiu para R$ 8 por tonelada em aplicação única e com prazo indeterminado de validade”, comenta Mondini.

“Além disso, com a crescente procura dos consumidores por produtos orgânicos, saudáveis e seguros, aumentou a visibilidade desse trabalho”, analisa. Produtor interessado em usar terra diatomácea na estocagem de feijão, trigo, milho, sorgo, triticale (cereal híbrido de trigo e centeio), soja ou lentilha pode contatar a Cati (ver serviço).

Benefícios

De acordo com o diretor-geral do DSMM, Ricardo Lorenzini Bastos, todas as sacas de milho da safra 2016/2017 comercializadas nas 594 Casas da Agricultura (CAs) da Cati no Estado foram tratadas com a terra diatomácea. Atualmente, o DSMM testa esse tipo de tratamento com as sementes de feijão e trigo e prevê lançar variedades delas até o final do ano que vem.

“O público-alvo primordial das Casas da Agricultura é o pequeno produtor rural”, destaca Bastos. Segundo ele, além do milho, são também oferecidas sementes de aveia-branca, aveia-preta, feijão, girassol, sorgo, trigo e triticale. Todas têm garantia de qualidade genética, fisiológica e sanitária e são produzidas em unidades da Cati instaladas nas cidades de Avaré, Fernandópolis, Itapetininga, Manduri, Paraguaçu Paulista e Santo Anastácio.

“Outro benefício da terra diatomácea é dispensar o uso de corantes nas sementes de milho, exigência do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento para diferenciá-las dos grãos – por serem estéreis, servem apenas para alimentação humana e animal e não para plantio”, observa. “A saca de milho da variedade comercializada pela Cati custa R$ 90 ante R$ 400 cobrados em média pelos híbridos, fornecidos pelos produtores comerciais”, informa o diretor do DSMM, destacando que os endereços das Casas da Agricultura estão disponíveis para consulta no site da Cati. (ver serviço).

Aprovado

Agricultora familiar da cidade de Tarumã, no oeste paulista, Maria Helena Ricca, de 75 anos de idade, desde 2007 é cliente da Cati. No início deste ano, comprou as sementes de milho tratadas com terra diatomácea e irá colher as primeiras espigas em agosto. “O milharal está viçoso, bonito. A expectativa é de ótima safra”, comenta, destacando o fato de somente trabalhar com agricultura orgânica e certificada em sua propriedade de 72 alqueires, onde também planta soja, feijão, aveia-branca e agora testa o cultivo de grão-de-bico, a partir de sementes fornecidas pela Embrapa.

Serviço

Cati – Departamento de Sementes, Mudas e Matrizes (DSMM)
Telefone (19) 3743-3820
E-mail dsmm@cati.sp.gov.br

Rogério Mascia Silveira
Imprensa Oficial – Conteúdo Editorial

Reportagem publicada originalmente na página III do Poder Executivo I e II do Diário Oficial do Estado de SP do dia 29/06/2017. (PDF)

Cinquentenário de criação da Cati teve festa em sua sede

Evento reuniu agricultores, servidores e comunidade no local onde funciona a Coordenadoria de Assistência Técnica Integral; público pôde conhecer setores da instituição, comprar mudas e produtos agropecuários

Evento realizado na segunda-feira, 19, na sede da Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (Cati), em Campinas, marcou o cinquentenário de criação do órgão de orientação e de financiamento ao produtor rural. Vinculada à Secretaria Estadual de Agricultura e Abastecimento (SAA) e presente em todo o território paulista com 594 Casas de Agricultura e 40 Escritórios de Desenvolvimento Rural (EDRs), a Cati foi instituída a partir da promulgação do Decreto estadual nº 48.133, de 20 de junho de 1967 (ver serviço), e completou, ontem, 20, seu jubileu de ouro.

Servidores, produtores rurais, autoridades e o público foram recepcionados com um café da manhã, animado com show do Sol Maior, quarteto formado por produtores de orgânicos da cidade de Socorro. O saxofonista Sidney Barrel, de 55 anos, produtor de morango, caqui e hortaliças, e seu filho Ramon, clarinetista, de 16 anos, se disseram orgulhosos em apresentar, na festa, um repertório de músicas sertaneja, italiana e MPB. “Nasci no sítio e cresci acompanhando meu pai em suas idas à Casa da Agricultura. Esse apoio ao pequeno produtor é sempre fundamental”, contou Sidney.

Descontos

A visita aos departamentos da Cati possibilitou ao público conhecer onde e como são prestados os serviços. O trajeto incluiu o Centro de Comunicação Rural, Cozinha Experimental, Centro de Treinamento, Laboratório Central de Sementes, Horto de Plantas Medicinais e as Hortas Educativas do Programa Fazendinha Feliz, iniciativa de educação ambiental para crianças da rede pública estadual. No final do itinerário, cada grupo de visitantes plantou mudas da flora brasileira, como peroba, pau-d’alho, chuva-de-ouro, entre outras.

O dia festivo também permitiu ao visitante pagar 50% menos pelas mudas produzidas no Departamento de Sementes, Mudas e Matrizes da Cati. Responsável pela venda de cerca de cem variedades frutíferas, florestais e de paisagismo, o auxiliar Anderson Ferraz informa que essa comercialização é realizada toda sexta-feira, das 9 horas ao meio-dia, e das 13 às 16 horas. “Os preços variam de R$ 3,50 a R$ 20.” Ele acrescenta que a exceção são algumas jabuticabeiras aptas a produzir em breve, que custam a partir de R$ 100. Mais informações sobre esse serviço podem ser obtidas pelo telefone (19) 3743-3832.

Receitas

Servidora da Cati há 31 anos, a nutricionista Beatriz Pazinato é responsável pela Cozinha Experimental e de Treinamento, a única da Cati no Estado. No evento, ela e equipe serviram receitas já aprovadas, como o minipicles de pepino e também apresentaram outras ainda em testes. O cardápio incluiu o refrescante suco de cambuci – fruta nativa da mata atlântica rica em vitamina C.

De acordo com Beatriz, a Cozinha Experimental foi projetada há 50 anos pela especialista em economia doméstica Elena Klatlova e segue preservando suas propostas originais, como desenvolver e aprimorar receitas que utilizam ingredientes da agricultura paulista, além de capacitar técnicos e produtores rurais para prepará-las e replicá-las. “Quem quiser conhecer receitas e publicações da Cozinha Experimental deve consultar a seção de Produtos do site da Cati”, informa Beatriz (ver serviço).

Ecológico

O casal de Campinas Verônica Alcântara e Francisco Vieira, participante do programa Fazendinha Feliz, aproveitou o evento para comprar hortifrútis nas dezenas de barraquinhas de agricultores, atendidos pela Cati, instaladas no entorno do prédio do Centro de Treinamento. Logo na chegada, os dois se encantaram com as opções de pupunha disponíveis na banca de Orestes e Lucimara Kotona, da Cooperativa de Produtores Agrícolas de Registro e Região (Cooparr) – e compraram duas embalagens do produto: uma própria para salada e outra com o ‘espaguete’ de fios ralados de palmito.

No Vale do Ribeira, os primeiros cultivos surgiram por volta do ano 2000. “Plantamos desde 2009, foi uma alternativa à tradicional cultura da banana no sul do Estado”, comenta Orestes, destacando o apoio da Cati com orientação técnica, auxílio para comercialização em feiras, criação de receitas como o ‘espaguete’ e financiamentos direcionados ao pequeno produtor, como os do Projeto de Desenvolvimento Rural Sustentável – Microbacias II – Acesso ao Mercado.

“Nos três alqueires da minha propriedade, substituí 5 mil pés de banana por 30 mil de pupunha. Na região, essa cultura permite três colheitas anuais; e depois de 20 meses do plantio tirei a primeira safra”, conta, satisfeito.

Serviço

Coordenadoria de Assistência Técnica Integral – Cati
Decreto estadual nº 48.133/1967
Mais informações na reportagem “Cati celebra 50 anos de apoio ao produtor rural paulista”, publicada nas páginas II e III da edição de 19-05-2017 do Diário Oficial do Estado de São Paulo.

Rogério Mascia Silveira
Imprensa Oficial – Conteúdo Editorial

Reportagem publicada originalmente na página III do Poder Executivo I e II do Diário Oficial do Estado de SP do dia 21/06/2017. (PDF)