Cati celebra 50 anos de apoio ao produtor rural paulista

Com o lançamento de site colaborativo, a Coordenadoria de Assistência Técnica Integral resgata sua memória coletiva; após o aniversário, no dia 20 de junho, o conteúdo produzido será incorporado ao portal da instituição, vinculada à Secretaria de Agricultura e Abastecimento

No dia 20 de junho será celebrado o cinquentenário de criação da Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (Cati), órgão vinculado à Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado (SAA), surgida a partir da promulgação do Decreto estadual nº 48.133/1967.

Abrindo as festividades do jubileu de ouro, uma parceria entre o Centro de Comunicação Rural (Cecor) e o Centro de Informações Agropecuárias (Ciagro) da instituição, lançou, na 24ª Feira Internacional de Tecnologia Agrícola (Agrishow), realizada na primeira semana de maio, em Ribeirão Preto, site comemorativo exclusivo, com fotografias antigas, histórias e depoimentos de servidores ativos e inativos (ver serviço).

De acordo com a assistente de planejamento Carolina Darcie, responsável pelo desenvolvimento da ferramenta, a construção da página comemorativa foi proposta no início do ano, a partir de debates em redes sociais como WhatsApp e Facebook.

Seu conteúdo é um desenvolvimento coletivo de funcionários da Cati, ex-colaboradores e cidadãos relacionados à agricultura. “O ponto comum a todos os participantes é a admiração pelo trabalho de extensão rural realizado pela Cati com os produtores rurais do Estado”, explica Carolina. Quem tiver material antigo e quiser colaborar com o site dos 50 anos deve encaminhar para o e-mail portal50anos@cati.sp.gov.br.

“A proposta é preservar a memória coletiva da coordenadoria e resgatar belas histórias e imagens, como, por exemplo, a criação da mata no local onde está instalado o prédio sede em Campinas (situada na Avenida Brasil, 2.340, no Jardim Chapadão), em parte desmembrada da antiga Fazenda Santa Eliza, hoje abrigo de sapucaias, palmeiras e espécies nativas da flora brasileira”, revela. “Depois do dia 20 de junho, o acervo do site histórico será incorporado ao portal da Cati na web”, informa Carolina (ver serviço).

Missão

Presente em todas as regiões paulistas, com 40 Escritórios de Desenvolvimento Rural (EDRs) e 1.450 profissionais, a instituição tem a missão de prover orientação técnica às famílias rurais das 300 mil pequenas e médias propriedades existentes no Estado, de modo a lhes assegurar qualidade de vida e o desenvolvimento de atividades agrícolas sustentáveis.

Gratuito, o atendimento aos produtores é realizado por técnicos em agricultura e agrônomos nas suas 594 Casas da Agricultura, vinculadas aos EDRs e presentes em 594 dos 645 municípios paulistas. Em média, a Cati realiza 24 mil atendimentos mensais.

Os serviços mais solicitados são consulta técnica, declaração de conformidade ambiental, receituário agronômico, participação em programas, orientações para projetos de recuperação de áreas degradadas, entre outros. Além disso, há oferta permanente de cursos, palestras, inspeções, vistorias, dias de campo, entre outras atividades. Os endereços, telefones e e-mails das Casas da Agricultura ficam disponíveis para consulta em seu site (ver serviço).

Sementes, mudas

As Casas da Agricultura funcionam em imóveis do Estado e muitas delas mantêm convênios com as prefeituras, de acordo com a vocação econômica de cada município. Nelas também são comercializadas sementes e mudas provenientes dos 21 núcleos de produção da Cati no Estado. Esses insumos vegetais são oferecidos com linha de crédito exclusiva para os produtores paulistas e preços inferiores aos cobrados no mercado.

O conjunto de diferenciais inclui a qualidade genética, física, fisiológica e sanitária superior. Atualmente, estão disponíveis sementes e cultivares de aveia branca, aveia preta, feijão, girassol, milho, sorgo, trigo e triticale (cereal híbrido de trigo e centeio) – todos produzidos nas cidades de Avaré, Fernandópolis, Itapetininga, Manduri, Paraguaçu Paulista e Santo Anastácio.

As mudas vêm de Itaberá, Marília, Pederneiras, São Bento do Sapucaí e Tietê. São de espécies florestais nativas e direcionadas a projetos de reflorestamento, de recuperação de áreas degradadas e de proteção de cursos d’água e de mananciais. Há também diversas variedades frutíferas e comerciais. Opções detalhadas sobre sementes, cultivares e mudas podem ser encontradas no site da Cati.

Integral

A produção rural associada à conservação do solo e da água é outra meta da coordenadoria. O objetivo é garantir alimentos de boa qualidade para a população, gerar emprego e renda no campo e fortalecer os elos das cadeias produtivas do agronegócio paulista. Esse trabalho integral é complementado com dezenas de publicações, manuais, boletins técnicos e DVDs. Produzidos pelo Centro de Comunicação Rural (Cecor), estão disponíveis no site da entidade e nas Casas da Agricultura.

Outro trabalho é orientar o agricultor em questões como seguro rural, transferência de tecnologia, planejamento da propriedade, adequação de estradas rurais e crédito agrícola. Um dos destaques é o Projeto Microbacias II – Acesso ao Mercado, financiamento dirigido à compra de equipamentos e instalação de agroindústrias, com vistas à agregação de valor às cadeias produtivas.

Evolução

Em agosto, o engenheiro agrônomo e atual coordenador da Cati, João Brunelli Júnior, completará 40 anos de instituição. Seu ingresso, em 1977, foi na Divisão Regional Agrícola (Dira) de Araçatuba. Na época, conta ele, o desafio era evitar a disseminação do cancro cítrico (praga dos pomares causada pela bactéria Xanthomonas citri subsp citri). A única solução possível era arrancar e queimar as plantas doentes, além de promover a interdição do plantio em todo o entorno da área contaminada, chamada barreira sanitária.

Testemunha da evolução dos serviços da entidade, Brunelli Júnior foi nomeado coordenador da Cati em outubro do ano passado. Ele destaca, nessas quatro décadas, a mudança na concepção e no tipo de atendimento prestado aos produtores. “Gradativamente, nossas ações foram deixando de ser intervencionistas, localizadas e emergenciais. Passaram, então, a ser mais pontuais, preventivas e participativas.”

Bem-sucedido, na visão do coordenador, o modelo atual aposta em uma via de mão dupla com o produtor – parte de uma proposta de atuação mais sistêmica em todo o Estado. Nessa abordagem, a coordenadoria interage diretamente com o produtor ou, ainda, o atende em parceria com outros órgãos públicos e privados.

“Até o final do ano, com a entrada em operação da intranet, a comunicação interna e com os agricultores será ainda mais intensa, considerando a presença da coordenadoria em todo o território paulista”, observa.

Vistoria

Como exemplo da mudança, Brunelli Júnior cita o modelo atual de controle sanitário do cancro cítrico, tarefa realizada diretamente pelo produtor com fiscalização trimestral da Coordenadoria de Defesa Agropecuária do Estado (CDA), órgão da SAA. Esse trabalho preventivo tem o apoio da Cati e do Fundo de Defesa da Citricultura (Fundecitrus) e segue a Resolução nº 147/2013.

De acordo com o texto legal, o citricultor deve realizar vistoria trimestral em todos os citros de sua propriedade para identificar e eliminar as plantas com sintomas da doença. Também precisa pulverizar com cobre as demais plantas do entorno das infectadas em um raio de 30 metros a cada brotação.

Por fim, deve enviar relatórios semestrais para a secretaria, detalhando as condições de seu pomar em relação ao cancro cítrico, assim como faz para o greening (HLB) – doença causada por bactérias que afeta os citros. “A diferença é que, hoje, nenhum produtor paralisa seu trabalho devido a algumas plantas doentes. Por outro lado, ele também não consegue comercializar sua produção se não estiver em dia com essas obrigações”, observa.


A eliminação de gargalos

Na quarta-feira, 24, a Cooperativa Agrícola dos Produtores de Vinho (AVA) de Jundiaí celebrará o aniversário de um ano da entrega de sua unidade móvel de processamento e envase da bebida, a primeira do gênero a entrar em operação no País.

A compra do caminhão e o registro do fermentado no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) são exemplos recentes da atuação decisiva da Cati e de outros órgãos da Secretaria de Agricultura e Abastecimento, como as câmaras setoriais da Coordenadoria de Desenvolvimento dos Agronegócios (Codeagro), para estimular projetos dos produtores rurais no Estado (ver serviço).

Clemente Maziero é um dos 16 vitivinicultores atendidos pela unidade móvel. Além dele, trabalham na adega, batizada com o nome da família, seu pai, sua mulher e os filhos. “Com a criação da cooperativa em 2009, passamos a ter acesso a financiamentos públicos e tecnologias, e a comercialização deixou de ser feita de forma isolada”, conta.

Entretanto, diz ele, outro ‘gargalo’ comum atrapalhava a todos: o envase. Essa etapa do processo produtivo, de passagem da bebida para a garrafa, demanda maquinário caro, de custo proibitivo para o produtor, assim cada um precisava transportar sua safra em tonéis de madeira para engarrafá-las em locais distantes da produção.

Inspiração

“Esse processo é crítico, precisa de cuidados na manipulação para evitar a contaminação da bebida. Além disso, não é aconselhável transportar o vinho, pois, além do custo, movimentar as garrafas e deixá-las expostas ao sol podem comprometer sua qualidade”, observa Maziero.

Em 2008, os hoje cooperados José Boschini e Jacira Lima visitaram vinícolas chilenas e, no país andino, conheceram uma unidade móvel de envase terceirizada, cujos deslocamentos atendiam às propriedades de vitivinicultores.

Em 2011, a AVA deu início ao projeto de adquirir um caminhão nos mesmos moldes, considerando, porém, as necessidades de envase de seus cooperados. “Foram fundamentais nesse projeto o apoio da Cati, por meio da Casa da Agricultura local, assim como o apoio da Codeagro, para a regularização do envase móvel, até então proibido no Estado”, revela Maziero.

Orçado em R$ 750 mil, o caminhão teve R$ 522 mil financiados por meio do Projeto de Desenvolvimento Rural Sustentável – Microbacias II – Acesso ao Mercado, do Governo paulista e do Banco Mundial; e os R$ 228 mil restantes foram pagos à vista pelos cooperados. A capacidade de envase da unidade móvel é de 500 a 800 garrafas por hora.

O processo de envase na AVA começa com a elaboração e o envelhecimento do vinho em cada uma das propriedades. Quando a bebida está pronta para o consumo, uma bomba de sucção aspira o vinho para os tanques de filtragem da unidade móvel, construídos com aço inox e à prova de micro-organismos. Paralelamente, outro maquinário lava e higieniza as garrafas. Os passos seguintes são automatizados e já na garrafa: a transferência do líquido, colocação de rolha, rótulo e cápsula.


A força do agronegócio no Estado

Com apenas 3% de suas terras destinadas à agricultura, o Estado de São Paulo lidera o ranking do Valor da Produção Agropecuária (VPA), calculado pelo Instituto de Economia Agrícola (IEA), ligado à Secretaria de Agricultura e Abastecimento.

De perfil diversificado, o agronegócio paulista responde por quase um quarto da produção agrícola nacional. É o principal produtor de laranja (74%); amendoim (90%); cana-de-açúcar (53,4%); ovos (39%); borracha natural (56,5%); e tem papel relevante em itens como aves, batata, tomate de mesa, milho, carne bovina e café.

Atualmente, o agronegócio é responsável por aproximadamente 17% do Produto Interno Bruto (PIB) do Estado; no ano passado, as exportações paulistas somaram mais de US$ 46 bilhões. Os principais grupos comercializados com o exterior são os do complexo sucroalcooleiro (11% das vendas foram de álcool), carnes (79,4% bovina) e sucos (98,1% de suco de laranja).

De acordo com a última Relação Anual de Informações Sociais (RAIS), divulgada em 2015 pelo Ministério do Trabalho e Emprego, a agricultura concentra no País cerca de 1,5 milhão de empregos formais, principalmente nos cultivos da cana-de-açúcar, laranja e criação de gado bovino. Desse total, 329 mil vagas (21,8%) estavam no Estado de São Paulo, com destaque para os setores sucroenergético e de laranja, que concentram mais registros em carteira.

Serviço

Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (Cati)
Site Comemorativo do Jubileu de Ouro
Coordenadoria de Defesa Agropecuária do Estado (CDA)
Coordenadoria de Desenvolvimento dos Agronegócios (Codeagro)
Fundecitrus

Rogério Mascia Silveira
Imprensa Oficial – Conteúdo Editorial

Reportagem publicada originalmente nas páginas II e III do Poder Executivo I e II do Diário Oficial do Estado de SP do dia 18/05/2017. (PDF)

Instituto Biológico avalia riscos do percevejo-de-cama

Pesquisa integrante de projeto internacional irá verificar se a picada desse inseto pode causar doenças; quem encontrar exemplar da espécie deve remetê-lo para o IB

Pesquisa do Instituto Biológico (IB), vinculado à Secretaria Estadual de Agricultura e Abastecimento, irá mapear a incidência no Brasil do percevejo-de-cama, inseto cuja alimentação se baseia no sangue de humanos e de animais – cães, gatos, morcegos e aves.

A responsável pelo estudo, a bióloga Ana Eugênia de Carvalho Campos, explica que o intuito é receber o máximo possível de exemplares da praga vindos de todo o território nacional para determinar se, além da coceira e da perturbação do sono, a picada também pode provocar doenças.

Segundo a pesquisadora, o percevejo-de-cama pertence ao mesmo grupo de insetos do barbeiro, vetor da doença de Chagas – moléstia tropical causada pelo protozoário Trypanosoma cruzi com registro de muitos casos no Brasil e cujo ciclo de transmissão ocorre por meio da picada do inseto hematófago.

Na etapa posterior do projeto do IB, será analisado o código genético dos exemplares capturados em busca de traços de micro-organismos, como bactérias, vírus e protozoários relacionados às doenças transmitidas pelo sangue.

Multiplicação

Presente em todos os continentes e vivendo escondido em residências, o percevejo-de-cama alimenta-se de sangue nas suas fases jovem (ninfa) e adulta. Até a década de 1960, a população mundial da espécie esteve sob controle, por causa do uso de pesticidas clorados de amplo espectro, porém, de alta toxicidade e concentração residual, principalmente o DDT (diclorodifeniltricloroetano).

Com a gradual troca desses inseticidas por outros menos agressivos ao meio ambiente e direcionados a pragas específicas (baratas, pulgas e cupins), o número de exemplares do inseto explodiu nas últimas décadas.

Hoje, é praga considerada reemergente no País, isto é, representa novamente ameaça à saúde pública. “No passado, as infestações restringiam-se a locais insalubres, como cadeias e centros dedicados a pessoas em situação de rua.

Agora, ocorrem em casas, hotéis, cinemas, trens, metrôs, navios, aviões e até nos assentos de ônibus”, observa Ana Eugênia. Em sua avaliação, as causas da multiplicação descontrolada e da dispersão são diversas e incluem a globalização, os fluxos migratórios e o fato de não haver predadores naturais, além da circunstância de o inseto resistir até um ano sem se alimentar.

Inspeção

O inseto tem cor marrom avermelhada e seu corpo é achatado, com 5 a 7 milímetros de extensão, tamanho equivalente a uma semente de maçã. Ele não tem asas, nem salta, porém, anda rápido, e tanto machos quanto fêmeas picam as áreas desprotegidas da pele.

A praga habitualmente esconde-se nas frestas da cama e do colchão, sob o estrado, lençóis, fronhas, travesseiros e cobertores; e também vive infiltrada em áreas de descanso, como sofás e almofadas e em tecidos, móveis, cortinas e quadros.

Ao chegar a um quarto de hotel, o hóspede deve, antes de abrir as malas, inspecionar cuidadosamente o local e os móveis, além de retirar o lençol para conferir se há no colchão insetos ou marcas escurecidas. Caso sejam encontradas, elas podem ser das fezes do percevejo, pois a praga defeca depois de picar.

Outro sinal de infestação é que ele exala um cheiro semelhante ao da chamada maria-fedida. “É importante assegurar que o local está livre da praga, pois a fêmea faz a postura dos ovos na roupa das pessoas e, quando elas seguem viagem, os transportam na bagagem para outros destinos”, alerta a bióloga.

As picadas costumam ser alinhadas, em número de duas ou três, e provocam reação, de acordo com a sensibilidade de cada pessoa, assim como deixam marcas na pele. Em caso de infestação, a recomendação é contratar, se possível, uma empresa de desinsetização com experiência no controle de percevejos-de-cama, além de passar higienizador a vapor e depois aspirador de pó em todas as frestas e superfícies onde foram localizados os insetos.

Em seguida, deve-se incinerar o saquinho coletor de resíduos do eletrodoméstico. Por fim, é preciso lavar todas as roupas de cama e tecidos e secá-los na máquina com temperatura máxima. Quem não tiver secadora, deve deixá-las no sol e depois passar com ferro quente.

Pesquisa

No mundo, a espécie mais comum é a Cimex lectularius e no Brasil há também incidência da Cimex hemipterus. Desde 2012, a Unidade Laboratorial de Referência em Pragas Urbanas do Instituto Biológico, a única do gênero do País, mantém em seu site um link exclusivo para orientar cidadãos e empresas de desinsetização sobre como eliminar a praga. Esse serviço inclui questionário on-line, e sua proposta é identificar as espécies e a procedência dos insetos encontrados (ver serviço).

Essa orientação, destaca Ana Eugênia, surgiu como desdobramento de um curso ministrado em setembro de 2011 pelo especialista em percevejo-de-cama Roberto Pereira, da Universidade da Flórida (Estados Unidos).

Na época, ele alertou as autoridades brasileiras sobre os riscos da praga reemergente e a necessidade de ela ser mais bem estudada e reavaliada. Até março de 2017, o IB havia recebido 450 respostas do questionário; desses relatos, 432 atestaram a presença de exemplares encontrados nas residências: “Ou seja, a praga está restabelecida no País”, conclui a bióloga.

Internacional

O estudo do Instituto Biológico integra pesquisa da University Hospital Cleveland Medical Center & Case Western Reserve University, dos Estados Unidos, que tem o intuito de também averiguar se o percevejo-de-cama pode transmitir doenças. Dessa forma, os dados obtidos no território nacional pelo IB serão incorporados até agosto ao projeto internacional. Para isso, Ana Eugênia faz um apelo:

“Quem encontrar percevejos-de-cama em casa, deve enviá-los ao IB pelo correio, em vidro com álcool de concentração 70% ou mais, informando no rótulo o CEP do endereço onde foi realizada a coleta”. De acordo com a bióloga, cerca de 20 miligramas são suficientes para conservar os insetos e “essa substância para preservar os exemplares da praga custa cerca de R$ 3 em farmácias (ver serviço).

Serviço

Orientações do Instituto Biológico sobre o percevejo-de-cama
Para esclarecer dúvidas sobre a praga: anaefari@biologico.sp.gov.br

Remessa de frascos para o IB com percevejos-de-cama:
Aos cuidados de Ana Eugênia de Carvalho Campos
Av. Conselheiro Rodrigues Alves, 1.252
Vila Mariana – CEP 04014-002 – São Paulo (SP)

Rogério Mascia Silveira
Imprensa Oficial – Conteúdo Editorial

Reportagem publicada originalmente na página II do Poder Executivo I e II do Diário Oficial do Estado de SP do dia 04/05/2017. (PDF)

Secretaria da Agricultura busca novas parcerias com empresas

Em encontro realizado pela Apta no Instituto Agronômico de Campinas foram divulgadas pesquisas inovadoras produzidas nas instituições ligadas ao Estado e apresentados novos modelos de transferência de tecnologia

Com a proposta de estabelecer novas parcerias com a iniciativa privada e ampliar a segurança jurídica na relação entre institutos de pesquisa agropecuária vinculados ao Governo paulista e empresas, a Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (Apta) promoveu, na manhã de terça-feira, 28, no auditório do Instituto Agronômico de Campinas (IAC), o workshop Oportunidades de Novos Negócios para as Cadeias Agrícolas no Estado de São Paulo.

O evento abriu espaço para as instituições vinculadas à Secretaria Estadual da Agricultura e Abastecimento (SAA) divulgarem pesquisas inovadoras para alguns dos parceiros presentes, como, por exemplo, a Associação Nacional de Defesa Vegetal (Andef).

O encontro teve o apoio da Fundação de Desenvolvimento da Pesquisa do Agronegócio (Fundepag) e da Fundação de Apoio à Pesquisa Agrícola (Fundag), além da presença de equipes dos polos regionais da Apta e dos institutos Agronômico de Campinas (IAC), Biológico (IB), de Tecnologia de Alimentos (Ital), de Economia Agrícola (IEA), de Pesca (IP) e de Zootecnia (IZ).

“O intuito é aproveitar diversas leis recentes direcionadas à transferência de tecnologia, parcerias público-privadas e obtenção de patentes”, explica o coordenador da Apta, Orlando Melo de Castro. Do conjunto de novas regras, ele destaca o Marco Legal de Ciência, Tecnologia e Inovação (Lei federal nº 13.243/2016), a Lei estadual de Inovação (nº 1.049/2008), a Resolução nº 12/2016, da SAA, e o estabelecimento, em setembro do ano passado, dos Núcleos de Inovação Tecnológica (NITs) nos institutos ligados à secretaria (ver serviço).

Exclusividade

Para Melo de Castro, o momento atual é de nova fase na relação entre as empresas e os institutos paulistas de pesquisa, uma época de apresentar os frutos dos cerca de R$ 100 milhões federais e estaduais investidos neles desde 2008 em infraestrutura e equipamentos. Ele ressalta a importância da inovação criada nos laboratórios vinculados à pasta da Agricultura nos últimos cem anos para aumentar a produção de alimentos, promover a sanidade animal e vegetal e aprimorar processos.

“As instituições, as empresas e a sociedade têm vantagens nesse processo”, explica. “Com as novas regras, o empreendedor aporta recursos e terá disponível todo o aparato oferecido pelo Estado, incluindo a mão de obra qualificada dos pesquisadores e servidores, além dos equipamentos, laboratórios e fazendas experimentais”, informa.

Além disso, observa o coordenador, ele passa a ter direito à propriedade intelectual e à exclusividade no uso da tecnologia desenvolvida durante o período de validade do contrato, assim como divide os lucros obtidos pelo trabalho conjunto com os institutos e pesquisadores participantes em cada um dos projetos.

Pioneirismo

Vem do IZ, em Nova Odessa, um dos primeiros exemplos de parceria propostos no workshop. Em outubro do ano passado, a HYG Systems, empresa de Campo Limpo Paulista, assinou contrato com o Instituto de Zootecnia para o desenvolvimento conjunto de um carrapaticida natural formulado com óleos essenciais. A meta é oferecer, no futuro, fórmula inédita e sustentável de combate às pragas somente com o uso de extratos de plantas.

“A ideia é combinar compostos aromáticos para prevenir carrapatos e mosca-dos-chifres, mosca-varejeira (a causadora do berne) e a mosca-dos-estábulos. Outra vantagem do repelente é não deixar resíduos no meio ambiente”, explica Luciana Katiki, veterinária do IZ. Ela divide a autoria da pesquisa, iniciada em 2006, com os cientistas Cecília Veríssimo e Leandro Rodrigues.

“Sabíamos, há dez anos, ter encontrado princípios ativos importantes, mas faltava um parceiro interessado em transformá-los em um produto”, revela. Segundo ela, o projeto recebeu aporte de R$ 200 mil da HYG Systems e atualmente o produto está em fase de adequação e de validação. A meta atual é concluir os testes com o repelente até o final desse semestre.

Mais negócios

Outro exemplo de parceria possível vem do próprio IAC. Desde 2005, o agrônomo Alisson Chiorato trabalha com o melhoramento genético de variedades (cultivares) de feijão para o mercado interno e de exportação. Segundo ele, as sementes produzidas em Campinas atendem agricultores e empacotadores do principal alimento dos brasileiros e os cultivares estão presentes atualmente em cerca de 20% de todos os feijoeiros nacionais.

Para quem planta, explica Chiorato, a meta é ter vegetais robustos, produtivos, tolerantes à colheita mecanizada e resistentes às pragas existentes no País inteiro causadas por fungos, como a antracnose e a murcha-de-fusarium. Para os empacotadores, os pontos mais valorizados nas sementes são características como tamanho, cor e tolerância ao escurecimento.

“Durante o ano, o IAC promove diversos dias de campo em todo o Brasil para apresentar os cultivares desenvolvidos. Nesses encontros, ouvimos as necessidades dos compradores e vendemos as sementes. Agora, com essas novas opções de transferência de tecnologia e de parceria com o setor produtivo, a meta é avançar ainda mais no melhoramento genético e no desenvolvimento da agricultura nacional”, comenta o agrônomo.

Serviço

Marco Legal de Ciência, Tecnologia e Inovação
Lei Paulista de Inovação
Resolução nº 12/2016

Rogério Mascia Silveira
Imprensa Oficial – Conteúdo Editorial

Reportagem publicada originalmente na página I do Poder Executivo I e II do Diário Oficial do Estado de SP do dia 30/03/2017. (PDF)