Expodeco mostra trabalhos artísticos e performances de alunos de 75 escolas

Cerca de 4 mil estudantes apresentaram e conferiram shows musicais e participaram de oficinas pedagógicas

Entre os dias 11 e 13 de dezembro, a Secretaria Estadual da Educação promoveu, na capital, por meio da Diretoria de Ensino Centro-Oeste, a quarta edição da Expodeco. Sob o tema Dividir para somar, o evento foi realizado na EE Prof. Antonio Alves Cruz, no bairro de Pinheiros. Em destaque, os trabalhos apresentados pelas 75 escolas estaduais abrangidas pela Diretoria.

As instalações da escola foram adaptadas para receber os quatro mil alunos da diretoria Centro-Oeste e seus trabalhos. Do total de estudantes, mil deles se apresentaram no palco montado no pátio e integraram atrações musicais, de dança, teatro, capoeira e corais. Os demais criaram maquetes e recepcionaram os visitantes nas salas de aula, onde havia exposições artísticas e pedagógicas.

A programação da Exposição da Diretoria Centro Oeste (Expodeco) incluiu oficinas de panificação, produção de brinquedos, reciclagem de materiais e campanhas de saúde, como prevenção ao fumo, álcool, drogas e doenças sexualmente transmissíveis. O público também conheceu atividades de empresas e entidades parceiras das escolas nas atividades, como Unibanco, Bunge Alimentos, Siemens e o Projeto Aprendiz, do jornalista Gilberto Dimenstein.

Segundo Walkyria Ivanaskas, líder da diretoria Centro-Oeste de ensino, a Expodeco é uma confraternização anual que celebra todo o trabalho realizado ao longo do ano letivo nas escolas. “O planejamento do evento é sempre feito no ano anterior. Cada escola pode escolher os temas de seus trabalhos e selecionar internamente os melhores, depois encaminhados à Expodeco”, explica.

Egito e arqueologia

Ao longo do segundo semestre, a professora de História Maria José de Rosas, da EE Augusto do Amaral, orientou seus alunos em um trabalho sobre arqueologia. A atividade teve apoio e supervisão do Museu de Arqueologia e Etnologia da USP. E o resultado foi uma exposição com maquete e um diário de uma expedição. Este conjunto foi integrado à mostra de uma escola vizinha, que retratou os faraós do Egito e complementou a exposição com fotos e pequenas múmias, feitas com bonecas enfaixadas.

Numa sala ao lado, na oficina de vídeo e caricaturas, um grupo de professores e pais de alunos assistiu à peça Navio Negreiro e a um clipe montado na EE Alexandre Von Humboldt. Na coreografia, um aluno homossexual dubla a cantora norte-americana Gloria Gaynor e os colegas participam do coro.

“Havia a preocupação de como a comunidade escolar reagiria ao fato. No final, a experiência foi muito rica, sublinhou a tolerância e o respeito à diversidade”, explica Rosana Silva, orientadora pedagógica da escola.

Dança do coco

Na programação do dia 11, um dos destaques foi a apresentação das quartas séries da EE Prof. Adolfo Trípoli, da Vila Sônia. O grupo, treinado pelo professor de educação física Marcos Leão Cruz, apresentou a dança do Coco de Roda, originada no litoral dos Estados de Alagoas, Paraíba e Pernambuco.

O Coco de Roda surgiu com os cânticos entoados pelos escravos durante o processo manual de quebra do coco com pedras. A representação cultural também teve influência indígena e portuguesa. A despedida do show foi uma chuva de pétalas de rosas sobre a platéia.

“O objetivo da dança, assim como das aulas de capoeira e de maculelê, é valorizar a cultura africana e reforçar o traço negro na formação da cultura e identidade brasileiras”, explica o professor Marcos.

Os alunos Janaína Silva e Allef Souza ensaiaram a Dança do Coco desde o início do ano. Na primeira apresentação da coreografia, na EE Prof. Adolfo Trípoli, a estudante conta que seus pais até choraram quando a assistiram.

“Tínhamos medo de errar os passos, mas o professor nos ensinou a jamais desistir. Hoje estamos todos orgulhosos”, afirmou.


Trabalho reconhecido

A educadora Paula Modenesi Ribeiro, da EE Ludovina Credídio Peixoto foi uma das homenageadas na 4ª Expodeco. Seu projeto Auto-retrato, foi um dos dez premiados em 2007 pela revista Nova Escola, da Editora Abril. A iniciativa motivou 450 estudantes do ensino fundamental a buscar e representar, por meio de elementos artísticos, sua própria identidade.

Paula conta que o trabalho foi desenvolvido ao longo de todo o ano letivo. Incluiu mostrar auto-retratos de artistas como a pintora mexicana Frida Kahlo e pesquisas familiares, com o resgate de fotos dos pais e avós das crianças. No final, o resultado foi uma exposição, durante dois dias, nas paredes e instalações da escola, de 450 telas pintadas a guache. “O objetivo é reforçar a auto-estima do aluno, valorizar sua origem e ampliar a formação educacional”, finaliza.

Rogério Mascia Silveira
Da Agência Imprensa Oficial

Reportagem publicada originalmente na página I do Poder Executivo I e II do Diário Oficial do Estado de SP do dia 15/12/2007. (PDF)

Escola indígena preserva cultura e tradição guarani em Mongaguá

Iniciativa da Educação cumpre a lei vigente e amplia qualidade de vida e inclusão social de cinco etnias

Localizada em Mongaguá, no litoral sul paulista, a aldeia Aguapeú recebeu no início de 2005 o prédio da escola solicitado ao Núcleo de Educação Indígena (NEI), da Secretaria Estadual da Educação (SEE). O edifício complementou o trabalho realizado pelos índios guaranis desde o ano 2000 e ampliou a formação cultural e educacional das crianças, jovens e adultos da comunidade.

No Estado, o Núcleo responde pela educação dos indígenas. São cinco as etnias atendidas (guarani, tupi-guarani, krenak, terena e kaingang). Este serviço atende à legislação brasileira vigente e é restrito às comunidades étnicas moradoras de reservas florestais da União.

A escola indígena reproduz o padrão arquitetônico dos guaranis e fica localizada no centro da aldeia. O estabelecimento de ensino tem professor, vice-diretor, merendeira e uma funcionária encarregada da limpeza. Há 14 alunos matriculados e atende atualmente 20 famílias guaranis (120 pessoas) da comunidade, oferecendo ensino fundamental unificado da primeira à quarta-série. A partir de 2008, terá também educação infantil.

Artesanato fino

A aldeia Aguapeú tem luz elétrica, água encanada e fica a 93 quilômetros da capital, numa área de 4,3 mil hectares preservados de Mata Atlântica. É separada do continente pelo Rio Aguapeú. O acesso é feito por barco, após desvio na Rodovia Padre Manuel da Nóbrega (SP-55).

Para se alimentar, o grupo mantém lavouras de subsistência, como mandioca, milho e banana. E pesca e caça pequenos animais como paca e tatu. A principal atividade econômica é a produção e venda de artesanato fino e tapeçaria, tarefa dividida entre os homens e mulheres guaranis.

Na aldeia são comuns uniões conjugais entre parentes. Todos têm dois nomes, um em guarani e outro em português. Porém, entre eles prevalece sempre a denominação étnica. A principal liderança é o cacique Ratende (Davi), que é casado com Jera Poty (Laurinha), a vice-diretora da escola, que por sua vez, é filha do professor da escola, Karat (Jeremias).

Ratende explica que os integrantes da comunidade têm boa saúde e qualidade de vida. Porém, antes da instalação da escola, as crianças tinham dificuldades de
inserção profissional e de integração na sociedade. “Muitos tinham dificuldade para executar tarefas simples, como ler, escrever e calcular o troco da venda dos itens de artesanato”, analisa o cacique.

Frutos da terra

A principal liderança do grupo elogia o cardápio da merenda, que é balanceado e elaborado por nutricionistas da SEE. Inclui os gêneros alimentícios encaminhados regularmente para todas as escolas do Estado e também legumes e verduras produzidas na própria reserva. “A refeição escolar é aberta para todos. Este é um fator de integração e de solidariedade, uma marca da cultura guarani”, explica.

A vice-diretora da escola Jera Poty ajuda nas aulas de Português e Matemática. Esposa do cacique, ela é uma das pioneiras da formação indígena no Estado. A educadora de 24 anos considera que com o advento e ampliação da escola com o prédio, o vocabulário das crianças nas duas línguas foi ampliado.

Segundo Jera Poty, um desafio é estimular os alunos a praticar e difundir antigas brincadeiras guaranis. “É difícil concorrer com a TV e os videogames, influências ruins para as crianças”, explica. Sobre o telefone celular, ela afirma ser muito útil e comum na aldeia. “Para expandir mais a educação indígena, precisamos agora de uma biblioteca escolar e de uma linha telefônica fixa para mantermos a comunicação diária com a SEE”, afirma.

Centro cultural

Além do conteúdo pedagógico, a escola indígena funciona também como centro cultural. Durante as aulas, são resgatadas tradições como a pintura nos corpos, danças, arte plumária e contos e mitos sobre antepassados. São também entoados cânticos em louvor a Nhanderu principal entidade religiosa dos guaranis. Estas tarefas são executadas pelo professor Karat.

“Todos os dias rezamos, dançamos e nos pintamos para celebrar uma data. Músicas como a para Tupã Miri (o filho de Deus), ensinam um rito de guerra e de defesa pessoal para meninos e meninas. Outra peculiaridade é que muitas das lições são transmitidas na mata. Toda a cultura fundamenta o currículo escolar. O aluno aprende a preservar a natureza e também a saltar, preparar armadilhas e reconhecer animais e aves. Para o futuro, ainda não escolhi qual dos estudantes será meu sucessor. Mas muitos já estão aptos”, afirma satisfeito o professor.


Cidadania e inclusão

O antropólogo Rafael Morales, do Núcleo de Educação Indígena afirma que a formação de professores indicados pelas aldeias é um grande passo de cidadania para o País. “Instituída no Estado em 1997, a educação indígena interrompeu o extermínio da cultura nativa e ampliou a qualidade de vida e o nível educacional e dos remanescentes”, afirma.

O professor de história e atendente técnico pedagógico da SEE Lenílton Barros faz coro à observação de Rafael. Ele coordena a Comissão Étnica do NEI e avalia que o caráter bilíngue e intercultural da escola indígena propicia a inclusão social das etnias remanescentes presentes no Estado.

Rogério Mascia Silveira
Da Agência Imprensa Oficial

Reportagem publicada originalmente na página III do Poder Executivo I e II do Diário Oficial do Estado de SP do dia 23/10/2007. (PDF)

Poder público se une para desenvolver programas ambientais em Mogi Guaçu

Parceria entre prefeitura e Diretoria Regional de Ensino faz campanha pela redução do desperdício de água no município

Para chamar a atenção da população para o problema do desperdício de água em Mogi Guaçu, a prefeitura municipal e a Diretoria Regional de Ensino da Secretaria Estadual da Educação se uniram num programa de educação ambiental voltado para as 21 escolas estaduais da cidade. A parceria definiu uma programação de atividades que teve início na Semana da Água, em março, e irá se estender até o mês de dezembro.

A parceria envolve o Serviço Autônomo Municipal de Água e Esgoto (Samae), autarquia ligada à prefeitura de Mogi Guaçu e a Diretoria Regional de Ensino de Mogi Mirim. E foi iniciada em março de 2006, com a inauguração da estação municipal de tratamento de esgoto de Mogi Guaçu.

A idealizadora da parceria é a assistente técnico-pedagógica Gleise Santos, que integrou os programas de combate ao desperdício Água Hoje e Sempre: Consumo Sustentável, da Secretaria de Educação, e Educação e Cidadania – SMAE, da prefeitura. A união já possibilitou a realização de visitas patrocinadas por parceiros do município às estações de tratamento de água e esgoto, a criação de uma agenda ambiental permanente na região e uma gincana, que está sendo disputada por todas as escolas públicas de Mogi Guaçu.

A gincana tem metas específicas, como a redução do consumo nas escolas e também a adoção e intervenções ambientais em um curso d’água próximo da escola, podendo ser um lago, mina, ou córrego. As ações podem ser individuais ou coletivas, a critério das escolas e incluem práticas como replantio de árvores, retirada de lixo, separação de materiais para coleta. Caso haja união entre duas ou mais escolas para a realização de uma tarefa, a pontuação na gincana é ainda maior.

As três escolas melhor classificadas farão, em dezembro, uma visita ao Parque Estadual da Serra do MarAquário de Santos. Os três ônibus com 50 lugares serão pagos pelo patrocinadores da comunidade.

“A intenção é conscientizar as gerações futuras sobre a questão do desperdício da água, um recurso natural não renovável que tende a ser escasso em breve. Conseguimos financiamento com empresários da cidade para o programa, que reúne todos segmentos da população. Até junho, professores e coordenadores pedagógicos das escolas estão sendo capacitados para atuarem como agentes multiplicadores. Em breve, repassarão o conhecimento adquirido para os estudantes e estes para seus familiares e vizinhos”, observa.

A dirigente regional de ensino de Mogi Mirim, Elin de Freitas Vasconcelos, comenta que o próximo passo será estender gradativamente o programa realizado em Mogi Guaçu para as 11 escolas de Mogi Mirim, cidade vizinha localizada distante oito quilômetros. E por fim, estendê-lo também para os 60 mil alunos da região, que compreende também os municípios de Águas de Lindóia, Amparo, Conchal, Estiva Gerbi, Holambra, Itapira, Lindóia, Monte Alegre do Sul, Pedreira, Santo Antonio de Posse e Serra Negra.

Valdir Grossi, diretor administrativo do Samae, conta que Mogi Guaçu é uma cidade que possui 140 mil habitantes e perde 40% de toda água tratada, em vazamentos e em situações corriqueiras, como não fechar a torneira durante a escovação dos dentes. “A intenção da campanha ambiental é começar a combater as causas do desperdício e não somente seus efeitos. O consumidor paga hoje R$ 10,4 por dez mil litros de água e este valor refere-se somente à distribuição. Em breve, pagará também pelo insumo – e o recurso será cada vez mais escasso”, alerta.


Casamento perfeito

Os alunos da oitava série da EE Professora Anália de Almeida Bueno aprovaram a gincana. Motivados, tiveram a oportunidade de dar prosseguimento a uma iniciativa de preservação ambiental iniciada por um grupo de 30 alunos do ensino médio e cinco professores liderados pelo professor de História José Sidney Teixeira em 2005. A atividade consistiu na recuperação de um nascente degradada do Rio Mogi Guaçu, localizada a 200 metros do estabelecimento de ensino.

O local tem árvores com mais de 200 anos, é uma pequena porção remanescente de Mata Atlântica. O grupo de estudantes colheu amostras da água, flores e folhas de árvores e as entregou para uma bióloga da Faculdade Franco Montoro, que comprovou serem todas de espécies nativas, que não haviam sido plantadas.

“Este programa de conservação ambiental foi um casamento perfeito entre as atividades que já eram desenvolvidas na escola e as ações da Samae. Com o trabalho, notamos que há um casal de tucanos que sempre aparece nas árvores do local e também descobrimos que quem jogava lixo nas margens da nascente eram pais e avós de alunos. Eles hoje são os maiores defensores da nascente, inclusive por que encontramos amparo na Lei Orgânica do Município para preservar em definitivo o local”, comenta José Sidney.

Rogério Mascia Silveira
Da Agência Imprensa Oficial

Reportagem publicada originalmente na página I do Poder Executivo I e II do Diário Oficial do Estado de SP do dia 11/05/2007. (PDF)