Cera ecológica é inovação apoiada pelo IPT

Parceiro do empreendedor paulista, Instituto de Pesquisas Tecnológicas capacita quem deseja iniciar produção ou aprimorar processos para atender ao mercado interno e externo

Substituir a parafina – extraída do petróleo e espalhada na prancha pelo surfista para oferecer mais equilíbrio nas manobras – por uma cera ecológica, proveniente de fonte renovável e capaz de se degradar no meio ambiente sem afetar o ecossistema marinho.

Com essa proposta, o microempreendedor Alexandre Bruno, de Cotia, município da Grande São Paulo, encontrou no Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) o parceiro ideal para desenvolver uma linha de produtos à base de cera de abelha capaz de propiciar alta aderência para a prática de surfe, bodyboarding e stand-up paddle em águas de diferentes temperaturas.

Publicitário e webdesigner freelancer, Bruno, 38 anos, pega onda desde os 16 anos. No início, revela ter testado por conta própria receitas caseiras de misturas com ceras apresentadas no canal de vídeos YouTube – porém nenhuma delas resistia aos testes com a prancha na água. Depois, o surfista amador passou a importar dos Estados Unidos alguns produtos à base de cera de abelha. No entanto, a crise cambial tornou-os caros demais.

Consultoria

Bruno decidiu montar um negócio e fabricar a cera, partindo do zero, para lançar um produto inédito no País e funcional, que pudesse ser usado em qualquer situação pelo surfista. Ele sabia do ferramental e serviços tecnológicos oferecidos pelo IPT, órgão vinculado à Secretaria Estadual de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação, para empresas de todos os portes, interessadas em atender ao mercado interno e externo.

Em março de 2015, Bruno enviou e-mail ao Núcleo de Atendimento Tecnológico à Micro e Pequena Empresa (NT-MPE) para pedir orientação sobre como desenvolver o produto e obter financiamento para abrir sua empresa, depois batizada de Parafinaria (ver serviço). Duas semanas depois, recebeu resposta do Produção Mais Limpa (Prolimp), um dos programas do NT-MPE.

O atendimento ficou a cargo da equipe formada pelos engenheiros químicos Silas Derenzo e Guilherme Ungar e pela estagiária Larissa Araújo, do Laboratório de Processos Químicos e Tecnologia de Partículas. No contrato assinado entre as partes, Bruno aportou R$ 4 mil; o Estado, por meio da secretaria, subsidiou os R$ 19 mil restantes necessários, além de fornecer ao microempreendedor a consultoria do IPT para montar e gerir o novo negócio.

Baixo custo

Uma das dificuldades iniciais, revela Derenzo, era não existir referência técnica constituída sobre a nova cera, cuja composição utiliza somente matérias-primas naturais e nacionais. Trabalhando em conjunto, Bruno, Derenzo e a equipe do IPT aprimoraram o produto ao longo de seis meses.

Nesse período, avaliaram dureza, temperatura de fusão e capacidade de aderência da cera. Bruno fazia testes nos fins de semana na Praia do Tombo, Guarujá. Em novembro de 2015, o trabalho foi concluído e rendeu um pedido nacional de patente, cuja propriedade intelectual é compartilhada entre a microempresa e o IPT.

“O surfe é uma integração completa do ser humano com a natureza e seu praticante costuma valorizar a preservação ambiental. Com a cera orgânica, o atleta passa a dispor de um produto de baixo custo para passar na prancha e ter uma película com ótima aderência. Aliás, pode usar sem sentimento de culpa. O produto não tem origem fóssil nem utiliza processos produtivos poluentes, desde o início até o fim de seu ciclo na natureza”, conta o microempresário.

Diferenciais

Além da questão da sustentabilidade, a cera orgânica tem como atrativos melhorar o desempenho do surfista sobre as ondas e, principalmente, o preço. É comercializada on-line no atacado e no varejo no site da empresa (ver serviço). A equipe do IPT ajustou o odor da cera e amenizou o cheiro excessivo de mel.

Para turbinar as vendas, os parceiros apostam no crescimento do comércio eletrônico mundial, considerando a vasta faixa litorânea existente no País e o fato de o Brasil ter esportistas campeões mundiais, como Gabriel Medina, no surfe, um incentivo para “mais pessoas destruírem somente as ondas e não as praias”, brincam os parceiros.

Serviço

Núcleo de Atendimento Tecnológico à Micro e Pequena Empresa do IPT
E-mail ntmpe@ipt.br
Telefone (11) 3767-4204

Parafinaria

Rogério Mascia Silveira
Imprensa Oficial – Conteúdo Editorial

Reportagem publicada originalmente na página III do Poder Executivo I e II do Diário Oficial do Estado de SP do dia 11/04/2017. (PDF)

Fatec Indaiatuba aposta no empreendedorismo

Sediada na zona rural de Monte Mor, empresa de feno mais rico em nutrientes foi criada a partir de TCC de três irmãs e ex-alunas da Faculdade de Tecnologia

Formadas no curso de Gestão Empresarial, oferecido pela Faculdade de Tecnologia do Estado (Fatec) de Indaiatuba – Dr. Archimedes Lammoglia, as irmãs Jaqueline, Janaína e Mirian Poltronieri montaram na propriedade da família uma empresa especializada em produzir e comercializar feno para cavalos.

No período de 2008 a 2014, as três concluíram a graduação tecnológica com trabalhos acadêmicos direcionados ao empreendedorismo, uma das propostas da formação tecnológica oferecida pelo Centro Paula Souza. Desse modo, estruturaram um novo negócio em um mercado ainda pouco explorado e com potencial de crescimento.

Responsável pela disciplina de Logística e orientador de Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), o professor Reinaldo Toso Júnior lecionou para as irmãs entre o primeiro semestre de 2008 e o segundo de 2014, tendo também coordenado o TCC de duas delas.

A primeira das filhas de Valdir Poltronieri, produtor rural de Monte Mor, a ingressar no curso foi Jaqueline; um semestre depois, sua irmã gêmea Janaína também passou no vestibular semestral da instituição (ver serviço) e, quando as duas obtiveram o diploma, no final de 2010, a caçula Mirian começou a cursar o primeiro dos seis semestres da formação.

A origem de tudo, lembra Toso Júnior, foi o TCC de Jaqueline, orientado pelo professor Luiz Antonio Daniel, atual diretor da Fatec Indaiatuba, propondo soluções para ampliar a produtividade das lavouras de batata, a principal cultura na propriedade da família Poltronieri.

Na sequência, Janaína abordou, em seu último trabalho acadêmico, o tema meios para aumentar a viabilidade técnica e econômica de negócios rurais. Por fim, o trabalho de Mirian consistia em um estudo de mercado completo apresentando os pontos estruturais de um futuro negócio com base na produção de feno (capim), contendo plano de negócios, análise da concorrência, pontos fortes e fracos, etc.

Nome de mercado

Depois de formadas, as irmãs seguiram carreiras diferentes, porém, ligadas ao empreendedorismo. Janaína, hoje, trabalha com o pai, como administradora; Jaqueline é funcionária de uma fabricante de motos; e Mirian abriu negócio próprio, batizado, inicialmente, de Feno Poltronieri. Segundo a caçula, no meio rural a divulgação de muitos produtos ocorre no “boca a boca”. Com o feno produzido por ela não foi diferente. Feito à base de capim da variedade tifton 85, o alimento para cavalos tem como diferencial sua composição, mais rica em nutrientes em comparação com a gramínea convencional.

A prevalência de invernos secos no Estado de São Paulo nas últimas décadas foi uma das justificativas para a criação desse negócio, iniciado no começo de 2014. Com menos pasto disponível nessa estação do ano, os donos de haras precisam alimentar seus animais com capim cultivado – daí a necessidade desse tipo de alimento produzido na fazenda da família Poltronieri, cuja cor esverdeada aumenta o interesse do animal.

Sucesso

Mirian conta que, logo após abrir a microempresa, precisou rebatizá-la. “O nome original não pegou. Meus clientes, donos de haras da região, vinham em busca do ‘feno das meninas’, ninguém sabia o nome correto”, conta. Hoje, observa, não faltam pedidos, muitos deles recebidos pela fanpage do produto no Facebook (ver serviço) e por meio de contatos feitos em ações de marketing em rodeios e festas de cavalaria. Por enquanto, ela não pretende ampliar a produção, por não dispor de infraestrutura suficiente para crescer mantendo a qualidade.

Depois de formada, Mirian manteve contato, por e-mail, com Toso Júnior. O tema das correspondências eram os desdobramentos da microempresa Feno das Meninas e para manter em dia o intercâmbio de informações entre as partes. O sucesso dessa experiência empreendedora motivou convites do professor para Mirian e as gêmeas relatarem sua experiência para estudantes atualmente matriculados na Fatec Indaiatuba.

Para o docente, foi o interesse das jovens que o fez também apostar no projeto. “A primeira coisa é a questão da seriedade com a qual o aluno encara a Fatec. As três tinham esse comprometimento e visão de que era um trabalho para a vida delas”, conta. “Hoje, esse caso de sucesso se tornou referência em toda a região. Mirian passou a ser pessoa conhecida, tendo sido inclusive convidada para conduzir a tocha olímpica em Indaiatuba, em julho”, finaliza.

Serviço

Fatec Indaiatuba
Vestibular Fatec
Feno das Meninas

Rogério Mascia Silveira
Imprensa Oficial – Conteúdo Editorial

Reportagem publicada originalmente na página III do Poder Executivo I e II do Diário Oficial do Estado de SP do dia 13/09/2016. (PDF)

IPT tem tecnologia para exportar e crescer

Programa de apoio à exportação do instituto auxilia empresas paulistas a certificar e adequar produtos e serviços para comercialização no mercado internacional

Auxiliar empresas paulistas a internacionalizar seus produtos e serviços para comercializá-los em todos os continentes. Esse é o mote do Programa de Apoio Tecnológico à Exportação (Progex). Criada em 1999, a iniciativa do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) registra 1,2 mil atendimentos em seu portfólio de serviços.

O Progex é um dos cinco programas oferecidos pelo Núcleo de Atendimento Tecnológico à Micro e Pequena Empresa (NT-MPE) do IPT. Além do apoio às exportações, o serviço inclui os programas das Unidades Móveis (Prumo), Qualificação de Produtos para o Mercado Interno (Qualimint), Gestão da Produção (Gespro) e Produção Mais Limpa (Prolimp). O site do IPT apresenta a relação de serviços do NT-MPE (ver serviço), que já foram contratados 4,5 mil vezes por 3 mil empresas.

A consultoria em tecnologia e inovação do instituto está disponível para empresas paulistas de qualquer segmento econômico com faturamento anual de até R$ 90 milhões. O serviço não é gratuito, mas o Estado e o governo federal bancam até 90% dos custos de cada pedido, ficando o restante a cargo do contratante, que pode parcelar o pagamento.

Adequação

A bacharel em ciências da computação e diretora do NT-MPE, Mari Katayama, destaca que a assessoria do Progex é personalizada de acordo com as necessidades de cada empresa. Adequação e certificação de produtos para o mercado estrangeiro são as solicitações mais comuns. A maioria delas costuma ser atendida pela equipe de oito engenheiros e três técnicos do NT-MPE. “Entretanto, quando chega um pedido muito específico, convocamos profissionais de outros laboratórios do IPT e de instituições parceiras”, explica Mari.

O engenheiro eletricista e pesquisador do NT-MPE, Djair Vitoruzzo, conta que um dos trabalhos mais significativos realizados pelo Progex foi a adequação de produtos a duas diretivas (conjuntos de regulamentos técnicos) adotadas a princípio por países europeus e depois incorporadas por diversos importadores.

O pesquisador explica que essas legislações valem para cosméticos, eletroeletrônicos, máquinas, eletrodomésticos, entre outros itens. A ênfase das diretivas é a segurança, mas inclui critérios de saúde, sanitários, tecnológicos e ambientais. Um exemplo é a análise de todo o ciclo de vida de um produto – desde a obtenção das matérias-primas utilizadas na sua fabricação até o descarte dos componentes no meio ambiente.

Desafios

O trabalho do Progex para atender aos requisitos da primeira diretiva, a de Conformidade Europeia (Conformity European – CE), foi realizado em 2001. O segundo, relativo à Restrição de Substâncias Perigosas (Restriction of Certain Hazardous Substances – RoHS), foi executado em 2008.

Na avaliação de Vitoruzzo, a tendência atual do comércio internacional é exigir controles cada vez mais rígidos para a circulação de mercadorias entre os países, um dos principais desafios ao livre mercado mundial. “No entanto, o empreendedor paulista tem no IPT um aliado para superar essas dificuldades”, destaca.

Pioneirismo

Um dos primeiros solicitantes de adequação às diretivas foram empresas da Associação Brasileira da Indústria de Artigos e Equipamentos Médicos, Odontológicos, Hospitalares e de Laboratórios (Abimo). A principal delas foi a Fábrica de Aparelhos Nacionais de Eletromedicina (Fanem), produtora nas áreas neonatal, laboratorial, de fototerapia e de biossegurança.

Com sede localizada atualmente no bairro de Santana, na capital, e fábrica funcionando em Guarulhos, a empresa criada em 1924, pelo imigrante alemão Arthur Schmidt, surgiu em uma garagem, transformada em oficina, localizada no bairro paulistano da Bela Vista.

O diretor-executivo da multinacional brasileira, Djalma Rodrigues, representa a quarta geração da família Schmidt. Dos seus 74 anos de vida, 52 foram dedicados à empresa idealizada e consolidada pelo avô de sua esposa, cuja proposta inicial era prestar assistência técnica aos equipamentos de raios X da marca Siemens que ele comercializava.

Engenheiro e ferramenteiro dotado de múltiplas habilidades, Schmidt começou a projetar e fabricar, de modo pioneiro no País, equipamentos de eletromedicina para laboratórios e hospitais, tais como aparelhos de corrente galvânica, cauterizadores e estufas de esterilização.

Parceria

Em meados de 2002, a empresa exportava para 30 países. “Com o apoio permanente do IPT, hoje vendemos para 110 países de todos os continentes”, informa o diretor da multinacional brasileira, satisfeito com a parceria de muitos anos com o instituto paulista vinculado à Secretaria Estadual de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação.

A empresa responde por 80% das vendas de eletromédicos no mercado nacional e tem duas linhas de produtos para exportação. Rodrigues informa que o uso e manutenção de todos os aparelhos revendidos é ensinado em capacitações anuais presenciais e a distância para 5 mil profissionais, divididos em clientes, médicos e enfermeiros.

Orgulhoso, aponta como duas grandes conquistas a inauguração dos serviços do Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro) na área de eletromédicos e o fato de cerca de 80% dos recém-nascidos brasileiros darem seu primeiro sopro de vida em um dos equipamentos produzidos pela empresa.

Atualmente, emprega 240 funcionários em Guarulhos e 40 na capital. Possui representações comerciais em todos os continentes e um dos escritórios campeões de vendas fica em Amã, na Jordânia (Oriente Médio). Em 2011, a empresa instalou uma planta industrial de eletromédicos, na cidade de Bangalore, na Índia, que hoje funciona com 30 empregados.

Serviço

Atendimento do IPT às Micro e Pequenas Empresas (NT-MPE)
Telefone (11) 3767-4204
E-mail katayama@ipt.br

Rogério Mascia Silveira
Imprensa Oficial – Conteúdo Editorial

Reportagem publicada originalmente na página IV do Poder Executivo I e II do Diário Oficial do Estado de SP do dia 29/04/2016. (PDF)