Feap/Banagro financia o desenvolvimento da agricultura paulista

Com juros de 3% ao ano, as 29 linhas de crédito têm prazos de carência e de pagamento mais atrativos em comparação aos oferecidos nos bancos comerciais

Para fortalecer e ampliar a sustentabilidade dos negócios no campo, o Fundo de Expansão do Agronegócio Paulista (Feap), do Banco do Agronegócio Familiar (Banagro), da Secretaria Estadual de Agricultura e Abastecimento (SAA) oferece diversos apoios para produtores pessoa física e jurídica, pescadores artesanais, associações e cooperativas.

O portfólio de opções inclui 29 linhas de crédito, Seguro Rural, os programas Pró-Trator e Pró-Implemento e o Contrato de Opção, um mecanismo pioneiro no País para garantir o preço mínimo futuro do café, milho, soja e boi gordo, commodities agrícolas negociadas na Bolsa de Valores, Mercadorias e Futuros de São Paulo (BM&FBovespa).

“A proposta é apoiar o pequeno e o médio produtor e a agroindústria paulista, além de garantir a oferta de alimentos de qualidade na mesa da população”, destaca o engenheiro agrônomo Fernando Aluizio Pontes de Oliveira Penteado, secretário executivo do Feap/Banagro.

Segundo ele, desde a criação do Fundo, por meio da Lei Estadual nº 7.964/1992, até o final de março de 2018, os repasses já totalizaram R$ 706,4 milhões em 28,2 mil operações de crédito efetuadas. “Hoje, estão vigentes 4,9 mil contratos, com saldo devedor de R$ 330 milhões. O orçamento anual é de R$ 60 milhões e há R$ 40 milhões disponíveis em caixa”, informa.

Regras

No Feap/Banagro, cada financiamento atende a uma atividade econômica específica e os juros são de 3% ao ano. “Porém, quem não atrasa pagamento, paga somente 2,25%”, observa Oliveira Penteado, destacando outros benefícios, como os prazos de carência e de parcelamento também mais vantajosos em comparação aos oferecidos pelos bancos.

O agente financeiro das operações é o Banco do Brasil e todas as informações sobre as linhas ficam disponíveis no site da SAA (ver Serviço). Nos empréstimos, a garantia a ser fornecida pelo crédito deve corresponder, no mínimo, à totalidade do valor solicitado, sendo aceito penhor, hipoteca, fiança, aval ou outras formas. Quem, por exemplo, compra um trator, pode oferecê-lo como garantia.

Se o requerente for um produtor rural pessoa física, com renda anual de até R$ 800 mil, tem direito a assinar mais de um contrato, porém a soma dos financiamentos não pode superar R$ 600 mil. Se o contratante for pessoa jurídica, o teto do faturamento anual sobe para R$ 2,4 milhões; para associações, este limite dobra; se for cooperativa, o montante máximo para a sobra e o lucro líquido é de R$ 4,8 milhões anuais.

Como pedir

Os pedidos de financiamento são realizados nas Casas da Agricultura, ação da Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (Cati/SAA) com as prefeituras paulistas (ver Serviço). A Fundação Instituto de Terras do Estado (Itesp), órgão vinculado à Secretaria Estadual da Justiça e da Defesa da Cidadania, também encaminha solicitações de crédito ao Feap/Banagro em projetos com assentamentos e comunidades quilombolas.

“Todo pedido é sempre associado a um projeto e elaborado por agrônomo da Casa da Agricultura em conjunto com o produtor. O documento detalha características da propriedade como porte, nível de renda, produtividade, entre outras questões”, destaca Oliveira Penteado. Segundo ele, outras duas ações importantes do Feap/Banagro são realizadas em parceria com a Secretaria Estadual do Meio Ambiente (SMA).

A primeira delas é no âmbito do Programa Nascentes e financia a recuperação de matas ciliares e corpos d’água em propriedades rurais. A segunda, prevista para terminar no final de setembro, é complementar as solicitações do Microbacias II – Acesso ao Mercado, iniciativa de crédito bancada pelo Governo do Estado e Banco Mundial voltada às cooperativas e associações de produtores realizada pela Cati em parceria com a Coordenadoria de Biodiversidade e Recursos Naturais (CBRN) da SMA.

Diversificado

O crédito rural financia itens para agricultura em ambiente protegido (estufas), irrigação (poços artesianos e semiartesianos) e equipamentos para transição agroecológica e modernização da produção orgânica. Há também linhas para avicultura de corte, apicultura, apoio às pequenas agroindústrias, bubalinocultura, desenvolvimento regional sustentável, café, caprinocultura, flores e plantas ornamentais, floresta, fruticultura, gestão da qualidade (certificação de produtos) e Integração lavoura-pecuária-floresta (Integra SP).

A lista inclui também crédito para a compra de máquinas e equipamentos comunitários, ovinocultura, plantio direto na palha, produção de mudas cítricas em ambiente protegido, pesca artesanal, piscicultura convencional em viveiros e barragens, piscicultura em tanques-rede, pecuária de leite, qualidade do leite, pupunha, renovação de pomares de citros, sericicultura, sementes e mudas, turismo rural.

Mais Leite, Mais Renda

Um dos executores do Plano Mais Leite, Mais Renda, o agrônomo José Luiz Fontes, da assessoria técnica da SAA, destaca aprimoramentos realizados em duas linhas de crédito do Feap/Banagro. “Rebatizadas como Pecuária de Leite e Qualidade do Leite, ambas financiam até R$ 200 mil, com carência de até um ano e seis anos para pagar”, explica. A motivação, comenta, é passar a atender demandas antes não atendidas e aumentar a qualidade, assim como o volume e a lucratividade. “Deste modo, o negócio ganha diferenciais, como, por exemplo, a produção de alimentos orgânicos e lácteos”, informa.

Hoje, a produção leiteira paulista supre apenas 25% do total consumido no Estado. O rebanho paulista tem 5,5 milhões de cabeças e produz 1,77 bilhão de litros por ano. A meta do Plano (ver Serviço) é crescer 3,5% ao ano e chegar a 2 bilhões de litros anuais em 2027. “Queremos saltar de 1,4 mil litros produzidos por uma vaca a cada ano (dado apurado em 2014 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE) para 2 mil litros anuais nos próximos dez anos”, analisa Fontes.

Nesse sentido, conclui, os financiamentos são uma das principais estratégias. Permitem ao produtor comprar matrizes e reprodutores e assim promover o melhoramento genético do rebanho; reformar e formar pastagens; construir e adequar estábulos, currais, bezerreiros, salas de ordenha e equipamentos; adquirir insumos e kits para manejo reprodutivo e inseminação artificial; instalação de sistemas de irrigação, entre outras possibilidades.

Serviço

Feap/Banagro
Lei nº 7.964/1992 (criação do Fundo)
Casas da Agricultura
Microbacias II – Acesso ao Mercado
Plano Mais Leite, Mais Renda


Crédito agrícola e extensão rural são aliados do produtor

Orientação agronômica da Coordenadoria de Assistência Técnica Integral dá suporte a pedidos de financiamento e fortalece o desenvolvimento humano e social no campo

Localizada no Vale do Paraíba, no pé da Serra da Mantiqueira, a Fazenda Santa Terezinha, de Guaratinguetá, é exemplo do sucesso de produtividade e do potencial de expansão da pecuária leiteira paulista. Nos últimos quatro anos, seus donos, os irmãos Fábio e Marcelo Faria conseguiram elevar de 2,5 mil litros para 4,5 mil litros o volume diário ordenhado.

Um dos motivos, apontam, é o apoio permanente do Governo estadual, com serviços de extensão rural, assistência agronômica e os financiamentos do Fundo de Expansão do Agronegócio Paulista (Feap) do Banco do Agronegócio Familiar (Banagro).

Com 600 hectares, a Santa Terezinha é hoje unidade de referência da Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (Cati), órgão da Secretaria Estadual de Agricultura e Abastecimento (SAA), em pecuária e produção de volumoso (silagem de milho e capim-mombaça) para alimentação de rebanho confinado.

“O conceito empregado é o de ‘tirar leite do solo’, isto é, investir em manejo para aumentar a fertilidade do solo e assim melhorar a qualidade e a quantidade do alimento fornecido às vacas. Assim, as matrizes em lactação se nutrem adequadamente e têm maior rendimento”, explica o engenheiro agrônomo Jovino Paulo Ferreira Neto, diretor de desenvolvimento regional da Cati de Guaratinguetá e responsável pelo atendimento aos produtores.

Administração

Após a morte do pai, em 2010, os irmãos Faria assumiram o empreendimento comprado há 80 anos pelo avô. Na época, precisaram decidir entre vender ou investir na propriedade. “A produtividade das vacas era baixa e a alimentação do rebanho insuficiente”, conta Fábio, administrador da fazenda. Para virar o jogo, buscaram apoio da Cati em 2014 e, além de confiarem na orientação agronômica, também adotaram um modelo gerencial baseado em plano de negócio.

“O leite tem lucratividade média de até 15%, uma das mais atrativas do agronegócio”, destaca Fábio, informando ter metas de produtividade, análise de todos os custos envolvidos e pagamento de bônus por desempenho para os 13 funcionários, entre outras características, para manter o seu empreendimento no “azul”.

Também responsável pelo atendimento à propriedade, o agrônomo Vinicius Sampaio do Nascimento, da Cati de Guaratinguetá, indica como um dos diferenciais da Santa Terezinha a produção em suas dependências de toda a alimentação do rebanho. “Essa estratégia é fundamental para reduzir despesas e tornar o leite competitivo. Na planilha, este custo com o rebanho não pode exceder a 50% do valor total do leite”, explica.

Retomada

Além das chamadas boas práticas da produção leiteira, cuja lista inclui o controle da mastite das vacas e da sanidade no rebanho, Jovino e Vinicius também sugeriram e acompanharam a adoção de outras medidas. Esse trabalho incluiu a correção do solo com a recuperação de 50 hectares de pastagens degradadas e a mudança no sistema de plantio, sendo adotado o direto em vez do convencional, nos cultivos de milho, aveia-branca e capim-mombaça, usados como alimento do gado criado em confinamento.

Em 2010, o volume de silagem produzido era de 40 toneladas por hectare. Em 2014, subiu para 50 e, em 2018, é de 70 toneladas. Outra iniciativa foi o melhoramento genético, com a vinda de reses mais produtivas. “O ideal é sempre ter 83% das vacas em lactação. Em 2010, o plantel era de 250 vacas; em 2014, o número caiu para 220 e hoje são 190”, comenta Fábio destacando o fato de o volume leiteiro ter praticamente dobrado no período de 2010 a 2018.

Expansão

Fábio vende sua produção para a Cooperativa de Laticínios Serramar, de Guaratinguetá, responsável pelas marcas Maringá, Serra Mar e Milk Mix. Ele conta reservar um terço do faturamento de cada ano para reinvestir no negócio, com previsão de retorno desse gasto para os próximos dez anos. O controle gerencial do negócio e sua lucratividade o permitiram modernizar diversos processos da propriedade usando o crédito rural do Governo paulista, o Feap/Banagro.

Foram adquiridos trator (R$ 95 mil) e semeadora de plantio direto (R$ 37 mil), pelos programas Pró-Trator e Pró-Implemento; sistema de ordenha eletrônica (R$ 70 mil), pela linha de crédito Qualidade do Leite; vacas (R$ 200 mil), pela linha de crédito Pecuária Leiteira; tanque resfriador de leite (R$ 34 mil), pela linha de crédito Qualidade do Leite; e instalações (R$ 200 mil), por meio da linha de crédito Desenvolvimento Rural Sustentável.

Salvação pelo solo

Também situado na zona rural de Guaratinguetá, o Sítio Mandiouro, de 20 hectares, pertencente ao casal João José Moura Tavares e sua esposa Ana, teve sua produção ampliada após a assistência da Cati. Descendentes de produtores de leite típicos do Vale do Paraíba e sem funcionários, eles tiveram o negócio ameaçado pelo fato de a renda obtida não suprir a manutenção da propriedade.

Desde 2014, a equipe da Cati de Guaratinguetá os auxilia com tecnologias, como o pastejo rotacionado das vacas e medidas para ampliar a oferta de comida para supri-las, atualmente criadas em sistema semi-intensivo.

De acordo com os agrônomos, no sistema anterior, o casal privilegiava alimentar os animais no cocho em detrimento do pasto. Depois da orientação, investiram em melhoramento genético, sanidade animal, análise do solo, adubação e plantio de diversas variedades de capim. Desse modo, há sempre disponibilidade de forragens em quantidade e qualidade suficientes, sendo oferecidas forragens, na época das águas, e cana-de-açúcar, no período seco do ano.

Produtividade

Em 2014, a média diária de produção era de 92 litros, ordenhados de 35 vacas. Com a supervisão da Cati, em 2018, o número de vacas diminuiu para 16, entretanto, a média diário atual obtida é de 260 litros – e toda a produção é comercializada com a Cooperativa Serramar.

“A solução para melhorar o negócio estava aqui mesmo. Com a melhoria do solo nunca mais precisei sair à tarde para cortar capim nem alimentar as vaquinhas famintas depois da ordenha”, conta João José.

“Hoje, todas as áreas do sítio produzem alimento para elas e a produção não parou mais de crescer. No ano passado, quebramos em um dia o recorde de produção e ordenhamos 480 litros”, diz sorrindo o produtor. Para Ana, o apoio da Cati foi fundamental. “Estávamos quase desistindo”, conta emocionada.

Rogério Mascia Silveira
Imprensa Oficial – Conteúdo Editorial

Reportagem publicada originalmente nas páginas I, II e III do Poder Executivo I e II do Diário Oficial do Estado de SP do dia 06/06/2018. (PDF)

Amendoim com menos colesterol é inovação do IAC

Com até 80% de ácido oleico, o grão lançado em maio na Agrishow propicia alto rendimento ao produtor e permanece mais tempo estocado sem perder o sabor

Lançado em maio na Feira Internacional de Tecnologia Agrícola em Ação (Agrishow 2017), realizada em Ribeirão Preto, o cultivar de amendoim OL5, desenvolvido pelo Instituto Agronômico (IAC), resulta em grãos com 70% a 80% de ácido oleico. Essa concentração da substância é a maior obtida em uma variedade desenvolvida nos laboratórios e campos do órgão vinculado à Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo (SAA).

De acordo com o engenheiro agrônomo Ignácio José de Godoy, responsável pelo projeto, há mais de 70 anos o instituto pesquisa a cultura do amendoim. E desde os anos 1980 investe no melhoramento genético dessa cultura. Além dele, esse estudo tem a colaboração de mais pesquisadores do IAC e dos polos regionais da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA), também órgão da SAA.

A pesquisa do IAC tem o apoio de um grupo de 11 empresas da cadeia produtiva paulista do amendoim e mantém acordo a respeito administrado pela Fundação de Apoio à Pesquisa Agrícola – Fundag (ver serviço).

Evolução

“O instituto registrou 16 cultivares diferentes de amendoim no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento”, informa Godoy. Depois da obtenção de um cultivar pelo IAC, esclarece o pesquisador, há ainda um período de até cinco anos para que ele seja validado pelos produtores rurais e suas sementes sejam multiplicadas.

A partir daí, passam a ser vendidas em sacas pelo Núcleo de Sementes do IAC (ver serviço). Essas sementes comerciais vêm de produtores parceiros do Programa IAC de Amendoim. Cada variedade oferecida atende a diferentes ambientes, regiões de cultivo e necessidades dos produtores rurais. Consideram, por exemplo, entre outros fatores, a renovação de canaviais e a adequação ao estresse hídrico.

Para o agrônomo, o melhoramento genético do IAC, produção acadêmica permanente do instituto, é a base das sementes hoje responsáveis por 70% da produção paulista da oleaginosa. Atualmente, o Estado de São Paulo produz 400 mil toneladas anuais de amendoim e detém 90% do volume nacional.

Diferenciais

“A IAC OL 5 e os quatro cultivares de amendoim lançados antes dela – IAC OL 3, IAC OL 4, IAC 505 e IAC 503 – fornecem grãos com até 80% de ácido oleico em sua composição”, destaca Godoy. Segundo ele, nas variedades tradicionais, esse porcentual varia entre 40% e 50%. “Essa substância amplia o tempo de vida útil do alimento, sem afetar o seu sabor. Este é um diferencial delas, pelo fato de 80% da produção ter como destino final a indústria confeiteira”, explica.

Outro benefício, informa, é relacionado à saúde. O ácido oleico ajuda a reduzir a taxa de triglicérides no sangue, além de aumentar a concentração do colesterol ‘bom’ (lipoproteína de alta densidade – HDL), cuja ação no organismo é remover o colesterol ‘ruim’ (lipoproteína de baixa densidade – LDL) dos vasos sanguíneos.

Produtividade

Outro destaque da IAC OL 5, cultivar recentemente lançado, é apresentar resistência moderada contra doenças de folhas e ter alto rendimento, 6 mil quilos por hectare, com casca. Seu ciclo produtivo, do plantio à colheita, é de 130 dias, período considerado mais curto que os demais cultivares e adequado às áreas de renovação da cana-de-açúcar.

Durante seu desenvolvimento, a IAC OL 5 foi exposta ao vira-cabeça-do-tomateiro (doença causada por um complexo de vírus), em testes realizados na região de Tifton, na Geórgia, Estados Unidos. “Lá existe alta incidência dessa doença, fonte de prejuízos ao cultivo de amendoim. O cultivar se revelou moderadamente resistente a ela”, afirma o pesquisador, acrescentando que, na lavoura paulista, a presença dessa moléstia tem sido moderada, mas também causa danos.

Distribuição

Originário da América do Sul, o amendoim é uma planta típica de clima quente, como o que predomina nas regiões meio norte e oeste paulista, e está plenamente adaptada à rotação com a cana nessas localidades. Trata-se de uma cultura autossuficiente em nitrogênio, capaz de enriquecer o solo com esse e outros nutrientes, por meio de sua palhada, favorecendo, assim, a atividade sucroalcooleira. Além disso, por ser tolerante a nematoides, ajuda a reduzir a incidência dessa praga nos plantios subsequentes da cana.

A cultura do amendoim é disseminada em diversas regiões de São Paulo. No Estado, destacam-se os plantios no entorno dos municípios de Ribeirão Preto, Jaboticabal, Taquaritinga, Tupã e Presidente Prudente. No mundo, os maiores cultivos ocorrem na China e Índia. Nesses países, grande parte da colheita é direcionada à produção de óleo. Argentina e Estados Unidos são os principais vendedores no mercado de grãos para exportação.

Indicações

As variedades IAC OL 3 e IAC OL 4 são indicadas para as regiões onde os produtores precisam de cultivares de ciclo mais curto, principalmente nas áreas onde a oleaginosa é plantada nos intervalos de renovação da cana-de-açúcar. Nesses locais, esse período não pode exceder 130 dias para não impedir o próximo plantio da cana. Esses cultivares atingem a maturação entre 125 e 130 dias.

As variedades IAC 503 e a IAC 505 têm ampla aceitação, por sua resistência moderada às doenças foliares e relativa tolerância à seca. Ambas são de ciclo longo, superior a 130 dias, e, portanto, recomendadas para as regiões onde a duração do ciclo não signifique um limitante para o seu cultivo, especialmente áreas com maior propensão para estresse hídrico.

Serviço

IAC Sementes
E-mail sementes@iac.sp.gov.br
Telefone (19) 3202-1658

Fundação de Apoio à Pesquisa Agrícola – Fundag

Rogério Mascia Silveira
Imprensa Oficial – Conteúdo Editorial

Reportagem publicada originalmente na página II do Poder Executivo I e II do Diário Oficial do Estado de SP do dia 24/08/2017. (PDF)

Processo da FMVZ-USP acelera melhoramento genético de bois e búfalos

O nascimento de duas bezerras de búfalo, no câmpus da Universidade de São Paulo (USP), em Pirassununga, permitiu o avanço de mais uma etapa do projeto de melhoramento genético do Departamento de Reprodução Animal da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia (FMVZ). Coordenada pelo médico veterinário e professor titular da USP, Pietro Baruselli, e realizada com a participação de seis alunos de pós-graduação, a pesquisa de manipulação de embriões e inseminação artificial prioriza duas finalidades.

A primeira busca reduzir o tempo de reprodução de bovinos e bubalinos. Em média, esse ciclo demora de três a quatro anos, sem contar a gestação, a qual dura dez meses. A vantagem é diminuir o prazo para um ano. “Diferentemente da avicultura e da suinocultura, em que o intervalo entre as gerações requer alguns meses, na bovinocultura esse período é de alguns anos”, esclarece o professor.

O outro propósito da pesquisa, de longo prazo, é identificar quais descendentes gerados nos cruzamentos têm maior potencial produtivo para a criação leiteira e de corte. “A proposta é incluir no programa de melhoramento genético somente os animais identificados como superiores, a fim de originar linhagens com produtividade maior do que a da geração anterior”, explica.

Além da Prefeitura do Câmpus USP, em Pirassununga, o projeto tem o apoio das empresas In Vitro Brasil e Embryo Sys, do produtor Carlos Viacava, e dos proprietários da Fazenda Paineiras da Ingaí, de Sarapuí, especializada em búfalos leiteiros. “Interessado em conhecer o método pode procurar as empresas parceiras da FMVZ-USP no projeto. Outra opção é recorrer a empresas especializadas na produção in vitro (em laboratório) de embriões”, informa o professor Baruselli.

Linhagens

Nascidos no mês passado, os dois filhotes de búfalo são uma continuidade do aprimoramento genético com gado bovino iniciado pela FMVZ-USP em 2012. Dois anos depois, conta o professor, começaram a nascer os primeiros bezerros. Hoje, são dez da raça nelore e um da raça holandesa – todos vivos e saudáveis. “Nenhuma das fêmeas doadoras de óvulos morreu e já emprenharam, isto é, conservaram sua capacidade reprodutiva quando atingiram dois anos de idade, quando estão aptas a conceber”, observa.

Com a tecnologia desenvolvida na FMVZ-USP, quando nasce uma bezerra uma avaliação genômica verifica se ela é geneticamente superior. Em caso afirmativo, uma laparoscopia no ovário colhe os óvulos de maior potencial para serem maturados e fertilizados em laboratório. Depois, é feita inseminação artificial com o sêmen de um macho, também de alto potencial genético. O embrião gerado será introduzido no útero de uma fêmea receptora, a chamada mãe de aluguel.

Produtividade

Com relação aos búfalos, o professor prevê obter resultados similares aos apresentados com o gado holandês e nelore. “Entretanto, o nelore ainda é o reprodutor mais eficiente, por possuir mais óvulos e descender do gado zebu, importado da Índia. Aliás, 80% do rebanho brasileiro contém sangue de zebu e de seus descendentes.”

Atualmente, uma fêmea de alto valor genético tem um filho por ano. Com a técnica de produção de embriões de animais jovens, pode-se gerar de 20 a 30 crias por ano. Do ponto de vista da produtividade, é possível aumentar em mil litros a produção de leite de cada animal por geração. O projeto da FMVZ-USP é tema de artigo publicado na revista científica internacional Domestic Animal Endocrinology.

Rogério Mascia Silveira
Imprensa Oficial – Conteúdo Editorial

Reportagem publicada originalmente na página III do Poder Executivo I e II do Diário Oficial do Estado de SP do dia 20/06/2017. (PDF)