Com o lançamento de site colaborativo, a Coordenadoria de Assistência Técnica Integral resgata sua memória coletiva; após o aniversário, no dia 20 de junho, o conteúdo produzido será incorporado ao portal da instituição, vinculada à Secretaria de Agricultura e Abastecimento
No dia 20 de junho será celebrado o cinquentenário de criação da Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (Cati), órgão vinculado à Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado (SAA), surgida a partir da promulgação do Decreto estadual nº 48.133/1967.
Abrindo as festividades do jubileu de ouro, uma parceria entre o Centro de Comunicação Rural (Cecor) e o Centro de Informações Agropecuárias (Ciagro) da instituição, lançou, na 24ª Feira Internacional de Tecnologia Agrícola (Agrishow), realizada na primeira semana de maio, em Ribeirão Preto, site comemorativo exclusivo, com fotografias antigas, histórias e depoimentos de servidores ativos e inativos (ver serviço).
De acordo com a assistente de planejamento Carolina Darcie, responsável pelo desenvolvimento da ferramenta, a construção da página comemorativa foi proposta no início do ano, a partir de debates em redes sociais como WhatsApp e Facebook.
Seu conteúdo é um desenvolvimento coletivo de funcionários da Cati, ex-colaboradores e cidadãos relacionados à agricultura. “O ponto comum a todos os participantes é a admiração pelo trabalho de extensão rural realizado pela Cati com os produtores rurais do Estado”, explica Carolina. Quem tiver material antigo e quiser colaborar com o site dos 50 anos deve encaminhar para o e-mail portal50anos@cati.sp.gov.br.
“A proposta é preservar a memória coletiva da coordenadoria e resgatar belas histórias e imagens, como, por exemplo, a criação da mata no local onde está instalado o prédio sede em Campinas (situada na Avenida Brasil, 2.340, no Jardim Chapadão), em parte desmembrada da antiga Fazenda Santa Eliza, hoje abrigo de sapucaias, palmeiras e espécies nativas da flora brasileira”, revela. “Depois do dia 20 de junho, o acervo do site histórico será incorporado ao portal da Cati na web”, informa Carolina (ver serviço).
Missão
Presente em todas as regiões paulistas, com 40 Escritórios de Desenvolvimento Rural (EDRs) e 1.450 profissionais, a instituição tem a missão de prover orientação técnica às famílias rurais das 300 mil pequenas e médias propriedades existentes no Estado, de modo a lhes assegurar qualidade de vida e o desenvolvimento de atividades agrícolas sustentáveis.
Gratuito, o atendimento aos produtores é realizado por técnicos em agricultura e agrônomos nas suas 594 Casas da Agricultura, vinculadas aos EDRs e presentes em 594 dos 645 municípios paulistas. Em média, a Cati realiza 24 mil atendimentos mensais.
Os serviços mais solicitados são consulta técnica, declaração de conformidade ambiental, receituário agronômico, participação em programas, orientações para projetos de recuperação de áreas degradadas, entre outros. Além disso, há oferta permanente de cursos, palestras, inspeções, vistorias, dias de campo, entre outras atividades. Os endereços, telefones e e-mails das Casas da Agricultura ficam disponíveis para consulta em seu site (ver serviço).
Sementes, mudas
As Casas da Agricultura funcionam em imóveis do Estado e muitas delas mantêm convênios com as prefeituras, de acordo com a vocação econômica de cada município. Nelas também são comercializadas sementes e mudas provenientes dos 21 núcleos de produção da Cati no Estado. Esses insumos vegetais são oferecidos com linha de crédito exclusiva para os produtores paulistas e preços inferiores aos cobrados no mercado.
O conjunto de diferenciais inclui a qualidade genética, física, fisiológica e sanitária superior. Atualmente, estão disponíveis sementes e cultivares de aveia branca, aveia preta, feijão, girassol, milho, sorgo, trigo e triticale (cereal híbrido de trigo e centeio) – todos produzidos nas cidades de Avaré, Fernandópolis, Itapetininga, Manduri, Paraguaçu Paulista e Santo Anastácio.
As mudas vêm de Itaberá, Marília, Pederneiras, São Bento do Sapucaí e Tietê. São de espécies florestais nativas e direcionadas a projetos de reflorestamento, de recuperação de áreas degradadas e de proteção de cursos d’água e de mananciais. Há também diversas variedades frutíferas e comerciais. Opções detalhadas sobre sementes, cultivares e mudas podem ser encontradas no site da Cati.
Integral
A produção rural associada à conservação do solo e da água é outra meta da coordenadoria. O objetivo é garantir alimentos de boa qualidade para a população, gerar emprego e renda no campo e fortalecer os elos das cadeias produtivas do agronegócio paulista. Esse trabalho integral é complementado com dezenas de publicações, manuais, boletins técnicos e DVDs. Produzidos pelo Centro de Comunicação Rural (Cecor), estão disponíveis no site da entidade e nas Casas da Agricultura.
Outro trabalho é orientar o agricultor em questões como seguro rural, transferência de tecnologia, planejamento da propriedade, adequação de estradas rurais e crédito agrícola. Um dos destaques é o Projeto Microbacias II – Acesso ao Mercado, financiamento dirigido à compra de equipamentos e instalação de agroindústrias, com vistas à agregação de valor às cadeias produtivas.
Evolução
Em agosto, o engenheiro agrônomo e atual coordenador da Cati, João Brunelli Júnior, completará 40 anos de instituição. Seu ingresso, em 1977, foi na Divisão Regional Agrícola (Dira) de Araçatuba. Na época, conta ele, o desafio era evitar a disseminação do cancro cítrico (praga dos pomares causada pela bactéria Xanthomonas citri subsp citri). A única solução possível era arrancar e queimar as plantas doentes, além de promover a interdição do plantio em todo o entorno da área contaminada, chamada barreira sanitária.
Testemunha da evolução dos serviços da entidade, Brunelli Júnior foi nomeado coordenador da Cati em outubro do ano passado. Ele destaca, nessas quatro décadas, a mudança na concepção e no tipo de atendimento prestado aos produtores. “Gradativamente, nossas ações foram deixando de ser intervencionistas, localizadas e emergenciais. Passaram, então, a ser mais pontuais, preventivas e participativas.”
Bem-sucedido, na visão do coordenador, o modelo atual aposta em uma via de mão dupla com o produtor – parte de uma proposta de atuação mais sistêmica em todo o Estado. Nessa abordagem, a coordenadoria interage diretamente com o produtor ou, ainda, o atende em parceria com outros órgãos públicos e privados.
“Até o final do ano, com a entrada em operação da intranet, a comunicação interna e com os agricultores será ainda mais intensa, considerando a presença da coordenadoria em todo o território paulista”, observa.
Vistoria
Como exemplo da mudança, Brunelli Júnior cita o modelo atual de controle sanitário do cancro cítrico, tarefa realizada diretamente pelo produtor com fiscalização trimestral da Coordenadoria de Defesa Agropecuária do Estado (CDA), órgão da SAA. Esse trabalho preventivo tem o apoio da Cati e do Fundo de Defesa da Citricultura (Fundecitrus) e segue a Resolução nº 147/2013.
De acordo com o texto legal, o citricultor deve realizar vistoria trimestral em todos os citros de sua propriedade para identificar e eliminar as plantas com sintomas da doença. Também precisa pulverizar com cobre as demais plantas do entorno das infectadas em um raio de 30 metros a cada brotação.
Por fim, deve enviar relatórios semestrais para a secretaria, detalhando as condições de seu pomar em relação ao cancro cítrico, assim como faz para o greening (HLB) – doença causada por bactérias que afeta os citros. “A diferença é que, hoje, nenhum produtor paralisa seu trabalho devido a algumas plantas doentes. Por outro lado, ele também não consegue comercializar sua produção se não estiver em dia com essas obrigações”, observa.
A eliminação de gargalos
Na quarta-feira, 24, a Cooperativa Agrícola dos Produtores de Vinho (AVA) de Jundiaí celebrará o aniversário de um ano da entrega de sua unidade móvel de processamento e envase da bebida, a primeira do gênero a entrar em operação no País.
A compra do caminhão e o registro do fermentado no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) são exemplos recentes da atuação decisiva da Cati e de outros órgãos da Secretaria de Agricultura e Abastecimento, como as câmaras setoriais da Coordenadoria de Desenvolvimento dos Agronegócios (Codeagro), para estimular projetos dos produtores rurais no Estado (ver serviço).
Clemente Maziero é um dos 16 vitivinicultores atendidos pela unidade móvel. Além dele, trabalham na adega, batizada com o nome da família, seu pai, sua mulher e os filhos. “Com a criação da cooperativa em 2009, passamos a ter acesso a financiamentos públicos e tecnologias, e a comercialização deixou de ser feita de forma isolada”, conta.
Entretanto, diz ele, outro ‘gargalo’ comum atrapalhava a todos: o envase. Essa etapa do processo produtivo, de passagem da bebida para a garrafa, demanda maquinário caro, de custo proibitivo para o produtor, assim cada um precisava transportar sua safra em tonéis de madeira para engarrafá-las em locais distantes da produção.
Inspiração
“Esse processo é crítico, precisa de cuidados na manipulação para evitar a contaminação da bebida. Além disso, não é aconselhável transportar o vinho, pois, além do custo, movimentar as garrafas e deixá-las expostas ao sol podem comprometer sua qualidade”, observa Maziero.
Em 2008, os hoje cooperados José Boschini e Jacira Lima visitaram vinícolas chilenas e, no país andino, conheceram uma unidade móvel de envase terceirizada, cujos deslocamentos atendiam às propriedades de vitivinicultores.
Em 2011, a AVA deu início ao projeto de adquirir um caminhão nos mesmos moldes, considerando, porém, as necessidades de envase de seus cooperados. “Foram fundamentais nesse projeto o apoio da Cati, por meio da Casa da Agricultura local, assim como o apoio da Codeagro, para a regularização do envase móvel, até então proibido no Estado”, revela Maziero.
Orçado em R$ 750 mil, o caminhão teve R$ 522 mil financiados por meio do Projeto de Desenvolvimento Rural Sustentável – Microbacias II – Acesso ao Mercado, do Governo paulista e do Banco Mundial; e os R$ 228 mil restantes foram pagos à vista pelos cooperados. A capacidade de envase da unidade móvel é de 500 a 800 garrafas por hora.
O processo de envase na AVA começa com a elaboração e o envelhecimento do vinho em cada uma das propriedades. Quando a bebida está pronta para o consumo, uma bomba de sucção aspira o vinho para os tanques de filtragem da unidade móvel, construídos com aço inox e à prova de micro-organismos. Paralelamente, outro maquinário lava e higieniza as garrafas. Os passos seguintes são automatizados e já na garrafa: a transferência do líquido, colocação de rolha, rótulo e cápsula.
A força do agronegócio no Estado
Com apenas 3% de suas terras destinadas à agricultura, o Estado de São Paulo lidera o ranking do Valor da Produção Agropecuária (VPA), calculado pelo Instituto de Economia Agrícola (IEA), ligado à Secretaria de Agricultura e Abastecimento.
De perfil diversificado, o agronegócio paulista responde por quase um quarto da produção agrícola nacional. É o principal produtor de laranja (74%); amendoim (90%); cana-de-açúcar (53,4%); ovos (39%); borracha natural (56,5%); e tem papel relevante em itens como aves, batata, tomate de mesa, milho, carne bovina e café.
Atualmente, o agronegócio é responsável por aproximadamente 17% do Produto Interno Bruto (PIB) do Estado; no ano passado, as exportações paulistas somaram mais de US$ 46 bilhões. Os principais grupos comercializados com o exterior são os do complexo sucroalcooleiro (11% das vendas foram de álcool), carnes (79,4% bovina) e sucos (98,1% de suco de laranja).
De acordo com a última Relação Anual de Informações Sociais (RAIS), divulgada em 2015 pelo Ministério do Trabalho e Emprego, a agricultura concentra no País cerca de 1,5 milhão de empregos formais, principalmente nos cultivos da cana-de-açúcar, laranja e criação de gado bovino. Desse total, 329 mil vagas (21,8%) estavam no Estado de São Paulo, com destaque para os setores sucroenergético e de laranja, que concentram mais registros em carteira.
Serviço
Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (Cati)
Site Comemorativo do Jubileu de Ouro
Coordenadoria de Defesa Agropecuária do Estado (CDA)
Coordenadoria de Desenvolvimento dos Agronegócios (Codeagro)
Fundecitrus
Rogério Mascia Silveira
Imprensa Oficial – Conteúdo Editorial
Reportagem publicada originalmente nas páginas II e III do Poder Executivo I e II do Diário Oficial do Estado de SP do dia 18/05/2017. (PDF)