Livro identifica árvores da restinga na Ilha do Cardoso

Equipe de pesquisadores da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), da USP de Piracicaba, iniciou em 2001 a identificação das espécies de árvores na Ilha do Cardoso, pertencentes ao município de Cananeia, litoral sul de São Paulo. A pesquisa se transformou no livro Árvores da Restinga – Guia de Identificação, lançado em setembro.

Esse trabalho vai auxiliar projetos de reflorestamento e de preservação ambiental em áreas de restinga – formação vegetal típica do litoral brasileiro. A publicação é uma das ações do Projeto Parcelas Permanentes, vinculado ao Programa Biota-Fapesp, iniciativa de mapeamento e identificação de toda fauna e flora paulista. É a primeira obra a retratar a restinga, uma das quatro principais formações florestais do Estado.

Os três próximos livros são sobre a floresta de encosta, presente no Parque Estadual de Carlos Botelho (PECB), no município de Sete Barras; o cerradão, existente na Estação Ecológica de Assis, e a floresta estacional semidescidual, na Estação Ecológica dos Caetetus, na cidade de Gália, próxima a Bauru. O lançamento dessas edições deverá ocorrer até 2007.

A bióloga Daniela Sampaio assina, com os pesquisadores Vinícius Castro Souza, Alexandre Oliveira, Juliana de Paula Souza e Ricardo Ribeiro Rodrigues, a autoria do livro sobre a restinga. A obra é dirigida a especialistas em botânica e ao público leigo. Com tiragem inicial de 3 mil exemplares, a terça parte será doada a escolas da rede pública da Baixada Santista para utilização em programas de educação ambiental. O projeto teve investimento da USP, da Fapesp e da empresa Embraport.

Distribuição das espécies

O livro, produzido a partir da dissertação de mestrado de Daniela, e pretende conscientizar moradores, construtoras e órgãos públicos sobre a necessidade da preservação da vegetação. “Escolhemos a Ilha do Cardoso porque nela há formações mais amplas de Restinga. Além disso, como a conservação lá é maior, seria possível registrar mais espécies”, explica a bióloga.

De acordo com a autora, a maioria das variedades identificadas é constituída de árvores de grande porte, com 20 metros de altura em média. Várias são conhecidas por seus nomes populares: jacarandá, palmito-juçara, canela e a clúsia – espécie ornamental bastante utilizada em projetos paisagísticos. Para a coleta e identificação das espécies, os pesquisadores demarcaram área de dez hectares, ou seja, 320 metros quadrados.

No trecho há 15 mil árvores e cada uma recebeu placa com um número único. A localização de cada exemplar foi demarcada e o resultado foi a criação de banco de dados, contendo informações digitais sobre a incidência e a distribuição das variedades.

Vinícius Castro Souza, coordenador da pesquisa, explica que um dos motivos de produção do livro é a possibilidade de sua utilização em projetos futuros de reflorestamento. Destaca a contribuição que a obra traz para a literatura científica.

“É grande a satisfação quando uma dissertação de mestrado consegue alcançar prática operacional e prestar serviço à sociedade”, analisa. Na edição, o reconhecimento das árvores é facilitado por características inerentes a cada espécie – folhas compostas ou simples. Nas páginas finais, um glossário contribui para a compreensão dos termos técnico-científicos.

Serviço

O livro tem 277 páginas e está disponível para compra online no site da Editora Neotropica ao custo de R$ 50.

Rogério Mascia Silveira
Da Agência Imprensa Oficial

Reportagem publicada originalmente na página IV do Poder Executivo I e II do Diário Oficial do Estado de SP do dia 04/10/2005. (PDF)

Semana de Biologia da Unesp reúne acadêmicos e comunidade de São Vicente

Debates incluíram temas como pesca, poluição, turismo, acidentes com tubarões, preservação de espécies, praias, mangues e ecossistema marinho

A 3ª edição da Semana de Biologia Marinha e Gerenciamento Costeiro, congresso anual promovido pelos alunos do Campus de São Vicente da Unesp (CSV) entre os dias 29 de agosto e 2 de setembro, teve público recorde, com 500 participantes e superou o número de visitantes dos encontros anteriores.

A programação foi ampliada com a apresentação de resumos de trabalhos científicos e atividades com a criação de oficinas para a comunidade local. Os temas surgiram a partir de debates realizados no CSV e incluíram 15 minicursos, 30 palestras direcionadas para o público acadêmico, duas mesas-redondas com especialistas brasileiros e estrangeiros, cinco oficinas artístico-culturais, festas de abertura e encerramento, com shows de rock, reggae e maracatu.

Além da comunidade acadêmica, participaram do encontro a comunidade litorânea e representantes de empresas, ONGs e de prefeituras da Baixada Santista. Na pauta, a pesca, o turismo, os transportes marítimos, a poluição oceânica, os ataques de tubarões, a contaminação da areia das praias, o tratamento de resíduos domésticos e industriais, a ocupação irregular do solo, a preservação de mananciais, manguezais e de espécies ameaçadas de extinção: aves, caranguejos, tartarugas e tubarões.

A população local teve a oportunidade de participar de oficinas culturais e de capacitação nas áreas de saúde pública, preservação ambiental na zona costeira, balneabilidade (uso recreativo das praias), reciclagem de materiais, reaproveitamento de garrafas PET, artesanato, desenhos e produção de brinquedos.

Cursos para a população

Fruto da paixão da aluna Cristal Coelho Gomes pela arte, foi criada uma oficina para as crianças de São Vicente. No evento, a universitária ensinou que qualquer pessoa consegue desenhar, desde que tenha incentivo e persistência. “O traço e o estilo surgem aos poucos. Na Unesp, a partir de fotos, comecei a reproduzir espécies marinhas – o resultado tem sido bastante satisfatório. No treinamento, mostrei alguns trabalhos bonitos e fáceis de fazer”, conta.

A professora Ana Júlia Fernandes de Oliveira supervisionou o encontro e conta que foi realizado simultaneamente em dois locais: no campus e no centro de convenções municipal, cedido pela prefeitura. “Todos os anos, o congresso é uma excelente oportunidade para professores e alunos reciclarem conhecimentos, trocarem informações com colegas de outros Estados e países e ampliar a rede de contato, fundamental para o desenvolvimento de qualquer pesquisa”, observa.

Allan Lima Ferreira, aluno do quarto ano e integrante da comissão organizadora, diz que o evento mobilizou quase a totalidade do campus. Obteve o apoio da prefeitura e patrocínio da Petrobras, SOS Computadores e Agência Costeira. O universitário explica que, a partir da década de 80, o País começou a estudar e valorizar mais o seu litoral, de 8,5 mil quilômetros de extensão e densidade demográfica de 87 habitantes por quilômetro quadrado, índice cinco vezes superior à média de ocupação do território nacional.

Também foram debatidas questões estratégicas na área de gestão costeira com propostas de soluções harmônicas entre os agentes sociais comprometidos na porção oceânica, como a Marinha, empresas de transportes, de pesca e turismo e gestores públicos. No dia 30, o pesquisador Daniel Suman, da Universidade de Miami, especialista em gerenciamento costeiro, relatou para a plateia como está sendo conduzida sua experiência no litoral de Santa Catarina. Destacou temas relevantes como responsabilidade social para os agentes sociais presentes na costa brasileira.

Mangue ameaçado

O professor Marcelo Pinheiro, coordenador-executivo do CSV, informa que são oferecidas 40 vagas no curso de Biologia, com duas habilitações: Gerenciamento Costeiro e Biologia Marinha. No último vestibular, a procura chegou a 25 candidatos por vaga. O CSV tem 19 docentes contratados em regime de dedicação exclusiva. A Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) investiu R$ 1,5 milhão e a primeira turma se formará em 2006.

Marcelo é responsável por uma das quatro linhas de pesquisa patrocinadas pela Fundação no CSV: a preservação e o manejo do caranguejo-uçá, espécie de grande importância econômica em várias regiões brasileiras, em especial Norte e Nordeste. O animal é o mais comum no mangue e a principal fonte de alimento para outras espécies e comunidades ribeirinhas.

O manguezal é fundamental para a reprodução de muitas espécies marinhas. A presença do caranguejo-uçá é um indicador de nutrientes e de vida no ecossistema. O bicho come folhas que caíram das árvores e, nas tocas, acelera a decomposição da matéria orgânica presente no mangue. Seus resíduos sustentam outras espécies. “A redução das populações do crustáceo é reflexo da destruição dos manguezais e da pesca predatória”, justifica o aluno de doutorado Ronaldo Christofoletti, um dos pesquisadores.

O caranguejo-uçá também é objeto de estudo do doutorando Gustavo Hattori, que, com Ronaldo, ministrou um minicurso. O estudo da equipe da Unesp começou em 1998 e o pesquisador detalha que, na natureza, o crustáceo demora nove anos para atingir a idade adulta.

O grupo do CSV desenvolve trabalho de conscientização dos pescadores, de modo a preservar animais em fase de crescimento e fêmeas prenhes, principalmente na época de reprodução, nos meses de dezembro a março. Os dados foram obtidos num estudo realizado durante seis meses em mangues da ilha Coroa do Saco, próxima à Barra de Icapara, município de Iguape, litoral sul do Estado.

A ilha foi dividida em oito regiões e mapeadas por satélite. Na pesquisa, foram considerados o número de indivíduos das populações de caranguejo-uçá e comparados com 35 parâmetros ambientais. O resultado desse trabalho foi apresentado ao Centro de Pesquisa e Extensão Pesqueiras do Sul (Cepsul), de Itajaí (SC), órgão do Ibama. Suas diretrizes nortearam a promulgação de portaria nacional, pioneira no tema, que definiu as regras para a exploração sustentada do animal nos manguezais.

O sistema é conhecido por gestão participativa e abrange pesquisadores, gestores públicos, donos de restaurantes, representantes de cooperativas de pescadores e as equipes do Ibama e da Polícia Florestal. “É possível conciliar diferentes interesses, seja o da indústria da pesca e do turismo e até a sobrevivência das populações ribeirinhas. O trabalho está em fase de conclusão e os participantes estão bem mais conscientes sobre a necessidade da preservação”, analisa o professor Marcelo.


Ataques de tubarões versus destruição do seu habitat

Otto Fazzano Gadig é professor de zoologia de vertebrados do campus de São Vicente da Unesp e especialista em tubarões. Desde 1996 coordena o Projeto Cação, estudo de taxonomia (identificação) das espécies que habitam a costa brasileira. O levantamento identificou hábitos alimentares, reprodutivos e o tamanho das populações, apresentados no evento numa palestra e um minicurso.

O professor Otto afirma que as causas dos ataques contra surfistas são consequência da diminuição da oferta de alimento e da destruição do habitat oceânico. Ocorrem na maioria das vezes em locais poluídos e pouco iluminados. “Apesar de ser malvisto pelas pessoas, o tubarão tem função primordial no ecossistema marinho e sua presença é primordial para o equilíbrio da cadeia alimentar“, observa.

Estão catalogadas 450 espécies diferentes no planeta, contudo, as mais agressivas são o cabeça-chata e o tigre, nas áreas tropicais, e o branco, em águas frias. Além dessas, outras seis são responsáveis por ocorrências e acidentes, porém, de menor gravidade. “O número de imprevistos é pequeno, mas os ataques são amplamente divulgados na mídia”, assegura.

Segundo o pesquisador, a construção do Porto de Suape, em Recife (PE), é exemplo de como a destruição de sistemas marinhos traz problemas à sociedade, como as investidas contra surfistas e mergulhadores. O risco maior é a queda da quantidade de tubarões, pois muitas espécies estão sob ameaça de extinção.


Tartaruga marinha: longevidade e sabedoria

A bióloga Paulin Antar, do Instituto de Oceanografia da USP, lotou o auditório na apresentação de sua palestra. Especialista em tartarugas marinhas e integrante do Projeto Tamar, argumentou que esses répteis exercem grande atração nas pessoas e têm sua imagem associada à longevidade e à sabedoria. Trata-se de um fascínio diferente do que se costuma sentir em relação aos golfinhos e às baleias que habitam somente o oceano.

As tartarugas desovam na praia e fazem parte da alimentação, cultura e folclore da população caiçara. São cinco as espécies que habitam a costa brasileira – todas ameaçadas de extinção.

Na Baixada Santista, a maior incidência é das variedades cabeçuda e verde e em menor proporção, a pente. “Na escala evolutiva, esse réptil transformou-se pouco e é muito bem adaptado ao seu meio. Começa a se reproduzir aos 40 anos e pode viver até 200. De cada mil filhotes, somente um ou dois chegam à idade adulta”, calcula Paulin.


Preservação da Amazônia Azul

Simultaneamente ao evento do CSV, o público teve a oportunidade de conhecer, no Centro de Exposição de São Vicente, a mostra itinerante da Marinha, coordenada pelo capitão-de-mar-e-guerra Jorge Camillo.

No local, o visitante observou pesquisas da Comissão Interministerial para Recursos do Mar, nas bases militares instaladas no arquipélago de São Pedro e São Paulo (a 1,1 mil quilômetros do litoral do Rio Grande do Norte) e na Antártida. A exposição revela o trabalho de monitoramento oceanográfico e o estudo de aspectos climáticos, de temperatura e pressão atmosférica.

O destaque é a manutenção da soberania nacional na região conhecida como Amazônia Azul, porção oceânica de território com 4,5 milhões de quilômetros quadrados: começa na costa brasileira e se estende por 200 milhas náuticas (400 quilômetros) depois do continente. Com ela, o País amplia em mais de 50% sua extensão territorial.

“A Marinha estima existirem nove vezes mais riquezas para serem exploradas na Amazônia Azul do que na continental. É uma zona econômica de uso exclusivo do Brasil, que detém o direito de exploração dos recursos vivos (pesca, flora, fauna, turismo, mergulho), minerais (ferro) e do subsolo (petróleo e gás)”, analisa.

O capitão Camillo informa que o Brasil pleiteia na ONU a posse definitiva e a extensão dos limites da Amazônia Azul para além das Ilhas São Pedro e São Paulo, localizadas na metade da distância entre a América e a África. Dessa forma, o País ganharia mais 900 mil quilômetros quadrados e teria presença hegemônica no Oceano Atlântico.

Rogério Mascia Silveira
Da Agência Imprensa Oficial

Reportagem publicada originalmente nas páginas II e III do Poder Executivo I e II do Diário Oficial do Estado de SP do dia 13/09/2005. (PDF)

Salgadinho de pulmões bovinos criado na USP é saudável, gostoso e nutritivo

Com fonte de ferro e vitaminas, snack conseguiu reduzir de 60% para 11% a anemia de crianças subalimentadas

A equipe de pesquisadores da USP coordenada pelo farmacêutico e bioquímico José Alfredo Gomes Arêas desenvolveu e patenteou nova variedade de alimento, rica em ferro, vitaminas A e B12. O composto foi desenvolvido na Faculdade de Saúde Pública e apresentado sob a forma de salgadinho (snack) com aroma, cor, sabor e textura agradáveis. A sua formulação traz grão-de-bico e pulmões bovinos, produto pouco utilizado pelo consumidor.

A pesquisa com o alimento foi iniciada em 1995 e na época a proposta era combater o desperdício, utilizar o insumo na indústria alimentícia e propor soluções para combater a fome e a carência de ferro na população. Entre as vísceras bovinas descartadas, os pulmões têm vantagem sobre o fígado, por conterem mais nutrientes e baixo custo (em média, R$ 0,25 o quilo para o atacadista).

Durante a pesquisa, um dos desafios foi preservar as propriedades e nutrientes dos pulmões, sem alterar o gosto do alimento, e adaptá-lo à produção em escala industrial, assim como os fabricantes de alimentos fazem com a soja, que integra chocolates, bolos, sucos, sorvetes e produtos embutidos de carne, como salsicha e mortadela.

Outro obstáculo seria vencer a resistência humana em consumir o produto e assegurar que o tratamento sanitário adequado seja idêntico aos dos cortes nobres bovinos, já que os pulmões usualmente são misturados com descartes e têm outros usos não-alimentares.

Para dar mais sabor ao alimento e fixar o aroma, o estudo utilizou inicialmente a gordura saturada. O inconveniente é que essa adição aumenta o potencial calórico do snack. A gordura foi, então, substituída por óleo, porém, o salgadinho passava a ter vida útil menor. Assim, depois de sucessivos testes, a equipe do professor Arêas chegou à fórmula ideal, ao trocar o óleo por uma emulsão à base de água, segredo industrial que se transformou na patente da mistura e de seu processo de fabricação.

O projeto custou cerca de R$ 2 milhões de reais nos últimos 20 anos e recebeu investimentos por meio de bolsas e pesquisas patrocinadas pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado (Fapesp), Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

Composição equilibrada

O salgadinho tem na sua fórmula componentes vegetais e foram estudadas opções como o milho, a soja e o amaranto (semente de origem andina com propriedades de redução de colesterol) e o escolhido foi o grão-de-bico. Embora seja importado e mais caro que os outros cereais, tem valor nutricional superior ao do milho, principal ingrediente dos salgadinhos convencionais.

O grão-de-bico tem apenas 2% de gordura e 20% de proteína. E depois da mistura dos componentes e extrusão (produção dos grãos), o snack apresenta composição equilibrada de proteínas (20%), lipídios (15%) e de carboidratos (60%). Os salgadinhos convencionais têm de 20% a 25% de gordura saturada e apenas 4% de proteína, de má qualidade biológica.

Redução da anemia

A carência de ferro no sangue (anemia) aflige em média 40% das crianças brasileiras. Prejudica o crescimento físico e intelectual, provoca baixo rendimento escolar e reduz a resistência imunológica. Assim, a primeira avaliação nutricional com o snack foi realizada em 2004, com duas creches municipais de Teresina (PI), cada uma com 130 crianças na faixa etária de 2 a 6 anos, com alta prevalência da doença.

O teste durou dois meses e em uma das instituições, o salgadinho substituiu a bolacha no cardápio da merenda escolar, produto calórico e de baixo valor nutritivo. O produto foi oferecido na dieta três vezes por semana, em porções de 30 gramas diárias. A ingestão do snack assegurou entre 30% e 40% das necessidades de ferro entre as crianças e, no final do teste, a anemia caiu de 60% para 11%. Na creche que não recebeu o salgadinho a incidência de anemia permaneceu inalterada entre as crianças.

Uso industrial

O snack da USP já foi apresentado para dez empresas do setor alimentício e atualmente os pesquisadores estudam soluções para iniciar sua produção em escala industrial. A base do alimento poderá ser utilizada na panificação, em bolos, biscoitos e salgadinhos, acrescentando novas propriedades, como o fato de ser livre de gorduras saturadas, reduzir o colesterol e prevenir o câncer de mama.

A aluna de mestrado Thais Cardenas está atualmente fazendo testes com uma nova variedade do produto, que contém 10% de pulmão, é enriquecido de proteínas e usa o milho, em vez do grão-de-bico como base do produto. O objetivo é baixar custos e apresentar à indústria um produto mais rentável comercialmente.

“O desejo da minha equipe é que o maior número possível de empreendedores substitua o salgadinho convencional pelo enriquecido e repasse à população os benefícios contidos no alimento. Embora comer snacks não seja um hábito alimentar saudável, se for distribuído na merenda escolar, poderá minimizar os problemas relacionados à ingestão de gorduras saturadas, como a obesidade, diabetes e doenças cardiovasculares”, explicou o pesquisador.


Procuram-se voluntárias

O salgadinho é somente uma das novidades pesquisadas na USP. A aluna de doutorado Renée Simbalista desenvolveu, em conjunto com o sindicato da panificação do Estado, uma variedade especial de pão. Ela é produzida com farinha a partir de sementes de linhaça e tem a propriedade de atenuar nas mulheres as ondas de calor causadas pela baixa produção de estrogênio na menopausa.

Para obter resultados mais precisos sobre o novo pão, Renée procura 60 voluntárias em boas condições de saúde, que não estejam fazendo reposição hormonal e estejam dispostas a colaborar. As interessadas em participar devem ligar para o telefone (11) 3066-7765, no horário comercial, até o final do ano. O estudo terá duração de três meses e, durante esse período, cada voluntária vai comer duas fatias de 80g de pão e receberá acompanhamento médico com direito a todos os exames de saúde.

Rogério Mascia Silveira
Da Agência Imprensa Oficial

Reportagem publicada originalmente na página IV do Poder Executivo I e II do Diário Oficial do Estado de SP do dia 07/09/2005. (PDF)