Medicina da USP lança CD-ROM sobre Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica

Material didático visa a capacitar médicos para combater enfermidade que acomete entre 5 milhões e 7 milhões de brasileiros

O Departamento de Patologia da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP) lançou em novembro o primeiro volume de uma série de CD-ROMs educativos destinados à formação médica. O tema escolhido foi a Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC), enfermidade que no ano 2000 matou, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), 2,7 milhões de pessoas em todo o mundo.

O CD-ROM informa sobre diagnóstico e tratamento da doença. Traz ainda aulas didáticas de assuntos afins, como enfisema, bronquite crônica e hipertensão pulmonar, associadas a vídeos de autópsia, fotos macro e microscópicas e esquemas, todos acompanhados de narração.

O médico pode assistir também à apresentação de um caso clínico, com autópsia e comentários de especialistas. O CD traz o Homem Virtual, conjunto de iconografias dinâmicas e tridimensionais desenvolvidas pela disciplina de Telemedicina da FMUSP. Ele auxilia a compreensão da formação do enfisema alveolar e bronquite crônica e explica a espirometria – exame de avaliação da função pulmonar.

O CD sobre DPOC integra o modelo de teleducação interativa baseada em tecnologia da FMUSP. Permite, assim, a interação com o corpo docente da instituição. Os professores são capazes de avaliar o aprendizado do aluno por meio do Cybertutor (ambiente de aprendizado virtual na internet). Ao término do curso, o Departamento de Patologia da FMUSP emite um certificado de proficiência em DPOC àqueles que forem aprovados na avaliação virtual.

Médicos, estudantes, hospitais e instituições de ensino superior podem adquirir o CD e também participar dos cursos de programas de aprimoramento continuado fornecidos pela FMUSP.

Risco para fumantes e ex-fumantes

Caracterizada pela obstrução progressiva dos brônquios, a DPOC provoca tosse, produção de catarro e falta de ar. É incurável e afeta gradativamente a realização de atividades normais do paciente, sendo causada pela inalação de substâncias nocivas, principalmente aquelas que compõem o cigarro. Cerca de 90% dos portadores de DPOC são fumantes ou ex-fumantes.

No Brasil, o Ministério da Saúde estima entre 5 milhões e 7 milhões o total de portadores da doença. Em 1999, foi a quinta causa de morte no País – atrás apenas do infarto do miocárdio, câncer, Acidente Vascular Cerebral (AVC) e causas externas. Em 2001, o governo gastou cerca de R$ 100 milhões com internações de pacientes com DPOC.

A doença abrevia a resistência física do paciente. Atividades corriqueiras como pentear o cabelo, tomar banho, cozinhar e caminhar são dificultadas. Nos casos mais graves, a respiração é realizada por aparelhos mecânicos. Depressão e ansiedade também são sintomas que acompanham a doença.

O pneumologista Sílvio Rezende, professor da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp, alerta: “A única prevenção é parar de fumar o mais rápido possível. Além de matar e maltratar muito os pacientes, a DPOC onera os cofres públicos. Cada paciente internado no Hospital das Clínicas custa US$ 200 por dia”.

Serviço

Informações sobre o CD-ROM:
Telefone (11) 3066-7398 e e-mail telemedicina@telemedicina.fm.usp.br

Rogério Mascia Silveira
Da Agência Imprensa Oficial

Reportagem publicada originalmente na página III do Poder Executivo I e II do Diário Oficial do Estado de SP do dia 15/12/2004. (PDF)

População desconhece riscos do reumatismo em crianças e jovens

Falta de tratamento pode deixar sequelas graves, como perda de movimentos em braços ou pernas e tornar o paciente dependente da família

Muitos acreditam que as doenças reumáticas são exclusivas da população adulta. Vários sintomas, de fato, são associados com moléstias degenerativas e sinais como desgaste de cartilagens, enfraquecimento muscular e perda de massa óssea. No entanto, um grande número de reumatismos aflige também a população infantil com evidências semelhantes, como dor e rigidez nas articulações.

Cláudia Goldenstein Schainberg, professora de Reumatologia da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP) e chefe do Ambulatório de Artrites da Infância e Juvenil do Hospital das Clínicas, explica que os principais sintomas da artrite reumatóide juvenil são inchaço, dor e dificuldade de movimento nas articulações eventualmente associados à febre prolongada e sem causa evidente.

“A doença é rara, incide três vezes mais em pacientes do sexo feminino e afeta jovens e crianças menores de 16 anos”, informa. Além da enfermidade afetar as juntas, pode acometer órgãos como coração, olhos, músculos, tendões, fígado ou mesmo a pele. Pode durar anos, com períodos eventuais de remissão e atividade, quando o paciente sente dores e febre. Não é fatal, mas a falta de tratamento pode deixar sequelas graves, como perda de movimento em braços ou pernas e tornar a criança totalmente dependente. É importante salientar que, se tratada de forma adequada, permite vida independente e de boa qualidade na maior parte dos casos”, explica a médica.

Sintomas

De uma hora para outra, a criança cai repetidamente, tropeça ou caminha com dificuldade e abandona atividades rotineiras e comuns como correr ou jogar bola. Ou então sente algum tipo de dor que pode ser constante e não melhora com analgésicos, até mesmo em repouso e tem o sono afetado durante a noite.

Isso pode ser sinal de algum problema reumatológico, inflamação nas juntas causada por fatores diversos, como má postura e infecções na garganta além de predisposição genética. Na eventualidade de queixas desse tipo, recomenda-se levar a criança ao médico o mais rápido possível, evitando adiar a consulta e havendo necessidade, este a encaminhará para especialistas em reumatologia pediátrica.

Muitas vezes, a doença demora para ser identificada e, no período de um ano, o paciente passa por vários especialistas sem obter o diagnóstico. Dependendo da causa, o tratamento requer antiinflamatórios, antibióticos e drogas para prevenir a progressão, além de fisioterapia e psicoterapia.

Consultas

A médica Cláudia Schainberg ressalta que deve ser evitado o uso de medicamentos por conta própria ou “simpatias” e remédios caseiros. De cada cem crianças, duas apresentam queixas reumatológicas em consultas médicas. O ambulatório de artrites da infância da USP oferece atendimento gratuito para crianças e adolescentes. Mais informações podem ser obtidas no site do serviço.

Os pacientes devem observar a dosagem correta das medicações prescritas e praticar atividades físicas para manter a função articular. O apoio de pais, professores e amigos da escola é essencial para o paciente mirim superar a doença e as limitações acarretadas.

Incidência

Estima-se que 25% das doenças reumáticas ocorram em menores de 16 anos nos países desenvolvidos e que este porcentual seja ainda maior nos mais pobres. No Brasil, a febre reumática é a de maior incidência seguida da artrite reumatóide juvenil.

A lista inclui ainda o lúpus eritematoso sistêmico, dermatopolimiosite, esclerodermia, vasculites e as doenças não inflamatórias como a fibromialgia e a Síndrome da Hipermobilidade. Além disso, não é raro o reumatologista pediátrico ser chamado para opinar em doenças não reumatológicas, como leucemias, anemias e problemas de tiróide, que afetam também o sistema músculo-esquelético.

Rogério Mascia Silveira
Da Agência Imprensa Oficial

Reportagem publicada originalmente na página IV do Poder Executivo I e II do Diário Oficial do Estado de SP do dia 07/10/2003. (PDF)