Soluções inovadoras e inteligentes

Retrospectiva 2014: texto publicado em 20-3-2014, páginas II e III, adaptado para esta edição.

Com entrada franca, feira na Poli-USP apresentou 331 trabalhos científicos de alunos do ensino básico, médio e técnico de todo o País

Hoje (20 de março) é o último dia para conferir no estacionamento da Escola Politécnica (Poli) da USP as invenções e novidades da 12ª Feira Brasileira de Ciências e Engenharia (Febrace), a maior do gênero da América Latina. O evento, que começou no dia 18 de março, é organizado pelo Labora tório de Sistemas Integráveis da Escola Politécnica da USP (LSI-Poli).

Nesta edição, a Febrace mostrou 331 projetos de estudantes do ensino fundamental, médio e técnico de todo o País. Os trabalhos – apresentados anteriormente em feiras afiliadas realizadas em território nacional – foram selecionados entre 1,8 mil inscritos e concorreram a 200 prêmios em sete categorias: Ciências Exatas e da Terra; Biológicas; Saúde; Agrárias; Sociais Aplicadas; Humanas; e Engenharia.

Amanhã e sábado a comissão julgadora da Febrace anunciará os nomes dos vencedores. Os trabalhos mais bem avaliados ganharão troféus e medalhas; e seus autores serão contemplados com bolsas de estudo e oportunidades para estágios. Além disso, concorrerão a uma das nove vagas reservadas para o Brasil na Feira Internacional de Ciências e Engenharia da Intel (Intel ISEF), que neste ano ocorrerá de 11 a 16 de maio, em Los Angeles, nos Estados Unidos. O País tem 34 premiações nessa feira.

Segundo a professora Roseli de Deus Lopes, da Poli-USP, coordenadora da Febrace, a feira abre espaço para o surgimento de talentos para a ciência nacional, provenientes de todas as regiões brasileiras. Ao longo dos três dias do evento, os alunos apresentam seus projetos para os visitantes e se aproximam de colegas e professores de outras localidades, ampliando assim a rede de contatos profissionais.

Aprendem também sobre como obter recursos nos principais órgãos de fomento à pesquisa e ao desenvolvimento tecnológico disponíveis, como Capes, CNPq e Fapesp. “Iniciação científica é fundamental para formar novos quadros para as universidades. Ela também colabora para o surgimento de novos negócios, a partir de soluções inovadoras criadas em salas de aula e em laboratórios escolares”, observa Roseli.

Etecs paulistas: presente!

Dos 331 projetos em exposição na Febrace, 27 foram desenvolvidos por alunos de 13 Escolas Técnicas Estaduais (Etecs). Os trabalhos classificados são de Etecs das cidades de Franca (6), Itanhaém (1), Jacareí (1), Limeira (4), Monte Mor (1), Osasco (1), Piedade (2), Ribeirão Pires (3), Santa Bárbara D’Oeste (1), São Paulo (4) e Suzano (3). As Etecs são mantidas pelo Centro Paula Souza, entidade vinculada à Secretaria Estadual de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação. Atualmente, há 214 delas distribuídas em 157 municípios paulistas.

Nem fogo nem água

A estudante Natyeli Silva, do curso técnico de Curtimento, da Etec Professor Carmelino Corrêa Júnior, de Franca, desenvolveu novo modelo de botas para uso do Corpo de Bombeiros. Quatro vezes mais barato do que o calçado convencional, tem solado e revestimento de couros especiais, que impedem que o material incendeie, se exposto a chamas.

Além disso, também repele a água, mantendo seco os pés do agente em ocorrências com incêndios e ambientes alagados. O custo de cada par de botas é estimado em R$ 60 e as propriedades do couro ignificado (anti-inflamável) e hidrofugado (impermeabilidade) foram comprovadas em estudo realizado pelo Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT).

Tijolo ecológico

Em Ribeirão Pires, a dupla Fabrício Luciano e Willians Zaguini, do curso técnico em Química, dedicou dois semestres no desenvolvimento do seu projeto na Etec local. Objetivo: criar uma mistura para produzir tijolos à base de materiais baratos, recicláveis e comumente descartados.

O estudo foi orientado pelo professor Carlos Barreiro e a dupla criou, de modo artesanal, um protótipo com jornal e gesso, com preço de custo unitário de R$ 0,06, valor bem inferior aos R$ 0,25 cobrados por um similar convencional. O “tijolo ecológico” está em conformidade com as regras da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT – NBR) – e já é possível usá-lo com cimento em construções internas.

Sabor prolongado

Encontrar uma opção saudável de lanche rápido para substituir refeições calóricas e pobres em nutrientes adotadas por grande parte da população. Com essa proposta em mente, as estudantes de Química Mariana Barnett e Larissa Careca, da Etec Getúlio Vargas, da capital, desenvolveram uma emulsão comestível (biofilme) capaz de retardar a oxidação e a degradação natural de pedaços de banana e de maçã.

Produzido com fécula de mandioca e cera de abelha, o biofilme não altera o aspecto e o paladar das frutas, fontes naturais de minerais e vitaminas. A ideia é permitir, por exemplo, que um estudante ou uma criança leve na mochila ou lancheira as frutas embaladas pelo biofilme em um pote plástico para comer na hora do intervalo. De acordo com as adolescentes, a fruta revestida pelo filme armazenada em pote na geladeira mantém características nutricionais inalteradas por sete dias – e fora dela, conserva até quatro dias.

Peça pelo número

Permitir a um idoso, criança ou pessoa com deficiência comandar por voz, com segurança e sem contato físico, um elevador. Essa foi a missão proposta e executada pelo trio de estudantes Carlos Teixeira, Matheus Schimidt e Mark Schall, do curso de Eletroeletrônica da Etec Professora Doutora Quiomi Kanashiro Toyohara, de Pirituba, zona oeste da capital.

Com a supervisão dos professores Iverson Machado e Saulo Yokoo, o grupo criou um protótipo de elevador completo. O equipamento possui sistema de computação embarcado e autônomo, contendo hardware (chips, placas, microcontroladores e circuitos) e software (programas de computação para controlar o dispositivo) exclusivos e desenvolvidos sob medida. Com algumas alterações, possibilitará, por exemplo, substituir interruptores de luz, chuveiros, portões e eletrodomésticos.

Serviço

Febrace

Rogério Mascia Silveira
Imprensa Oficial – Conteúdo Editorial

Reportagem publicada originalmente na página III do Poder Executivo I e II do Diário Oficial do Estado de SP do dia 30/12/2014. (PDF)

Soluções inovadoras e inteligentes – Ainda dá tempo de visitar a 12ª Febrace

Com entrada franca, feira na Poli-USP acaba hoje, às 19 horas; em exposição, 331 trabalhos científicos de alunos do ensino básico, médio e técnico de todo o País

Hoje é o último dia para conferir no estacionamento da Escola Politécnica (Poli) da USP, as invenções e novidades da 12ª Feira Brasileira de Ciências e Engenharia (Febrace), a maior do gênero da América Latina. O evento, que começou no dia 18, é organizado pelo Laboratório de Sistemas Integráveis da Escola Politécnica da USP (LSI-Poli).

Nesta edição, a Febrace apresenta 331 projetos de estudantes do ensino fundamental, médio e técnico de todo o País. Os trabalhos – apresentados anteriormente em feiras afiliadas realizadas em território nacional – foram selecionados entre 1,8 mil inscritos e concorrem a 200 prêmios em sete categorias: Ciências Exatas e da Terra; Biológicas; Saúde; Agrárias; Sociais Aplicadas; Humanas; e Engenharia.

Amanhã e sábado a comissão julgadora da Febrace anunciará os nomes dos vencedores. Os trabalhos mais bem avaliados ganharão troféus e medalhas; e seus autores serão contemplados com bolsas de estudo e oportunidades para estágios. Além disso, concorrerão a uma das nove vagas reservadas para o Brasil na Feira Internacional de Ciências e Engenharia da Intel (Intel ISEF), que neste ano ocorrerá de 11 a 16 de maio, em Los Angeles, nos Estados Unidos. O País já tem 34 premiações nessa feira.

O ninho da ciência

Segundo a professora Roseli de Deus Lopes, da Poli-USP, coordenadora da Febrace, a feira abre espaço para o surgimento de talentos para a ciência nacional, provenientes de todas as regiões brasileiras. Ao longo dos três dias do evento, os alunos apresentam seus projetos para os visitantes e se aproximam de colegas e professores de outras localidades, ampliando assim a rede de contatos profissionais.

Aprendem também sobre como obter recursos nos principais órgãos de fomento à pesquisa e ao desenvolvimento tecnológico disponíveis, como Capes, CNPq e Fapesp. “Iniciação científica é fundamental para formar novos quadros para as universidades. Ela também colabora para o surgimento de novos negócios, a partir de soluções inovadoras criadas em salas de aula e laboratórios escolares”, observa Roseli.

Etecs paulistas: presente!

Dos 331 projetos em exposição na Febrace, 27 foram desenvolvidos por alunos de 13 Escolas Técnicas Estaduais (Etecs). Os trabalhos classificados são de Etecs das cidades de Franca (6), Itanhaém (1), Jacareí (1), Limeira (4), Monte Mor (1), Osasco (1), Piedade (2), Ribeirão Pires (3), Santa Bárbara D’Oeste (1), São Paulo (4) e Suzano (3).

As Etecs são mantidas pelo Centro Paula Souza, entidade vinculada à Secretaria Estadual de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação. Atualmente, há 214 delas distribuídas em 157 municípios paulistas.

Nem fogo nem água

A estudante Natyeli Silva, do curso técnico de Curtimento, da Etec Professor Carmelino Corrêa Júnior, de Franca, desenvolveu um novo modelo de botas para uso do Corpo de Bombeiros. Quatro vezes mais barato que o calçado convencional, tem solado e revestimento de couros especiais, pois impedem que o material incendeie se exposto a chamas. Além disso, também repele a água, mantendo seco os pés do agente em ocorrências com incêndios e ambientes alagados.

A ideia do Equipamento de Proteção Individual (EPI) foi da professora Joana D’Arc de Souza, da disciplina de Couros e Peles. Docente do único curso técnico de Curtimento disponível no Estado de São Paulo, ela conta que a ideia surgiu depois que um policial, pai de uma amiga, teve um pé de coturno incinerado por uma brasa em uma situação de combate ao fogo. A docente, então, apresentou a ideia para Natyeli, que, em um ano, conseguiu produzir alguns pares ao custo de R$ 60, cada um.

De acordo com a estudante e sua orientadora, as propriedades do couro ignificado (anti-inflamável) e hidrofugado (impermeabilidade) foram comprovadas em estudo realizado pelo Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT).

Natyeli é filha de uma coladeira e de um pespontador, ambos operários do polo calçadista de Franca. Ela se dedicou ao trabalho com mais um desafio incluído no projeto: retirar do processo de fabricação do couro dois elementos poluentes, o isopor e as aparas do tipo wet-blue. “O próximo passo será desenvolver, até o final do curso, uma roupa antichama”, disse a estudante, orgulhosa.

Tijolo ecológico

Em Ribeirão Pires, a dupla Fabrício Luciano e Willians Zaguini, do curso técnico em Química, dedicou dois semestres no desenvolvimento do seu projeto na Etec local. Objetivo: criar uma mistura para produzir tijolos à base de materiais baratos, recicláveis e comumente descartados. O estudo foi orientado pelo professor Carlos Barreiro e a dupla desenvolveu, de modo artesanal, um protótipo utilizando jornal e gesso, com preço de custo unitário de R$ 0,06, valor bem inferior aos R$ 0,25 cobrados por um similar convencional.

Fabrício submeteu o produto a testes físicos de resistência, rigidez e de compactação. Ele conta que seu “tijolo ecológico” está em conformidade com as regras da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT – NBR). Segundo ele, já é possível usá-lo com cimento em construções internas. O próximo passo é fazer novas avaliações com exposição do material a fenômenos naturais (sol, chuva, umidade, etc.). Depois, o produto será encaminhado para testes no IPT e, finalmente, patenteado.

Cartografia descomplicada

Na Etec Monte Mor, o professor Roney Caum propôs um desafio à sua classe do ensino médio: identificar os nomes dos 26 Estados brasileiros e do Distrito Federal em um mapa do Brasil sem os nomes das unidades territoriais. Ninguém conseguiu acertar 100%. Um tempo depois, o docente repetiu a experiência, acrescentando dicas curtas sobre cada uma das unidades da Federação – e o total de respostas correta aumentou.

Desafiados pela proposta do educador, os estudantes Éverton dos Anjos e Letícia Montezel se dispuseram a produzir uma ferramenta pedagógica para ajudar a combater essa defasagem no ensino de Geografia. A proposta incluía auxiliar, de modo lúdico, o aluno a identificar os Estados brasileiros e a localizar, a partir de coordenadas cartográficas, onde se encontram atualmente no mapa do País.

Batizada de Geografia Divertida, a iniciativa exigiu um ano e meio de trabalho – e incluiu a criação de 27 fichas com 12 dicas, a partir da coleta de dados de fontes confiáveis na internet sobre os 26 Estados e o Distrito Federal. O passo seguinte foi elaborar questionários e um jogo, com tabuleiro inspirado no tradicional War, para executar o projeto. A experiência foi, então, feita com 240 alunos do ensino fundamental II da cidade com resultados satisfatórios – e, novamente, na segunda etapa, os acertos também foram maiores.

Para Éverton e Letícia, a experiência comprovou a necessidade de serem repensados os modelos pedagógicos tradicionais – e adaptá-los para a geração atual de estudantes, que recebem grande volume de informações, de diferentes fontes e em menor tempo, sem conseguir reter muitos conteúdos.

A propriedade intelectual da ferramenta desenvolvida foi cedida à Etec. Os estudantes esperam que colegas de turmas seguintes aprimorem ainda mais a ferramenta. “O segredo é induzir cada participante a aprender mais para vencer as partidas”, observam.

Sabor prolongado

Encontrar uma opção saudável de lanche rápido para substituir refeições calóricas e pobres em nutrientes adotadas por grande parte da população. Com essa proposta em mente, as estudantes de Química Mariana Barnett e Larissa Careca, da Etec Getúlio Vargas, da capital, desenvolveram uma emulsão comestível (biofilme) capaz de retardar a oxidação e a degradação natural de pedaços de banana e de maçã.

O trabalho com o produto orgânico foi orientado pelo professor Fernando dos Santos e testado com sucesso em familiares das garotas. “Ninguém passou mal depois que comeu”, disseram, brincando. Produzido com fécula de mandioca e cera de abelha, o biofilme não altera o aspecto e o paladar das frutas, fontes naturais de minerais e vitaminas.

A ideia é permitir, por exemplo, que um estudante ou uma criança leve na mochila ou lancheira as frutas embaladas pelo biofilme em um pote plástico para comer na hora do intervalo escolar. Assim, deixariam de comprar um salgado, hambúrguer ou pão de queijo na cantina escolar.

De acordo com as adolescentes, um pedaço de fruta revestido pelo filme e armazenado em um pote na geladeira tem suas características nutricionais inalteradas por sete dias. Fora do refrigerador, dura até quatro dias. “Pesquisamos a fundo os ingredientes possíveis para produzir a emulsão e descobrimos que não existe no mercado nenhum produto com as características do nosso protótipo”, revelam confiantes.

Peça pelo número

Permitir a um idoso, criança ou pessoa com deficiência comandar por voz, com segurança e sem contato físico, um elevador. Essa foi a missão proposta e executada pelo trio de estudantes Carlos Teixeira, Matheus Schimidt e Mark Schall, do curso de Eletroeletrônica da Etec Professora Doutora Quiomi Kanashiro Toyohara, de Pirituba, zona oeste da capital.

Com a supervisão dos professores Iverson Machado e Saulo Yokoo, o grupo criou um protótipo de elevador completo. O equipamento possui sistema de computação embarcado e autônomo, contendo hardware (chips, placas, microcontroladores e circuitos) e software (programas de computação para controlar o dispositivo) exclusivos e desenvolvidos sob medida.

O protótipo do elevador tem recursos de captura e de processamento da voz do usuário – depois do comando dado no microfone, o som é convertido instantaneamente em sinais digitais e dá instruções para subir ou descer. Se preferir, o usuário pode acionar os comandos por botões no painel, que possui também um sensor para detectar a presença de pessoas ou objetos e tem suas operações sinalizadas por lâmpadas de LED piscantes.

Testado com sucesso, seus criadores pretendem patentear a invenção. Eles explicam que o conceito do sistema pode ser reaproveitado em outras aplicações em uma casa totalmente inteligente e automatizada. Com algumas alterações, permitiria, por exemplo, substituir interruptores de luz, chuveiros, portões e eletrodomésticos.

Serviço

A Febrace está montada em uma tenda no estacionamento da Escola Politécnica da USP – Av. Prof. Luciano Gualberto, travessa 3, nº 380 – Butantã. A entrada é franca.

Rogério Mascia Silveira
Imprensa Oficial – Conteúdo Editorial

Reportagem publicada originalmente nas páginas II e III do Poder Executivo I e II do Diário Oficial do Estado de SP do dia 20/03/2014. (PDF)

Conheça os vencedores da 7ª Feteps

Feira Tecnológica do Centro Paula Souza mostra projetos inovadores criados por alunos das Etecs e Fatecs estaduais

O Centro Paula Souza anunciou os 17 projetos campeões da sua 7ª Feira Tecnológica (Feteps), realizada anualmente. Em 2013, um total de 29 mil visitantes conferiu, de 22 a 24 de outubro, na Expo Barra Funda, na capital, 256 trabalhos inovadores de alunos de Escolas Técnicas Estaduais (Etecs), Faculdades de Tecnologia do Estado (Fatecs) e de instituições de ensino de outros Estados e países.

Formadas por alunos e professores orientadores, as equipes premiadas receberam tablets e troféus. A comissão julgadora foi composta por grupos de formados entre 35 e 38 professores. No total, avaliaram 180 trabalhos de Etecs e de 50 Fatecs que concorreram em sete categorias. (veja abaixo)

Entre outros objetivos, a Feteps estimula os estudantes a encontrarem, coletivamente, soluções simples, baratas e acessíveis para desafios científicos e problemas da sociedade. Assim, muitos projetos têm apelo de inovação tecnológica e de viés empreendedor, e acabam gerando novos negócios e serviços.


Antibiótico vegetal e natural

Vem da Etec Itanhaém, no litoral paulista, uma novidade na área de farmacologia. Os alunos Jéferson Silva e Natany Weller, do curso técnico em Meio Ambiente, desenvolveram um princípio ativo para ser usado como antibiótico alternativo ao produzidos à base de toxinas de fungo, que causam alergias em muitos pacientes.

O estudo rendeu à dupla de estudantes e ao professor José Adriano de Barros o primeiro lugar na categoria Ciências Biológicas e Agrárias, na 7ª Feteps. E já despertou o interesse de empresas e de grupos de pesquisas em financiar testes farmacológicos aprofundados.

Com o nome ainda sob sigilo, à espera de ser patenteado, o princípio ativo é extraído de um vegetal típico da restinga e comum no litoral brasileiro e da América Central, a Dalbergia ecastophyllum. A planta é um arbusto que atinge até 2,5 m de altura e é conhecido pelos nomes populares de rabo-de-bugio e jacarandazinho-da-praia.

Jéferson, idealizador do projeto, destaca que o estudo surgiu a partir da sua observação da grande concentração de espécies de abelhas em todas as partes da planta. Os insetos sociais a usam para produzir o própolis, antibiótico natural de uso farmacológico já testado, aprovado e usado em larga escala.

O diferencial da Dalbergia, explica o estudante, é originar um própolis de coloração avermelhada, com propriedades anti-inflamatórias potencializadas. A inovação da pesquisa desenvolvida na Etec Itanhaém foi concentrar os estudos no ciclo de vida e reprodução da planta, fonte do própolis, em vez de privilegiar as abelhas.

Ao longo da evolução da Dalbergia, o princípio ativo do vegetal se desenvolveu como uma defesa da planta contra fungos e bactérias. Os índios e a medicina popular descobriram que não havia contra-indicações no uso humano e a empregavam como fitoterápico, esfregando as folhas em feridas, para acelerar a cicatrização.

Além das propriedades terapêuticas, o princípio ativo foi testado com sucesso como defensivo agrícola em culturas de tomate e morango na estufa da Etec. O grupo de estudo de Itanhaém, formado por professores de diversas áreas e seis alunos, a classificou de alternativa ‘agro-orgânica’, por ter origem natural e sustentável, para substituir os agrotóxicos.


Motocicleta tetraflex

Motocicleta Tetraflex, projeto dos alunos Ricardo Fonseca, Luciano Gomes e Renato Paixão, do curso de Tecnologia Eletrônica Automotiva da Fatec Santo André, rendeu o primeiro prêmio na categoria Tecnologia Industrial e Infraestrutura.

Orientado pelo professor Cleber Gomes, o projeto inédito já havia sido classificado entre os 200 melhores do Congresso SAE Brasil 2013, o maior do gênero de mobilidade do País. O estudo propõe e comprova na prática, a viabilidade de uma moto adaptada para funcionar de modo híbrido, alimentada por quatro combinações possíveis de combustíveis: gasolina, etanol, gás natural veicular (GNV) e uma mistura dos três anteriores em qualquer proporção.

Embora perca 18% de desempenho, a adoção do GNV no protótipo compensa. O combustível é mais barato e menos poluente do que o etanol e a gasolina usados pelas motos convencionais e traz a vantagem de aumentar a vida útil do motor.

O trabalho consumiu nove meses. O protótipo usado foi com uma moto de 150 cilindradas, ano 2011, bicombustível (flex), que foi comprada por R$ 1,7 mil. Além deste gasto, o projeto e adaptação do sistema tetracombustível custaram mais R$ 1 mil.

No projeto, a motocicleta recebeu um cilindro atrás do banco capaz de armazenar 1,8 metro cúbico de GNV e exige que sempre haja gasolina no tanque, para permitir a partida e deslocamento inicial. Depois da ignição, após 20 segundos, a tecnologia desenvolvida verifica, de modo automático, se a rotação do motor atingiu 1,6 mil giros. Em caso afirmativo, o GNV passa a alimentar os bicos injetores do motor.  Ricardo Fonseca, um dos alunos campeões, observa que com o tanque e cilindro cheios é possível rodar até 550 quilômetros.


Os três campeões nas outras categorias

Inclusão Social

Internacional

Parceiro nacional

  • Centro de Educação Profissional Helio Augusto de Souza (Cephas), de São José dos Campos
    Disseminação da Ciência e Tecnologia

Etecs e Fatecs vencedoras

1) Ciências Humanas, Sociais e Artes

2) Gestão e Ciências Econômicas

3) Ciências Biológicas e Agrárias

4) Informática e Ciências da Computação

  • Etec de São Roque
    Sistema de Gerenciamento de Recursos Humanos
  • Fatec Itu
    Software Libraille: jogo para alfabetização de crianças cegas e surdas

5) Tecnologia Industrial e Infraestrutura

6) Segurança e Saúde

7) Tecnologia Química, de Alimentos, da Agroindústria e da Bioenergia

Rogério Mascia Silveira
Imprensa Oficial – Conteúdo Editorial

Reportagem publicada originalmente na página IV do Poder Executivo I e II do Diário Oficial do Estado de SP do dia 31/10/2013. (PDF)