Curso de informática gratuito da Poli-USP está com inscrição aberta

Aluno de baixa renda da RMSP interessado em participar deve fazer inscrição gratuita até 3 de fevereiro; iniciativa do Laboratório de Sustentabilidade da Escola Politécnica oferece 30 vagas e a formação de 360 horas será ministrada ao longo deste ano

Oferecer neste ano formação presencial em Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) para jovens de baixa renda, provenientes da rede pública de ensino, na faixa etária de 16 a 20 anos. Essa é uma das ações pioneiras do Programa Paideia, iniciativa do Laboratório de Sustentabilidade (Lassu) da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli-USP).

Gratuito e com 360 horas de atividades e 30 vagas disponíveis, o curso de extensão universitária é direcionado para aluno residente na Região Metropolitana de São Paulo (RMSP) que já concluiu o ensino médio ou esteja cursando a partir do segundo ano.

A inscrição e o conjunto de regras para seleção no curso estão disponíveis on-line, no site do Programa Paideia (ver serviço), cujo espaço físico e conjunto de instalações foram inaugurados em 22 de novembro, na Cidade Universitária da USP, na capital.

“A meta é aumentar a empregabilidade desses jovens e incentivar empresas de todo o País a participar de uma ação social sustentável e de baixo custo”, explica a professora Tereza Carvalho, docente do Departamento de Engenharia de Computação e Sistemas Digitais (PCS) da Poli-USP e coordenadora do Lassu.

Qualificação

A seleção dos interessados compreende prova escrita, com questões básicas de português e matemática e duas entrevistas, uma com o candidato e a outra com seus familiares. As aulas para os aprovados começam em março e seguirão até o fim do ano, com três horas diárias de atividades nas tardes de segunda a sexta-feira. Assim, os alunos poderão cursar o ensino médio em outro período.

O curso do Programa Paideia será ministrado por nove professores vinculados ao Lassu e quer formar profissionais com visão abrangente, humanística, empreendedora e multidisciplinar, “capazes de atuar na área de informática e de programação em nível básico e, assim, preencher uma lacuna hoje existente no mercado de trabalho”, explica Walter Goya, mestre em engenharia de computação pela Poli e um dos docentes do Paideia.

Inovação

Segundo o professor Goya, duas estratégias foram consideradas na concepção do curso, que no final dará direito a diploma de curso de difusão científica expedido pela USP. A primeira delas consiste em reforçar e fortalecer a questão de cidadania dos alunos participantes, inclusive com acompanhamento pelo Lassu no primeiro ano depois do fim da formação. A segunda diz respeito à elaboração do conteúdo programático, que foi montado com a intenção de mesclar conhecimentos de três áreas (trilhas) aplicadas simultaneamente ao longo das atividades didáticas.

Na parte de Programação, são incluídas disciplinas como Lógica, Fundamentos de Linguagens e Desenvolvimento Web, entre outras. Na área Computação e Conectividade, são abarcados temas como Princípios e Infraestrutura de Tecnologias de Informação, Redes, Montagem e Configuração de Computadores; e em Sustentabilidade e Inovação Empresarial, as noções transmitidas abordam Ética, Cidadania, Matemática Financeira, Novos Modelos de Negócios, Desenvolvimento de Projetos e Empreendedorismo e Projetos Socioambientais, entre outros assuntos.

Ação social

“O Paideia e os demais programas do Lassu, como o Eco-Eletro, dirigido à capacitação de recicladores de material, busca apoio da iniciativa privada para pôr em prática ações sustentáveis e com apelo de responsabilidade social”, destaca a professora Tereza. No Paideia, por exemplo, a empresa Recicladora Urbana financiou R$ 130 mil por meio do Programa Parceiros da Poli; e esse recurso foi usado na construção das novas instalações e compra do mobiliário e de parte dos equipamentos do local.

Batizado de Espaço Paideia de Inovação e Inclusão Social, o conjunto, recém-inaugurado no segundo andar do prédio do Centro de Estudos em Regulação e Qualidade de Energia (Enerq), na Poli-USP, dispõe de três ambientes: Sala de Aula e Experimentação, onde ocorrerão as atividades do curso de formação; uma Sala de Cocriação, destinada à discussão e troca de ideias para estimular o uso de diferentes métodos de projeto colaborativo (por exemplo, design thinking); e o Acervo Técnico.

No espaço do Acervo Técnico, os alunos do curso e visitantes podem conhecer a exposição permanente de equipamentos de informática e de telecomunicações obsoletos, denominada Do computador de mesa ao computador de bolso. Esses itens vêm sendo reunidos desde 2009 pelo Centro de Reúso e Descarte de Equipamentos de Informática (Cedir) da USP e incluem computadores pessoais dos anos 1980, gravadores, filmadoras, câmeras fotográficas, videogames, notebooks e celulares, entre outros.

Parcerias

“O apoio de pessoas físicas e jurídicas é essencial para o sucesso de projetos de inclusão social”, explica a professora Tereza. Segundo ela, com mil reais mensais (ou R$ 12 mil anuais), uma empresa consegue colaborar com o Paideia na Modalidade Mentor do Saber. Nela, o patrocinador tem direito a inserir seu logotipo em material de divulgação da USP, camisetas e uniformes dos alunos participantes, usar o Selo Cobre do programa em material de divulgação e ainda recrutar um dos dez melhores alunos da turma do curso para integrar seu quadro funcional.

Serviço

Laboratório de Sustentabilidade (Lassu-USP)
Programa Paideia (para inscrição no curso e mais informações)
Telefone (11) 3091-1092

Rogério Mascia Silveira
Imprensa Oficial – Conteúdo Editorial

Reportagem publicada originalmente na página IV do Poder Executivo I e II do Diário Oficial do Estado de SP do dia 06/01/2017. (PDF)

Procon sugere cuidado especial na compra de material de construção

Recomendação é sempre conferir o prazo de validade, instruções e restrições de uso, além de questionar preços, formas de pagamento e política de troca

Para garantir os direitos do comprador de materiais de construção, a Fundação de Proteção e Defesa do Consumidor (Procon-SP) realiza em todo o Estado operações regulares de fiscalização desses produtos nas lojas especializadas.

“O objetivo dessas operações é observar o cumprimento do Código de Defesa do Consumidor (CDC – Lei federal nº 8.078/1990), legislação responsável pelas regras das relações de consumo em todo o território nacional”, informa Bruno Stroebel, supervisor de planejamento de fiscalização operacional.

A operação, iniciada em 3 de junho, se estenderá até sexta-feira, quando terão sido inspecionadas 34 grandes lojas do gênero na capital. Até o momento, 20 delas já foram fiscalizadas, todas apresentaram alguma irregularidade e serão notificadas.

De acordo com a natureza de cada ocorrência identificada, os fiscais podem sugerir instauração de processo administrativo em âmbito interno contra o fornecedor. Se o mesmo vier a ser condenado, poderá pagar multa de R$ 597,04 a R$ R$ 8.955.780,80 e o valor pode aumentar em eventual reincidência.

Em uma rede de materiais de construção com várias lojas na capital, a fiscalização encontrou irregularidades com adesivos plásticos para PVC, paquímetros, rejuntes, mandris e selantes para juntas de dilatação em mais de um dos pontos comerciais da empresa.

Segundo os fiscais do Procon, essa situação é comum, podendo ser explicada pelo fato desse perfil de estabelecimento comprar itens para as diversas lojas de sua rede em grandes quantidades. Porém, é obrigação do lojista conferir cada item antes de colocá-lo em exposição nas gôndolas.

Irregularidades

Segundo Stroebel, as irregularidades encontradas nas lojas de materiais de construção ocorrem também com outros comércios de produtos nacionais e importados. Incluem a falta de exemplar do CDC em local visível para consulta na loja e de informação clara sobre preços, formas de pagamento e trocas, além de cobrança no caixa de valor diferente do anunciado na prateleira.

Com relação às mercadorias, os desrespeitos mais comuns ao CDC são a ausência de dados obrigatórios na embalagem, como peso, lote, volume, composição e informações sobre o fabricante. E mais, prazo de validade vencido, etiqueta apagada, falta de informações claras no rótulo, grafia em língua estrangeira e ainda, não ter instruções de uso e eventuais restrições. Em alguns tipos de produtos, também é conferido o selo do Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro) – a lista deles pode ser conferida no site do instituto (ver serviço).

De olho no rótulo

Eduardo Ioshimoto, professor aposentado da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP) e docente de Engenharia Civil da Universidade Presbiteriana Mackenzie, sublinha a importância desse tipo de fiscalização do Procon para proteger o consumidor.

Segundo ele, mais de 60% do cimento comercializado na capital tem como destino pequenas construções e, muitas vezes, o consumidor com esse perfil de compra não costuma conferir o prazo de validade e a recomendação de uso de alguns itens, um fator crítico em qualquer obra.

O professor Ioshimoto explica que resinas e selantes são produtos cuja deterioração ocorre ainda na prateleira da loja, antes mesmo da venda. Assim, se estiverem fora do prazo de validade podem trazer prejuízos ao proprietário, cuja expectativa será frustrada por problemas relacionados a infiltrações, trincas precoces e outros efeitos indesejados.

“Para adquirir materiais de construções, em muitos casos vale o mesmo critério para comprar alimentos: olhar validade, como conservar o produto depois de aberto, usar em quais situações, etc.”, observa.

Questão de custo

Moradores do Jabaquara, bairro da zona sul da capital, o casal de marceneiros Elaine Ferreira e Julio Cesar da Silva, costuma ir três vezes por semana a lojas de materiais de construção para repor os estoques da oficina. Experientes, costumam comparar preços e verificar, quando há tempo, as informações contidas no rótulo dos produtos.

Mesmo tomando esses cuidados, relatam já terem tido problemas com itens desconformes: “O custo para retornar ao estabelecimento comercial e trocar a mercadoria muitas vezes não compensa o gasto com a viagem. Assim, a fiscalização do Procon é fundamental para proteger o consumidor”, observam.

Serviço

Fundação Procon
Blog
Telefones: Na capital, ligar 151, de segunda a sexta-feira, das 7 às 19 horas; no interior e litoral, consultar no site do Procon o número e o endereço dos Procons municipais

Código de Defesa do Consumidor (CDC)
Inmetro

Rogério Mascia Silveira
Imprensa Oficial – Conteúdo Editorial

Reportagem publicada originalmente na página I do Poder Executivo I e II do Diário Oficial do Estado de SP do dia 01/09/2016. (PDF)

Poli-USP pesquisa asfalto mais resistente

Usado em países de clima frio, pavimento com estrutura de barras de aço contínuas pode durar até 60 anos; objetivo dos pesquisadores é adaptá-lo às condições brasileiras

Um grupo de pesquisadores da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli-USP) estuda, desde 2010, a adaptação do concreto continuamente armado – material usado em rodovias de países de clima frio – às condições climáticas brasileiras. Contendo barras de aço contínuas em sua estrutura, esse tipo de pavimento tem maior durabilidade e requer menos manutenção do que o asfalto convencional.

Coordenado pelo professor José Tadeu Balbo, chefe do Departamento de Engenharia de Transportes, o trabalho acadêmico é pioneiro no País e deverá se prolongar até 2026. Além do docente, a pesquisa tem a participação de quatro alunos de pós-graduação (dois de mestrado e dois de doutorado) e um de iniciação científica, de graduação.

Parceiros

Um dos desdobramentos possíveis para o concreto continuamente armado no Brasil, aponta o pesquisador livre-docente na área de engenharia civil da Poli-USP, é oferecer um método alternativo de construção para órgãos relacionados com a construção e conservação de rodovias.

O projeto teve apoio de um grupo de 12 empresas, formado por empreiteiras, mineradoras e fabricantes de aço, cimento e aditivos para concreto. Os empresários cederam materiais e mão de obra para a construção de um trecho de 200 metros de pista com o concreto continuamente armado, para ser usado como campo de provas pelos pesquisadores.

Entregue no final de abril, o trecho custou cerca de R$ 500 mil e fica na última faixa da direita da Avenida Professor Mello Moraes, em frente à Raia Olímpica da USP, localizada no Butantã, zona oeste da capital. Próximo à Poli, o local foi escolhido por concentrar fluxo intenso de ônibus cujos itinerários incluem a Cidade Universitária em seus trajetos.

Desafios

Uma das premissas adotadas na pesquisa é o fato de o concreto continuamente armado dispensar manutenção pesada por no mínimo 40 anos, podendo durar até 60 anos sem precisar ser substituído. Assim, na avaliação do professor Balbo, poderá, no futuro, ser empregado no Brasil, país cujo território tem 170 mil quilômetros de ruas e rodovias asfaltadas – algumas delas pavimentadas com o concreto de juntas serradas, popularmente conhecido como concreto simples.

Mais utilizado na maioria dos países, o pavimento de concreto simples tem vida útil estimada de 20 anos, período que pode ser prolongado com manutenção adequada ou, ainda, abreviado, caso ocorram erros ou falhas nas etapas de projeto e de instalação.

Os desafios para os pesquisadores da Poli incluem avaliar o método mais eficaz e econômico de construção com concreto continuamente armado no Brasil e analisar as respostas desse tipo de pavimento aos fenômenos naturais do País – variações de temperatura, exposição ao sol, infiltrações por água de chuva e ação dos ventos. Um dos equipamentos utilizados nos testes é o tomógrafo de concreto. Esse aparelho permite avaliar a qualidade de pavimentos construídos.

Fissuras

O pavimento de concreto continuamente armado custa cerca de 40% mais do que o simples e é usado na Bélgica, Alemanha, Holanda e nos Estados Unidos, onde cerca de 40 mil dos 2 milhões de quilômetros de vias pavimentadas o utilizam em estradas federais – sua tecnologia de construção e de aplicação foi aprimorada após a 2ª Guerra Mundial.

O controle das fissuras é uma das principais diferenças entre os dois tipos de pavimento: no concreto simples, elas surgem de modo controlado devido à serragem do concreto durante o processo de cura, ou seja, antes mesmo de ele ser liberado ao tráfego de veículos; no pavimento continuamente armado, as fissuras de retração (contração) aparecem de modo aleatório, sendo impossível prever em quais pontos do material surgirão.

Economia

Se não forem controladas, as fissuras apresentam potencial para comprometer a sustentação do conjunto da estrutura. Para contornar esse problema, a cada cinco metros no pavimento de concreto simples são instaladas barras de aço para fixar, unir e alinhar os pedaços do material e, ainda, ajudar a conter a expansão das trincas.

O pavimento pesquisado na USP tem a mesma espessura do concreto simples, porém, é mais resistente por empregar barras paralelas e contínuas de aço para sustentar o material. Essa medida garante mais resistência ao material e permite estancar a abertura das fissuras quando elas surgem.

Por não ter junções de blocos, explica o professor Balbo, este tipo de piso não tem degraus e não infiltra nem acumula água entre os vãos (fator de deterioração), além de proporcionar ao motorista o chamado conforto de rolamento, possibilitando uma condução mais suave do veículo, sem solavancos e trepidações. “Embora seja mais caro no início do projeto, o concreto continuamente armado tende a ser mais econômico no longo prazo, por oferecer mais segurança e exigir menos manutenção”, finaliza.

Serviço

Departamento de Engenharia de Transportes da Poli-USP
E-mail jotbalbo@usp.br

Rogério Mascia Silveira
Imprensa Oficial – Conteúdo Editorial

Reportagem publicada originalmente na página II do Poder Executivo I e II do Diário Oficial do Estado de SP do dia 01/06/2016. (PDF)