85 anos de segurança no agronegócio

Vinculado à Secretaria de Agricultura e Abastecimento, Instituto Biológico é o maior centro de sanidade vegetal e animal do Brasil

No dia 26 de dezembro, o Instituto Biológico (IB) completa 85 anos. Vinculado à Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (Apta), é o maior centro público brasileiro de diagnóstico fitossanitário e zoossanitário. Zela pela segurança de hortaliças, frutas e plantas ornamentais. Na parte animal, responde pelo rebanho paulista de criações extensivas.

Com sede na Vila Mariana, capital, o centro de controle sanitário, pesquisa e formação de profissionais da Secretaria de Agricultura e Abastecimento também tem unidades no interior, nos municípios de Descalvado, Bastos e Campinas. Atua de modo multidisciplinar nas áreas de sanidade animal, vegetal e de biossegurança.

Em Descalvado, o IB mantém o Centro Avançado de Pesquisa Tecnológica do Agronegócio Avícola, dedicado ao trabalho com aves de corte. Em Bastos, na região administrativa de Marília, a Unidade de Pesquisa e Desenvolvimento investe na postura de aves. E, em Campinas, o Centro Experimental Central dispõe de vários laboratórios especializados na área de sanidade vegetal.

Nos 30 laboratórios do IB são realizados mais de 350 tipos de exames para identificar pragas e doenças. Deste total, 82 são credenciados pelo Ministério da Agricultura. Os diagnósticos cobrem as áreas vegetal, animal e de monitoramento de alimentos pré-processados e de resíduos de agrotóxicos em bebidas e alimentos.

Doze serviços do instituto têm sistema de gestão da qualidade ISO 9001:2008. O Laboratório de Resíduos de Pesticidas é o único da administração pública direta acreditado pela ISO 17025:2005 para analisar a ação de agrotóxicos em alimentos e bebidas. Todas as certificações seguem os requisitos gerais para ensaio e calibração reconhecidos pelo Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro).

No passado

Criado à semelhança da Fiocruz (RJ) e com importância equivalente para agricultura à do órgão nacional para a saúde, o antigo Instituto Biológico de Defesa Agrícola e Animal foi instituído em 26 de dezembro de 1927, por meio da Lei nº 2.243. O objetivo inicial da comissão de pesquisadores, liderada pelo cientista Arthur Neiva, era debelar a broca do café (Hypothenemus hampei). Desde 1924, esta praga importada da África assolava as plantações – as larvas do inseto perfuravam os grãos, e o produto tinha seu peso diminuído.

Na época, o café representava 70% da agricultura do Estado e constituía a principal fonte de receitas do Brasil. Na lavoura paulista, o combate à praga foi realizado em 1,3 mil fazendas; e mais de 50 milhões de plantas foram vistoriadas. O planejamento científico e operacional nos silos e sacarias garantiu o sucesso da operação. Em 1937, o centro foi rebatizado como Instituto Biológico. E consolidou em São Paulo o conceito de investir de modo permanente na vigilância sanitária, a fim de preservar as riquezas agrícolas.

Serviços com ISO

O Instituto Biológico oferece 12 serviços com a ISO 9001:2008. São eles:

  • Produção de imunobiológicos para diagnóstico de tuberculose e brucelose;
  • Publicação de artigos e comunicações científicas para o desenvolvimento das ciências agrárias no Brasil;
  • Diagnóstico de fungos em plantas frutíferas, florestais, hortaliças e ornamentais;
  • Diagnóstico de vírus em plantas;
  • Diagnóstico de fungos em sementes;
  • Identificação de insetos e curadoria das coleções científicas Adolph Hempel e Oscar Monte;
  • Diagnóstico de enfermidades animais por meio de técnicas de microscopia eletrônica, anatomopatológicas, bacteriológicas e sorológicas;
  • Análise de parâmetros físicos e químicos da qualidade da água;
  • Gestão de documentos históricos;
  • Atividades de ensaios bacteriológicos, sorológicos e bromatológicos em amostras de origens diversas;
  • Análise qualitativa e quantitativa de bioinseticidas à base de fungos entomopatogênicos;
  • Divulgação científica e cultural em entomologia.

Vigilância sanitária para preservar riquezas agrícolas

Como desafio futuro, IB planeja evoluir ainda mais no controle fitossanitário e zoossanitário das exportações

O diretor-geral do Instituto Biológico (IB), Antonio Batista Filho, diz que a agricultura tem papel primordial na história do Brasil, desde o descobrimento, passando pelos ciclos econômicos do pau-brasil, cana-de-açúcar, borracha e café. No país apelidado de “celeiro do mundo”, o setor representa 30% do PIB nacional e a proposta do IB permanece a mesma dos seus criadores no século passado: atender negócios no campo de todos os portes, desde a agricultura familiar, passando pelos médios e grandes produtores rurais.

Nestas oito décadas e meia, Batista destaca o aumento de competências adquiridas em inovação, serviços, tecnologias e investimentos. Entre 2010 e 2011, o instituto recebeu R$ 23,7 milhões, sendo que R$ 12,8 milhões foram procedentes do Governo paulista. Ele sublinha a importância que os laudos de sanidade expedidos pelo IB têm para evitar contaminações e disseminação de pragas entre os Estados da federação.

“Além de proteger e orientar o produtor, outra preocupação é garantir a qualidade de alimentos e bebidas que circulam entre as regiões brasileiras e são consumidos pela população”, observa. Como casos de sucesso recentes no controle e prevenção de pragas, Batista cita o greening na citricultura, a sigatoka negra nos bananais, a mosca da carambola e a cigarrinha-da-raiz, nos canaviais. Neste último, além de evitar o impacto ambiental com o uso de 280 toneladas de inseticidas químicos, o controle biológico do inseto com fungos trouxe também economia de R$ 100 milhões para o setor sucroalcooleiro.

Produção de antígenos

O diretor-geral observa que o conhecimento gerado pelo IB é repassado aos produtores por meio de palestras no campo e também fica acessível para o público no site, publicações internas e acervos do instituto. Como desafio futuro, Batista ressalta a importância de evoluir ainda mais no controle fitossanitário e zoossanitário das exportações, de modo a permitir aos empreendedores brasileiros contornar barreiras sanitárias impostas por muitos países compradores.

Na mesma linha, o pesquisador Ricardo Jordão, responsável técnico pelo Laboratório de Produção Imunobiológicos, comemora o crescimento do serviço em 2012. Neste ano, a produção interna de antígenos evoluiu 17% e atingiu o volume de 2,5 milhões de doses. O material de verificação é usado no campo por veterinários para detectar micro-organismos causadores da tuberculose e da brucelose, doenças que podem ser transmitidas por bovinos e suínos para os humanos.

Triagem animal

Em média, o IB faz 450 exames diários e expede cada laudo técnico correspondente em dez dias úteis. Grande parte deles é feita na triagem animal. A seção recebe amostras biológicas ligadas à criação extensiva de bovinos, suínos, caprinos, ovinos, equinos e aves. Analisa itens como ração para pets e criações extensivas, sêmen, soro, leite, fezes, sangue, órgãos de animais, fetos e também faz necropsias.

Simone Miyashiro, diretora-técnica, comenta que a lista de clientes contempla centrais de inseminação, universidades, produtores rurais do País, Zoológico de São Paulo, Ministério da Agricultura e empresas farmacêuticas e de produtos veterinários, como Pfizer, Fort Dodge e Merial.

A triagem animal também expede laudos que autorizam o transporte interestadual de cargas vivas, mortas e animais silvestres. Faz ainda análises do monitoramento, vigilância e diagnóstico de rebanhos, requisições de certificação e revalidação, e examina itens de exportação para países como Rússia, Japão, China e do Oriente Médio, entre outros serviços.

Triagem vegetal

Nos mesmos moldes da triagem animal, o Laboratório de Doenças Fúngicas em Horticultura faz o diagnóstico vegetal em hortaliças frutíferas e plantas ornamentais e florestais. Além do trabalho de análises para produtores rurais, o serviço de defesa sanitária inclui verificar amostras coletadas por fiscais do Ministério da Agricultura em portos, aeroportos e fronteiras.

A meta é evitar a entrada de pragas “estrangeiras” nas lavouras brasileiras. São verificadas sementes, folhas e também exemplares da flora de outros países, que poderiam causar desequilíbrios e prejuízos nas plantações e ecossistemas brasileiros. O serviço também vale para exportação.


Saiba mais sobre o Instituto

  • É o único laboratório paulista credenciado pelo Ministério da Agricultura para sorologia de febre aftosa;
  • É uma das duas instituições brasileiras credenciadas para detectar pragas quarentenárias. É referência nacional no diagnóstico da sigatoka negra (doença da banana) e da ferrugem alaranjada (praga da cana-de-açúcar);
  • Tem o único laboratório do Brasil certificado para controle de qualidade de agentes de controle biológico de natureza fúngica;
  • É o único laboratório paulista com 20 escopos credenciados, referentes a 13 doenças: laringotraqueíte infecciosa das aves, salmoneloses aviárias, micoplasmoses aviárias, doença de Newcastle, influenza aviária, febre aftosa, estomatite vesicular, língua azul, brucelose suína, peste suína clássica, doença de Aujeszky, sarna suína e anemia infecciosa equina;
  • Mantém curso de pós-graduação stricto sensu em sanidade, segurança alimentar e ambiental no agronegócio;
  • Atende a 90% das centrais de inseminação artificial do Brasil, quanto aos exames referentes às doenças da reprodução animal;
  • Oferece a única Unidade Laboratorial de Referência em Pragas Urbanas no País;
  • Dispõe de centro de memória com mais de 340 mil documentos que preservam a história da sanidade agropecuária paulista. Seu museu abriga a maior diversidade de espécies de insetos vivos. E tem cadastro no Ministério do Meio Ambiente como fiel depositário de sete coleções biológicas;
  • Possui o maior herbário urediniológico (ferrugem) da América Latina e é o único laboratório brasileiro que realiza diagnóstico molecular para detectar viroides nos citros;
  • É depositário da mais importante coleção de cochonilhas do Brasil e mantém uma das maiores coleções do mundo de fitobactérias, provenientes de áreas tropicais;
  • É depositário da maior e mais importante coleção paulista de micro-organismos entomopatogênicos. Possui, no Brasil, a única coleção oficial de microbactérias na área animal;
  • É um dos dois únicos laboratórios credenciados pelo Ministério da Agricultura para análise de sementes de plantas daninhas quarentenárias;
  • Abriga, na capital, o maior cafezal urbano paulista.

Serviço

Rogério Mascia Silveira
Da Agência Imprensa Oficial

Reportagem publicada originalmente nas páginas I e IV do Poder Executivo I e II do Diário Oficial do Estado de SP do dia 14/12/2012. (PDF)

IPT promove o 2º Curso de Tecnologia da Borracha

O 2º Curso de Tecnologia da Borracha foi idealizado pelo Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) para atender às novas demandas do setor industrial no País e traz como novidades dois módulos. O primeiro é o estudo de casos de chão de fábrica de micro e pequenas empresas, a partir da experiência obtida com o Projeto de Unidades Móveis do Setor de Transformação de Borrachas (Prumo). O outro são aulas práticas, com técnicas de adesão borracha/metal.

A pesquisadora Selma Barbosa Jaconis é coordenadora do curso e responsável pelo Laboratório de Plásticos e Borrachas da Divisão de Química do IPT. Diz que a partir da experiência com o Prumo foi possível ter uma visão mais ampla sobre as carências, como a falta de mão-de-obra especializada e também as potencialidades do setor de artefatos de borracha, em especial das Micro e Pequenas Empresas (MPEs).

O treinamento oferecerá atividades de atualização dos conhecimentos igualmente aos que participaram do primeiro curso. Será concedido desconto de 33% para os colaboradores das micro e pequenas empresas atendidas pelo Projeto Prumo do IPT. A capacitação inclui aulas teóricas e práticas, preparação de formulações e ensaios com recursos visuais. As atividades estão divididas em 18 módulos temáticos, distribuídos por 96 horas-aula que serão ministradas pelo IPT e por profissionais da indústria da borracha.

A finalidade é oferecer panorama atualizado sobre a prática e a tecnologia da borracha. As vagas estarão limitadas no mínimo a 20 e no máximo a 50 participantes. O curso será ministrado no IPT, Avenida Professor Almeida Prado, 532 – Butantã – Cidade Universitária – na capital, às sextas-feiras, de 30 de setembro a 16 de dezembro. Informações e inscrições pelos telefones (11) 3767-4226/4546 ou pelo e-mail cursos@ipt.br.

Rogério Mascia Silveira
Da Agência Imprensa Oficial

Reportagem publicada originalmente na página II do Poder Executivo I e II do Diário Oficial do Estado de SP do dia 21/09/2005. (PDF)

Estudantes da rede pública desvendam segredos nos laboratórios do IPT

Visita ao Instituto, que termina amanhã, faz parte da Semana Nacional de Ciência e Tecnologia, que já reuniu mais de 500 alunos do ensino médio

O Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) promove, até domingo, a Semana de Ciência e Tecnologia na Cidade Universitária, zona oeste da capital. Cerca de 500 estudantes do nível médio e profissionalizante de escolas da rede pública estão conhecendo as instalações, laboratórios, bibliotecas, equipamentos e alguns serviços prestados pelos pesquisadores para empresas e sociedade.

A visita à instituição integra as atividades da Semana Nacional de Ciência e Tecnologia, organizada pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI). A proposta é discutir o impacto das pesquisas e de suas aplicações no cotidiano da população e a importância da ciência e da tecnologia para a qualidade de vida das pessoas. Estão sendo debatidos temas como coleta seletiva de lixo, prevenção de incêndio em favelas e locais de risco, de inundações e deslizamentos de terra.

A pesquisadora Rosa Villares Berto, coordenadora da Semana, informou que cada estabelecimento de ensino pode escolher o roteiro da visita em dez opções disponíveis. Os encontros têm duração de quatro horas e são realizados no período da manhã. Os grupos são recepcionados com café de boas vindas e têm transporte oferecido pelo Instituto. Antes de conhecer os três laboratórios, assistem à palestra e vídeo institucional sobre o IPT. “Mostramos um mundo fascinante de tecnologia e inventos, alguns com impactos diretos no dia-a-dia da população”, conta.

Os roteiros são geologia (rochas ornamentais, meio ambiente e riscos); tecnologia de transportes (tanque de provas e setor de embalagens); engenharia civil (agrupamentos de segurança ao fogo, componentes de construção civil, laboratórios de concreto e pavimentação); química (plásticos e borrachas, tecnologia têxtil, biotecnologia, tecnologia de partículas, laboratório de análises químicas e de combustíveis e lubrificantes); metalurgia (corrosão e materiais magnéticos); mecânica (materiais elétricos, metrologia elétrica, ótica, calibração, vazão e túnel de vento) e produtos florestais (laboratório de móveis, xiloteca – coleção científica de madeiras – e laboratório de cupins).

Do raro ébano africano ao popular pinus

As atrações incluem túnel de vento com 40 metros de comprimento e hélice gigante numa de suas extremidades. É utilizado pela indústria para monitorar oscilações de grandes edifícios e estruturas de engenharia civil ou, ainda, em fenômenos meteorológicos e atmosféricos. Nele, são produzidas correntes de ar, que chegam à velocidade de 90 km/h.

Outra atração é o tanque de provas, o maior do País, com quatro metros de profundidade, para testar instalações petrolíferas. O dispositivo simula a ação do vento, de ondas e das correntes oceânicas, para verificar o comportamento de plataformas marítimas flutuantes utilizadas pela Petrobras para a prospecção de petróleo e gás no mar.

O IPT mantém uma exposição de rochas brasileiras e abriga a maior xiloteca da América Latina, localizada na sala 22 do prédio 11, onde estão armazenadas amostras de madeira de 3 mil espécies de árvores brasileiras e de outros países. As peças têm tamanhos, cores e aromas diferentes e abrangem desde o raro ébano africano ao popular pinus.

Por dentro dos laboratórios de química

O grupo de 25 alunos comandado pela professora de Química, Stella Márcia Veloso, da Escola Municipal de Ensino Fundamental e Médio Guiomar Cabral, de Pirituba, zona oeste, inaugurou as visitas às instalações do órgão. “Acho positivo quando a universidade e centros de pesquisa abrem as portas e se aproximam da sociedade. Só assim os estudantes do 1º, 2º, e 3º anos do ensino médio têm a oportunidade de conhecer e valorizar o trabalho dos cientistas – que são atividades próximas da realidade das pessoas”, explica. “Além disso, muitas faculdades estão em período de inscrições para o vestibular e o aluno pode ter sua aptidão para uma carreira despertada aqui”, comenta.

Os da 2ª série do ensino médio visitaram três laboratórios: plásticos e borrachas no prédio 31, têxteis, no 3 e, por fim, retornaram para o prédio 31, para ver a seção de combustíveis e lubrificantes. Assim como todos os visitantes, ganharam viseiras azuis especiais de identificação e conheceram os serviços de capacitação laboratorial. O engenheiro do setor de plásticos, Júlio César Pestana, recepcionou os estudantes no caminhão do Projeto Prumo. Esse serviço é móvel e permite ao empresário ser atendido na sede de sua empresa, sem precisar se deslocar até o IPT.

Júlio mostrou como são os testes de tração e rasgamento em amostras plásticas. As peças são colocadas na máquina universal de ensaios, que indica parâmetros como a carga máxima que um corpo de prova resiste e quanto precisa ser alongado até se romper. Os estudantes conheceram também o equipamento de abrasão, que recebe um corpo de prova, pesado, antes e depois de percorrer toda a superfície áspera da lixa até o final. Assim, determina o total de desgaste do material. Júlio explicou que esse serviço é muito procurado por fabricantes de pneus, pisos de borracha e solados de tênis. “O ideal é que o material apresente desgaste mínimo possível para ter propriedade industrial eficiente”, explica.

No final da primeira visita, os estudantes tiveram contato com os instrumentos de medição como o paquímetro, pirômetro e ferramental de análise, entre eles o forno de microondas e as estufas, utilizadas para acelerar o processo de envelhecimento dos corpos. Conheceram o reômetro – dispositivo que é o “coração” do laboratório móvel e indica o tempo ideal de vulcanização de um composto, ou quanto tempo um material precisa ficar no molde da prensa para se solidificar. “Um exemplo de aplicação seria informar a um borracheiro quanto tempo uma câmara de ar furada deve ser deixada na máquina para a fixação do remendo”, informa Júlio.

Borrachas e plásticos

No laboratório de plásticos e borrachas do IPT, a garotada do Guiomar Cabral presenciou relação de análises para diversos produtos de plástico como tubos de PVC, peças injetadas e sopradas, bisnagas, tampas, grades para automóveis e pára-lamas de moto. Um dos serviços mais solicitados é o de “espionagem industrial” ou reengenharia. “Um cliente deseja saber a composição de um produto derivado do plástico, como uma embalagem que tem boa aceitação no mercado. Contrata o laboratório para fazermos a deformulação do produto, que revela a sua composição e o possível modo como foi feito”, conta Selma Jaconis, pesquisadora do laboratório.

Ensaios mecânicos também são muitos procurados, porque determinam a performance final de um produto. “Por exemplo, um saquinho de plástico de supermercado, que fura com facilidade e deixa a mercadoria sair. Para solucionar este problema, no laboratório fazemos um ensaio que se chama resistência à tração de emenda – para determinar o tipo de solda e quais providências devem ser tomadas”, informa.

Durante sua exposição, Selma ressaltou que muitas das informações que passou não são ensinadas nas escolas tradicionais nem nos cursos profissionalizantes. “Os estudantes, muitas vezes, se formam e não têm acesso à análise instrumental, porque as escolas não dispõem do mesmo equipamento do IPT para ensinar e entender os diferentes segmentos do mercado”, explica.

Simulação de raios solares

Selma aponta que conferir durabilidade é um dos maiores desafios na área de plásticos. No laboratório há uma máquina que simula a ação dos raios solares no estado norte-americano da Flórida, ao meio-dia. “Equipamento é importado dos Estados Unidos e no seu interior o mecanismo provoca o envelhecimento acelerado de produtos, como fios de náilon para pescaria. Depois dos testes é possível avaliar o tempo de vida útil”, aponta Selma.

Rafael de Oliveira, 17 anos, está no 3º técnico e aprovou a visita. “Pretendo seguir carreira na área de informática e aprovei as instalações, serviços e testes industriais realizados pelo Instituto”. Sua namorada, Fernanda Vinco também gostou. “Aqui é tudo novo e interessante, pena que não pude conferir a parte de biologia”, comenta.

O técnico Leandro Augusto Cepeda apresentou o laboratório de têxteis aos estudantes, base para toda a indústria brasileira desse segmento. Repleto de máquinas de lavar e de amostras de tecido, os testes seguem normas específicas. “Testamos a qualidade, elasticidade e resistência das peças a detergente, sabão em pó, tudo que o cliente solicitar”, explica.

Cartuns: mistura de humor com ciência e tecnologia

Na visita, a meninada encontrou a mostra de cartuns Os Cientistas, que mistura humor com ciência e tecnologia pela linguagem dos quadrinhos. As tirinhas desmistificam a ciência e informam, por meio de situações corriqueiras nos centros de pesquisa, como a mídia apresenta os temas científicos e provoca seus reflexos nos leitores.

A série de tirinhas também foi responsável por um “furo” de reportagem – anunciou em 2001 a descoberta, por uma equipe da área de biotecnologia do IPT, de variedade bacteriana mais produtiva para a produção de plástico biodegradável, a Burkholderia saccharum.

Os personagens principais são Zago e Zilda, pesquisadores maduros; Vitório é o cientista preocupado com questões sociais; Lerdo, o burocrata; Interneto, o estagiário adepto das novas tecnologias; Deri Wada, matemática, namoradeira e sonhadora; vírus e bactérias, um micromundo de seres invisíveis que afetam a vida das pessoas; Zildinho, o garoto filho de Zilda e Seu Zé, o faxineiro do laboratório, que tem pouco estudo, mas sempre faz observações inteligentes.

Fontes inspiradoras

O autor das estorinhas é João Garcia, cartunista que também é assessor de imprensa do IPT e assina seus trabalhos como Jão e Cols. A série teve início no jornal Correio Popular de Campinas, em 1994, e foi publicada no veículo até o início de 2002. Cols é a abreviatura de colaboradores, uma homenagem do autor às suas fontes inspiradoras: professores universitários, crianças em idade escolar, jornalistas, físicos e demais leitores.

Rogério Mascia Silveira (texto e fotos)
Da Agência Imprensa Oficial

Reportagem publicada originalmente nas páginas II e III do Poder Executivo I e II do Diário Oficial do Estado de SP do dia 23/10/2004. (PDF)