Parceria entre Agricultura e Centro Paula Souza rende bons resultados

Desde o ano passado, cursos ministrados pela APTA apresentam tecnologias desenvolvidas pelos institutos de pesquisa paulistas para professores de Escolas Técnicas Estaduais

Cooperação firmada entre a Secretaria Estadual de Agricultura e Abastecimento (SAA) e o Centro Paula Souza (CPS), com base no Processo SAA nº 15.185/2015, possibilita a difusão de conhecimentos produzidos nos centros de pesquisa ligados à SAA, como, por exemplo, a Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA) e a Coordenadoria de Desenvolvimento dos Agronegócios (Codeagro).

Desde o ano passado, essas informações científicas e tecnológicas vêm sendo transmitidas por meio de cursos para professores e servidores de 35 Escolas Técnicas Estaduais (Etecs) agrícolas, administradas pelo Centro Paula Souza, vinculado à Secretaria Estadual de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação.

De acordo com o responsável da secretaria pelo planejamento de atividades, Daniel Gomes, esses cursos são rápidos (têm até 36 horas de duração) e abordam temas agropecuários variados. As capacitações são ministradas na sede da APTA, em Campinas, e nos 14 polos regionais, localizados em Adamantina, Andradina, Assis, Bauru, Capão Bonito, Colina, Mococa, Monte Alegre do Sul, Pariquera-Açu, Pindamonhangaba, Pindorama, Piracicaba, Presidente Prudente e Ribeirão Preto.

Temas

“Nesses treinamentos a proposta é apresentar aos docentes das Etecs os mais recentes avanços aprimorados no campo”, observa Gomes, do Polo Regional Leste Paulista, da APTA de Monte Alegre do Sul. Segundo ele, são destacadas tecnologias referentes à área agropecuária e características e possibilidades de consumo de ingredientes de alta qualidade. “Muitos deles estão disponíveis. São o resultado desses esforços as variedades especiais de batatas, cogumelos, cachaças e hortaliças orgânicas, entre outros trabalhos desenvolvidos”, informa.

Os temas dos cursos incluem fruticultura tropical, piscicultura, integração lavoura-pecuária, suinocultura, vitivinicultura, tecnologia de produção de cachaça, qualidade de azeites, de pescado, de carnes, plantas aromáticas, medicinais e óleos essenciais, entre outros. Mais informações no site da APTA (ver serviço).

Potencial

Agrônomo especialista em pós-colheita e doutor em engenharia agrícola, Gomes classifica como fundamental o retorno dado pelos professores das Etecs nos cursos. Ele explica que, no campo, a meta da APTA é avaliar características agronômicas, como resistência a pragas, secas e produtividade, e demais questões. Com os docentes, o propósito da agência é saber deles qual é o potencial mercadológico das tecnologias aprimoradas para adequar as pesquisas às necessidades apresentadas.

“Testamos mais de 23 variedades de batata em plantios nas regiões de Itararé, Mococa e Monte Alegre do Sul e descartamos 17 delas. As restantes são as mais indicadas, por exemplo, para fritar; uma ou outra tem a consistência perfeita para preparar purê; e a terceira é capaz de resistir mais tempo estocada”, relata.

Desse modo, ressalta, é possível vislumbrar para o futuro produção capaz de atender consumidores em busca de um alimento saboroso, de baixo custo, com alto rendimento e valor nutricional recomendado, bem como atender a chefs de cozinha interessados em produtos e alimentos gourmet.

Repertório

Os 15 mil alunos das Etecs agrícolas são beneficiários indiretos da cooperação. São estudantes com formação em açúcar e álcool, agricultura, agrimensura, agroecologia, agroindústria, agronegócio, agropecuária, alimentos, cafeicultura, cozinha, produção de cana-de-açúcar, nutrição e dietética e zootecnia, em uma lista de 99 cursos técnicos oferecidos pelo CPS.

“No futuro, além de difusores de novas tecnologias, eles terão amplo repertório para atuar. Incorporaram em sua formação conceitos de agricultura sustentável, familiar e executada em harmonia com o meio ambiente. Além disso, quem seguir para áreas de cozinha e nutrição passará a dispor de informações úteis para orientar grandes volumes de compras de alimentos em licitações públicas e para abastecer despensas de empresas, restaurantes e escolas”, informa Gomes.

A coordenadora de projetos em agropecuária do CPS, Adriana Medroni, vê a cooperação como grande oportunidade para a comunidade acadêmica atualizar e ampliar conhecimentos. “Além de trazer as tecnologias mais recentes, os cursos mostram o resultado prático das pesquisas”, observa Adriana, zootecnista da área de produção animal e docente da Etec Prefeito José Esteves, de Cerqueira César.


Gastronomia na capital

Pesquisadores de gastronomia, no final de 2015, os professores Danielle Massa, Carla Keiko e Luigi Réa, dos cursos de cozinha e de nutrição da Etec Professor Camargo Aranha, na Mooca, zona leste da capital, conheceram o responsável pelo planejamento das atividades da secretaria, Daniel Gomes, em um evento da revista Prazeres da Mesa. “O interesse foi recíproco. Com o auxílio da professora Márcia Dias, diretora da escola, estreitamos laços no âmbito da cooperação firmada. Não paramos mais de convidar o Gomes para ministrar cursos e trocar experiências”, conta a nutricionista Danielle.

O primeiro resultado da parceria foi um curso de 4 horas sobre degustação de café ministrado no primeiro semestre do ano passado. “Com orientações simples, aprendemos, por exemplo, a preparar a bebida considerando questões relativas à temperatura da água e ao tipo da torra dos grãos”, revela Danielle.

Neste ano, no dia 19 de junho, foi realizada nova ação conjunta: o trio de professores preparou cardápio usando somente ingredientes desenvolvidos pela APTA: arroz preto, mandioca amarelinha, batata-doce, cará, urucum, cogumelo, truta arco-íris, plantas alimentícias não convencionais (Pancs) e cachaça de alambique.

Os pratos foram servidos em uma degustação na capital, em novo evento da revista Prazeres da Mesa. A mais recente parceria da APTA com a Etec Camargo Aranha resultou em um novo curso sobre café, agora incluindo degustação. O treinamento foi ministrado por Gomes na terça-feira passada, dia 1º.

Serviço

Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA)
Telefone (19) 2137-8930
E-mail gabinete@apta.sp.gov.br

Rogério Mascia Silveira
Imprensa Oficial – Conteúdo Editorial

Reportagem publicada originalmente na página II do Poder Executivo I e II do Diário Oficial do Estado de SP do dia 09/08/2017. (PDF)

Cati inova com semente de milho orgânica 100% certificada

Mais barata, ecológica e sustentável, a terra diatomácea tem aplicação única no controle de insetos e pragas; e sua validade é indeterminada

Aprimorado pelo Núcleo de Produção de Sementes da Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (Cati) de Paraguaçu Paulista, um método de tratamento de sementes de milho abriu novas frentes para a produção orgânica no Estado.

Desenvolvida pelo agrônomo Márcio Luiz Mondini, a técnica da instituição vinculada à Secretaria Estadual de Agricultura e Abastecimento (SAA) consiste em aplicar terra diatomácea no local onde as sementes ficam armazenadas. Uma opção mais barata, ecológica e sustentável de controle de insetos e pragas em comparação com o trato tradicional, a partir da aplicação de inseticidas e fungicidas.

De acordo com Mondini, tudo começou em 2014, quando o Departamento de Sementes, Mudas e Matrizes (DSMM) da Cati lançou sua primeira semente de milho orgânico: a variedade AL Avaré. No entanto, na época, uma das exigências do Instituto de Biodinâmica (IBD), empresa certificadora de Botucatu, para aprovar o produto como orgânico era incorporar procedimentos naturais em todas as etapas de sua produção.

“Faltava uma solução para combater as gerações cada vez mais resistentes de carunchos, gorgulhos, besouros e traças nos silos e locais de armazenamento. Ao mesmo tempo, a saída não poderia interferir na capacidade germinativa da semente e deveria ser inofensiva para seres humanos, animais e o meio ambiente em todas as etapas de vida da planta e depois de seu desenvolvimento”, recorda o engenheiro agrônomo.

Origem

Pesquisando na literatura científica nacional, Mondini encontrou diversas recomendações de uso da terra diatomácea para tratar grãos e sementes armazenadas, em especial as da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), direcionadas a produtores rurais e técnicos agrícolas. Assim, depois de diversos testes no Núcleo da Cati em Paraguaçu Paulista, o agrônomo aprimorou seu uso para as sementes e as instalações do complexo armazenamento de acordo com as exigências do órgão certificador.

A origem dessa matéria-prima é o diatomito, tipo de rocha constituída por algas mortas depositadas no fundo dos oceanos e rios há milhões de anos. Rica em silício, um dos minerais mais abundantes no planeta e com diversas aplicações, a terra diatomácea é usada por mineradoras como isolante térmico em caldeiras. Áspera e abrasiva, ela limpa metais e azulejos; nos cremes dentais, auxilia a retirada de restos de alimentos dos dentes; e na indústria cervejeira e de vinhos é usada para filtrar as sobras da fermentação alcoólica.

Características

Atóxica, branca e sem cheiro, a terra diatomácea é um pó inerte à base de sílica, que, ao ser aplicada às sementes armazenadas, adere aos insetos e pragas e os mata por desidratação. “Para cada tonelada de semente, eram gastos R$ 28 a cada trimestre em produtos químicos. Com a troca, o custo caiu para R$ 8 por tonelada em aplicação única e com prazo indeterminado de validade”, comenta Mondini.

“Além disso, com a crescente procura dos consumidores por produtos orgânicos, saudáveis e seguros, aumentou a visibilidade desse trabalho”, analisa. Produtor interessado em usar terra diatomácea na estocagem de feijão, trigo, milho, sorgo, triticale (cereal híbrido de trigo e centeio), soja ou lentilha pode contatar a Cati (ver serviço).

Benefícios

De acordo com o diretor-geral do DSMM, Ricardo Lorenzini Bastos, todas as sacas de milho da safra 2016/2017 comercializadas nas 594 Casas da Agricultura (CAs) da Cati no Estado foram tratadas com a terra diatomácea. Atualmente, o DSMM testa esse tipo de tratamento com as sementes de feijão e trigo e prevê lançar variedades delas até o final do ano que vem.

“O público-alvo primordial das Casas da Agricultura é o pequeno produtor rural”, destaca Bastos. Segundo ele, além do milho, são também oferecidas sementes de aveia-branca, aveia-preta, feijão, girassol, sorgo, trigo e triticale. Todas têm garantia de qualidade genética, fisiológica e sanitária e são produzidas em unidades da Cati instaladas nas cidades de Avaré, Fernandópolis, Itapetininga, Manduri, Paraguaçu Paulista e Santo Anastácio.

“Outro benefício da terra diatomácea é dispensar o uso de corantes nas sementes de milho, exigência do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento para diferenciá-las dos grãos – por serem estéreis, servem apenas para alimentação humana e animal e não para plantio”, observa. “A saca de milho da variedade comercializada pela Cati custa R$ 90 ante R$ 400 cobrados em média pelos híbridos, fornecidos pelos produtores comerciais”, informa o diretor do DSMM, destacando que os endereços das Casas da Agricultura estão disponíveis para consulta no site da Cati. (ver serviço).

Aprovado

Agricultora familiar da cidade de Tarumã, no oeste paulista, Maria Helena Ricca, de 75 anos de idade, desde 2007 é cliente da Cati. No início deste ano, comprou as sementes de milho tratadas com terra diatomácea e irá colher as primeiras espigas em agosto. “O milharal está viçoso, bonito. A expectativa é de ótima safra”, comenta, destacando o fato de somente trabalhar com agricultura orgânica e certificada em sua propriedade de 72 alqueires, onde também planta soja, feijão, aveia-branca e agora testa o cultivo de grão-de-bico, a partir de sementes fornecidas pela Embrapa.

Serviço

Cati – Departamento de Sementes, Mudas e Matrizes (DSMM)
Telefone (19) 3743-3820
E-mail dsmm@cati.sp.gov.br

Rogério Mascia Silveira
Imprensa Oficial – Conteúdo Editorial

Reportagem publicada originalmente na página III do Poder Executivo I e II do Diário Oficial do Estado de SP do dia 29/06/2017. (PDF)

Cinquentenário de criação da Cati teve festa em sua sede

Evento reuniu agricultores, servidores e comunidade no local onde funciona a Coordenadoria de Assistência Técnica Integral; público pôde conhecer setores da instituição, comprar mudas e produtos agropecuários

Evento realizado na segunda-feira, 19, na sede da Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (Cati), em Campinas, marcou o cinquentenário de criação do órgão de orientação e de financiamento ao produtor rural. Vinculada à Secretaria Estadual de Agricultura e Abastecimento (SAA) e presente em todo o território paulista com 594 Casas de Agricultura e 40 Escritórios de Desenvolvimento Rural (EDRs), a Cati foi instituída a partir da promulgação do Decreto estadual nº 48.133, de 20 de junho de 1967 (ver serviço), e completou, ontem, 20, seu jubileu de ouro.

Servidores, produtores rurais, autoridades e o público foram recepcionados com um café da manhã, animado com show do Sol Maior, quarteto formado por produtores de orgânicos da cidade de Socorro. O saxofonista Sidney Barrel, de 55 anos, produtor de morango, caqui e hortaliças, e seu filho Ramon, clarinetista, de 16 anos, se disseram orgulhosos em apresentar, na festa, um repertório de músicas sertaneja, italiana e MPB. “Nasci no sítio e cresci acompanhando meu pai em suas idas à Casa da Agricultura. Esse apoio ao pequeno produtor é sempre fundamental”, contou Sidney.

Descontos

A visita aos departamentos da Cati possibilitou ao público conhecer onde e como são prestados os serviços. O trajeto incluiu o Centro de Comunicação Rural, Cozinha Experimental, Centro de Treinamento, Laboratório Central de Sementes, Horto de Plantas Medicinais e as Hortas Educativas do Programa Fazendinha Feliz, iniciativa de educação ambiental para crianças da rede pública estadual. No final do itinerário, cada grupo de visitantes plantou mudas da flora brasileira, como peroba, pau-d’alho, chuva-de-ouro, entre outras.

O dia festivo também permitiu ao visitante pagar 50% menos pelas mudas produzidas no Departamento de Sementes, Mudas e Matrizes da Cati. Responsável pela venda de cerca de cem variedades frutíferas, florestais e de paisagismo, o auxiliar Anderson Ferraz informa que essa comercialização é realizada toda sexta-feira, das 9 horas ao meio-dia, e das 13 às 16 horas. “Os preços variam de R$ 3,50 a R$ 20.” Ele acrescenta que a exceção são algumas jabuticabeiras aptas a produzir em breve, que custam a partir de R$ 100. Mais informações sobre esse serviço podem ser obtidas pelo telefone (19) 3743-3832.

Receitas

Servidora da Cati há 31 anos, a nutricionista Beatriz Pazinato é responsável pela Cozinha Experimental e de Treinamento, a única da Cati no Estado. No evento, ela e equipe serviram receitas já aprovadas, como o minipicles de pepino e também apresentaram outras ainda em testes. O cardápio incluiu o refrescante suco de cambuci – fruta nativa da mata atlântica rica em vitamina C.

De acordo com Beatriz, a Cozinha Experimental foi projetada há 50 anos pela especialista em economia doméstica Elena Klatlova e segue preservando suas propostas originais, como desenvolver e aprimorar receitas que utilizam ingredientes da agricultura paulista, além de capacitar técnicos e produtores rurais para prepará-las e replicá-las. “Quem quiser conhecer receitas e publicações da Cozinha Experimental deve consultar a seção de Produtos do site da Cati”, informa Beatriz (ver serviço).

Ecológico

O casal de Campinas Verônica Alcântara e Francisco Vieira, participante do programa Fazendinha Feliz, aproveitou o evento para comprar hortifrútis nas dezenas de barraquinhas de agricultores, atendidos pela Cati, instaladas no entorno do prédio do Centro de Treinamento. Logo na chegada, os dois se encantaram com as opções de pupunha disponíveis na banca de Orestes e Lucimara Kotona, da Cooperativa de Produtores Agrícolas de Registro e Região (Cooparr) – e compraram duas embalagens do produto: uma própria para salada e outra com o ‘espaguete’ de fios ralados de palmito.

No Vale do Ribeira, os primeiros cultivos surgiram por volta do ano 2000. “Plantamos desde 2009, foi uma alternativa à tradicional cultura da banana no sul do Estado”, comenta Orestes, destacando o apoio da Cati com orientação técnica, auxílio para comercialização em feiras, criação de receitas como o ‘espaguete’ e financiamentos direcionados ao pequeno produtor, como os do Projeto de Desenvolvimento Rural Sustentável – Microbacias II – Acesso ao Mercado.

“Nos três alqueires da minha propriedade, substituí 5 mil pés de banana por 30 mil de pupunha. Na região, essa cultura permite três colheitas anuais; e depois de 20 meses do plantio tirei a primeira safra”, conta, satisfeito.

Serviço

Coordenadoria de Assistência Técnica Integral – Cati
Decreto estadual nº 48.133/1967
Mais informações na reportagem “Cati celebra 50 anos de apoio ao produtor rural paulista”, publicada nas páginas II e III da edição de 19-05-2017 do Diário Oficial do Estado de São Paulo.

Rogério Mascia Silveira
Imprensa Oficial – Conteúdo Editorial

Reportagem publicada originalmente na página III do Poder Executivo I e II do Diário Oficial do Estado de SP do dia 21/06/2017. (PDF)