Codeagro lança projeto-piloto de alimentação saudável na capital

Nutricionistas e agrônomos orientam consumidores na feira do Projeto Bom Preço do Agricultor, realizada no Terminal do Jabaquara

A Coordenadoria de Desenvolvimento dos Agronegócios (Codeagro) da Secretaria Estadual de Agricultura e Abastecimento (SAA), apresentou, no domingo, 1º, e na quarta-feira, 4, o projeto-piloto de seu programa Saudável é Mais. A iniciativa teve como local escolhido a feira livre do Projeto Bom Preço do Agricultor, da SAA, realizada na Rua dos Comerciários, zona sul, ao lado da Estação do Metrô da Linha 1–Azul e do Terminal Intermunicipal do Jabaquara (ver Serviço).

Na feira, foi montado um estande com equipe formada por técnicos, agrônomos e nutricionistas. O grupo transmitiu aos consumidores orientações sobre alimentação saudável, plantio de hortas urbanas e segurança alimentar – três principais pilares do novo programa. De acordo com José Valverde, coordenador da Codeagro, a proposta é tornar o projeto-piloto uma iniciativa mensal, a partir de novembro, após o período eleitoral, mantendo os atuais parceiros da SAA, a prefeitura regional do Jabaquara e a Cooperativa Nacional de Produtores Agrícolas e do Agronegócio (Coonagro).

Mais saúde

Um dos responsáveis pelo estande, Emílio Bocchino Neto, diretor de projetos da Codeagro, aponta a ação como mais um incentivo para o público conhecer o Projeto Bom Preço do Agricultor. “É uma oportunidade para o consumidor adquirir diretamente do produtor alimentos frescos e de qualidade, além de pagar em média de 15% a 20% menos do que os valores cobrados nos outros mercados”, destaca. Segundo ele, a feira de hortifrútis orgânicos é realizada às sextas-feiras, das 15 às 20 horas; e a de frutas e legumes convencionais ocorre aos domingos, das 4 às 14 horas, e às quartas-feiras, das 15 às 20 horas.

O programa, explica Bocchino Neto, também promove capacitação anual gratuita em sua sede para os agricultores participantes da feira nos meses de janeiro e fevereiro. “Neste treinamento, passamos orientações sobre como manipular legumes e verduras com higiene e segurança, dar dicas sobre embalagens e conservação e ampliar o valor agregado dos alimentos nas bancas, entre outras boas práticas”, ressalta.

Marcio Miyashiro é um dos produtores atendidos. Filho de bananicultores do município de Pedro de Toledo, no Vale do Ribeira, sul do Estado, ele participou da capacitação em fevereiro de 2016. Na sua barraca, atualmente, ele prepara e comercializa yakisoba, o macarrão com carnes e legumes de origem japonesa. “As orientações transmitidas foram fundamentais, valorizam ainda mais a qualidade e apresentação das nossas refeições”, explicou Miyashiro.

Todos os gostos

Em todas as bancas da feira do Projeto Bom Preço do Agricultor, o público pode levar para casa as publicações elaboradas pelo Centro de Segurança Alimentar e Nutricional Sustentável (Cesans) da Codeagro. Redigidos por nutricionistas, esses manuais também são oferecidos para leitura e cópia gratuita on-line no site do Cesans e nas duas comunidades da Coordenadoria de Desenvolvimento dos Agronegócios no Facebook, a Alimentação Saudável e a Saudável e Barato (ver Serviço).

“Elaboramos receitas de sucos, pães, pescados, massas e diversos preparos. Todas as sugestões de cardápios são equilibradas, com o propósito de atender públicos dos mais diferentes perfis, inclusive consumidores com restrições alimentares. A proposta comum a todos os títulos é melhorar a qualidade de vida da população”, explica Milene Massaro, diretora do Cesans. Segundo ela, as obras também podem ser encontradas nas livrarias virtuais Amazon, iTunes, Kobo, Google Books, Livraria Cultura e Issuu (ver Serviço).

Praticidade

Responsável pelas publicações, Milene coordenou no estande o trabalho de orientação ao público com relação ao consumo de alimentos saudáveis, além de incluir dicas sobre como reaproveitá-los. “A Codeagro está presente em todas as etapas de produção dos hortifrútis, desde o campo ate à mesa das famílias. A ideia desse novo programa é também promover ações de educação alimentar”, esclarece Milene.

No estande, ela e outras sete nutricionistas apresentaram diversas marmitas com exemplos de refeições saudáveis, rápidas e simples de serem produzidas, com legumes e frutas encontrados na feira, informando, inclusive, o baixo valor nutricional de cada uma delas. O conceito proposto é substituir o alimento pronto, industrializado e rico em gorduras e sódio, por outros saudáveis, além de trocar o sal por temperos como cebolinha, salsinha e as chamadas Plantas Alimentícias Não Convencionais (PANCs), como sálvia, capuchinha, etc.

Aprovado

Moradora no Carandiru, bairro da zona norte da capital, a confeiteira Salvina da Silva se encantou com o projeto-piloto da Codeagro. Fazendo curso técnico de medicina do trabalho nas imediações, ela aproveitou a ida no entreposto ao ar livre para fazer compras rápidas, pegar publicações “incríveis e que não conhecia” no estande da Codeagro e ainda ganhou mudas (de vários temperos) plantadas em garrafas pet para iniciar uma horta em sua casa. “Vou tirar um sofá da sala para colocar ali as mudas de alface, cenoura e temperos”, revelou.

Também estudantes de curso técnico, o trio de amigos formado por Domênico Gervásio, vigilante, Janaína Cristina, cabeleireira, e Adriana Kelly viu no serviço prestado um meio de orientar a família, amigos e a comunidade para combater desperdícios e melhorar a qualidade nutricional das refeições familiares. “Ótima iniciativa”, apontaram.

Serviço

Codeagro
Projeto Bom Preço do Agricultor
Facebook:
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Saudável e Barato

Livros do Cesans/Codeagro:
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Rogério Mascia Silveira
Imprensa Oficial – Conteúdo Editorial

Reportagem publicada originalmente na página IV do Poder Executivo I e II do Diário Oficial do Estado de SP do dia 07/07/2018. (PDF)

Codeagro fortalece a agricultura familiar no Estado

Capacitação no campo para associações e cooperativas objetiva integrar cadeias econômicas; prefeituras podem comprar produção pelo sistema eletrônico

Nos últimos quatro anos, a Coordenadoria de Desenvolvimento dos Agronegócios (Codeagro), órgão da Secretaria Estadual de Agricultura e Abastecimento (SAA), celebra o fortalecimento e a amplitude das ações de seu Instituto de Cooperativismo e Associativismo, conhecido pela sigla ICA. De acordo com José Valverde, coordenador da Codeagro, o objetivo deste trabalho é consolidar a competitividade da agricultura familiar.

Segundo o Ministério do Desenvolvimento Social (MDS), no Brasil 70% dos alimentos servidos na mesa da população são produzidos pela agricultura familiar. De acordo com dados do Censo Agropecuário de 2006, esse setor constitui a base econômica de 90% dos municípios com até 20 mil habitantes nos 26 Estados da federação; também representa 35% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional e contempla 40% da população economicamente ativa do País.

Estruturação

“Direcionamos as ações para o chamado tripé de sustentabilidade da agricultura familiar: a geração de trabalho e renda, associada à preservação ambiental e à estruturação de negócios viáveis no campo”, destaca Valverde, também secretário-executivo do Conselho Estadual de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea-SP). Segundo ele, uma das metas do ICA é fortificar as cadeias produtivas paulistas, além de capacitar e orientar os produtores rurais para participar das concorrências públicas do sistema eletrônico @Edital Paulista – Compras da Agricultura Familiar (ver Serviço).

Pioneiro no País e lançado em 2015, esse sistema on-line capta e potencializa a divulgação de editais, levando ao conhecimento dos agricultores familiares rurais informações sobre as licitações em andamento para as compras públicas realizadas por meio dos programas Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) e Paulista da Agricultura de Interesse Social (Ppais).

O @Edital Paulista também coloca à disposição das 645 prefeituras de São Paulo uma ferramenta eletrônica de elaboração de editais do PNAE, contendo sugestão de modelo simplificado de edital para licitarem alimentos da agricultura familiar (ver Serviço).

De acordo com a legislação vigente, 30% das compras públicas das gestões estaduais e municipais devem ser feitas diretamente da agricultura familiar e suas organizações, ou seja, associações (união de pessoas para representar os interesses de seus associados) e cooperativas (sociedade sem fins lucrativos, constituída para prestar serviços e potencializar as atividades econômicas dos sócios)

Integração

“Ao conectar vendedores e compradores, essa plataforma on-line mantém o fluxo do abastecimento e também reforça a segurança alimentar”, comenta Valverde, professor de Direito Ambiental na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Segundo ele, basta o representante da prefeitura informar dados, como quais alimentos pretende adquirir, além dos locais de entrega, prazos, horários, forma e frequência, entre outros detalhes ligados ao pedido.

O sistema também informa o preço médio dos alimentos vendidos em cada uma das cidades nos últimos meses, estabelecendo um referencial de valores para a comercialização.

O @Edital Paulista foi desenvolvido em parceria com a Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp) e tem colaboração do Programa de Apoio à Tomada de Decisão do Serviço de Alimentação Coletiva na Escolha de Frutas e Hortaliças Frescas (HortiEscolha), da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo (Esalq-USP), da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado (Fapesp) e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).


Para ler, baixar e imprimir

Estimular a formação de hortas urbanas e a alimentação saudável também é foco do trabalho da Codeagro. Nesse sentido, até maio de 2018 os livros digitais e publicações gratuitas do Centro de Segurança Alimentar e Nutricional Sustentável (Cesans), da Coordenadoria de Desenvolvimento dos Agronegócios, foram visualizados on-line e copiados mais de 250 mil vezes.

Elaboradas por nutricionistas, as obras são divulgadas nos canais oficiais da SAA e em duas comunidades no Facebook, a Alimentação Saudável e a Saudável e Barato (ver links em Serviço). Os livros seguem disponíveis nos formatos PDF e e-book também nas livrarias virtuais Amazon, iTunes, Kobo, Google Books, Livraria Cultura e Issuu (ver Serviço).

Seus temas incluem agricultura urbana e periurbana (hortas – produção e consumo), alimentação saudável, alimentação escolar, diet, cardápios para a terceira idade, manuais de receitas italianas e brasileiras, combate ao desperdício, sugestões de produção de sucos, pães caseiros, citros, frutas, cogumelos, legumes e verduras, carne suína, polpa de peixe e três publicações com pescados (salga, secagem e defumação; receitas; uso do frio), entre outros.

Segundo a nutricionista Milene Massaro, diretora do Cesans, o objetivo dessas cartilhas, guias e livros é oferecer, à população em geral, material educativo de qualidade na área de segurança alimentar, para geração de renda e alimentação saudável, entre outros assuntos.

Serviço

Codeagro
E-mail codeagro@codeagro.sp.gov.br
Telefone (11) 5067-0320

@Edital Paulista Agricultura Familiar
E-mail compraspublicas@codeagro.sp.gov.br
Facebook:
Alimentação Saudável
Saudável e Barato

Livros e cartilhas:
Codeagro
Amazon
iTunes
Kobo
Google Books
Livraria Cultura
Issuu


Hortas urbanas geram renda e sustentabilidade

Orientação agronômica gratuita da SAA atende prefeituras, escolas e entidades beneficentes; tecnologia social fortalece a educação ambiental

Além de apoiar a agricultura familiar, outra missão do Instituto de Cooperativismo e Associativismo (ICA), da Coordenadoria de Desenvolvimento dos Agronegócios (Codeagro), órgão da Secretaria Estadual de Agricultura e Abastecimento (SAA), é estimular o desenvolvimento de agricultura urbana e periurbana. De acordo com o engenheiro agrônomo Diogenes Kassaoka, diretor do ICA, uma das ações dessa iniciativa é o trabalho realizado com hortas, uma tecnologia social e sustentável capaz de gerar emprego e renda e, principalmente, ampliar a educação ambiental e alimentar na sociedade.

O conceito empregado, destaca Diogenes, é o de capacitar grupos específicos para se tornarem agentes multiplicadores de técnicas agronômicas utilizadas nas hortas. E, assim, replicarem conhecimentos como produzir mudas, planejar plantios de variedades diferentes no mesmo espaço, como manejar técnicas de irrigação, entre outros aprendizados. Um dos exemplos da aplicação desse trabalho é o Projeto Estadual Hortalimento (ver Serviço), direcionado pela Codeagro a prefeituras e entidades privadas sem fins lucrativos.

Planejar

Gratuitos, os serviços do Hortalimento incluem instalar estufas, comprar equipamentos para cultivos hidropônicos e também em ambiente convencional protegido, além do repasse das sementes a serem plantadas. Com a mesma proposta de disseminar a agricultura urbana e periurbana, a Codeagro mantém o Projeto Horta Educativa, iniciativa realizada em parceria com o Fundo Social de Solidariedade do Estado (Fussesp) e a Secretaria Estadual da Educação (SEE).

No Horta Educativa, os professores participam de um curso preparado e ministrado por agrônomos e nutricionistas da SAA, com o objetivo de, juntos, planejarem e plantarem uma horta orgânica no próprio estabelecimento de ensino. Nessa capacitação de oito horas, aprendem a importância de estimularem hábitos saudáveis de alimentação na comunidade escolar, associados ao cultivo de alface, rabanete, rúcula, chicória, couve, salsa, abobrinha, abóbora, beterraba, cenoura e cebolinha.

Semear

Em julho de 2017, Marcone Moraes, vice-presidente da Organização Não Governamental Instituto Cultural Galeria do Rock, buscou orientação agronômica com a Codeagro. “Queríamos substituir o jardim ornamental da varanda do topo do prédio por uma horta agroecológica na área de 200 metros quadrados”, explica. “Conseguimos fechar uma permuta. Em troca do auxílio técnico, cedemos uma sala para reuniões de treinamento e mais a autorização de expor o espaço como uma vitrine permanente da SAA. Surgiu, assim, a primeira horta urbana do centro de São Paulo e também um grande laboratório de sustentabilidade”, revela, orgulhoso, Moraes.

José Carlos de Faria Júnior, técnico do ICA/Codeagro, participa desse atendimento desde o início. Segundo ele, antes de começar o trabalho realizado no quinto andar da Galeria do Rock, testou com Diogenes, em uma varanda da sede da SAA, diversos tamanhos e profundidades de vasos, variedades de sementes, tipos de solos, métodos de plantio, de adubação e sistema automatizado de irrigação com aspersores. “A horta ideal é sempre aquela capaz de se adaptar às necessidades do produtor”, explica Faria Júnior. “Mas como estamos a apenas 300 metros do centro comercial e as condições eram bastante parecidas, foi possível simular”, informa.

Inovações

Nesse planejamento conjunto, foram definidas estratégias para a produção agroecológica da galeria, isto é, dispensando agrotóxicos e usando sementes com genética de alta capacidade germinativa. Também foram analisadas questões como a estratégia para atrair polinizadores para os canteiros, como abelhas, e o método para produzir adubo por meio da compostagem, isto é, reaproveitando e moendo com auxílio de uma máquina aparas de jardinagem, cascas de palmeiras e outros insumos naturais.

Outras inovações do Jardim do Rock são as Plantas Alimentícias Não Convencionais (PANCs). Foram avaliadas quais espécies seriam plantadas, e, entre as escolhidas, figuram a sálvia, usada como condimento, e a capuchinha, aproveitada em saladas. “As PANCs diversificam os plantios e enriquecem o valor nutricional dos cardápios”, explica Faria Júnior.

Colher

De acordo com Moraes, a horta possibilita debater com o público diário de 30 mil visitantes, e também com os 450 lojistas do espaço, questões como alimentação saudável e novas tecnologias sociais e de integração humana. “A meta é gerar um círculo virtuoso no centro da capital e inspirar outros estabelecimentos e comunidades a fazerem as suas plantações em lajes, telhados e quintais”, sugere o vice-presidente na varanda do centro comercial – hoje ponto turístico e de encontro dos amantes de música de todo o País.

Moraes é filho de Antonio de Souza Neto, o Toninho, síndico do condomínio comercial e quem registrou a marca Galeria do Rock, em 1992. Jornalista e psicólogo, Toninho conta que, no passado, o centro comercial quebrou paradigmas ao aceitar gays, punks, metaleiros, blacks e todos os públicos na época considerados alternativos. Agora, inova com a horta, cuja produção de minialfaces, folhas de beterraba, manjericão e demais hortifrútis é repassada para um bar e uma padaria. “Para o futuro, a meta é aumentar a produtividade e torná-la 100% autossuficiente”, revela.


Mais esperança

A horta agroecológica da Vila Nova Esperança, na zona oeste da capital, coordenada por Maria de Lourdes Andrade de Souza, conhecida como Lia Esperança, é outro exemplo de serviço prestado pela Codeagro. Instalada em uma área de preservação ambiental, essa produção local atende ao restaurante da Lia e às 600 famílias da comunidade. Iniciada em maio de 2017, com orientação da SAA, foi realizada em parceria com o Departamento de Assistência Social da Companhia de Saneamento Básico do Estado (Sabesp), que cedeu a área para a instalação dos canteiros. O projeto tem o apoio da prefeitura, com a cessão de bolsas para os envolvidos no trabalho.

“O trabalho na terra traz segurança alimentar e educação”, destaca a representante comunitária. Segundo Lia, “a horta não evoluía, o pessoal não tinha conhecimento específico”. Com a vinda do agrônomo Antonio Pastana e de técnicos do ICA/Codeagro chegaram também tecnologias como o viveiro de mudas, a indicação do local correto para plantar e não perder sementes por causa da força da chuva, entre outras benfeitorias. “Hoje, colhemos couves, alfaces, PANCs, pimentas e tomates de qualidade e em boa quantidade, além de outras variedades”, diz Lia.

Serviço

Hortalimento
E-mail ebocchino@codeagro.sp.gov.br
Telefone (11) 5067-0360

Horta Educativa
E-mail contato.ica@codeagro.sp.gov.br
Telefone (11) 5067-0370

Rogério Mascia Silveira
Imprensa Oficial – Conteúdo Editorial

Reportagem publicada originalmente nas páginas I, II e III do Poder Executivo I e II do Diário Oficial do Estado de SP do dia 20/06/2018. (PDF)

Fazenda Ataliba Leonel bate recorde de sementes

Executivo paulista investe R$ 5,5 milhões na revitalização do centro produtor localizado em Manduri; desde 2016, propriedade adota novo modelo gerencial

Depois de um período de estagnação, a Fazenda Ataliba Leonel, a principal produtora de sementes da Secretaria Estadual de Agricultura e Abastecimento (SAA), adotou em abril de 2016 novo modelo gerencial – e, desde então, não parou mais de bater recordes. Somente nas safras 2016/2017 e 2017/2017, embalou 70 mil sacas de sementes de milho e 350 toneladas de sementes de cereais de inverno (aveia, trigo e triticale).

Para as safras 2017/2018 e 2018/2018, a expectativa do Departamento de Sementes, Mudas e Matrizes (DSMM), da Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (Cati), responsável por sua gestão, é totalizar 85 mil pacotes de 20 quilos de sementes de milho variedade tradicional e três mil sacas de sementes de soja convencional.

União

O advogado Ricardo Lorenzini Bastos, diretor do DSMM, indica alguns dos motivos da retomada. Segundo ele, além dos R$ 5,5 milhões investidos pelo Governo estadual no núcleo produtor localizado em Manduri, no Sudoeste paulista, a 300 quilômetros da capital, outro ponto fundamental foi a estruturação do Comitê Gestor Interno, “uma inovação no âmbito da SAA”.

Presidido por Gerson Cazentini Filho, engenheiro agrônomo da Cati há 29 anos, o Comitê é composto por oito representantes – e o grupo passou a decidir coletivamente sobre as questões ligadas às atividades da fazenda, desde a compra de insumos e equipamentos, passando por plantios e logística de distribuição das sementes.

Paradigmas

“O Comitê inovou ao terceirizar os serviços de plantio e de colheita, assim como o de transporte do produto da roça para as unidades de beneficiamento da Cati no Estado – tudo por meio de licitações públicas”, comenta Lorenzini. Segundo ele, outro indicativo da recuperação do núcleo são os hectares plantados: em dezembro de 2015, eram 60, em março de 2018, o volume totalizava mil. Além dele e de Cazentini Filho, também integram o Comitê os agrônomos Fernando Alves dos Santos, José Antônio Piedade, João Paulo Teixeira Whitaker, Maria Paula Domene, Rubens Koudi Iamanaka e a engenheira agrícola Verusa Alvim Castaldim e Souza.

As decisões do grupo resultaram na modernização da Unidade de Beneficiamento de Sementes (UBS), compra de semeadeira, colheitadeira, trator, guincho, adoção de medidas de recuperação do solo, rotação de culturas, entre outras mudanças. Na propriedade de 3,4 mil hectares de extensão, metade da área é de preservação ambiental; e dos 1,7 mil hectares restantes, 1 mil deles são dedicados à produção de sementes de milho variedade e orgânico, soja convencional, cereais de inverno (trigo, triticale e aveia-branca e preta), nabo forrageiro, girassol e painço, entre outras variedades.

Diversificação

Atualmente, a pecuária leiteira e de corte ocupa 200 mil hectares da Ataliba Leonel. Já o Projeto Cana, iniciativa científica e econômica coordenada pela agrônoma Raffaella Rossetto, do Instituto Agronômico de Campinas (IAC), da Agência Paulista de Tecnologia do Agronegócio (Apta/SAA), perfaz mais 500 mil hectares. Na parte de pesquisa, essa ação tem parceria com a Apta Regional e com o Centro de Cana da Apta, usando mudas pré-brotadas do IAC.

Já na parte de produção, por meio de licitação, foi contratado serviço de recuperação da área, antes imprópria para a produção de sementes. Vencedora da licitação, a Usina Agrícola Favarin Zanata planta cana, obtém remuneração com o cultivo e repassa o excedente para a fazenda. É estimada receita de R$ 1 milhão anual durante cinco anos. “Esse recurso auxiliará na manutenção da Ataliba Leonel, cuja proposta é de gestão baseada em autossuficiência”, observa Lorenzini Bastos.

Mais oferta

A busca por mais eficiência motivou ainda outra parceria, firmada pelo DSMM com o Instituto de Economia Agrícola (IEA). Por meio dela, o IEA consegue estimar o custo de produção das sementes pela Cati. “O objetivo é saber o real custo da produção, informação fundamental na tomada de decisão”, pontua Lorenzini Bastos, “uma estratégia para possibilitar reduzir despesas e continuar oferecendo ao produtor sacas com insumos de qualidade e preço acessível”.

As sementes estão disponíveis para produtores de todos os portes nos Núcleos de Produção de Sementes da Cati e nas Casas da Agricultura espalhadas pelo território paulista. “Agricultor familiar baseado no Estado tem 15% de desconto para comprar semente de milho, sorgo e feijão, além de mudas nativas; basta comprovar seu enquadramento”, salienta. “Outra novidade é a revenda autorizada: o interessado em comercializar os produtos do DSMM deve ligar para (19) 3743-3820”, acrescenta (ver Serviço).

Produção orgânica

Voltada à extensão rural, a Cati é pioneira no País na produção de sementes orgânicas. Em 2014, por meio de cooperadores, iniciou a atividade com o milho orgânico; “em 2017, demos mais um passo importante no sentido de oferecer alimentos ainda mais saudáveis para a população”, comenta o agrônomo Hiromitsu Gervásio Ishikawa, coordenador do Grupo de Trabalho de Sementes Orgânicas do DSMM. Nesta oportunidade, esclarece, a Fazenda Ataliba Leonel foi certificada pelo Instituto de Biodinâmica (IBD).

O selo IBD Orgânico é um reconhecimento legal de alcance nacional e internacional. De acordo com este documento, em 20 hectares específicos da Ataliba Leonel são cumpridas as regras da Lei Federal nº 10.831/2003 (ver Serviço), relativas à produção orgânica. Assim, é possível rastrear a origem de todos os insumos usados em todas as etapas de produção das sementes.

“A proposta é oferecer ao produtor sementes de qualidade, produzidas sem agrotóxicos”, explica Ishikawa. Um dos diferenciais da Cati, comenta, é tratar todas elas com terra diatomácea, uma alternativa aos agrotóxicos desenvolvida internamente na coordenadoria, com o objetivo de protegê-las contra insetos e pragas enquanto estão armazenadas em silos e silagens.


Milho da Cati atende produtor de todos os portes e perfis

Período médio entre a semeadura e a colheita é de 150 dias; insumo é resistente, tem preço acessível e é adaptado para germinar em todo o território paulista

Há 22 anos no quadro profissional da Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (Cati), órgão da Secretaria Estadual de Agricultura e Abastecimento (SAA), o engenheiro agrônomo Rubens Koudi Iamanaka destaca a produtividade e a versatilidade da variedade AL Avaré, indicada para propriedades rurais de todos os portes. “São milhos bastante rústicos, adaptados para plantios em todo o território paulista. Na média, o período entre a semeadura e a colheita requer 150 dias. Na safra 2017, os volumes obtidos superaram a marca de dez toneladas por hectare”, informa.

“O milho da Cati pode ser usado para a obtenção de grãos e também para silagem, isto é, alimentação animal, em cultivos da safra de verão, de maior rendimento, de setembro a novembro, e da ‘safrinha’, entre dezembro e fevereiro”, comenta Iamanaka, diretor do Núcleo de Produção de Sementes de Avaré da Cati. Disponíveis nos Núcleos de Produção de Sementes da coordenadoria e nas Casas da Agricultura de todo Estado, as sementes do Governo paulista são oferecidas em diversos tamanhos e têm etiquetagem padronizada – toda embalagem traz procedência, especificação, pureza, entre outras informações do produto.

Zonas de refúgio

O preço, destaca o diretor, é um dos principais diferenciais da AL Avaré: cada saca com 20 quilos custa R$ 90, ante os R$ 500, valor médio dos produtos híbridos, e permite cultivar um hectare, área correspondente a 10 mil metros quadrados. Outra vantagem, aponta, é criar zonas de refúgio no milharal. Essa estratégia consiste em plantar uma faixa da variedade convencional da Cati, ao lado das plantas transgênicas, de maior custo.

Uma das características do milho transgênico, desenvolvido em laboratório, é não atrair pragas. Assim, em uma lavoura com as duas variedades cultivadas, os predadores naturais acabam atacando a tradicional, mais barata, fator de minimização de prejuízos. Além disso, esta ‘preferência’ da praga também auxilia a retardar o desenvolvimento de populações mais resistentes de lagartas e insetos. Com o passar do tempo e seguidas pulverizações, este problema, análogo ao dos antibióticos, pode se agravar.

“Se não for utilizada de maneira correta, uma tecnologia recente como a transgenia perde a eficiência”, comenta Iamanaka. “Das quatro últimas versões de milho híbrido, resistente às lagartas, três já criaram resistência por mau uso”, pontua. “Nesse sentido, o milho variedade da Cati também contribui para o sucesso das variedades geneticamente modificadas, além de manter teto produtivo razoável na média das propriedades”, observa.

Segurança

Com 780 hectares de extensão e especializada em pecuária de corte e agricultura, a Fazenda Campininha, de Avaré, planta desde 1994 o milho variedade da Cati. De acordo com o agrônomo Adriano Menk Pinheiro, gerente da fazenda, a decisão de optar pelo insumo produzido pelo Governo paulista foi tomada pelos proprietários desde a compra do empreendimento rural, no ano anterior.

“Na época, os recursos eram escassos, assim, apostamos na segurança e na qualidade do milho e da soja da Coordenadoria de Assistência Técnica Integral”, salienta Pinheiro. Na avaliação dele, depois da safra, o principal ponto considerado para o agricultor é quanto lhe sobra no bolso depois do investimento inicial e demais custos. “No campo, a tomada de decisão é crítica, qualquer erro pode comprometer tudo. A etapa final do processo consiste, sempre, aprender com os bons e maus resultados obtidos em cada temporada”, observa.

Parceria

Satisfeito pelo fato de os insumos da Coordenadoria de Assistência Técnica Integral “responderem dentro dos tetos de produção previamente estabelecidos”, Pinheiro se tornou cliente habitual da Cati. Passou a comprar também sementes de trigo e de feijão na regional de Avaré, assim como começou a recomendar o uso delas para outros agricultores e agrônomos.

Em 1998, Pinheiro foi convidado por Iamanaka para plantar milho, soja, feijão, trigo e cevada na Campininha para produzir sementes para a Cati. Desde então, a parceria do Estado com a fazenda não parou mais. A última aquisição de insumos, realizada pelo produtor, foi no final de 2017. A compra incluiu 2,6 mil quilos de sementes usadas para cultivar 109 hectares.

Inovação

De acordo com o gerente, atualmente a Campininha adota os conceitos da chamada ‘agricultura de precisão’, baseada na produção sustentável a partir do emprego intensivo da tecnologia associado ao uso racional da água e dos demais recursos naturais. Essa metodologia inclui a coleta de dados meteorológicos de satélite na estação local da fazenda, a produção e análise de imagens aéreas produzidas por drones, estratégia para corrigir adubação e outros problemas no solo e mais a mecanização, com diversos equipamentos participando de processos de semeadura, adubação, irrigação, pulverização e colheita, entre outros.

“Hoje, a fazenda tem 400 hectares irrigados, mais 110 hectares de lavoura em área seca e 154 de pastagens no sistema intensivo rotacional. Entretanto, o emprego da tecnologia de ponta na maioria das culturas somente faz sentido com produtos confiáveis, como os da Cati, em uso na Campininha há mais de três décadas”, conclui.

Serviço

DSMM/Cati
Telefone (19) 3743-3820
E-mail dsmm@cati.sp.gov.br

Agricultura:
– Orgânica – Lei Federal nº 10.831/2003
– Familiar – Lei Federal nº 11.326/2006

Rogério Mascia Silveira
Imprensa Oficial – Conteúdo Editorial

Reportagem publicada originalmente nas páginas I, II e III do Poder Executivo I e II do Diário Oficial do Estado de SP do dia 30/05/2018. (PDF)