Dia da Criança Desaparecida tem lançamento de protocolo de ações

Documento idealizado pela Comissão Multidisciplinar de Acompanhamento Permanente destina-se a agentes públicos e cidadãos; atividades do grupo serão centralizadas na Secretaria da Segurança Pública

Para marcar o Dia Estadual da Criança Desaparecida, 25 de maio, o programa São Paulo em Busca das Crianças e dos Adolescentes Desaparecidos lança protocolo de ações para agentes públicos e cidadãos com orientações sobre como proceder quando uma pessoa desaparece ou é localizada, independentemente da idade.

Disponível on-line e apresentado na forma de check-list, ou lista de tarefas, o documento é um dos resultados do trabalho realizado pela Comissão Multidisciplinar de Acompanhamento Permanente do Programa, iniciativa pioneira no País instituída pelo Executivo paulista a partir do Decreto estadual nº 58.074/2012.

Levantamento do Ministério da Justiça revela que, em 2015, a cada 15 minutos uma criança desapareceu no Brasil e cerca de 250 mil continuam desaparecidas, sendo maus-tratos a causa principal da maioria das fugas.

De acordo com o presidente da comissão paulista, Marco Antônio Castello Branco, prevenir o problema é a medida mais importante para evitá-lo; e, hoje, aliados tecnológicos ajudam nessa luta, como os sistemas de informação e de identificação empregados pela 4ª Delegacia de Investigações sobre Pessoas Desaparecidas do Departamento Estadual de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP), da capital, um dos integrantes da comissão.

O público-alvo primordial do protocolo são os servidores públicos. A lista inclui policiais, bombeiros, agentes do Metrô e da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), motoristas da Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos de São Paulo (EMTU/SP), atendentes de hospitais e postos de saúde, delegacias, Instituto Médico-Legal (IML), entre outros.

“A proposta é oferecer um roteiro sem deixar dúvida sobre o que fazer, por exemplo, quando alguém desaparece ou reaparece, ou, ainda, como proceder se um bebê for encontrado vivo ou resgatado morto em uma praça ou estação de transporte público”, observa o coordenador.

Registro

Em caso de desaparecimento, a recomendação é registrar boletim de ocorrência (B.O.) o mais rapidamente possível. Esse procedimento pode ser realizado presencialmente nas delegacias ou on-line, na Delegacia Eletrônica. A pessoa que faz o B.O. deve apresentar o máximo possível de dados do desaparecido, como, por exemplo, se usa óculos ou aparelhos nos dentes, se tem tatuagens ou usa piercing, se sofre de deficiência mental, além de uma foto recente.

“Informação precisa e atualizada facilita e acelera o trabalho. Quando alguém é localizado, também é preciso informar a polícia”, ressalta o presidente da comissão. No intuito de integrar ainda mais a comunicação, ele anuncia o próximo passo da comissão: a centralização de suas atividades na Secretaria da Segurança Pública (SSP), medida prevista pela Lei estadual nº 15.292/2014.

A Comissão Multidisciplinar de Acompanhamento Permanente é formada por representantes das secretarias estaduais da Segurança Pública, Justiça e Defesa da Cidadania, Direitos da Pessoa com Deficiência, Educação, Desenvolvimento Social, Saúde e Transportes Metropolitanos, além da colaboração de parceiros como a Secretaria de Assistência e Desenvolvimento Social da prefeitura de São Paulo, a ONG Mães em Luta! e o projeto Caminho de Volta, realizado pelo Departamento de Medicina-Legal, Ética Médica e Medicina Social e do Trabalho da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP).

Repercussão

Em 1992, Fabiana, filha de 13 anos da microempresária Vera Lúcia Ranu, foi para a escola e nunca mais voltou. A tragédia familiar vivenciada pela hoje moradora do Jaraguá, zona noroeste da capital, foi tema de depoimento na novela Explode Coração (1995/1996), exibida pela TV Globo. A dor vivida deu forças a Vera Lúcia para criar, em 2005, a ONG Mães em Luta!. A instituição congrega familiares em busca de parentes desaparecidos e luta para prevenir o problema.

Em 2012, o rosto de Fabiana foi o primeiro a ser manipulado em 3D pela equipe do Laboratório de Arte Forense do DHPP, tendo sido ‘envelhecido’ 30 anos no computador. A imagem impressa circulou em cartazes distribuídos em locais públicos, foi veiculada na TV Minuto do Metrô e também impressa em cupom de recibo de pedágio – porém, sem sucesso. Entretanto, a repercussão obtida com seu trabalho garantiu a Vera Lúcia convite para integrar e participar das reuniões mensais da comissão, cujo aniversário também é celebrado hoje.

DNA

Desenvolvido em 2004 por um grupo de professores e técnicos da FMUSP, o Caminho de Volta surgiu com a proposta de permitir a comparação gratuita dos perfis genéticos das famílias dos desaparecidos com os encontrados.

Coordenado pela geneticista e livre-docente Gilka Gattás, o projeto é realizado em convênio com a 4ª Delegacia do DHPP e desenvolve pesquisas para conhecer melhor o problema dos desaparecimentos, além de dispor de equipe de psicólogos para dar apoio aos familiares no processo de busca e aos desaparecidos, quando encontrados. Tem armazenadas, atualmente, amostras de 1,2 mil famílias.

Final feliz

No dia 18 de março, Gabriela, de 12 anos, regressou da escola na perua escolar para a casa da avó, porém, em vez de entrar, como fazia habitualmente, pegou um ônibus para ir à casa de um amigo, em um bairro vizinho. Três horas depois, temendo punição pela travessura e mantendo sempre o celular desligado, embarcou em outro coletivo. O destino agora era a casa de uma amiga, em outro local. Por volta das 22 horas, quase cinco horas após seu sumiço, além da mãe da garota, Denise Araújo, pai, padrasto, tias e avós estavam desesperados à sua procura.

Denise demorou 24 horas para fazer o B.O. Na delegacia, foi orientada a buscar informações em hospitais próximos e no IML. Felizmente, diz, não a encontrou ferida. “Depois de dois dias e muita angústia, ela reapareceu. Apresentou como justificativa para o sumiço estar cansada com as negativas que recebia. No fundo, ela só queria mais atenção”, relata a mãe, que preencheu cadastro da menina nos sistemas de informática da ONG Mães em Luta! e cedeu amostras de sangue e saliva para o banco de DNA do projeto Caminho de Volta.

Rogério Mascia Silveira
Imprensa Oficial – Conteúdo Editorial

Reportagem publicada originalmente na página IV do Poder Executivo I e II do Diário Oficial do Estado de SP do dia 25/05/2017. (PDF)

Cati celebra 50 anos de apoio ao produtor rural paulista

Com o lançamento de site colaborativo, a Coordenadoria de Assistência Técnica Integral resgata sua memória coletiva; após o aniversário, no dia 20 de junho, o conteúdo produzido será incorporado ao portal da instituição, vinculada à Secretaria de Agricultura e Abastecimento

No dia 20 de junho será celebrado o cinquentenário de criação da Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (Cati), órgão vinculado à Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado (SAA), surgida a partir da promulgação do Decreto estadual nº 48.133/1967.

Abrindo as festividades do jubileu de ouro, uma parceria entre o Centro de Comunicação Rural (Cecor) e o Centro de Informações Agropecuárias (Ciagro) da instituição, lançou, na 24ª Feira Internacional de Tecnologia Agrícola (Agrishow), realizada na primeira semana de maio, em Ribeirão Preto, site comemorativo exclusivo, com fotografias antigas, histórias e depoimentos de servidores ativos e inativos (ver serviço).

De acordo com a assistente de planejamento Carolina Darcie, responsável pelo desenvolvimento da ferramenta, a construção da página comemorativa foi proposta no início do ano, a partir de debates em redes sociais como WhatsApp e Facebook.

Seu conteúdo é um desenvolvimento coletivo de funcionários da Cati, ex-colaboradores e cidadãos relacionados à agricultura. “O ponto comum a todos os participantes é a admiração pelo trabalho de extensão rural realizado pela Cati com os produtores rurais do Estado”, explica Carolina. Quem tiver material antigo e quiser colaborar com o site dos 50 anos deve encaminhar para o e-mail portal50anos@cati.sp.gov.br.

“A proposta é preservar a memória coletiva da coordenadoria e resgatar belas histórias e imagens, como, por exemplo, a criação da mata no local onde está instalado o prédio sede em Campinas (situada na Avenida Brasil, 2.340, no Jardim Chapadão), em parte desmembrada da antiga Fazenda Santa Eliza, hoje abrigo de sapucaias, palmeiras e espécies nativas da flora brasileira”, revela. “Depois do dia 20 de junho, o acervo do site histórico será incorporado ao portal da Cati na web”, informa Carolina (ver serviço).

Missão

Presente em todas as regiões paulistas, com 40 Escritórios de Desenvolvimento Rural (EDRs) e 1.450 profissionais, a instituição tem a missão de prover orientação técnica às famílias rurais das 300 mil pequenas e médias propriedades existentes no Estado, de modo a lhes assegurar qualidade de vida e o desenvolvimento de atividades agrícolas sustentáveis.

Gratuito, o atendimento aos produtores é realizado por técnicos em agricultura e agrônomos nas suas 594 Casas da Agricultura, vinculadas aos EDRs e presentes em 594 dos 645 municípios paulistas. Em média, a Cati realiza 24 mil atendimentos mensais.

Os serviços mais solicitados são consulta técnica, declaração de conformidade ambiental, receituário agronômico, participação em programas, orientações para projetos de recuperação de áreas degradadas, entre outros. Além disso, há oferta permanente de cursos, palestras, inspeções, vistorias, dias de campo, entre outras atividades. Os endereços, telefones e e-mails das Casas da Agricultura ficam disponíveis para consulta em seu site (ver serviço).

Sementes, mudas

As Casas da Agricultura funcionam em imóveis do Estado e muitas delas mantêm convênios com as prefeituras, de acordo com a vocação econômica de cada município. Nelas também são comercializadas sementes e mudas provenientes dos 21 núcleos de produção da Cati no Estado. Esses insumos vegetais são oferecidos com linha de crédito exclusiva para os produtores paulistas e preços inferiores aos cobrados no mercado.

O conjunto de diferenciais inclui a qualidade genética, física, fisiológica e sanitária superior. Atualmente, estão disponíveis sementes e cultivares de aveia branca, aveia preta, feijão, girassol, milho, sorgo, trigo e triticale (cereal híbrido de trigo e centeio) – todos produzidos nas cidades de Avaré, Fernandópolis, Itapetininga, Manduri, Paraguaçu Paulista e Santo Anastácio.

As mudas vêm de Itaberá, Marília, Pederneiras, São Bento do Sapucaí e Tietê. São de espécies florestais nativas e direcionadas a projetos de reflorestamento, de recuperação de áreas degradadas e de proteção de cursos d’água e de mananciais. Há também diversas variedades frutíferas e comerciais. Opções detalhadas sobre sementes, cultivares e mudas podem ser encontradas no site da Cati.

Integral

A produção rural associada à conservação do solo e da água é outra meta da coordenadoria. O objetivo é garantir alimentos de boa qualidade para a população, gerar emprego e renda no campo e fortalecer os elos das cadeias produtivas do agronegócio paulista. Esse trabalho integral é complementado com dezenas de publicações, manuais, boletins técnicos e DVDs. Produzidos pelo Centro de Comunicação Rural (Cecor), estão disponíveis no site da entidade e nas Casas da Agricultura.

Outro trabalho é orientar o agricultor em questões como seguro rural, transferência de tecnologia, planejamento da propriedade, adequação de estradas rurais e crédito agrícola. Um dos destaques é o Projeto Microbacias II – Acesso ao Mercado, financiamento dirigido à compra de equipamentos e instalação de agroindústrias, com vistas à agregação de valor às cadeias produtivas.

Evolução

Em agosto, o engenheiro agrônomo e atual coordenador da Cati, João Brunelli Júnior, completará 40 anos de instituição. Seu ingresso, em 1977, foi na Divisão Regional Agrícola (Dira) de Araçatuba. Na época, conta ele, o desafio era evitar a disseminação do cancro cítrico (praga dos pomares causada pela bactéria Xanthomonas citri subsp citri). A única solução possível era arrancar e queimar as plantas doentes, além de promover a interdição do plantio em todo o entorno da área contaminada, chamada barreira sanitária.

Testemunha da evolução dos serviços da entidade, Brunelli Júnior foi nomeado coordenador da Cati em outubro do ano passado. Ele destaca, nessas quatro décadas, a mudança na concepção e no tipo de atendimento prestado aos produtores. “Gradativamente, nossas ações foram deixando de ser intervencionistas, localizadas e emergenciais. Passaram, então, a ser mais pontuais, preventivas e participativas.”

Bem-sucedido, na visão do coordenador, o modelo atual aposta em uma via de mão dupla com o produtor – parte de uma proposta de atuação mais sistêmica em todo o Estado. Nessa abordagem, a coordenadoria interage diretamente com o produtor ou, ainda, o atende em parceria com outros órgãos públicos e privados.

“Até o final do ano, com a entrada em operação da intranet, a comunicação interna e com os agricultores será ainda mais intensa, considerando a presença da coordenadoria em todo o território paulista”, observa.

Vistoria

Como exemplo da mudança, Brunelli Júnior cita o modelo atual de controle sanitário do cancro cítrico, tarefa realizada diretamente pelo produtor com fiscalização trimestral da Coordenadoria de Defesa Agropecuária do Estado (CDA), órgão da SAA. Esse trabalho preventivo tem o apoio da Cati e do Fundo de Defesa da Citricultura (Fundecitrus) e segue a Resolução nº 147/2013.

De acordo com o texto legal, o citricultor deve realizar vistoria trimestral em todos os citros de sua propriedade para identificar e eliminar as plantas com sintomas da doença. Também precisa pulverizar com cobre as demais plantas do entorno das infectadas em um raio de 30 metros a cada brotação.

Por fim, deve enviar relatórios semestrais para a secretaria, detalhando as condições de seu pomar em relação ao cancro cítrico, assim como faz para o greening (HLB) – doença causada por bactérias que afeta os citros. “A diferença é que, hoje, nenhum produtor paralisa seu trabalho devido a algumas plantas doentes. Por outro lado, ele também não consegue comercializar sua produção se não estiver em dia com essas obrigações”, observa.


A eliminação de gargalos

Na quarta-feira, 24, a Cooperativa Agrícola dos Produtores de Vinho (AVA) de Jundiaí celebrará o aniversário de um ano da entrega de sua unidade móvel de processamento e envase da bebida, a primeira do gênero a entrar em operação no País.

A compra do caminhão e o registro do fermentado no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) são exemplos recentes da atuação decisiva da Cati e de outros órgãos da Secretaria de Agricultura e Abastecimento, como as câmaras setoriais da Coordenadoria de Desenvolvimento dos Agronegócios (Codeagro), para estimular projetos dos produtores rurais no Estado (ver serviço).

Clemente Maziero é um dos 16 vitivinicultores atendidos pela unidade móvel. Além dele, trabalham na adega, batizada com o nome da família, seu pai, sua mulher e os filhos. “Com a criação da cooperativa em 2009, passamos a ter acesso a financiamentos públicos e tecnologias, e a comercialização deixou de ser feita de forma isolada”, conta.

Entretanto, diz ele, outro ‘gargalo’ comum atrapalhava a todos: o envase. Essa etapa do processo produtivo, de passagem da bebida para a garrafa, demanda maquinário caro, de custo proibitivo para o produtor, assim cada um precisava transportar sua safra em tonéis de madeira para engarrafá-las em locais distantes da produção.

Inspiração

“Esse processo é crítico, precisa de cuidados na manipulação para evitar a contaminação da bebida. Além disso, não é aconselhável transportar o vinho, pois, além do custo, movimentar as garrafas e deixá-las expostas ao sol podem comprometer sua qualidade”, observa Maziero.

Em 2008, os hoje cooperados José Boschini e Jacira Lima visitaram vinícolas chilenas e, no país andino, conheceram uma unidade móvel de envase terceirizada, cujos deslocamentos atendiam às propriedades de vitivinicultores.

Em 2011, a AVA deu início ao projeto de adquirir um caminhão nos mesmos moldes, considerando, porém, as necessidades de envase de seus cooperados. “Foram fundamentais nesse projeto o apoio da Cati, por meio da Casa da Agricultura local, assim como o apoio da Codeagro, para a regularização do envase móvel, até então proibido no Estado”, revela Maziero.

Orçado em R$ 750 mil, o caminhão teve R$ 522 mil financiados por meio do Projeto de Desenvolvimento Rural Sustentável – Microbacias II – Acesso ao Mercado, do Governo paulista e do Banco Mundial; e os R$ 228 mil restantes foram pagos à vista pelos cooperados. A capacidade de envase da unidade móvel é de 500 a 800 garrafas por hora.

O processo de envase na AVA começa com a elaboração e o envelhecimento do vinho em cada uma das propriedades. Quando a bebida está pronta para o consumo, uma bomba de sucção aspira o vinho para os tanques de filtragem da unidade móvel, construídos com aço inox e à prova de micro-organismos. Paralelamente, outro maquinário lava e higieniza as garrafas. Os passos seguintes são automatizados e já na garrafa: a transferência do líquido, colocação de rolha, rótulo e cápsula.


A força do agronegócio no Estado

Com apenas 3% de suas terras destinadas à agricultura, o Estado de São Paulo lidera o ranking do Valor da Produção Agropecuária (VPA), calculado pelo Instituto de Economia Agrícola (IEA), ligado à Secretaria de Agricultura e Abastecimento.

De perfil diversificado, o agronegócio paulista responde por quase um quarto da produção agrícola nacional. É o principal produtor de laranja (74%); amendoim (90%); cana-de-açúcar (53,4%); ovos (39%); borracha natural (56,5%); e tem papel relevante em itens como aves, batata, tomate de mesa, milho, carne bovina e café.

Atualmente, o agronegócio é responsável por aproximadamente 17% do Produto Interno Bruto (PIB) do Estado; no ano passado, as exportações paulistas somaram mais de US$ 46 bilhões. Os principais grupos comercializados com o exterior são os do complexo sucroalcooleiro (11% das vendas foram de álcool), carnes (79,4% bovina) e sucos (98,1% de suco de laranja).

De acordo com a última Relação Anual de Informações Sociais (RAIS), divulgada em 2015 pelo Ministério do Trabalho e Emprego, a agricultura concentra no País cerca de 1,5 milhão de empregos formais, principalmente nos cultivos da cana-de-açúcar, laranja e criação de gado bovino. Desse total, 329 mil vagas (21,8%) estavam no Estado de São Paulo, com destaque para os setores sucroenergético e de laranja, que concentram mais registros em carteira.

Serviço

Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (Cati)
Site Comemorativo do Jubileu de Ouro
Coordenadoria de Defesa Agropecuária do Estado (CDA)
Coordenadoria de Desenvolvimento dos Agronegócios (Codeagro)
Fundecitrus

Rogério Mascia Silveira
Imprensa Oficial – Conteúdo Editorial

Reportagem publicada originalmente nas páginas II e III do Poder Executivo I e II do Diário Oficial do Estado de SP do dia 18/05/2017. (PDF)

Unicamp avança na detecção automática de melanoma

Em sua estreia na Competição Internacional de Análise de Lesões de Pele, equipe do Laboratório de Pesquisa Reasoning for Complex Data obteve o 1º lugar em uma das provas de identificação de imagens por computador

Um grupo de pesquisadores do Laboratório de Pesquisa Reasoning for Complex Data (Recod), equipe vinculada ao Instituto de Computação e à Faculdade de Engenharia Elétrica e de Computação da Universidade Estadual de Campinas (FEEC-Unicamp), classificou-se em 1º lugar em uma das três categorias da 2ª edição da Competição Internacional de Análise de Lesões de Pele.

Disputada a distância, a prova organizada pela Colaboração Internacional para Imagens de Lesões de Pele (ISIC) propõe determinar o sistema de informática capaz de reconhecer com mais precisão e maior velocidade se a fotografia de uma pinta no corpo humano é ou não melanoma – um tipo de câncer de pele. De acordo com o professor da FEEC-Unicamp e líder da equipe do Recod-Unicamp, Eduardo Valle, na competição foram avaliadas três tarefas.

A primeira, denominada segmentação, consistia em aferir a capacidade de reconhecer a borda da lesão. A segunda propunha identificar algumas características clínicas da lesão. A última verificava se o diagnóstico conferido era exato, isto é, se a pinta foi corretamente classificada como saudável, melanoma (câncer de pele) ou queratose seborreica – tipo de lesão benigna passível de ser confundida com melanoma, por ser esteticamente parecida.

Ranking

Estreante no desafio, o Recod-Unicamp participou das provas de segmentação e de classificação. Na competição, a disputa global começa com o fornecimento on-line, pelos organizadores, de um conjunto de imagens mostrando diversos tipos de pintas na pele e, em todas elas, são informados os diagnósticos médicos corretos.

Assim, tomando por base essas referências, cada equipe desenvolve seus sistemas e algoritmos, incorporando neles técnicas como o Deep Learning, o aprendizado de máquina por comparação de padrões repetitivos e a inteligência artificial com base em estatística, entre outras técnicas.

Na etapa seguinte, a comissão avaliadora fornece novo lote de imagens e pede aos concorrentes que façam diagnósticos exatos das pintas exibidas nas fotos. De acordo com o total de respostas corretas, o júri avalia qual sistema estruturado foi o mais preciso e divulga, em site exclusivo da competição, o ranking dos participantes mais bem-colocados (ver serviço).

“Conseguimos o 1º lugar na identificação de melanomas e o 3º na identificação das pintas com queratose seborreica. Na média geral, terminamos na 3ª colocação”, destaca o docente.

A equipe do Recod-Unicamp é integrada pela professora do Instituto de Computação (IC-Unicamp), Sandra Avila, a pós-doutoranda Lin Tzy Li, o doutorando Michel Fornaciali e os mestrandos Afonso Menegola e Julia Tavares – todos da FEEC-Unicamp. “Não vamos descansar com esse primeiro resultado, bastante satisfatório e animador. Queremos uma classificação ainda melhor em 2018”, diz Valle.

Cooperação

A Competição Internacional de Análise de Lesões de Pele foi realizada entre dezembro e março com a participação on-line de 22 instituições. A promotora do evento, a ISIC, reúne mais de 50 profissionais da área acadêmica e de diferentes segmentos industriais, incluindo médicos, engenheiros e profissionais da computação.

As ações desenvolvidas pelo grupo integram uma cooperação científica mundial organizada pela Sociedade Internacional para Imagens Digitais de Pele (ISDIS), com o objetivo de recolher e compartilhar informações sobre lesões de melanoma, para diminuir a mortalidade mundial pela doença. “O diagnóstico automático das lesões, feito por computador, continua sendo um grande desafio científico. Há ainda um longo caminho a ser percorrido”, avalia o professor Valle (ver serviço).

Prevenção

De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (Inca), o melanoma incide sobretudo em pessoas adultas, brancas e origina-se nas células da pele produtoras de melanina, substância responsável por determinar a cor da pele. Trata-se do tumor mais frequente no Brasil, responsável por 30% dos casos malignos registrados, entretanto, representa apenas 3% das neoplasias malignas, apesar de ser o mais grave por sua alta probabilidade de metástase.

Os melanomas podem ocorrer em qualquer parte da pele. A prevenção é feita com o uso de protetor solar, além de evitar exposição prolongada aos raios ultravioleta. Os sintomas podem ser nódulos anormais ou mudanças em pintas existentes, denotando assimetria, irregularidade de borda, mudança de cor da verruga ou pinta com diâmetro maior. Mesmo passado um mês, as feridas não cicatrizam e podem coçar, arder, descamar ou sangrar.

O diagnóstico do melanoma é realizado por biópsia e, quando a identificação ocorre nos estágios iniciais, há grande probabilidade de recuperação. O tratamento inclui cirurgia, radioterapia, medicamentos e, em alguns casos, quimioterapia. Dados do ano passado do Inca estimam em 150 mil o número de casos de melanoma no País; e a cada ano surgem 5,7 mil ocorrências no Brasil, sendo 3 mil em homens e o restante em mulheres.

Serviço

Recod-Unicamp
ISDIS
Ranking da edição 2017 da ISDIS
Inca
Folheto do Inca sobre o câncer de pele

Rogério Mascia Silveira
Imprensa Oficial – Conteúdo Editorial

Reportagem publicada originalmente na página III do Poder Executivo I e II do Diário Oficial do Estado de SP do dia 17/05/2017. (PDF)