Casos da doença diminuem quase 85% entre 2003 e 2004 e registros caíram de 20.361 para 3.015 nesse período; Aedes aegypti está em 100 países e representa ameaça para 2,5 bilhões de pessoas
A Secretaria Estadual da Saúde (SES) realizou monitoramento e identificou os municípios paulistas que estão mais expostos ao risco da dengue em 2005. O estudo apontou 20 cidades que receberam avaliação com conceito 3 ou superior no Índice de Breteau, que demonstra o grau de infestação de larvas do mosquito Aedes aegypti.
O Índice de Breteau aponta a porcentagem de imóveis com criadouros e larvas do mosquito por área de 10 mil a 12 mil metros quadrados. A cidade com mais problemas é São Sebastião, 20,14. Em seguida vem Potim, 13,59, e depois Ituverava, 8. Em setembro, a Secretaria convocou representantes das prefeituras em situação de alerta e transmitiu orientações sobre as formas de prevenção e combate. Além disso, tem realizado teleconferências com abrangência em todo o Estado.
Campanha
Uma campanha de publicidade está em andamento nos principais veículos de comunicação do Estado. O Dengue Boy, personagem criado para orientar as crianças, está em viagem pelo Estado com folhetos explicativos sobre a doença. Mesmo com a queda vertiginosa de casos da moléstia nos últimos anos, a secretaria tem alertado os prefeitos dos 645 municípios do Estado sobre a necessidade da adoção de medidas contra a doença. No comparativo de 2004 em relação a 2003, houve queda de quase 85% no número de registros: em 2003, foram 20.361 e, neste ano, 3.015.
“É preciso estar alerta. A dengue é traiçoeira e, sem prevenção, pode voltar com força total. É a hora de as prefeituras vasculharem suas cidades atrás dos focos do Aedes aegypti“, afirma o secretário de Estado da Saúde, Luiz Roberto Barradas Barata.
Números mundiais da doença
O Aedes aegypti está presente em 100 países, onde vivem 2,5 bilhões de pessoas. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima em 80 milhões o número de pessoas infectadas anualmente no mundo. O resultado são cerca de 500 mil internações e 20 mil mortes anuais.
O Brasil tem seguido a tendência apresentada na América Central, Caribe e Sudeste Asiático. Nesses locais, o número de doentes é menor, porém, os casos de dengue hemorrágica são mais comuns.
Vetores da doença
O pernilongo tradicional (mosquito Cúlex) é pardo, de maior porte, age em bando, tem zumbido, pica no período noturno e não é vetor da dengue. O Aedes aegypti é preto com as patas listradas, de menor tamanho, silencioso, pica durante o dia e ataca isoladamente as pessoas, na maioria das vezes em suas residências.
A criação do mosquito começa quando a fêmea grávida deposita seus ovos em recipientes com água limpa, sombra e próximos a domicílios humanos. Podem ser pneus, plásticos, latas e um sem-número de produtos descartados como lixo. A eclosão das larvas não é imediata. Os ovos são colocados pouco acima da linha d’água e podem sobreviver em períodos de seis meses a um ano. Com a elevação da temperatura (entre 25ºC e 29ºC) e o início das chuvas, os ovos começam a eclodir. A água acumulada nos recipientes oferece nutrientes, ou seja, detritos orgânicos, bactérias, fungos e protozoários.
A fase larvária dura de cinco a dez dias. Depois de adulto, o mosquito vive cerca de 30 dias, tempo suficiente para adquirir o vírus da dengue e espalhá-lo por muitos quarteirões. Embora os casos de dengue sejam mais comuns nas cidades, também há registros em áreas rurais.
O Aedes aegypti pode transmitir também a febre amarela. No Brasil, na década de 30, a erradicação do mosquito, levada a cabo para o controle da febre amarela, fez desaparecer também a dengue no período.
Pneus abandonados
Nos locais onde for impossível a eliminação dos pneus, os órgãos estaduais sugerem as seguintes medidas: fazer seis furos em seis pontos equidistantes, mantendo-os sempre na posição vertical. Nos balanços infantis, a sugestão é fazer um único orifício no nível mais baixo. Os pneus em desuso devem ser guardados em local coberto. Estando no relento, colocar um copo de sal na parte interna.
Em qualquer vistoria, se forem encontradas larvas de mosquito, eliminá-las jogando a água no solo. Se o recipiente for fixo, aplicar água sanitária na proporção de uma colher de sopa para cada cinco litros de água ou um copo de água sanitária para cada 100 litros de água do recipiente. Outra opção é utilizar sal de cozinha de acordo com a quantidade de água.
Municípios paulistas sujeitos a maiores riscos
(de acordo com o Índice de Breteau) |
|
São Sebastião |
20,14
|
Potim |
13,59
|
Ituverava |
8
|
Itapevi |
6,36
|
Jandira |
5,77
|
Hortolândia |
5,61
|
Paraíso |
4,81
|
Neves Paulista |
4,58
|
Bauru |
4,19
|
Cubatão |
4,16
|
Santópolis do Aguapeí |
3,93
|
Américo Brasiliense |
3,92
|
Serrana |
3,52
|
Guarujá |
3,46
|
Rio Claro |
3,26
|
Américo de Campos |
3,23
|
Palmares Paulista |
3,22
|
Casa Branca |
3,2
|
Botucatu |
3,09
|
Cássia dos Coqueiros |
3,05
|
Rogério Mascia Silveira
Da Agência Imprensa Oficial
Reportagem publicada originalmente na página I do Poder Executivo I e II do Diário Oficial do Estado de SP do dia 31/12/2004. (PDF)