Concurso da Nasa incentiva alunos da rede pública de ensino estadual

Todo aluno ou grupo de estudantes com até 18 anos pode concorrer ao prêmio de US$ 3 mil; inscrição termina dia 1º de março

Segue aberta inscrição para a Ames Space Settlement Contest, concurso promovido pela Agência Espacial Americana (Nasa). Em sua 23ª edição, a competição é dirigida a estudantes de todos os países na criação de projetos sobre assentamentos orbitais futuristas, iniciativas conhecidas no Brasil como estações espaciais. Pode participar aluno matriculado na rede pública estadual com até 18 anos de idade com remessa de trabalho individual ou, ainda, grupos de dois a cinco integrantes ou acima de seis componentes.

A inscrição é gratuita e deve ser feita no site do concurso, porém, o trabalho impresso precisa chegar à Nasa, nos Estados Unidos, até o dia 1º de março. De acordo com o regulamento, aluno do ensino fundamental I deve produzir um desenho artístico sobre estações espaciais.

Os demais ciclos podem elaborar projetos prevendo, por exemplo, como poderão ser as futuras estações; outras possibilidades incluem descrever em ensaios literários como será a vida nessas estações ou, até mesmo, propor jogos e esportes com situação de gravidade zero. Nas duas últimas categorias, os trabalhos devem levar em consideração as questões científicas relacionadas ao cotidiano de uma estação espacial. Para inspirar os competidores, o site do concurso reproduz todos os trabalhos campeões desde 1994 (ver serviço).

Novos horizontes

“O intuito do concurso é incentivar a criatividade e estimular alunos e professores a aprofundar conhecimentos em astronomia, ciências da natureza e temas afins”, destaca a professora Renata Oliveira. Docente da equipe de Física da Coordenadoria de Gestão da Educação Básica (CGEB) da Secretaria Estadual da Educação (SEE), ela sugere aos estudantes se inscreverem no concurso internacional, assim como fazem nas etapas regionais e estaduais de eventos nacionais do gênero científico, como as Olimpíadas Brasileiras de Matemática, de Física, de Astronomia, de Biologia e Química, entre outras.

“O concurso é uma grande oportunidade para ampliar conhecimentos em diversas áreas. Independentemente de conquistar o prêmio principal, todo aluno com projeto remetido de acordo com as regras do regulamento receberá, depois, certificado de participação”, informa Renata. Segundo ela, a orientação da SEE aos alunos é buscar apoio com os professores das áreas de ciências da natureza (física, ciências, biologia, química e matemática) para orientar os trabalhos.

Concluída essa etapa, o desafio seguinte é ler o regulamento, em inglês, e preencher o formulário on-line do concurso, também apresentado em língua estrangeira. “Se houver dificuldade, o caminho é o mesmo: recorrer aos professores de inglês do estabelecimento de ensino e esses, se também precisarem de ajuda, podem solicitar auxílio à direção da escola”, conclui.

Pioneiro

O biólogo Ivan Lima, de 38 anos, é o principal divulgador do concurso da Nasa no País. Nascido em Marília e ex-aluno de três escolas públicas do Estado e de duas particulares do município, ele hoje mora em Mountain View, cidade do Vale do Silício, na Califórnia (Estados Unidos) e trabalha na Associação Universitária de Pesquisas Espaciais (Universities Space Research Association – USRA).

Lima conta que, desde 2011, o Brasil envia trabalhos para a competição, mas nenhum compatriota ainda ganhou o prêmio especial de US$ 3 mil, conquista que também dá direito ao vencedor de apresentar o seu trabalho na Sociedade Espacial Norte-Americana.

“Sonho com a vitória de algum aluno ou grupo brasileiro na competição, mas não integro a comissão organizadora do concurso”, revela Lima, um dos cientistas brasileiros participantes do Projeto Garatéa-L, iniciativa aeroespacial cuja meta é lançar em 2020 o primeiro satélite lunar brasileiro de pesquisa na órbita lunar.

Em setembro do ano passado, o cientista participou de dois encontros em Marília com professores e estudantes. O objetivo desses eventos foi destacar a importância do ensino da ciência e da tecnologia ainda na educação básica e contar um pouco de sua trajetória acadêmica, que inclui passagens pela escolas estaduais Carlota de Negreiros Rocha, Olga Maria Gasparotto Simonaio (atual Ceeja Sebastiana Ulian Pessine) e Amilcare Mattei, além da posterior graduação e pós-graduação na Universidade Estadual de Londrina (UEL), no Paraná.

Para auxiliar os estudantes brasileiros e seus professores, Lima criou um e-mail exclusivo para tirar dúvidas sobre como devem se inscrever ou desenvolver projetos e desenhos para o concurso da Nasa. Ele produziu também e publicou no YouTube um vídeo com dicas sobre como traduzir on-line o regulamento e o formulário de inscrição, assim como preencher de modo correto os campos do formulário, observando, por exemplo, questões como a diferença das séries educacionais escolares dos Estados Unidos, que são diferentes das adotadas no Brasil (ver serviço).

Serviço

Site oficial do concurso e inscrição
Vídeo de auxílio para a inscrição
Tradutor on-line do Google
E-mail de auxílio com a inscrição: nasaconcurso@gmail.com

Rogério Mascia Silveira
Imprensa Oficial – Conteúdo Editorial

Reportagem publicada originalmente na página III do Poder Executivo I e II do Diário Oficial do Estado de SP do dia 24/01/2017. (PDF)

Instituto de Zootecnia integra produção animal e florestamento

Programa de Produção Animal em Sistemas Integrados (Propasi) apresenta ao produtor rural alternativa de renda sustentável, a partir da diversificação de atividades

Oferecer ao produtor rural alternativa de renda sustentável a partir da diversificação das atividades em sua propriedade. Essa é a proposta de pesquisa pioneira do Programa de Produção Animal em Sistemas Integrados (Propasi), do Instituto de Zootecnia (IZ), órgão vinculado à Secretaria Estadual de Agricultura e Abastecimento (SAA).

O trabalho consiste em avaliar arranjos de plantio de árvores de mogno africano em pastos de capim-marandu, de forma a identificar um modelo de manejo viável e lucrativo na produção animal e na atividade madeireira. Além disso, a pesquisa pretende contribuir com a longevidade desse sistema silvipastoril, nome que define a criação intencional e integrada de árvores, pastagem e gado na mesma área e ao mesmo tempo.

Coordenado pela zootecnista Alessandra Giacomini, o estudo prossegue no município de Nova Odessa, em área de 30 hectares, conhecida como “Maracanã”, da Estação Experimental Central do IZ. O projeto de alternativa ao monocultivo convencional foi iniciado em dezembro de 2015, com término previsto para dezembro do ano que vem. Recebeu financiamento de R$ 150 mil da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), com parceria com a empresa Mudas Nobres, que doou 7,5 mil mudas de mogno africano para o trabalho de campo.

Benefícios

“Independentemente do porte da propriedade, a proposta é oferecer alternativa de diversificação da renda para o pecuarista, de modo que a associação de pecuária e produção madeireira (silvicultura) fortaleça a produção agropecuária de forma sustentável”, explica Alessandra.

Segundo ela, quando completarem seu ciclo de desenvolvimento, as árvores fornecerão madeira de lei e também ajudarão a evitar a degradação das pastagens. “Além disso, sua presença no campo vai reduzir as emissões de gases de efeito estufa e proporcionar conforto térmico aos animais, um fator de aumento de produtividade”, destaca.

Outros conceitos inclusos nesse sistema integrado são a prevenção do desmatamento e a abertura de novas fronteiras agrícolas no País, por permitirem ao pecuarista produzir mais e por mais tempo na mesma propriedade, sem precisar recorrer a áreas florestais e de preservação, problema existente na Região Norte e Região Centro-Oeste do País. “Na pesquisa, usamos gado leiteiro, porém, o projeto pode ser aplicado e obter os mesmos resultados na pecuária de corte e na ovinocultura”, ressalta a zootecnista.

Parcerias

O sistema silvipastoril em estudo em Nova Odessa tem a colaboração da agrônoma Luciana Gerdes, do zootecnista Enilson Ribeiro e de mais quatro pesquisadores do IZ. Além deles, também participam da pesquisa cientistas de outros centros vinculados à pasta estadual da Agricultura e Abastecimento: dois do Instituto Florestal (IF), um do Instituto Agronômico de Campinas (IAC) e dois do Instituto de Economia Agrícola (IEA), órgão da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA).

De acordo com Luciana, a escolha do mogno africano como espécie de florestamento foi pelo fato de ser exótica, isto é, não originária da flora nacional e ter baixo custo – cada muda custa, em média, R$ 5. Além disso, ela sublinha, essa variedade fornece madeira de alto valor agregado, cerca de R$ 2,5 mil o metro cúbico, valor dez vezes superior ao conseguido pelo eucalipto. “Em média, com 15 anos de vida, a árvore atinge tamanho comercial para ser cortada e fornecer a madeira”, informa.

Funcionamento

Na pesquisa, o gado permanece em piquetes de capim-marandu entre as linhas de árvores, plantadas a cada 15 metros, protegidas por cerca elétrica e com espaçamento de 5 metros entre as mudas. Durante dois anos, os animais não têm acesso às árvores, para evitar que comam ou danifiquem as plantas. Depois desse período, serão liberados para pastar no local e se beneficiar da sombra.

O produtor rural interessado em conhecer o projeto pode entrar em contato com o Instituto de Zootecnia ou, então, participar da próxima saída a campo, de demonstração, prevista para ocorrer em maio – data e horário serão divulgados no site do IZ (ver serviço).

De acordo com explicações dos pesquisadores, se as árvores forem cortadas após 15 anos de plantio e for considerado o valor atual do metro cúbico do mogno, a renda possível a ser obtida, plantando-se 240 mudas por hectare, será de aproximadamente R$ 420 mil por hectare em sistema silvipastoril.

Serviço

Instituto de Zootecnia (IZ)
E-mail giacomini@iz.sp.gov.br
Telefone (19) 3466-9410

Rogério Mascia Silveira
Imprensa Oficial – Conteúdo Editorial

Reportagem publicada originalmente na página III do Poder Executivo I e II do Diário Oficial do Estado de SP do dia 04/01/2017. (PDF)

USP São Carlos lidera ranking nacional de aeromodelismo

Com participações na SAE Brasil Aerodesign Competition desde 1998, Escola de Engenharia é a maior vencedora da disputa, com 13 títulos nacionais e cinco internacionais

Os troféus de duas das três categorias do concurso SAE Brasil Aerodesign Competition, torneio de aviação, foram conquistados, neste ano, por equipes de alunos de graduação da Escola de Engenharia da Universidade de São Paulo, câmpus de São Carlos (EESC-USP). A competição teve a participação de 1,3 mil universitários, de 88 equipes de instituições brasileiras de ensino superior e sete estrangeiras, provenientes da Venezuela, México e Polônia.

O concurso avalia o desenho aerodinâmico e o desempenho de voos de aeronaves. Ao longo do segundo semestre, a comissão julgadora fez a análise teórica dos projetos inscritos. As provas de campo com os aviões radiocontrolados ocorreram entre 3 e 6 de novembro, em São José dos Campos.

Formada por 35 estudantes matriculados em todos os semestres dos cursos de engenharia da EESC-USP, a delegação foi campeã com a aeronave Alpha, na categoria regular, e com a Charlie, na avançada. O terceiro avião projetado em São Carlos, o Bravo, ficou com o sétimo lugar na modalidade micro. Do grupo de vencedores da USP, 20 deles viajarão em abril para a cidade de Lakeland, na Flórida (Estados Unidos), para disputar a etapa internacional da competição.

Desafio

Organizado pela seção regional São José dos Campos da SAE Brasil, o concurso anual visa a promover o intercâmbio de técnicas e de conhecimentos aeronáuticos entre estudantes e futuros profissionais da engenharia da mobilidade. “O estudante tem o desafio de gerir o projeto de um avião em todos os seus aspectos, da gestão administrativo-financeira do projeto à inovação”, observa o presidente da SAE Brasil, Frank Sowade.

O concurso é reconhecido pelo Ministério da Educação e tem patrocínio das empresas Grupo Airbus, Altair, Boeing, Embraer, GE, Honeywell, Parker, Rolls-Royce, Saab e United Technologies. Recebe também apoio da ADC Embraer, Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA), Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e prefeitura de São José dos Campos.

Retrospecto

“A primeira participação da EESC-USP na competição foi em 1998”, conta Lorhan Coelho, estudante do terceiro ano de engenharia aeronáutica e um dos vitoriosos desse ano. Ele destaca o fato de a instituição paulista ser a maior vencedora da competição, com 13 títulos nacionais e cinco internacionais. O segredo do retrospecto favorável, explica, inclui a construção, ano após ano, de um banco de dados compartilhado com as informações de todos os projetos de aviões construídos exclusivamente para a disputa.

Quando ingressa na EESC-USP, o calouro é estimulado a participar da competição por colegas de outros semestres. Todo ano, o regulamento do concurso muda e introduz novas dificuldades. Na mais recente edição, informa Lorhan, uma das propostas era projetar um avião com formato capaz de ser encaixado dentro de um cone e também fazer as tarefas previstas – decolagem, voo e aterrissagem – com o máximo de segurança e eficiência. “A competição é contagiante, fortalece o trabalho em equipe e incentiva a busca de soluções por conta própria. Ninguém reclama de dedicar várias noites e fins de semana aos nossos aviões campeões”, relata, orgulhoso.

Mérito

De acordo com o professor Álvaro Martins Abdalla, do Departamento de Engenharia Aeronáutica, a EESC-USP incentiva a participação dos estudantes na competição, por considerá-la uma atividade extracurricular capaz de fortalecer o aprendizado. Além disso, propõe desafios reais a serem superados, isto é, apresenta aos competidores questões muitos semelhantes às existentes no mercado de trabalho em temas sobre aviação, engenharia e áreas correlatas.

“Cedemos instalações, oficinas, túnel de vento, softwares e oferecemos apoios de diversos tipos aos estudantes. O corpo docente da EESC-USP, porém, tem por política não interferir nos projetos dos alunos”, revela. “Na verdade, em 18 anos, eles nunca nos pediram auxílio. Apenas trocam impressões. O mérito do bom desempenho na SAE Brasil Aerodesign Competition é dos estudantes, por conseguirem conciliar suas atividades acadêmicas regulares, que são muitas, com a competição”, conclui.


Os campeões de 2016 da SAE Brasil

Posição Equipe Universidade Pontuação final
Categoria Avançada
1 EESC-USP Charlie EESC-USP 298.53
2 AeroRio Advanced PUC Rio de Janeiro 256.41
3 Car-Kará Advanced Universidade Federal do Rio Grande do Norte (RN) 161.39
Categoria Regular
1 EESC-USP Alpha EESC-USP 483.24
2 Urubus Aerodesign Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) 423.07
3 Vai, sô! Fly!!! Universidade Federal de Minas Gerais 421.58
4 Tucano Universidade Federal de Uberlândia (MG) 419.55
5 AeroFEG Universidade Estadual Paulista (Unesp Guaratinguetá) 406.20
6 Cefast Aerodesign Cefet (MG) 394.29
7 FEI Regular Centro Universitário da FEI (SP) 373.39
8 Keep Flying Escola Politécnica da USP 368.96
Categoria Micro
1 Trem ki voa Micro Universidade Federal de São João del Rei (MG) 468.00
2 Antonov Unip Câmpus Brasília (DF) 461.88
3 FEI Micro Centro Universitário da FEI (SP) 421.82
4 Tucano Micro Universidade Federal de Uberlândia (MG) 419.20
5 Vai, sô! Fly!!! Kids Universidade Federal de Minas Gerais (MG) 395.01
6 Uirá Micro Universidade Federal de Itajubá (MG) 337.95
7 EESC-USP Bravo EESC-USP 337.86
8 Carancho Micro Universidade Federal de Santa Maria (RS) 303.47

(Fonte: SAE Brasil)

Serviço

Competição SAE BRASIL AeroDesign
Site da equipe EESC-USP
EESC-USP

Rogério Mascia Silveira
Imprensa Oficial – Conteúdo Editorial

Reportagem publicada originalmente na página III do Poder Executivo I e II do Diário Oficial do Estado de SP do dia 01/12/2016. (PDF)