Novos rumos na inclusão digital

Encontro Regional do Acessa SP premia experiências bem-sucedidas do programa, presente em 535 municípios paulistas

Os monitores Elizângela de Souza, Junior Eduardo e Muriel Brefori venceram o II Prêmio Acessa SP, realizado ontem no Memorial da América Latina, na capital. O trio apresentou os projetos de inclusão digital mais bem sucedidos e inovadores do ano de 2011. Foram 53 trabalhos inscritos e os 12 finalistas receberam como prêmio uma câmera fotográfica digital. Os três primeiros também levaram notebooks.

Além disso, Elizângela também conquistou o prêmio Grande Destaque. A conquista valeu um datashow para o posto do Acessa SP de Marabá Paulista, por ensinar aos professores como usar em classe o recurso tecnológico. “Um professor, antes leigo em informática, agora adota o recurso na alfabetização no ensino fundamental”, conta orgulhosa.

Junior Eduardo, de São Lourenço da Serra, é bicampeão. Desta vez, disseminou o Google Docs e ensinou ao usuário a usar o pacote de programas gratuitos e guardar os arquivos criados no ambiente virtual. “Percebi a dificuldade das pessoas em trabalhar com arquivos incompatíveis. E a solução também dispensa pen-drive e mídias de armazenamento”.

Monitor de Pirangi, Muriel Brefori conquistou o prêmio na categoria Projetistas. Seu projeto, Conhecendo Minha História, alfabetiza e ensina informática para idosos. A experiência foi narrada em postagens do blog que leva o mesmo nome e revela cenas das vida dos participantes. “Dedico a vitória aos alunos, eles é que venceram”.

Aprendizado colaborativo

A seleção dos projetos ficou a cargo de júri de especialistas em políticas públicas, internet e projetos comunitários. Os critérios foram inovação, criatividade, relevância e parcerias. “Nesta edição, sobressaíram a diversidade de temas e a valorização da cidadania de todos os envolvidos”, conta Gilmar Gimenes, da Prodesp.

Drica Guzzi, da Escola do Futuro da USP, destacou a oportunidade do monitor explorar a potencialidade da internet para construir uma sociedade diferente. A instituição dá suporte técnico, capacita monitores e os ajuda a elaborar projetos.

Cada posto foi pensado a partir da realidade da cidade e das necessidades da população. A ideia é cada vez mais oferecer, com rapidez e qualidade, o que as pessoas precisam. Segundo Daniela Matielo, da Escola do Futuro da USP, a meta é aproveitar novas tecnologias. E incentivar o monitor a elaborar projeto de acordo com a necessidade da comunidade, compartilhando os conteúdos em outros postos.

André Sobreiro, jornalista da Escola do Futuro responsável pelo acompanhamento das redes sociais do Acessa SP, destaca que a receptividade às redes sociais aumentou em relação à primeira edição. Seu trabalho tem sido monitorar as postagens e auxiliar na produção de foto, vídeo e texto. “É uma cobertura colaborativa. Dou o suporte necessário, mas são eles que produzem o conteúdo”.​

Encontro Regional

A premiação integrou o 4º Encontro Regional, realizado nos dias 5 e 6 de julho. Teve a participação dos responsáveis pelo Acessa SP e de 80 monitores vindos de mais de 50 cidades. Os participantes trocaram ideias e experiências e debateram caminhos para melhorar a infraestrutura do programa e da rede de postos, ampliar a autonomia do usuário e capacitar monitores.

Akira Shigemori, gestor do Acessa SP, anunciou que até o fim do ano 300 novas máquinas substituirão PCs do programa com mais de quatro anos de uso. Comentou também a proposta de desenvolvimento de novos projetos sugeridos por monitores, usuários e trabalhos voluntários. “A meta é oferecer o que o usuário precisa, aprimorar o atendimento e manter a ocupação de 60% nos telecentros”, salientou.

Como fazer projeto viável nos postos? Possíveis respostas foram mostradas em oficinas de mapeamento social, parcerias e registros dos projetos. Na identificação, o monitor foi orientado a explorar o potencial do entorno do posto e a realidade da região.

Em São João da Boa Vista, a monitora do Acessa SP estreitou laços com o Projeto Girassol, iniciativa local de apoio à criança deficiente. Antes a maioria dos atendidos não distinguia televisor de computador. Ela contou que agora sabem a diferença e aprenderam a escrever o nome utilizando o teclado.

Em Jacupiranga, em projeto parecido, a ação conjunta é com a Associação dos Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae). Os dois casos ilustram possibilidades de parceria, que servem para divulgar o Acessa SP e contribuir com apoio voluntário e financeiro.

A orientação do gestor do Acessa SP é divulgar cada trabalho no Portal da Rede, para que os demais o conheçam. Para pôr em prática técnicas de comunicação, os monitores fotografaram as instalações do Memorial da América Latina. Depois, analisaram as imagens para perceber se elas eram o melhor retrato do local. Na oportunidade, foi ensinado como postar imagem, texto, vídeo.

Os monitores ouviram o depoimento do colega de São Luis do Paraitinga sobre a atuação do posto após a trágica enchente em janeiro de 2010. Destacaram que o posto teve papel fundamental no contato com parentes e na emissão de segunda via de documentos. Foram informados pelo parceiro comunidade LibreOffice sobre os diferenciais do software livre em contraponto com que os requer pagamento de licença de uso e pelo Sebrae a respeito das vantagens de se tornar empreendedor individual.

Claudeci Martins e Rogério Mascia Silveira
Da Agência Imprensa Oficial

Reportagem publicada originalmente na página III do Poder Executivo I e II do Diário Oficial do Estado de SP do dia 07/07/2011. (PDF)

Novidade na Fatec: curso a distância

Formação em Gestão Empresarial será oferecida no Vestibular 2014; aulas presenciais serão ministradas na capital e em outras dez Fatecs

De modo pioneiro, o Centro Paula Souza irá oferecer, em 2014, seu primeiro curso superior em tecnologia a distância: Gestão Empresarial. A portaria que credenciou as Faculdades de Tecnologia Estaduais (Fatecs) a ministrá-lo foi publicada no dia 12 de setembro no Diário Oficial.

O curso de Gestão Empresarial inclui atividades presenciais e tem carga de 2,8 mil horas de aula, a mesma da formação presencial. No total, entre 10% e 15% da formação tecnológica compreende atividades presenciais obrigatórias desenvolvidas nos polos de apoio da Fatec.

Inicialmente, serão abertas 600 vagas no próximo Vestibular, com inscrições previstas para este mês. As aulas começam no primeiro semestre de 2014 nos seguintes polos: capital (Fatec Tatuapé), Botucatu, Franca, Indaiatuba, Itu, Marília, Ourinhos, Pindamonhangaba, Presidente Prudente, São José do Rio Preto e Taquaritinga.

A cada semestre, mais vagas serão oferecidas e novos polos, incluídos. A meta é oferecer 6,4 mil vagas anuais. “A oferta de outros cursos superiores tecnológicos a distância também está em estudo pela instituição”, disse Dilermando Piva, coordenador de Ensino a Distância para o Ensino Superior do Centro Paula Souza.

Mais de 80 professores de ensino superior da instituição foram treinados para elaborar o material didático do curso, que inclui vídeos de resolução de problemas e apresentação de disciplinas, animações e até mesmo jogos virtuais. Adaptações foram feitas para o ambiente virtual com base no curso tecnológico de Gestão Empresarial, oferecido pelas Fatecs.

Gestão Empresarial

Na modalidade 100% presencial, o curso de Gestão Empresarial é oferecido na capital (Fatec Tatuapé) e em mais 13 cidades. As unidades que oferecem a formação são Americana, Catanduva, Cruzeiro, Garça, Guaratinguetá, Indaiatuba, Mococa, Piracicaba, Praia Grande, Santos, São Sebastião, Sertãozinho e Tatuí.

A proposta do curso é preparar o tecnólogo para elaborar e executar planos de negócios a partir de técnicas de gestão empresarial em diversos processos. A lista deles inclui comercializar, lidar com suprimentos, armazenar, movimentar materiais e gerenciar recursos financeiros e humanos. São características desejáveis a habilidade para lidar com pessoas, ter capacidade de comunicação, trabalhar em equipe, liderar, negociar, buscar informações e tomar decisões a partir de contextos econômicos, políticos, culturais e sociais distintos.

O mercado de trabalho inclui negócio próprio (consultoria, turismo, comércio, indústria etc.). E também médias e pequenas empresas; setor público e em entidades particulares, tais como cooperativas e associações.

Centro Paula Souza

Autarquia paulista vinculada à Secretaria Estadual de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia (SDECT), o Centro Paula Souza administra as Faculdades de Tecnologia (Fatecs) e as Escolas Técnicas (Etecs) estaduais. Comanda também em 285 municípios paulistas as classes descentralizadas. Estas unidades funcionam com um ou mais cursos técnicos em parceria com prefeituras ou empresas, sob a supervisão de uma Etec.

Atualmente, as Etecs atendem 226 mil estudantes nos ensinos médio, técnico integrado ao médio e no ensino técnico, para os setores industrial, agropecuário e de serviços, totalizando 127 opções de cursos. E nas 56 Fatecs, há 64 mil alunos matriculados em 65 formações de graduação tecnológica.


Formação em empreendedorismo

Em 2014, uma parceria do Centro Paula Souza com o Sebrae irá oferecer cursos técnicos e tecnológicos na capital para ajudar a formar empreendedores. A proposta é oferecer formação superior inédita nas áreas ligadas à gestão de negócios e inovação e formar pessoal qualificado para atuar na indústria, comércio e serviço público.

Administrados pelo Centro Paula Souza, os cursos serão oferecidos na Escola de Negócios do Sebrae, localizada nos Campos Elíseos, bairro do centro de São Paulo. A princípio, os cursos em nível médio disponíveis são Administração, Logística (ambos nas modalidades técnico e médio integrado ao técnico) e Marketing (apenas integrado). O nível superior tecnológico terá Gestão de Negócios e Inovação e também o curso de Marketing.

Vestibular e vestibulinho

Para frequentar os cursos é preciso inscrever- se nos processos seletivos tradicionais do Centro Paula Souza, que classifica os estudantes para as Etecs e Fatecs. As inscrições para o Vestibular devem ser feitas entre os dias 8 de outubro e 7 de novembro. Quem deseja cursar o nível médio/ técnico deve fazer o Vestibulinho, cujas inscrições vão até 24 de outubro.

Além da escola-sede na capital, a parceria entre as instituições prevê uma rede profissionalizante em todo o Estado e um sistema de ensino a distância em 2014. Para o ciclo de aulas que começará no ano que vem, serão oferecidas 2 mil vagas.

Rogério Mascia Silveira
Da Agência Imprensa Oficial

Reportagem publicada originalmente na página III do Poder Executivo I e II do Diário Oficial do Estado de SP do dia 03/10/2013. (PDF)

Mais de 90% das cidades de SP aderem ao Consenso de Istambul sobre a água

Meio Ambiente alinha municípios à proposta mundial de adotar política favorável à gestão de recursos hídricos em nível regional

Por intermédio da Secretaria Estadual do Meio Ambiente (SMA), desde junho, 593 dos 645 municípios paulistas já aderiram ao Consenso de Istambul. De caráter global, o documento de compromissos busca fomentar a gestão das águas nos níveis regional e municipal. O Consenso de Istambul é um documento elaborado durante o 5º Fórum Mundial da Água, realizado em março de 2009 na Turquia. O encontro trienal é o principal evento organizado pelo Conselho Mundial da Água, entidade ligada à ONU que reúne acadêmicos, poder público, sociedade civil e ONGs.

Nesses encontros são debatidos temas sobre transposição de águas, governança e gestão integrada, instrumentos econômicos, estratégias locais para disciplinar o uso do recurso hídrico e gestão integrada de bacias hidrográficas, entre outros. A princípio, o Consenso propõe que as administrações municipais reflitam sobre a situação e características das águas presentes em seus territórios. Em seguida, considerando essa avaliação, são estabelecidas metas para a solução dos problemas identificados.

Segundo Rosa Mancini, coordenadora de recursos hídricos da SMA, a secretaria avaliou todos os Planos de Bacias Hidrográficas do Estado. Por conhecer os principais problemas das regiões, indicou metas básicas ligadas ao saneamento e recuperação florestal. Estes indicadores a serem seguidos somaram-se aos propostos pelas prefeituras, e esta iniciativa originou o Pacto das Águas São Paulo – movimento de apoio ao Consenso de Istambul.

Plano de metas

O Estado de São Paulo foi o primeiro no País ao alinhar a gestão desse setor às do Consenso de Istambul e às do Conselho das Águas. Assim, por meio da SMA, criou no final do primeiro semestre de 2009 um sistema de alimentação e controle das metas municipais. O serviço funciona pela internet e pode ser consultado por todos que aderiram ao Pacto.

Para facilitar o preenchimento dos dados, a planilha tem manual de instruções. E cada comitê precisa apresentar seus indicadores atuais e definir metas a serem atingidas até dezembro de 2011. O prazo para envio do documento eletrônico foi ampliado para 26 de fevereiro de 2010. Em 2 de junho passado, a Secretaria do Meio Ambiente lançou no município de Bocaina o Pacto das Águas de São Paulo.

Na oportunidade, 200 prefeitos assinaram termo de adesão voluntária ao Consenso de Istambul. Atualmente, 593 cidades estão integradas ao plano e 52 ainda não aderiram. “A gestão do recurso hídrico é muito mais que medir oferta e qualidade da água para atender à agricultura, à indústria e abastecer a população. Consiste em avaliar de modo integrado tudo que estiver relacionado à bacia hidrográfica”, explica Rosa. “E o papel de cada comitê é propor metas desafiadoras, porém capazes de serem atingidas”, destaca.

Comitês de bacias

A Lei nº 7.663 de 1991 instituiu no Estado de São Paulo a política de gestão de recursos hídricos. Com ela surgiu a figura dos comitês de bacias hidrográficas – grupos responsáveis por gerenciar a água de forma descentralizada e integrada com a sociedade. Cada comitê é formado por um colegiado composto por representantes do município (geralmente é o prefeito), de órgãos estaduais e de entidades representativas da sociedade (ONGs, universidades, associações e população) em igual proporção.

No colegiado, os três segmentos envolvidos têm direito e poder igual para tomar decisões. E o resultado das ações interfere na qualidade de vida da região e no desenvolvimento sustentado da bacia. Por isso, os comitês de bacia são considerados “parlamento das águas”.

Antes de sua criação, o gerenciamento da água era feito isoladamente por municípios e Estado. A dispersão de informações em órgãos técnicos dificultava o planejamento sobre captação, abastecimento, distribuição, despejo e tratamento. E a falta de políticas públicas integradas e eficientes para manejo dos recursos naturais colaborou com a degradação de rios e mananciais.

Com os comitês, o Estado foi dividido em 22 unidades de gerenciamento, de acordo com as bacias hidrográficas e afinidades geopolíticas. Cada um foi denominado Unidade de Gerenciamento de Recursos Hídricos (UGRHI) e tem um plano de bacia. Este documento define prioridades para melhorar a quantidade e qualidade da água e como aplicar os recursos provenientes do Fundo Estadual de Recursos Hídricos (Fehidro).

Rogério Mascia Silveira
Da Agência Imprensa Oficial

Reportagem publicada originalmente na página III do Poder Executivo I e II do Diário Oficial do Estado de SP do dia 31/12/2009. (PDF)