Fatec de Capão Bonito cria biscoito feito de rosa

Desenvolver um alimento novo, capaz de agradar a paladares exigentes e estruturar novo negócio a partir dele. Com essa proposta, Jonatan Caciacarro, do curso de Agroindústria da Faculdade de Tecnologia do Estado (Fatec) de Capão Bonito, criou um produto inusitado: um biscoito de rosas. No final do primeiro semestre deste ano, ele concluirá a graduação tecnológica e dará início à produção do biscoito Rosetto.

Segundo Caciacarro, a iguaria começou a ser idealizada no segundo semestre do curso. Na época, um projeto acadêmico chamado Par Perfeito impunha ao aluno criar combinações de produtos entre si. Aproveitando uma tendência contemporânea de introduzir flores comestíveis na culinária, o estudante formulou uma geleia inovadora, à base de rosas, para ser servida como acompanhamento de um biscoito doce, de sabor tradicional.

Desdobramento

Motivado pelo sucesso da geleia, Caciacarro submeteu-a à equipe da Agência Inova Paula Souza para patenteá-la – soube, então, que já existia no mercado produto semelhante. Teve, então, a ideia de aproveitá-la como sabor novo de biscoito, originando o Rosetto, nome de alimento com pedido de proteção de marca encaminhado ao Instituto Nacional da Propriedade Industrial (Inpi).

Com orientação do professor Carlos Rodrigo Volante, ele agora finaliza seu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) sobre o alimento e dedica-se a estruturar a produção. “O sabor é suave, perfumado, a gente tem a impressão de estar mordendo uma pétala. O biscoito caiu no gosto dos visitantes e da comissão avaliadora da 10ª Feira Tecnológica do Centro Paula Souza (Feteps), realizada na capital, em outubro de 2016. Foi campeão na categoria Alimentos e Química”, conta o formando da Fatec Capão Bonito.

Produção

Aos 34 anos, Caciacarro tem mais de 30 cursos na área de gastronomia. Trabalha como chef, leciona gastronomia no Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac) e assessora prefeituras para capacitar produtores rurais de baixa renda para produzir alimentos. Atualmente, está registrado como Microempreendedor Individual (MEI), e seguirá incubado na Fatec Capão Bonito até o final do ano.

“O maior desafio será migrar uma produção caseira, em pequena escala, para uma industrial”, explica o docente, sublinhando desafios como manter a qualidade do produto, aroma, validade e, em especial, como obter as matérias-primas necessárias em volumes maiores.

Segundo ele, a previsão é começar a produzir o Rosetto até o final deste primeiro semestre. A meta é fabricar 2 mil quilos mensais de biscoito, isto é, 500 caixas com 12 pacotes de 130 gramas cada um. E comercializar cada embalagem do produto gourmet por R$ 8. “Por enquanto, não temos estoque para pronta entrega. Mas quem quiser provar pode vir nos visitar na Fatec Capão Bonito para conhecê-la”, convida o professor.

Rogério Mascia Silveira
Imprensa Oficial – Conteúdo Editorial

Reportagem publicada originalmente na página IV do Poder Executivo I e II do Diário Oficial do Estado de SP do dia 25/02/2017. (PDF)

Pesquisa da USP-RP pode ser nova arma contra a doença de Parkinson

Antibiótico usado para combater acne e problemas periodontais mostrou-se potencialmente capaz de proteger as células nervosas afetadas pela moléstia

Uma pesquisa multidisciplinar nas áreas de biofísica, bioquímica e neurobiologia, coordenada pela professora titular Elaine Del-Bel, do Departamento de Morfologia, Fisiologia e Patologia Básica, da Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (Forp-USP), descobriu novo uso para o antibiótico doxiciclina.

Usada há mais de 50 anos para tratar acne e doenças periodontais (da gengiva), em testes com camundongos essa droga mostrou-se também promissora para proteger os neurônios produtores de dopamina, as principais células nervosas afetadas pela doença de Parkinson.

Publicado como descoberta nas revistas científicas Glia e Nature Scientific Reports (ver serviço), o estudo acadêmico segue em desenvolvimento na Forp-USP, tendo auxílio dos pesquisadores Leandro Barbosa e Rosangela Itri, do Instituto de Física da USP (IF-USP), da equipe argentina liderada por Rosana Chehin, da Universidade de Tucumán e da dupla Rita Raisman-Vozari e Julia Sepulveda-Diaz, ambas do Instituto do Cérebro e da Medula Espinhal de Paris (French National Institute of Health and Medical Research – Inserm) da França.

Origem

A descoberta surgiu em 2012, quando um aluno de Elaine alimentou um grupo de camundongos transgênicos do laboratório com ração alimentar rica em doxiciclina. Essa dieta trouxe uma ‘neuroproteção’ no cérebro dos roedores. Segundo a professora, a pesquisa agora prossegue com testes laboratoriais em camundongos e ratos na Forp-USP e, a partir de 2022, a meta será iniciar testes com pacientes humanos.

“No momento, o foco é tentar entender, no nível molecular, como a doxiciclina atua nos neurônios, observando as reações obtidas em ratos e camundongos e também em culturas de células humanas modificadas”, esclarece Elaine, bióloga com doutorado em farmacologia.

“Uma das propostas é avaliar a relação do antibiótico com o surgimento no organismo da proteína alfa-sinucleína, considerada um dos mais importantes sinais no organismo da doença de Parkinson”, explica. “Para os estudos, recebo, dos colegas argentinos e da IF-USP, a proteína alfa-sinucleína usada nas pesquisas. A equipe francesa colabora no projeto com diversos testes com os animais”, conclui.

Parkinson

A doença de Parkinson é um mal degenerativo e crônico do sistema nervoso central, e sua evolução afeta progressivamente o movimento do paciente, muitas vezes incluindo tremores. A cada ano são identificados cerca de 150 mil novos casos no Brasil. A doença foi descrita pela primeira vez em 1817, por James Parkinson.

A idade de maior incidência é por volta dos 60 anos, entretanto, pode surgir entre os 35 anos e os 85 anos, com sintomas relacionados a tremores nas mãos, perda do equilíbrio e postura inclinada. A doença requer diagnóstico médico e tratamento com equipe médica liderada por neurologista.

Serviço

Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto (Forp-USP)
E-mail eadelbel@yahoo.com.br
Telefone (16) 3315-4050

Publicação do estudo em revistas científicas:
Glia
Nature Scientific Reports

Rogério Mascia Silveira
Imprensa Oficial – Conteúdo Editorial

Reportagem publicada originalmente na página IV do Poder Executivo I e II do Diário Oficial do Estado de SP do dia 25/02/2017. (PDF)

Método experimental da USP-RP controla diabetes tipo 2 pela dieta

Voluntários interessados em participar da pesquisa devem enviar e-mail para o Departamento de Clínica Médica da Divisão de Endocrinologia da FMRP-USP

A Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da Universidade de São Paulo (USP) busca 33 voluntários, de ambos os sexos, para integrarem um protocolo de pesquisa em andamento. Iniciada em 2016 com resultados promissores, a técnica mostrou-se capaz de reverter, sem usar insulina, quadros desfavoráveis de seis pacientes de diabetes tipo 2.

Baseado em uma dieta alimentar, o trabalho acadêmico é coordenado pelo doutorando Rafael Ferraz e pela professora doutora Maria Cristina Foss-Freitas, ambos do Departamento de Clínica Médica da Divisão de Endocrinologia da FMRP-USP.

Para participar, o voluntário precisa ter entre 30 anos e 60 anos, nunca ter usado insulina, ter glicemia acima de 150 mg/dL e colesterol e triglicérides acima de 200 mg/dL, além de aceitar ficar 27 dias internado no Hospital das Clínicas da FMRP-USP. Nesse período, receberá dieta balanceada com macronutrientes (lipídeos, proteínas e carboidratos) nas proporções identificadas pelos pesquisadores como ideais para o seu organismo.

Segundo Ferraz, o conceito é fazer uma redução calórica abaixo do gasto energético basal, isto é, o paciente passa a receber diariamente a alimentação mínima necessária para o funcionamento do seu organismo.

Benefícios

O biomédico sublinha o fato de esse novo tratamento possibilitar a perda de 5% a 10% do peso, reduzir níveis de colesterol e glicemia e ampliar a qualidade de vida do paciente, sem perder de vista o foco principal do trabalho, que é controlar a diabetes. “Evita-se, assim, sobrecarregar as células do pâncreas do paciente, além de retardar, ao máximo, a ingestão da primeira dose de insulina”, explica o doutorando.

Interessado em participar do protocolo deve manifestar interesse pelo e-mail endocrinodiabetesfmrp@gmail.com. O médico informa responder em até 48 horas se convocará ou não o paciente para entrevista pessoal. “Esse canal de comunicação está aberto também para esclarecer dúvidas sobre a doença ou para quem quer mais informações sobre a metodologia em desenvolvimento na USP Ribeirão Preto”, explica.

Tipo 2

Com mais de 2 milhões de novos casos identificados a cada ano no Brasil, a diabetes tipo 2 é uma enfermidade crônica que afeta o processamento (quebra) das moléculas de açúcar (glicose) no sangue. Tem como sintomas sede excessiva, vontade de urinar frequente, ganho de peso, fome, fadiga e visão embaçada, e, em alguns casos, pode ser assintomática.

“O diagnóstico precoce é fundamental para evitar a progressão da doença, efeitos colaterais e outras doenças associadas. Assim, é fundamental fazer exame semestral de sangue para verificar a taxa de açúcar no sangue”, recomenda.

Depois de diagnosticada, a diabetes tipo 2 tem tratamento, embora exija do paciente disciplina e regramento, além de acompanhamento médico. Essa assistência deve ser prestada por endocrinologista, para tratar distúrbios metabólicos e hormonais e por nutricionista, para observar a dieta e a alimentação.

Rogério Mascia Silveira
Imprensa Oficial – Conteúdo Editorial

Reportagem publicada originalmente na página II do Poder Executivo I e II do Diário Oficial do Estado de SP do dia 21/02/2017. (PDF)