ParqTec comemora 20 anos com 70 empresas instaladas em São Carlos

Primeira e maior incubadora de empresas tecnológicas da América Latina fixa pesquisadores no Estado e gera emprego e renda

No 20º aniversário da Fundação Parque de Alta Tecnologia de São Carlos (ParqTec), a entidade comemora o sucesso de 70 empresas que passaram pela incubadora e hoje geram emprego e renda na região central do Estado. Fabricam produtos inovadores e prestam serviços diferenciados, todos desenvolvidos com novidades tecnológicas.

A ParqTec é a maior incubadora de empresas de base tecnológica da América Latina. Pioneira no País, é uma entidade de direito privado, não visa ao lucro e foi criada pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Recebe apoio da prefeitura local, governo federal e Secretaria Estadual de Ciência, Tecnologia, Desenvolvimento Econômico e Turismo.

Sylvio Rosa, professor da USP São Carlos e presidente da fundação, conta que a entidade tem diretoria executiva e conselhos consultivo e deliberativo. Seus representantes são professores de centros de pesquisa locais, como a USP e a Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e instituições como a Unesp, Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), prefeitura e empresários do Centro das Indústrias do Estado (Ciesp).

O modelo de serviço prestado pelo ParqTec estimulou a criação de incubadoras em mais de 50 cidades paulistas, entre elas Marília, Presidente Prudente e Bebedouro. Também iniciou e orientou o empreendimento em cada uma dos municípios. “A ideia é aproveitar a vocação de cada local e prepará-lo para receber investimentos na área de tecnologia”, explica Sylvio.

Infraestrutura

A ParqTec oferece a infraestrutura necessária para o empreendedor começar e tocar seu negócio enquanto está incubado. Tem salas mobiliadas, de reunião, biblioteca, laboratórios de desenvolvimento de produtos, oficina mecânica, rede local de computadores, internet, telefone, serviço de limpeza, água e luz.

Sylvio conta que a incubadora não estipula período mínimo nem máximo de permanência, porém o valor mensal cobrado é reajustado progressivamente. A meta é que o empresário não fique mais do que três ou quatro anos incubado. A cobrança estimula-o a crescer, ceder o espaço e fixar-se em São Carlos.

O engenheiro Luis Antonio Pereira, gerente da ParqTec, conta que atualmente 14 empresas estão abrigadas no complexo, limite máximo. O centro está atualmente dividindo salas para abrir mais vagas e instalar outros negócios. “É grande a procura para se estabelecer no aqui, e, quando consegue, o empreendedor recebe acompanhamento em tempo integral de seu negócio”, explica.

A ParqTec aproveita a vasta produção acadêmica local, em especial de ciências exatas – engenharias (elétrica, mecânica, materiais e produção), física e ciência da computação. “O convívio diário entre empreendedores e gestores da incubadora é enriquecedor. E a maioria das histórias tem tido final feliz, com a consolidação de empresas sólidas e inovadoras, que geram emprego e renda na região”, relata Pereira.

A incubadora oferece também capacitação técnica e empresarial para interessados em abrir e gerir um negócio. A ParqTec ensina a criar plano completo de negócio, com análise de concorrência, definição do mercado a ser enfrentado, planejamento da produção, investimento em maquinário, treinamento de pessoal e fluxo de caixa. E tem biblioteca especializada em administração e marketing.

Science Park

O Science Park é o projeto mais ambicioso da ParqTec. É um distrito industrial que está sendo construído em terreno cedido pela prefeitura, ao lado da fábrica de motores da Volkswagen em São Carlos. Terá capacidade para 56 firmas e funcionará também como incubadora para formar e receber empresas. A obra está prevista para ser concluída em dezembro de 2005 e tem investimento de R$ 1,5 milhão.

Os atrativos são a logística favorável do complexo, próximo da Rodovia Washington Luiz, redes de informática capazes de receber tráfego de dados em alta quantidade e velocidade, automação, linhas de ônibus, redes de água, eletricidade e uma conexão com o Gasoduto Brasil-Bolívia, que passa pelo local.

“O objetivo é integrar toda a cadeia produtiva, como fazem as montadoras de veículos, que agrupam fornecedores em torno de sua linha de montagem. E também como fizeram os norte-americanos no Vale do Silício, base da indústria de informática local”, comenta Sylvio.

Projetos especiais

O ParqTec mantém sete atividades básicas em funcionamento: incubadora de empresas, escola de administração, núcleo de pesquisa, assessoria e consultoria, programas institucionais, eventos e promoções, São Carlos Science Park e centro de modernização empresarial.

Mantém ainda o núcleo de prototipagem rápida, capaz de projetar, modelar e construir peças e componentes com durabilidade e resistência. Sylvio conta o exemplo de um fabricante local de bebedouros que encomendou uma tampa especial higiênica para seu equipamento, produzido a base de um plástico. “Hoje o consumidor encontra nas lojas o bebedouro, que é de qualidade comprovada”, comenta.

O ParqTec tem também laboratórios que simulam a produção de um forno industrial – aquece, queima e esfria amostras. Faz todos os testes físicos de um produto cerâmico antes de ser fabricado. O forno de rolo determina qual é o melhor processo de queima e o forno a gradiente queima simultaneamente diversas amostras de argila em temperaturas e quantidades diferentes. O objetivo é oferecer parâmetros para produção em escala industrial. E a sequência de testes continua com uma panela de pressão especial, que testa amostras na água e revela como ocorre o processo de absorção de líquido na cerâmica.

Núcleo de design

Marcos Brefe é o chefe do grupo de pesquisa e desenvolvimento em design do ParqTec. O núcleo oferece soluções e projetos sob medida, é composto por oito designers e dois engenheiros de materiais. Atende há dez anos o polo cerâmico de Santa Gertrudes, maior produtor paulista e nacional de cerâmica, com 200 linhas fabris e catálogo de 800 tipos de produto.

O designer relata que o Brasil é o terceiro maior produtor mundial de cerâmica e exporta por US$ 2,50, o metro quadrado. A Itália, líder mundial do segmento, vende por US$ 10 e a Espanha, a segunda colocada por US$ 8. “O produto nacional já é, do ponto de vista técnico, comparável ao europeu, porém lhe falta marketing e funcionalidades. Este é o desafio para conseguir um maior preço de exportação”, conta.

Os profissionais do núcleo de design escrevem artigos técnico-científicos, participam de palestras e congressos estrangeiros como visitantes e mantêm intercâmbio com os EUA e Europa para se adaptar às novas tendências. “O Brasil tem excelente designers, arrematou 18 prêmios internacionais em 2004, porém lhe falta políticas de valorização e incentivo governamental ao design. O núcleo da ParqTec valoriza a cultura nacional e temos como inspiração uma biblioteca composta por livros de arquitetura, paisagens, cidades, pedras, madeiras, flora e fauna brasileiras”, conta.

Logística sob controle

O paulistano Fabrizio Passari, 28 anos, deixou a capital para estudar na USP em São Carlos e hoje, engenheiro mecatrônico formado com especialização na Alemanha, é sócio fundador da BR Express. Sua empresa é especializada em programas para áreas de logística e transporte de cargas.

Fabrizio tem o típico perfil do empreendedor incubado no ParqTec: jovem, na faixa etária de 30 anos. Seus sócios são um professor que o orientou nos anos de graduação e mais dois empresários locais. Sua empresa está incubada na ParqTec há três anos.

Um dos produtos que a BR Express vende é um sistema de roteirização de entregas para transportadoras. Flexível, se adapta às necessidades de cada cliente e traz mapas detalhados que indicam quarteirões, ruas com sentido obrigatório, contramão e locais para conversão à esquerda e à direita. “A vantagem é poder planejar e distribuir entregas com o máximo de eficiência para 300 caminhões e traçar a rota com o menor custo e tempo possíveis”, explica Fabrizio.

Hoje a BR Express tem 12 empregados e recebe financiamento da Fapesp. “A empresa desenvolve agora outro software, que permite acompanhar em tempo real pedidos on-line. É útil para quem tem loja virtual e para o comprador, pois oferece informação instantânea sobre o andamento da encomenda”, finaliza.

Sebrae, parceiro constante

O Sebrae é parceiro natural do ParqTec. Apoia e prepara microempreendedores interessados em abrir um negócio. Paola Goulart Rosa, 33 anos, gerente, relata que a entidade ministra com exclusividade no País o Empretec, capacitação desenvolvida pela ONU que não requer instrução mínima e reforça e faz aflorar características empreendedoras nos donos de negócios.

Paola explica que a ONU entrevistou empresários de diversas regiões do globo, na faixa etária de 50 anos. Todos tinham origem humilde, deixaram a pobreza para trás e progrediram. Em comum, tinham nove características bem definidas: persistência, capacidade de correr riscos calculados, exigência de qualidade e eficiência, comprometimento, busca de informações, estabelecimento de metas, planejamento e monitoramento sistemáticos, persuasão e rede de contatos e independência e autoconfiança.

Os incubados da ParqTec são estimulados a cursar o Empretec, atividade de imersão. “No Brasil, um traço cultural predominante é o de só pedir auxílio quando o negócio está próximo de falir”, conta. O objetivo é aproveitar que na ParqTec o negócio ainda está no início e estimular os empresários a também participar dos cursos e consultoria nas áreas de marketing, financeira e jurídica. Os serviços prestados pelo Sebrae são todos gratuitos.

Robô educativo e de entretenimento

Antônio Valério Netto, especialista em computação é um dos 33 pesquisadores com título de doutor e mestre que estudaram em São Carlos e criaram a Cientistas Associados, cooperativa da área de tecnologia incubada na ParqTec. A empresa mantém projetos nas áreas de automação, robótica e produtos tecnológicos e desenvolve aplicações de realidade virtual. Entre seus projetos, o destaque é um robô para educação e entretenimento.

O autômato é movido a bateria e será controlado por joystick. Móvel, terá um sensor para identificar objetos e carregá-los por meio de uma garra mecânica. É programável e a ideia é utilizá-lo como recurso tecnológico capaz de motivar alunos do ensino médio. “É leve, evita quedas, colisões e tem visor para passar instruções”, conta Antônio, entusiasmado.

Informações

ParqTec
Rua Alfredo Lopes, 743-841 – Jardim Macarengo (ver no Google Maps)
CEP 13560-460 – São Carlos (SP)
Tel. (16) 3362-6262

Rogério Mascia Silveira (texto e fotos)
Da Agência Imprensa Oficial

Reportagem publicada originalmente nas páginas II e III do Poder Executivo I e II do Diário Oficial do Estado de SP do dia 13/08/2004. (PDF)

Banco do Povo Paulista comemora 5 anos investindo no resgate da cidadania

Com agências em 335 cidades e juros de apenas 1% ao mês, é o maior programa governamental de microcrédito do País

No quinto ano de aniversário, o Banco do Povo Paulista já emprestou R$ 200 milhões com juros subsidiados de 1% ao mês para pequenos empreendedores e cooperativas. A instituição financeira governamental empresta em média R$ 8 milhões mensais, tem agência em 335 cidades paulistas e já gerou 84 mil empregos diretos e indiretos.

O Banco do Povo é uma parceria entre a Secretaria Estadual do Emprego e Relações do Trabalho (Sert), que responde por 90% dos recursos, e as prefeituras paulistas, que ficam com os 10% restantes. Guaracy Monteiro Filho, diretor executivo do programa conta que ele foi criado como um mecanismo não paternalista de ajuda para o micro-empreendedor com situação regularizada ou informal.

O programa de microcrédito está presente em todas regiões do Estado e as agências ficam localizadas preferencialmente no centro dos municípios grandes e médios. “Falta ainda criar postos nas pequenas cidades, de quatro a cinco mil habitantes, e estamos montando sedes conjuntas para atendê-las”, comenta Guaracy.

Justiça social

A proposta do Banco do Povo é ser parceiro do pequeno empreendedor na expansão de seu negócio e não concorrer com os bancos comerciais. Empresta valores baixos, com parcelas fixas e aceita que seus tomadores de crédito não tenham situação regularizada. Não faz caridade, porém atende a população excluída e clientes com dificuldade para conseguir empréstimo nos demais bancos, como um catador de papelão, que muitas vezes não consegue comprovar renda e preencher todos os requisitos exigidos pelo sistema financeiro tradicional.

Pode tomar empréstimo qualquer tipo de empreendedor, com atividade lícita, como açougue, bicicletaria, carrinho de pipoca, artesanato, costureira, bar, oficina mecânica, chaveiro e produtor rural. “A proposta é fazer com que a pessoa progrida, aumente sua auto-estima e empregue mais gente. Cerca de 73% dos empréstimos concedidos foram pagos. E depois do primeiro financiamento ser quitado, o cliente tende a regularizar sua situação legal para conseguir créditos maiores e por fim, acaba por empregar familiares no negócio”, conta.

Agentes de cidadania

O agente de crédito é o grande motor do Banco do Povo. Ele atende ao empreendedor, faz estudos de viabilidade do negócio e orienta e acompanha o cliente. É quem identifica riscos de inadimplência e define o valor do empréstimo, de modo a não sobrecarregar o tomador de empréstimo.

Esse profissional não tem perfil burocrático, se desloca da agência até a propriedade ou negócio do cliente e faz um estudo de viabilidade. Atualmente o Estado dispõe de 485 agentes de crédito. Cada um recebe treinamento constante e tem noções de matemática financeira, comunicação e assistência. As lições aprendidas são sempre repassadas para os empreendedores.

O agente de crédito está preparado para atender ao público diferenciado. Desde o momento da chegada no balcão, ele explica termos técnicos muitas vezes desconhecidos pelo cliente, como juros e capital. Depois, estuda a situação e identifica possíveis problemas no negócio. O objetivo final é evitar um calote.

Condições para o empréstimo

Para conseguir empréstimo, o interessado deve ter endereço fixo e estar produzindo no município há mais de seis meses, com firma aberta ou não. Precisa também ter nome limpo no Serasa e no Serviço de Proteção ao Crédito e faturar menos que R$ 150 mil por ano.

É necessário também apresentar um avalista que não tenha nome sujo. O fiador pode ser parente de primeiro grau, desde que não more na mesma casa. O dinheiro pode ser cedido para investimento fixo (compra de máquinas, equipamentos e ferramentas) ou para capital de giro (mercadoria, matéria-prima, consertos e ferramentas). Não é permitido usá-lo para comprar insumos para o setor agropecuário (sementes, fertilizantes, animais), pagar dívidas, comprar veículos de passeio e qualquer atividade ilegal.

O prazo de devolução é de até seis meses para produção e de até 18 meses para capital de giro e investimento fixo. Empreendedores pessoa-física podem tomar empréstimo de R$ 200 até R$ 5 mil e cooperativas podem pegar até R$ 25 mil.

Aprovação do crédito

O dinheiro do empréstimo é liberado somente após aprovação do comitê de crédito, composto sempre por, no mínimo, três profissionais: representante da Sert, da comissão municipal de emprego e do Banco Nossa Caixa.

O crédito é cobrado rigorosamente em dia. Guaracy explica que a administração do programa é transparente, foge de paternalismos e relata que o cumprimento do dever de cada uma das partes é essencial para seu sucesso. “Dependemos de gestão técnica séria, comprometimento dos agentes de crédito e disposição dos empreendedores em crescer”, salienta.

O Banco do Povo investe no resgate da cidadania. “Se o governo doar alimentos ou gêneros de primeira necessidade, compulsoriamente decide aquilo que o indivíduo irá comer ou consumir. A proposta é capacitá-lo e transformá-lo em cidadão, para que consiga renda suficiente para se manter e não depender mais da solidariedade alheia”, comenta.

A taxa de inadimplência do Banco do Povo é baixa, 73% dos financiamentos são pagos integralmente e 56% deles são na área de serviços. O valor médio dos empréstimos é de R$ 2,7 mil. Guaracy conta que a instituição está próxima de conseguir o equilíbrio financeiro entre receitas e despesas. “Os aportes financeiros de prefeituras e Estado têm sido cada vez menores e a tendência é de estabilização”, aponta.

Aprendizado constante

José Francisco Bastia, coordenador de desenvolvimento do Banco do Povo conta que o próximo passo é realizar uma pesquisa para descobrir porque alguns empreendedores fracassam. “O objetivo é aprender com os erros, repassar para todos os agentes de crédito as experiências adquiridas e tornar o serviço ainda mais eficiente”, salienta.

“Quando é detectado um problema em mais de uma cidade, como por exemplo a falta de capacitação em alguma atividade profissional, dispomos do auxílio do Sebrae para organizar um curso. A meta é que todos tenham sucesso”, finaliza.

Parcerias

Além das prefeituras, o Banco do Povo mantém parcerias com o Sebrae, Nossa Caixa e com o programa Prolar Banco do Povo Paulista, que financia de R$ 500 a R$ 5 mil para compra de material de construção e permite pagamento em 48 pagamentos sem juros. Esta iniciativa já está presente em 30 cidades. Mantém ainda parcerias com a Secretaria Estadual de Administração Penitenciária (SAP), com o Projeto Vida Nova, que financia parentes de detentos. E com a Sutaco, programa também da Sert que auxilia na capacitação e formação de cooperativas de artesãos.

Agência Araraquara

A agência Araraquara do Banco do Povo é uma das mais movimentadas do interior. Foi criada em dezembro de 2001, dispõe de três agentes de crédito e já emprestou mais de R$ 800 mil. Paulo Alexandre da Silva, agente, conta que 80% dos pedidos atendidos são para trabalhadores informais e os 20% restantes para os formais.

“A maior motivação é saber que, depois do levantamento econômico para conceder o primeiro empréstimo, passamos para o cliente uma nova visão gerencial de seu próprio negócio que ele antes não tinha, ou não era capaz de enxergar”, conta Paulo.

Celso Paiva, agente de crédito, conta que os vínculos de amizade formados são frequentes. “Muitos empreendedores voltam para trocar ideias e informações e pedir novos empréstimos. Um cliente retornou para receber novas planilhas de custos e pedir cursos”, conta.

Juliana Porto, também agente de crédito, conta a história de um migrante que veio para região colher laranja e ficou desempregado na entressafra. Decidido, começou a percorrer a cidade recolhendo sucata com sacolas e depois transformou uma geladeira velha em carrinho para carregar mais itens. Para expandir ainda mais e coletar o material proveniente de indústrias, solicitou ao Banco do Povo que financiasse uma kombi para transportar o material.

O comitê de crédito fez então o estudo de viabilidade e constatou que o homem não teria como arcar com as despesas do veículo e com a retirada da carteira de habilitação. Foi lhe então sugerido que financiasse uma charrete com uma mula por mil reais. “Foi a solução encontrada, viável e que atendeu à necessidade do cliente sem sobrecarregá-lo”, conta Juliana.

Gráfica em Matão

José Luiz Mendonça e Lúcio Antonio Giannini, proprietários da MG Artes Gráficas, conheceram o Banco do Povo Paulista por meio de um folheto e decidiram procurar a agência local, em Matão, para financiar R$ 5 mil, parte do preço de uma máquina offset. O equipamento permitiu à empresa imprimir 2,5 mil folhetos monocromáticos por hora, no formato ofício, e ampliar a produção.

O investimento teve retorno rápido e a dupla de empreendedores decidiu quitar o empréstimo antes do vencimento das 18 parcelas. O objetivo: comprar outra offset para imprimir no formato duplo-ofício e ampliar a variedade de panfletos para os clientes. “O empréstimo permitiu a expansão do negócio, antes restrito a nós dois e já chegamos a ter doze funcionários”, conta Lúcio satisfeito.

Depoimentos de empreendedores da região de Araraquara

Ana Maria Mauri – dona de confecção: “Ajudou-me na produção, tornando-a mais rápida e a qualidade melhor.”

Andreia Rodrigues – setor de alimentação: “Com o financiamento pude aumentar os itens a serem vendidos dando comodidade para os clientes, aumentando o movimento.”

Antonio Ciniato – afiador de ferramentas: “Ajudou-me na compra de equipamentos para ampliar minha produção e melhorar a qualidade.”

Inara de Freitas – dona de floricultura: “Tive oportunidade de ampliar a floricultura. Com essa mudança aumentaram meus clientes.”

Josefa da Silva – dona de confecção: “O Banco do Povo Paulista me deu condições de ter maior produção e variedades na parte de tecelagem.”

Manoel Gomes – setor de alimentação: “Com o financiamento comprei uma máquina de café expresso. Com isso deixei de pagar aluguel e aumentei a minha clientela.”

Maria Cristina Ruivo – artesã: “Proporcionou um impulso mais rápido para viabilizar negócios maiores.”

Roberto Zacarias – oficina mecânica: “Consegui melhorar diagnósticos e com maior rapidez, depois que comprei novos equipamentos com o financiamento.”

Imagem do Banco do Povo Paulista junto aos empreendedores
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Rogério Mascia Silveira (texto e fotos)
Da Agência Imprensa Oficial

Reportagem publicada originalmente nas páginas II e III do Poder Executivo I e II do Diário Oficial do Estado de SP do dia 05/08/2004. (PDF)

Governo estadual instrui, reúne e qualifica organizações não-governamentais paulistas

Secretaria do Meio Ambiente incentiva a criação de novas associações, articula as ações entre elas e estimula parcerias; ONGs são importantes aliadas do poder público para alcançar o desenvolvimento sustentável

Integrar, capacitar e articular as organizações não-governamentais (ONGs) paulistas para serem parceiras no desenvolvimento sustentável de São Paulo. Esta é a proposta do Programa Estadual de Apoio às Entidades Ambientalistas (Proaong), criado em 1995 pela Secretaria de Estado do Meio Ambiente (SMA).

O programa aproxima empresas e ONGs, organiza oficinas de capacitação e distribui material informativo para os ambientalistas. O principal canal de comunicação com as entidades associadas é a página da internet. “O site é atualizado diariamente e informa nome, endereço, correio eletrônico e telefone de contato das entidades cadastradas. São 447 integradas ao programa, distribuídas por 152 municípios”, conta Enrique Svirsky, coordenador do Proaong.

Além da comunicação online, as entidades cadastradas recebem, quinzenalmente, livros, jornais, folhetos e CD-ROMs. “O objetivo é incentivar os voluntários a participar de projetos ambientais, ensiná-los a desenvolver programas e obter recursos, discutir e efetivar parcerias e também instruí-los sobre como fazer denúncias e apresentar os resultados de seus trabalhos”, explica Enrique.

Orientação

O Proaong estimula e orienta a formação de novas organizações. Enrique informa que o campo de atuação das entidades é amplo e os voluntários podem se reunir em associações de bairro ou núcleos. “Para preservar um ecossistema da região ou, ainda, promover a educação ambiental de toda uma comunidade, o caminho é a organização”, ensina.

No site do programa, os interessados obtêm todas as informações para criar e registrar a sua ONG. Há modelos variados de estatutos, que podem ser adaptados às necessidades de cada entidade antes do registro em cartório. “O intuito é garantir a efetivação e sobrevida das novas ONGs”, explica.

Enrique reside na capital paulista e com o apoio dos moradores do seu condomínio criou e consolidou a coleta seletiva de lixo no prédio. “É simples. Basta separar e armazenar em vasilhas diferentes as matérias-primas que serão descartadas, como vidro, latas de alumínio, papel, plástico e garrafas pet. Por fim, contratar uma empresa que compre e recolha o material a cada 15 dias”.


Norteador das políticas públicas

O Proaong segue os princípios da Agenda 21, documento elaborado na Conferência Rio-92 para defender o meio ambiente. “Ela norteia as políticas governamentais paulistas e é adotada desde os estágios iniciais dos projetos. Assim, é possível incorporar tecnologias capazes de prevenir danos ao meio ambiente”, observa Enrique.

A Agenda 21 compreende tópicos como indicadores socioeconômicos, gerenciamento integrado do meio ambiente, energia, transporte, produção, recursos hídricos, consumo sustentável, proteção da atmosfera e da qualidade do ar, biodiversidade, ciência, tecnologia e geração e manejo de efluentes líquidos e resíduos sólidos.

Cursos

As oficinas organizadas pelo Programa de Apoio atendem às solicitações dos ambientalistas. Os temas incluem coleta seletiva de lixo, educação ambiental e reciclagem de matérias-primas. “Muitas das ONGs estão localizadas em áreas carentes e os treinamentos são importantes para gerar renda”, informa Verena Almeida, ecóloga e estagiária do Proaong.


A favor dos excluídos

O que é o terceiro setor? Os órgãos governamentais são o primeiro; o mercado, representado pelo comércio, indústria, é o segundo; as ONGs compõem o terceiro setor. Trata-se de um núcleo autônomo, formado por entidades da sociedade que não visam ao lucro e trabalham, na sua maioria, nas áreas de saúde, educação, assistência social e meio ambiente.

As ONGs privilegiam a defesa dos direitos de grupos específicos da população: mulheres, negros, povos indígenas, doentes, deficientes, menores carentes, terceira idade e outras minorias. No Brasil, são mais de 250 mil entidades que empregam dois milhões de pessoas. Em 1998, elas geraram recursos da ordem de 1,2% do PIB nacional, que representa aproximadamente R$ 12 bilhões.

Enrique Svirsky, do Proaong, explica que as entidades são criadas em áreas onde o Estado não é capaz de atender às demandas sociais. “Hoje, elas atuam em parceria com o mesmo poder público. Muitas vezes, ampliam e multiplicam experiências localizadas de trabalho comunitário e solidariedade”, ressalta.

Crie sua ONG

O Proaong instrui todos os interessados sobre como proceder para criar uma ONG. No site do programa estão disponíveis orientações passo-a-passo sobre como se organizar e também quais estratégias devem ser adotadas para a efetivação e manutenção das novas ONGs.


Projeto Curumim e geração de renda

O Projeto Curumim é uma ONG que oferece capacitação, emprego e renda para jovens pobres na faixa etária entre 7 e 16 anos, por meio da reciclagem do papel. A sede da entidade está localizada numa chácara de 4,5 mil metros quadrados, no bairro Boa Vista, em Atibaia. O programa foi criado em agosto de 1995 e, além da rede de solidariedade, prepara e serve lanches e 200 refeições por dia para trabalhadores.

Desde o início de suas atividades, o Curumim incentivou a coleta seletiva de lixo na cidade e investiu na conscientização da população para separar e acondicionar o material, antes de ser descartado. Depois, transformou em artesãos do papel os jovens das famílias que viviam próximas ao lixão da cidade, hoje denominado Usina de Reciclagem São José.

Como novidade, o projeto introduziu conceitos empresariais na gestão da ONG de Atibaia, como o licenciamento da grife Curumim e a criação de uma franqueadora com cunho social. “As ações já consolidadas, como o Selo Curumim de Cidadania e o Shopping Curumim, indicam que os trabalhos caminham no rumo certo”, comenta Selma Luzia Martinho, uma das líderes.

O Selo Curumim é oferecido aos jovens a partir da coleta e entrega de material reciclável (papéis usados limpos, garrafas pet, vidros, alumínio, sucatas). Dá direito a trocas, no Shopping Cidadania, por alimentos, roupas e brinquedos. “Se preferir, o interessado também pode doar seu material para o Curumim e, assim, colaborar para a manutenção da entidade”, explica Selma.

As atividades são realizadas de segunda a sexta-feira, informa Lourival Batista, coordenador da oficina profissionalizante de reciclagem de papel da entidade. “Além de aprender, toda criança matriculada na escola, que esteja frequentando as aulas, tem direito a almoço ou jantar”. Interessados em conhecer e comprar os produtos artesanais da grife Curumim podem visitar o centro de compras Stand Center, no número 1.098 da Avenida Paulista, na capital.


Conheça o trabalho das ONGs apoiadas pelo Proaong

Reaproveitamento – O administrador Ubiratan Ferraz é membro do Instituto 5 Elementos, ONG do bairro da Lapa, na capital. Trabalha com educação ambiental na Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp), que gera 100 toneladas de lixo diariamente. Desse total, 80% é material orgânico, – proveniente de sobras de frutas, legumes e verduras – dos quais 30% são reaproveitados para alimentação humana. O restante é encaminhado para a produção de ração animal, e o descarte final é usado como adubo”, explica Ubiratan.

Desenvolvimento sustentável – Joseane Pereira da Silva é membro da Associação pela Recuperação e Preservação da Mata Atlântica (Reprema), ONG que se preocupa com a manutenção do ecossistema na Jureia Itatins, no município de Itanhaém, litoral sul paulista. A reserva natural está exposta às ameaças de caçadores clandestinos, extração ilegal de palmito e bromélias, além do desmatamento e da ocupação irregular da área. O ecossistema é habitado por espécies ameaçadas de extinção, como a onça pintada e a jaguatirica”, conta Joseane.

Essa organização luta para criar um plano de desenvolvimento sustentável para a região e também pela instalação de um hospital veterinário. “O Proaong nos auxilia com a qualificação e a formação dos nossos voluntários”, explica Joseane.

Educação ambiental – A Biobrás, ONG de Mogi das Cruzes, foi fundada por um núcleo de 12 biólogos em fevereiro de 1997. Batalha pela preservação da cabeceira do Rio Tietê e pela porção de Mata Atlântica que ainda existe na região, compreendida pelos municípios de Salesópolis, Biritiba-Mirim, Suzano, Ferraz de Vasconcelos e Poá. Investe na educação ambiental por meio de palestras em associações de bairro e escolas pública e particulares da cidade.

Ativismo – Alerta é uma ONG da capital que atua há cinco anos em questões sociais, ambientais e culturais no Jabaquara, bairro da zona sul. Dione Pradella, engenheira agrônoma, uma das coordenadoras, conta que o grupo é composto por dez membros permanentes e dezenas de voluntários, que auxiliam em todas as épocas do ano. A pauta de trabalhos da Alerta contempla o ativismo em questões da qualidade do ar e controle de emissão de poluentes na atmosfera, apoio ao uso de energias e matérias-primas renováveis e que degradem menos o meio ambiente, e colabora com centros de recuperação de deficientes físicos em toda a cidade.

Rogério Mascia Silveira
Da Agência Imprensa Oficial

Reportagem publicada originalmente nas páginas II e III do Poder Executivo I e II do Diário Oficial do Estado de SP do dia 07/05/2004. (PDF)