Mediação judicial é utilizada no combate à homofobia

Instituída pela Secretaria da Justiça, etapa reúne denunciante e acusado de intolerância; objetivos são conscientizar a sociedade e combater o preconceito contra LGBTs

Diferentemente do racismo, a homofobia ainda não é crime no Brasil. Para garantir o respeito à orientação sexual e à identidade de gênero no Estado, o Governo paulista segue a Lei Estadual nº 10.948/2001. A norma estabelece processo administrativo para cidadãos, empresas e instituições acusados de intolerância e discriminação contra Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Transgêneros (LGBTs).

A luta contra o preconceito em São Paulo ganhou novo impulso com a criação, em 2009, da Coordenação de Políticas para a Diversidade Sexual da Secretaria de Estado da Justiça e da Defesa da Cidadania.

Denunciar

A coordenadora de Políticas para a Diversidade Sexual, Heloísa Gama Alves, ressalta que a maioria das denúncias é de ofensas verbais (injúria, calúnia e difamação). Nestes casos, ela recomenda o registro on-line do boletim de ocorrência na Delegacia Eletrônica de Polícia Civil do Estado e mais a denúncia no site da secretaria, na seção Ouvidoria (ver serviço).

Se o incidente teve violência física, a vítima precisa comparecer em distrito policial para dar queixa e fazer exame de corpo de delito (ver links em serviço). “Pode ser difícil comprovar a acusação, mas o ofendido deve sempre tentar reunir testemunhas, fazer boletim de ocorrência e denunciar. Este é o caminho para empoderar o público LGBT”, observa.

No Estado

De acordo com a Lei nº 10.948, a denúncia de homofobia é encaminhada ao secretário de Estado da Justiça, que determina a instauração (ou não) de processo administrativo. Em caso afirmativo, a Comissão Processante Especial da pasta, formada por cinco profissionais com conhecimentos jurídicos, convoca as duas partes – vítima e acusado – para apuração do suposto ato discriminatório.

O direito de defesa é garantido à parte ofensora. Todo o processo corre no âmbito estadual administrativo e não é possível recorrer a outras esferas judiciais. Se não houver acordo no primeiro encontro, a segunda e última instância decisória é do próprio secretário de Estado.

Em caso de condenação, a multa pode ser de 1 mil ou 3 mil Unidades Fiscais do Estado (Ufesp), que correspondem, respectivamente, a R$ 21,250 mil ou R$ 63,750 mil. Se o acusado for servidor estadual, pode ser punido pela secretaria e também pela corregedoria do órgão público ao qual é vinculado. “Na maioria das vezes, a vítima não está preocupada se o ofensor receberá a sanção. Na realidade, deseja uma ação afirmativa, ou seja, fazer o agressor compreender que discriminação é inaceitável e deve ser coibida”, relata Heloísa.

Mediação

O site da secretaria oferece consulta e cópia gratuitas da cartilha Diversidade Sexual e a Cidadania LGBT (ver serviço). O material informativo traz noções legais e de Direitos Humanos sobre questões ligadas à diversidade sexual. Outro apoio à causa, comenta Heloísa, foi a adoção em novembro de 2014 da mediação no atendimento às denúncias.

A intervenção é realizada por mediadores do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (TJSP) e visa a evitar a instauração do processo administrativo. Assim, também convoca as duas partes – vítima e denunciado – e propõe acordo entre ambas. Heloísa informa que a iniciativa trouxe resultados satisfatórios. De fevereiro a junho de 2015, foram levados para mediação 40 casos.

Destes, quatro tiveram resultados considerados ‘frutíferos’, que significa que houve acordo; em seis o resultado foi ‘infrutífero’, não houve concordância entre as partes e será instaurado processo administrativo; 15 casos foram considerados ‘prejudicados’, pois uma das partes não compareceu à primeira sessão e será reconvocada; os últimos 15 foram ‘redesignados’, isto é, não houve acordo no primeiro encontro, mas é grande a chance de acordo na segunda – e última – reunião.

Preconceito

Heloísa lembra um caso ocorrido no final do ano passado, em um famoso restaurante da capital. Na oportunidade, um casal de lésbicas sentou-se em uma das mesas e, antes mesmo do atendimento, foram repreendidas pelo garçom por estarem de mãos dadas e trocando carícias. Inconformadas, denunciaram. O caso foi levado para mediação, que foi ‘frutífera’, com o restaurante propondo ação afirmativa para reparar o dano, que consistiu na sensibilização de todos os funcionários.


Processos contra homofobia em SP

Ano Total
2002 7
2003 9
2004 13
2005 20
2006 24
2007 15
2008 23
2009 23
2010 33
2011 63
2012 35
2013 38
2014 (*) 18
2015 (**) 17

(*) = Início da cooperação com o TJSP para mediar os casos
(**) = De fevereiro a junho
(Fonte: Comissão Processante Especial da Secretaria da Justiça)

Serviço

Ouvidoria e Coordenação de Políticas para a Diversidade Sexual
Telefone (11) 3291-2700
E-mail – diversidadesexual@sp.gov.br
Cartilha Diversidade Sexual e a Cidadania LGBT
Boletim de ocorrência eletrônico da Polícia Civil

Rogério Mascia Silveira
Imprensa Oficial – Conteúdo Editorial

Reportagem publicada originalmente na página I do Poder Executivo I e II do Diário Oficial do Estado de SP do dia 30/07/2015. (PDF)

Mais de 60 mil visitam a Feira do Estudante

Governo paulista teve participação no evento dirigido a estudantes; feira abordou temas sobre profissão, estágio e cidadania

Realizada no Pavilhão da Bienal do Parque do Ibirapuera, na capital, a 18ª edição da Feira do Estudante do Centro de Integração Empresa-Escola (CIEE) reuniu 65 mil visitantes, de sexta-feira (29) a domingo (31). Com entrada franca e dirigida a estudantes dos ensinos médio e superior, a Expo CIEE abordou temas sobre vestibular, profissões, capacitação, estágio, aprendizagem, empreendedorismo, empregabilidade e cidadania, entre outros.

Reunindo 80 expositores de empresas e órgãos públicos, o evento ofereceu dezenas de palestras de formação profissional e a possibilidade de concorrer a vagas em estágio (5 mil) e aprendizagem (2 mil), além de shows musicais.

São Paulo participou com o quiosque da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp). O espaço divulgou noções sobre consumo consciente e forneceu água para o público. O Estado também foi representado em estandes da Universidade de São Paulo (USP), do Grupo de Educação Fiscal Estadual (Gefe/SP) e do Catavento Cultural e Educacional, em um espaço dividido com as cinco Fábricas de Cultura da zona leste da capital.

USP presente

Com um estande de 300 metros quadrados, a USP marcou presença pela sexta vez na Expo CIEE. Na instalação, alunos e professores – de 12 das 42 unidades universitárias da maior e mais importante universidade da América Latina – apresentaram trabalhos acadêmicos e invenções, além de esclarecerem dúvidas sobre vocação profissional e carreiras, entre outros temas.

Responsável pelo espaço, a jornalista da Superintendência de Comunicação Social, Ivanir Ferreira, contou que desde 2009 a instituição promove rodízio entre suas unidades participantes, de modo a permitir a exposição de todas ao público. “Desde aquele ano, o conceito é o mesmo: aproximar-se dos jovens e lhes abrir as portas”, revelou.

Física

Natália Amaral e Thaís de Oliveira concluíram, em 2014, o ensino médio na EE Pedro Alexandrino, na zona norte da capital. Procurando emprego e informações sobre cursos superiores, se interessaram pelos dois experimentos do estande do Instituto de Física de São Carlos (IFSC).

O primeiro deles, um globo colorido de plasma, explicava o funcionamento de gases em televisores com essa tecnologia. O outro representava um sistema de freio eletromagnético, semelhante aos usados nos carros de Fórmula 1 – com diversos princípios e processos físicos.

A dupla formada pelo pós-graduando Bruno Ono e o professor Herbert João, ambos do IFSC, explicou às vestibulandas quais as disciplinas integrantes do curso de Física da USP São Carlos. Eles citaram diversas possibilidades de ocupação profissional durante e depois do curso. “É possível trilhar carreira acadêmica ou trabalhar em empresas especializadas”, esclareceu.

Talentos

Perto dali, no estande do Catavento Cultural e Educacional e das Fábricas de Cultura da zona leste, a aluna Giovana Lopes, da Faculdade de Atibaia (FAAT), queria saber mais sobre desenho digital, por desejar atuar nessa área. Atendida por Marjorie de Faria, da superintendência de formação cultural, soube que pode se inscrever e frequentar gratuitamente diversos cursos de artes visuais nas dez Fábricas de Cultura espalhadas pela cidade de São Paulo.

“Foi uma grata surpresa”, contou Giovana. “Nem sabia que existiam tantas opções de música, dança, teatro e atividades multimeios disponíveis na capital”, ressaltou. Marjorie aproveitou e lhe contou sobre a possibilidade de aprender também a tocar instrumentos musicais e até mesmo usar estúdios de gravação gratuitamente em algumas das Fábricas de Cultura, sob gestão do Catavento.

Transparência

Esclarecer a importância da arrecadação de tributos e disseminar educação fiscal para os jovens, analisando a relação financeira de cada cidadão com o aparato governamental. Essa foi a proposta do estande do Programa Nacional de Educação Fiscal (PNEF). Seus divulgadores também incentivaram e apresentaram meios para cada jovem observar e cobrar eficiência, transparência e honestidade no gasto do dinheiro público.

O PNEF é uma parceria formada por secretarias estaduais da Fazenda e da Educação com a Receita Federal, Secretaria do Tesouro Nacional, Corregedoria-Geral da União (CGU), Ministério da Educação (MEC) e Escola Superior de Administração Fazendária (Esaf). Por meio de materiais informativos e do jogo Caminhando com a Cidadania, inspirado no clássico Banco Imobiliário, convidavam os jovens a brincar com os colegas no espaço.

No Estado de São Paulo, o grupo é representado pelo Gefe/SP e o programa oferece palestras gratuitas, entre outras atividades e encontros. “O objetivo é estimular cada jovem a refletir sobre seus direitos e deveres, em especial com relação à cobrança de impostos”, esclarece a representante do PNEF e da Receita Federal, Luiza Uliano.

Rogério Mascia Silveira
Imprensa Oficial – Conteúdo Editorial

Reportagem publicada originalmente na página I do Poder Executivo I e II do Diário Oficial do Estado de SP do dia 02/06/2015. (PDF)

São Paulo e Ceará lideram ranking da transparência

Escala Brasil Transparente, da Controladoria-Geral da União, avaliou o índice de adesão de municípios e unidades da Federação à Lei de Acesso à Informação

Os Estados de São Paulo e Ceará tiraram nota máxima na Escala Brasil Transparente (EBT), ranking criado e divulgado pela Controladoria-Geral da União (CGU). O índice avalia a adesão de municípios e unidades da Federação às normas da Lei de Acesso à Informação (LAI).

Pioneiro no País, o levantamento da CGU avaliou a transparência no setor público. Disponível para consulta em seu site (ver serviço), a pesquisa abrangeu o Distrito Federal, os 26 Estados brasileiros, as 26 capitais e 465 municípios com até 50 mil habitantes selecionados aleatoriamente.

Divulgado quando a promulgação da Lei de Acesso à Informação nº 12.527/2011 completa três anos, o ranking utiliza dois critérios para avaliar a situação de cada um dos pesquisados em relação a essa legislação, atribuindo notas de zero a 10.

O primeiro examina a regulamentação da LAI nas unidades da Federação e tem peso de 25%. O segundo complementa o anterior e verifica a efetividade do Serviço de Informação ao Cidadão (SIC), analisando o desempenho e o cumprimento das normas legais. Tem peso de 75%.

No segundo semestre, a CGU irá divulgar nova edição da EBT. A meta é ampliar a abrangência do levantamento e permitir a inscrição de município interessado em participar.

Ouvidorias

ouvidor-geral do Estado, Gustavo Ungaro, informa que, em São Paulo, a LAI foi regulamentada pelo Decreto nº 58.052/2012. Seu principal desdobramento foi a instituição do Serviço de Informações ao Cidadão (SIC.SP), sob responsabilidade do Arquivo Público do Estado. O ouvidor comenta que “a legislação foi fortalecida no Estado, pois São Paulo já dispunha anteriormente de rede de ouvidorias para atender o cidadão (Lei nº 10.294/1999)”.

Um dos exemplos é a ouvidoria da Secretaria Estadual da Fazenda. O ouvidor, Florêncio Penteado, conta que o serviço foi criado em 1998 e entrou em operação no ano seguinte. Em geral, responde questões do público, a maioria sobre receitas tributárias (impostos) e não tributárias (multas).

Prazo

Com disponibilidade permanente, o SIC.SP permite ao cidadão solicitar, sem justificativa, e a qualquer tempo, informações de todos os órgãos e entidades da administração pública paulista. O contato pode ser feito pelo site, telefone, carta ou pessoalmente. O andamento da requisição é informado por meio do número de protocolo do registro.

Os atendimentos mais comuns abordam decisões da administração, como convênios, compras, contratos com fornecedores, licitações, salários de funcionários e políticas desenvolvidas pela secretarias de Estado. A LAI prevê resposta em até 20 dias corridos, prorrogáveis por mais dez. O pedido pode não ser autorizado, caso a consulta abranja dados considerados confidenciais ou de caráter pessoal.

Direito

“Em São Paulo, a resposta chega mais rapidamente. O tempo médio de finalização é de sete dias corridos”, informa o coordenador do Arquivo Público, Izaias Santana. “A gestão documental no Estado começou em 1984. Hoje o Governo paulista consegue localizar qualquer documento, extrair e remeter a informação solicitada até mesmo antes do prazo legal”, observa.

Santana vê a nota máxima obtida na EBT como resultado da padronização do atendimento e da evolução da eficiência administrativa. “Informação é direito constitucional e deve sempre estar à disposição do cidadão; o Estado é o seu mero depositário”, explica.

Instâncias

Em três anos de Lei de Acesso à Informação, o SIC.SP recebeu 41.660 pedidos. Destes, 97% foram solucionados em primeira instância, ou seja, pelo próprio órgão estadual de origem, pela respectiva ouvidoria ou por intermédio do SIC. SP. Desde maio de 2012, cerca de 3% dos pedidos no SIC.SP não foram solucionados no primeiro contato ou, ainda, a resposta não satisfez o cidadão, e houve recurso por parte do solicitante.

Se o pedido for negado na primeira instância, o solicitante ainda pode recorrer à chefia de gabinete da secretaria responsável. Em caso de nova recusa, o próprio SIC.SP informa a possibilidade de recurso à Ouvidoria-Geral, considerada a segunda instância decisória. Caso ocorra mais uma negativa, cabe último recurso à Comissão Estadual de Acesso à Informação.

“A meta atual do SIC.SP é ampliar a transparência e diminuir ainda mais a quantidade de recursos interpostos. O caminho é estimular o debate no setor público sobre quais dados devem realmente ser considerados de caráter pessoal ou sigiloso”, explica Santana.

O serviço é gratuito, mas se demandar custos, eles ficam a cargo do solicitante. Por exemplo, caso peça uma planilha de grande volume, que não pode ser transmitida por e-mail, ele precisará fornecer um pen drive para recebê-la.


Ranking nacional EBT

Estado Nota
São Paulo 10
Ceará 10
Paraná
9,72
Sergipe
9,31
Santa Catarina
9,17
Rio Grande do Sul  9,17
Distrito Federal
8,89
Goiás
8,89
Espírito Santo
8,75
Tocantins
8,61
Pernambuco
8,61
Bahia
8,33
Alagoas
7,78
Paraíba 7,78
Minas Gerais 7,36
Piauí
6,67
Mato Grosso 6,39
Rondônia
5,56
Roraima
4,86
Acre
4,72
Rio de Janeiro 3,33
Amazonas 2,78
Pará 2,78
Mato Grosso do Sul 2,50
Maranhão 2,22
Amapá zero
Rio Grande do Norte zero

Fonte: CGU


Serviço

Confira ranking EBT, Estados, municípios e capitais mais transparentes no site da Controladoria-Geral da União (CGU)
Serviço de Informações ao Cidadão (SIC.SP)
Arquivo Público do Estado
Ouvidoria-Geral do Estado
Portal da Transparência Estadual

Rogério Mascia Silveira
Imprensa Oficial – Conteúdo Editorial

Reportagem publicada originalmente na página I do Poder Executivo I e II do Diário Oficial do Estado de SP do dia 28/05/2015. (PDF)