Mais tecnologias assistivas

Hoje é o último dia para conferir na capital o 5º Encontro Internacional de Tecnologia e Inovação para Pessoas com Deficiência

Ainda dá tempo de conferir no Palácio das Convenções do Anhembi, na capital, as atrações do 5º Encontro Internacional de Tecnologia e Inovação para Pessoas com Deficiência. Em 2013, o tema do evento anual promovido pela Secretaria Estadual dos Direitos da Pessoa com Deficiência é Tecnologia Assistiva nos Serviços ao Público e reúne, no mesmo local, duas mostras paralelas.

A primeira, a Exposição de Inovação em Tecnologias Assistivas, apresenta nos estandes as últimas novidades dos fabricantes. A segunda, o Seminário Internacional, é um ciclo de debates e palestras ministradas por especialistas em medicina física, de reabilitação, pessoas com deficiência e seus familiares, representantes de governos, empresas e profissionais da área da saúde.

Promovida pelo Governo paulista, a feira tem apoio institucional do Fórum Nacional de Gestores de Inovação e Transferência de Tecnologia (Fortec) e é a maior do gênero na América Latina. No site do evento é possível conferir a programação completa, com a relação de horários, palestras e expositores (ver link abaixo).

Inovação

Segundo o IBGE, o Brasil tem 45 milhões de pessoas com alguma deficiência e cerca de 9 milhões delas residem no Estado de São Paulo. Outro levantamento, da Associação Brasileira de Ortopedia Técnica (Abotec), calcula em 20 milhões o número de pacientes com necessidades de próteses, órteses e demais equipamentos ortopédicos. Hoje, há mais de 30 empresas no território nacional produzindo equipamentos para atender esse público.

Participante do encontro desde sua primeira edição, em 2009, Cid Torquato, coordenador da Unidade de Promoção e Articulação das Ações de Integração da secretaria, destaca que a experiência paulista com a feira deu tão certo que já originou outras cinco de menor porte sobre tecnologia assistiva no Brasil. Para ele, a inovação é fundamental para potencializar as capacidades da pessoa com deficiência.

“Ampliação do evento, com as mostras paralelas, tornou a feira uma oportunidade única de encontro para todos os segmentos envolvidos com a tecnologia assistiva”, destaca Torquato. “Troca de experiências é fundamental, estimula a criatividade de todos os participantes”.

Exemplos típicos, aponta Torquato, são os acessórios para videogames que digitalizam o corpo do jogador e interagem com movimentos, assim como as telas de celulares e de computadores com superfícies de toque (touch screen).

“Em ambas as situações, a concepção original do produto não era a pessoa com deficiência. Porém, a inovação favoreceu a inclusão digital de muitos delas, como eu. Esta é uma via de múltiplos acessos, onde vários projetos são concebidos para um público específico, mas acabam remodelados para todos os demais”, finaliza.

Reconstruindo a vida

Vítima de um atropelamento na Avenida Paulista há quatro meses, o ciclista David Santos Sousa, 21 anos, que teve o braço direito amputado no acidente, é um dos destaques da feira. No estande da empresa Ortogen, ele demonstra as possibilidades de movimentos que a prótese biônica de R$ 300 mil doada pela empresa lhe permite. A prótese é comandada por impulsos cerebrais.

Empregado como “garoto-propaganda” do fabricante de próteses modulares de Sorocaba, David abandonou a antiga ocupação de limpador de vidros. Voltou a andar de bicicleta e trabalha agora como instrutor de rapel. Bem-humorado, diz não ter perdido o gosto por viver, nem por praticar esportes radicais. “Meta principal tem sido reaprender a fazer tudo, como usar os talheres, por exemplo. E, claro, jamais deixo molhar o equipamento”, sorri.

Pesquisa paulista

Na área de exposições, o público pode conhecer projetos de tecnologia assistiva desenvolvidos pelo Centro Paula Souza, USP e Unesp. A Etec de Itatiba apresentou quatro protótipos: a cadeira rolante Unitran, a muleta articulada Art Crucht e os andadores Evolution e o Tutor de Marcha. De modo geral, o objetivo de todos é facilitar a locomoção de cadeirantes, idosos e pessoas com dificuldade de movimentos.

Anderson Sanfins, diretor da Etec, destaca que são criações artesanais de baixo custo, cujo orçamento não excede R$ 500 – testadas e aprovadas por usuários do asilo e Apae de Itatiba. São Trabalhos de Conclusão de Curso (TCCs) que inovam em design, tecnologia, materiais usados e na aplicação dos conceitos científicos aplicados.

Reabilitação lúdica

No estande ao lado, o professor Adriano Siqueira, do Núcleo de Estudos Avançados em Reabilitação (Near) da USP, apresenta o Ankle Bot (robô de tornozelo), equipamento trazido do Massachusetts Institute of Technology (MIT). Consiste de uma tela com um programa com três jogos (Corrida, Futebol e Pong), para estimular de modo lúdico e interativo a reabilitação de vítimas de paralisia e AVC, entre outros casos. O equipamento possui um conjunto de sensores instalados no tornozelo do paciente que o induzem a fazer exercícios de modo localizado e na intensidade e frequência adequadas.


Cadeira articulada

Um dos destaques da feira foi o lançamento de um novo modelo de cadeira de rodas desenvolvido pela Rede de Reabilitação Lucy Montoro. Construída como monobloco e em tamanho reduzido, tem estrutura resistente, não dobra e é elaborada com materiais leves. Pesa sete quilos, metade do peso das cadeiras convencionais e tem durabilidade maior que a dos modelos disponíveis no mercado.

Para conferir autonomia ao usuário no dia-a-dia, a cadeira permite diversas opções de ajustes e regulagens e é prática para ser transportada a cadeira no carro. O público pode conhecê-la no estande da Rede Lucy Montoro. A expectativa é que seja oferecida nas próximas semanas para os pacientes atendidos pela instituição, de acordo com a demanda.


Assento exclusivo

De São Caetano veio a novidade preparada pela Etec Jorge Street: o Assento Preferencial Eletrônico. Concebido para ser usado no transporte coletivo (ônibus, trem, metrô), tem acionamento exclusivo por cartão magnético ou Bilhete Único do usuário. O grupo de idealizadores, formandos do curso técnico de Eletroeletrônico, explica que a ideia é garantir que o mesmo só seja usado por passageiros com dificuldades de locomoção, como idoso, gestante e pessoa com deficiência.

Quando não está em uso, o banco se mantém inclinado e impossibilita o uso por parte de passageiros comuns. Após a liberação, com o cartão magnético, o assento desce. Quando o usuário se levanta para sair, o sistema o retorna à posição inicial.

Serviço

5º Encontro de Tecnologia e Inovação
Secretaria Estadual dos Direitos da Pessoa com Deficiência
Rede Lucy Montoro

Rogério Mascia Silveira
Imprensa Oficial – Conteúdo Editorial

Reportagem publicada originalmente na página IV do Poder Executivo I e II do Diário Oficial do Estado de SP do dia 02/08/2013. (PDF)