Seade analisa desemprego na RMSP desde 1984

Em alusão à data, instituição lança boletim especial; documento indica redução da taxa de desemprego no período e revela aumento no tempo médio de busca por trabalho

A Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade) publicou, na primeira quinzena do mês, o quarto boletim comemorativo das três décadas da Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED). Intitulado Boletim Especial 30 anos, o levantamento é feito por amostragem e levanta informações do mercado de trabalho. O tema abordado nesta edição é o desemprego de longa duração.

Feita em parceria com o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) e com o apoio do Ministério do Trabalho e Emprego, a pesquisa abrange a coleta e apuração mensal de informações a partir de entrevistas realizadas em cerca de 3 mil domicílios da capital e em 38 cidades vizinhas integrantes da Região Metropolitana de São Paulo (RMSP).

Iniciado em outubro de 1984, o estudo é estruturado em três aspectos relacionados ao mercado de trabalho: desemprego, ocupação e rendimentos. Tem por base informações sobre a População em Idade Ativa (PIA), formada por pessoas com 10 anos de idade ou mais, e a População Economicamente Ativa (PEA), que é a soma de empregados e desempregados em busca de colocação.

A RMSP, mancha urbana originada na capital e adjacências, é o maior polo industrial do País e também o de maior concentração de mão de obra. Abriga 20,3 milhões dos 42,7 milhões de habitantes do Estado.

Disponibilidade

O boletim comemorativo dos 30 anos da PED sublinha diversas questões ligadas ao desemprego na RMSP. Assim como os demais relatórios mensais da PED e periódicos da Seade, pode ser consultado ou copiado gratuitamente no formato de arquivo PDF no site da fundação (ver serviço).

As análises e base de dados da Seade auxiliam órgãos governamentais, como, por exemplo, a Secretaria Estadual do Emprego e Trabalho (Sert), a formular políticas públicas e promover ações de cidadania. São fontes permanentes de referência para economistas, consultores, pesquisadores, empresas e ONGs em temas sobre demografia, economia, mão de obra, PIB paulista, entre outros assuntos.

A partir dos dados da PED, anualmente a Fundação Seade também publica boletins temáticos de acompanhamento da inserção no mercado de trabalho de grupos sociais específicos. Todo mês de março, edição especial celebra o Dia Internacional da Mulher e analisa a inserção feminina nas atividades; em novembro, o estudo aborda a situação da população negra no mercado de trabalho, na esteira das comemorações do Dia da Consciência Negra; em abril, analisa a situação dos trabalhadores domésticos (diaristas, faxineiras, babás, entre outros).

Tema de estudo

Avaliar o desemprego de longa duração é o principal enfoque do boletim comemorativo. Segundo Leila Gonzaga, pesquisadora da Seade, o tema é importante por representar trabalhadores em situação de vulnerabilidade social, fruto da falta de ocupação e de renda por um longo período.

Por esse motivo, observa Leila, “o desemprego de longa duração deve ser considerado pelos gestores públicos na elaboração de políticas, em especial as relacionadas ao seguro-desemprego e à qualificação profissional”.

Nos últimos 30 anos, o dado mais favorável, aponta a pesquisadora, foi a queda na taxa de desemprego na RMSP. No biênio 1985-1986, era de 10,8%; em 1999-2000 chegou a 18,4%; e, em 2012-2013, recuou para 10,6%. Na mesma série histórica, o tempo médio de procura por trabalho no primeiro biênio analisado era de 4,9 meses; 15 anos depois subiu para 10,8 meses; e, por fim, no último período considerado, recuou para 6,2 meses (ver gráfico 1).

Aberto e oculto

A PED classifica o desemprego em dois tipos: o primeiro, chamado aberto, refere-se a quem está buscando trabalho nos 30 dias anteriores ao da entrevista da pesquisa, sem fazer “bicos” (trabalhos eventuais) no período.

O tipo desemprego oculto é dividido em duas variantes: trabalho precário, ou seja, o indivíduo procura emprego e faz, em caráter emergencial, algum trabalho temporário para sobreviver ou manter a família.A segunda variante é o desalento, que ocorre quando a pessoa não obteve sucesso na busca por emprego nos últimos 12 meses e acabou desistindo de procurar nos últimos 30 dias, mas ainda assim ela continua precisando conseguir um emprego.

No desemprego de longa duração (com mais de um ano de procura por trabalho) estão 13,8% daqueles em desemprego oculto e 6,9% em desemprego aberto (ver gráfico 2). “O desemprego oculto é o mais problemático. Atinge, na maioria das vezes, homens de 25 a 39 anos que também são chefes de família, ou seja, são os responsáveis pela principal fonte de subsistência própria e de familiares”, diz a pesquisadora.


Panorama

A metodologia usada pela PED na RMSP é adotada, também, nas áreas metropolitanas de Fortaleza, Porto Alegre, Recife, Salvador e do Distrito Federal. Nessas localidades, o levantamento estatístico é realizado por meio de parcerias da Seade e do Dieese com instituições regionais de planejamento e de pesquisa. Somado, o conjunto de informações permite delinear um panorama do mercado de trabalho a partir das conurbações urbanas, ou seja, a área formada por cidades e vilarejos que foram se desenvolvendo um ao lado do outro nas capitais pesquisadas.

Serviço

Fundação Seade
Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED)
Boletim Especial 30 anos

Rogério Mascia Silveira
Imprensa Oficial – Conteúdo Editorial

Reportagem publicada originalmente na página IV do Poder Executivo I e II do Diário Oficial do Estado de SP do dia 21/03/2015. (PDF)