Ciência sem Fronteiras com inscrição aberta

Alunos das Faculdades de Tecnologia do Estado (Fatecs) interessados em participar do Programa Ciência sem Fronteiras (CsF) têm prazo até o dia 29 para se inscrever. A orientação para os candidatos é ler o edital interno da convocação, disponível no site do Núcleo de Relações Internacionais do Centro Paula Souza (ver serviço).

O passo seguinte é preencher dois formulários on-line. O primeiro, no próprio site do Núcleo e o outro na página da internet do Ciência sem Fronteiras (CsF) (ver serviço). Depois, o candidato deverá informar o coordenador institucional da Fatec em que estiver matriculado sobre a sua inscrição, para que ela seja homologada.

No Brasil, o CsF é coordenado pelos Ministérios da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e da Educação (MEC) por meio de suas agências de fomento: o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e as secretarias de Ensino Superior e de Ensino Tecnológico do MEC.

Vinte destinos

Em 2014, os embarques estão previstos para começar a partir de agosto. Há 20 opções de países com chamadas abertas: Alemanha, Austrália, Áustria, Bélgica, Canadá, China, Coreia do Sul, Espanha, Estados Unidos, Finlândia, França, Holanda, Hungria, Irlanda, Itália, Japão, Noruega, Nova Zelândia, Reino Unido e Suécia.

Quem for aprovado na seleção receberá bolsa de estudo na modalidade “sanduíche”. Nela, a etapa acadêmica realizada no exterior é cursada em período concomitante ao da graduação no Brasil, o que impede a participação de estudantes do penúltimo e último semestres.

Desde 2012, o Centro Paula Souza enviou 114 estudantes ao exterior pelo CsF. Desses, 63% são dos cursos de Análise de Desenvolvimento de Sistemas, o que mostra o grande interesse dos países patrocinadores nas áreas de tecnologia da informação.

Segundo Nilo Vieira, coordenador do programa no Paula Souza, o conhecimento do inglês é fundamental para o candidato. A apresentação do teste de conhecimento nesta língua é uma das exigências para a inscrição e há a possibilidade de fazê-lo gratuitamente, conforme instruções disponíveis no site do Núcleo de Relações Internacionais da Fatec e do CsF.

Serviço

Inscrições no Núcleo de Relações Internacionais
Ciência Sem Fronteiras (CsF)

Rogério Mascia Silveira
Imprensa Oficial – Conteúdo Editorial

Reportagem publicada originalmente na página II do Poder Executivo I e II do Diário Oficial do Estado de SP do dia 20/11/2013. (PDF)

Para melhorar a nota do aluno

Projeto pedagógico (testado em Araraquara) eleva em até 30% as notas de 400 alunos do ensino médio em Física e Matemática 

Desde 2011, a Escola Estadual Bento de Abreu (Eeba), de Araraquara, abriga um projeto pedagógico inovador criado no Núcleo de Ensino da Universidade Estadual Paulista (Unesp). A iniciativa aproveita conteúdos de aprendizagem de uso gratuito e disponíveis no portal do Ministério da Educação (MEC) para melhorar o desempenho dos estudantes das escolas do ensino médio nas disciplinas de Matemática e Física.

Idealizado pelo professor Sílvio Fiscarelli, da Faculdade de Ciências e Letras (FCL), o projeto multidisciplinar tem o apoio da pesquisadora Maria Helena Bizelli, do Instituto de Química (IQ), e de mais sete cientistas da Unesp e um da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).

O método de apoio conseguiu elevar em 30% as notas de 400 estudantes de 15 classes de segundos e terceiros anos do Eeba nas duas disciplinas de ciências exatas. Depois de dois anos, no grupo avaliado, quem já tirava notas “azuis” aumentou sua pontuação nas duas disciplinas em 13%. Já entre os que tiravam notas abaixo da média (“vermelhas”), o crescimento médio chegou a 51%.

Lápis e mouse

A estratégia pedagógica consiste em usar o computador como plataforma para simulações interativas. Permite ao aluno visualizar na tela conteúdos abstratos presentes nas duas matérias e, assim, facilitar sua compreensão de modo lúdico e contextualizado.

A lista de temas de Física inclui fenômenos naturais, (estados da água na natureza, teoria atômica, magnetismo, termodinâmica, cinemática) e os de Matemática contempla estatística (arranjos, probabilidade e combinações), entre outros assuntos.

O recurso audiovisual é complementado com uma folha de atividades a ser respondida à mão, versando sobre os tópicos abordados na aula de reforço escolar. As perguntas estimulam o aluno, por exemplo, a desenhar as moléculas da água em seus três estados.

E também fazer contas, ao determinar o número de combinações possíveis no vestuário de uma adolescente que está se arrumando para sair à noite. A missão é mesclar sapatos com blusas e vestidos. Em outra atividade, o desafio é organizar as rodadas de um campeonato com times de futebol, de modo que todas as equipes se enfrentem.

Com periodicidade mensal, a atividade de reforço escolar tinha o conteúdo preparado previamente pela dupla de pesquisadores da Unesp, com a professora Cleia Nogueira, 15 dias antes da atividade. Docente de Matemática e também habilitada em Física, ela leciona as duas disciplinas no Eeba e participou do projeto desde o início.

A professora desconhecia os objetos e simulações, mas se interessou de imediato pela didática, em especial pelas atividades de Matemática. “O aluno percebe na prática os conceitos e suas aplicações nos exercícios, o que favorece muito a aprendizagem, em especial para aqueles que têm mais dificuldades”, observa.

Acessa Escola

Em 2011 e 2012, a iniciativa foi realizada nos 16 computadores do programa Acessa Escola disponíveis no Eeba. O pesquisador Fiscarelli conta que o orçamento inicial chegou a R$ 15 mil e, nesses dois anos, grande parte do dinheiro foi gasta com o pagamento de bolsistas, que se revezavam na sala de aula com metade das turmas de 30 alunos, enquanto o professor levava o restante da turma para realizar atividades com os micros na sala do Acessa Escola.

Em 2013, o projeto foi ampliado após parceria com a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado (Fapesp) e foi rebatizado como Objetos de aprendizagem na sala de aula: Recursos, metodologias e estratégias para melhoria da qualidade da aprendizagem.

A agência paulista de fomento científico o prorrogou até o final de 2014 e financiou 35 notebooks, capacitações para docentes e estendeu a iniciativa para sete classes do Eeba, contemplando também outras matérias, como Língua Portuguesa, Filosofia e Sociologia.

Universidade e escola

Araraquarense e ex-aluno do Eeba, o pesquisador Fiscarelli diz ser possível replicar a experiência para outros laboratórios de informática de escolas públicas. Observa, porém, alguns pré-requisitos, como capacitar professores e pré-selecionar os conteúdos usados nas aulas de reforço.

O objetivo é acelerar o processo, considerando que o docente muitas vezes não tem tempo por causa da agenda cheia e também pelo fato de os objetos educacionais terem localização e manipulação difíceis na internet, mesmo sendo um ferramental pedagógico de uso gratuito.

“Creio que, no futuro, todo Estado brasileiro terá um currículo mínimo para cada matéria. Esta medida tende a facilitar o processo de preparação das aulas, o que permitirá ao professor com três cliques acessar o material de que necessita”, prevê Fiscarelli, cientista social de formação e pós-graduado em educação na FCL-Unesp.

A pesquisadora Maria Helena Bizelli, parceira no projeto, destaca a aproximação entre universidade e escola públicas, essencial segundo ela para fortalecer a educação no Brasil. A cientista também cita como desdobramento do projeto a criação do site Proenc, vinculado ao IQ-Unesp.

Na página da web, há muitos conteúdos prontos e gratuitos para serem usados nas disciplinas de Física, Matemática e Química. Em todas as aulas, são oferecidos um roteiro de atividades para o professor e uma lista de exercício para os alunos fazer durante o trabalho. E se a escola tiver laboratório de ciências, há ainda experiências com conteúdos de Biologia.

Notas melhores

Thainá da Silva e Liniker Campos estudam juntos e aprovaram as atividades de reforço no computador. Para a dupla, a tecnologia representa mesmo aliada para o entendimento, mas a presença da professora na execução das atividades foi fundamental para tirar dúvidas.

“Além de melhorar as notas, aumentou meu interesse pelos conceitos transmitidos. Passei a pesquisar mais a respeito na web depois das aulas”, afirma a estudante. Seu colega de turma afirma que suas notas em Física subiram mais de 60%, quando passou a visualizar detalhes de fenômenos como o movimento, até então “imperceptíveis”.

Serviço

Registro do projeto com objetos de aprendizado na Fapesp
Banco Internacional de Objetos Educacionais do MEC
Proenc

Rogério Mascia Silveira
Da Agência Imprensa Oficial

Reportagem publicada originalmente na página IV do Poder Executivo I e II do Diário Oficial do Estado de SP do dia 11/05/2013. (PDF)

 

Do banco escolar para o mundo

Programa de Formação Continuada alfabetiza e prepara profissional da limpeza urbana para prestar exames do currículo oficial do MEC

Um mutirão pela inclusão social. Assim pode ser definido o Programa de Educação Continuada, instituído em 2005 pelo Centro de Integração Empresa-Escola (Ciee). A iniciativa é realizada pelo Metrô em parceria com dois sindicatos ligados à limpeza pública: o das Empresas de Asseio e Conservação do Estado (Seac), patronal, e o dos funcionários, o Siemaco, pertencente aos Trabalhadores em Empresas de Prestação de Serviços de Asseio e Conservação e Limpeza Urbana da capital.

O objetivo primordial do programa é estender a formação educacional de acordo com o nível de conhecimento de cada participante. Além de alfabetizar os mais necessitados, o retorno ao banco escolar resgata a autoestima e prepara para prestar as provas do currículo oficial do MEC, nos níveis fundamental I e II e médio. Segundo estudo da Fundação Getúlio Vargas (FGV), para cada ano a mais de estudo na formação, a remuneração do profissional pode aumentar até 15%.

Outro viés da Educação Continuada é fortalecer a preparação acadêmica dos professores e incentivar a formação de novos docentes. Os responsáveis pelas aulas são alunos estagiários, todos matriculados em cursos de Pedagogia, Letras e Matemática. Os universitários são selecionados e supervisionados pelo Ciee. Trabalham em turnos de quatro ou seis horas e podem ficar até dois anos na função em uma empresa, tempo previsto pela legislação atual para o estágio.

Currículo do MEC

Por receberem alunos de perfis variados, as classes da Educação Continuada são seriadas e seguem os parâmetros curriculares fixados pelo MEC. As aulas são oferecidas de segunda a quinta-feira, em turmas com até 25 alunos. Têm duração média de duas horas e meia e são ministradas nos períodos da manhã, tarde e noite.

São 15 classes, localizadas nos pátios das estações Itaquera, Jabaquara e Capão Redondo e em dois edifícios do Metrô, vizinhos das estações Consolação e Marechal Deodoro. Podem participar trabalhador sindicalizado da área da limpeza e seus familiares (cônjuge e filhos), no local mais próximo do seu trabalho ou da sua residência. Para se matricular, a alfabetização requer 15 anos completos e o ensino médio exige mínimo de 18 anos. Mais informações no site do Seac e pelo telefone (11) 3821-6444.

Multiplicando esforços

Na parceria, o Metrô é responsável por ceder espaços para as aulas. O Ciee faz a supervisão pedagógica, contrata os estagiários e monitora as atividades desenvolvidas pelos universitários com os alunos. Os dois sindicatos bancam os custos que, em sete anos de existência, atenderam mais de 2,5 mil alunos. Em média, há sempre 200 estudantes matriculados.

Segundo Cláudia Colerato, assistente pedagógica do Ciee, o ambiente de apoio mútuo favorece o aprendizado. A ideia global é suprir carências na formação educacional e ampliar os horizontes profissionais dos envolvidos. Ela comenta que todo aluno recebe atendimento personalizado, de acordo com a sua necessidade e história de vida. A cada seis meses é analisado seu desempenho. E a avaliação indica se ele tem condições de fazer a prova oficial do MEC.

“O acolhimento aliado ao atendimento personalizado são os diferenciais do programa. Desde 2010, temos seis ex-alunos fazendo faculdade. No fundo, confirmamos que, com esforço e dedicação, é possível realizar sonhos”, comenta Cláudia.

Professores da vida

Em 2009, Emerson dos Santos Pereira trabalhava na área administrativa de uma empresa e cursava Matemática à noite. Insatisfeito com o emprego, deixou-o de lado e ingressou na Educação Continuada como estagiário. Na época, lecionava na Estação Marechal Deodoro. Apaixonado pelo magistério, hoje cursa sua segunda graduação, Pedagogia, e auxilia Cláudia Colerato no comando do programa. “Comecei alfabetizando e hoje muito me alegro de ter duas ex-alunas cursando faculdade. Serei padrinho de formatura delas”, conta orgulhoso o educador.

A professora Elisa Sabino estuda Letras e leciona no posto da Estação Consolação desde o início de 2011. Filha de auxiliar de limpeza, a jovem se sensibilizou com as dificuldades enfrentadas pela mãe, obrigada a interromper os estudos na quinta série. Decidida, realizou seu sonho de infância: o de ser professora. E incentivou a mãe a ingressar em projeto semelhante de formação educacional na cidade em que mora. “Este estágio mudou minha vida”, confessa.

Situação parecida vive Maria Aparecida de Oliveira, de 45 anos, trabalhadora da Santa Casa de Misericórdia, em São Paulo. Incentivada pelo filho universitário, decidiu retomar em março as lições escolares paralisadas por 25 anos. “O estudo ajuda a diminuir a invisibilidade que eu e muitos colegas sofremos. Com poucas lições, já não troco mais um R por um L ao escrever”, conta entusiasmada.

Sem limites para sonhar

José Alonso de Farias trabalha no asseio e conservação do Hospital Emílio Ribas. Na infância, as mudanças constantes de cidade prejudicaram seus estudos. Mais tarde, foi obrigado a trabalhar para sustentar sua família e decidiu, em 2012, voltar ao banco escolar após 15 anos. “Falta pouco para conseguir prestar o exame de equivalência do ensino médio. Quero fazer faculdade”, relata.

Isabel Oliveira optou por estudar de manhã, das 10 horas às 12h30, antes de começar o expediente no Hospital das Clínicas da USP. “Parei na sexta série, com 14 anos, porque precisava trabalhar. Depois, tive meu casal de filhos e não quis deixá-los com outras pessoas. Agora, combinei com meu marido um revezamento de horários para cuidar da casa. E depois de 15 anos tenho certeza ser este o momento ideal da minha vida para voltar a aprender. Preciso muito obter o diploma do ensino fundamental”, conclui otimista.


Números da educação continuada (de 2005 a 2012)

  • 2.508 alunos matriculados desde o início
  • 1.645 alunos já fizeram prova de certificação
  • 1.020 certificados e em processos de certificação
  • 6 alunos aprovados em universidades

Rogério Mascia Silveira
Da Agência Imprensa Oficial

Reportagem publicada originalmente na página IV do Poder Executivo I e II do Diário Oficial do Estado de SP do dia 03/04/2012. (PDF)