Trabalho pela inclusão social

Em 2013, Programa Estadual de Apoio à Pessoa com Deficiência intermediou a contratação de quase mil trabalhadores com carteira assinada

O Programa Estadual de Apoio à Pessoa com Deficiência (Padef) encerrou o ano de 2013 com 913 trabalhadores empregados com carteira assinada em todas as regiões paulistas. A intermediação de mão de obra é uma iniciativa de inclusão social da Secretaria Estadual do Emprego e Relações do Trabalho (Sert) e tem por objetivo aproximar empresas de trabalhadores com deficiência.

Criado em 1995, o Padef auxiliou 13.675 trabalhadores com deficiência a conseguir vaga no mercado profissional. Mesmo com a progressiva diminuição do desemprego no País na última década e o aumento da ocupação dos trabalhadores com deficiência, atualmente menos de 1% dessas pessoas tem emprego com carteira assinada.

Marinalva Cruz, supervisora do programa, explica que a meta é ampliar a inserção profissional e diminuir o problema que envolve, proporcionalmente, uma a cada quatro pessoas do Brasil.

Em 2010, o censo do IBGE estimou em 41,2 milhões a população do Estado de São Paulo. Desse total, 23,9%, ou seja, 9,8 milhões apresentavam alguma deficiência física ou intelectual. No panorama nacional, a porcentagem é a mesma: dos 190,7 milhões de habitantes, 45,5 milhões integram o grupo, com deficiências adquiridas no nascimento ou ao longo da vida.

Cotas legais

Lei Federal nº 8213, de 24 de junho de 1991, obriga toda empresa com mais de cem funcionários a reservar entre 2% e 5% de suas vagas para pessoas com deficiência ou reabilitadas. A fiscalização do cumprimento da legislação é tarefa do Ministério do Trabalho e Emprego e, para Marinalva, esse foi um passo importante, mas ainda há barreiras a serem transpostas.

A primeira delas, “mais simples de resolver”, é arquitetônica e diz respeito à falta de instalações acessíveis. Inclui ambientes inadequados no trabalho e nas ruas, no deslocamento do trabalhador até o emprego, como calçadas esburacadas, falta de rampas para cadeirantes, guias rebaixadas, de piso tátil, semáforos adaptados para cegos, etc.

O segundo ponto, explica Marinalva, é despertar a mudança de cultura e de atitude na sociedade. Diz respeito a uma progressiva conscientização. “Ainda há muita desinformação e preconceito. Contratar um trabalhador com deficiência pode exigir adaptações simples e sem custos como, por exemplo, pedir uma cadeira mais alta para quem tem baixa estatura ou, ainda, uma mais reforçada para quem é mais pesado. O primordial é ter disposição. E, se for preciso, gastar também. Essa é uma questão de responsabilidade social”, observa.

Via de mão dupla

Pessoa com deficiência interessada em trabalhar e empresa disposta a contratar devem fazer inscrição grátis no site do Padef (ver serviço). O sistema é integrado ao cadastro nacional de vagas do Portal Mais Emprego, do Ministério do Trabalho. Se não tiver computador, é possível utilizar um PC com internet gratuita nos 750 postos do Acessa São Paulo no Estado, que oferecem monitores capacitados para orientar em quaisquer tarefas.

Se preferir, o interessado pode ir em qualquer Posto de Atendimento ao Trabalhador (PAT) ou Poupatempo e apresentar RG, CPF, PIS, carteira de trabalho, laudo médico e audiometria, no caso de deficiência auditiva.

Se residir na capital pode também comparecer na sede do Padef, Rua Boa Vista 170, 1º Andar – Bloco 4, no centro de São Paulo, das 8 às 16 horas, de segunda a sexta-feira. Já o empregador precisa informar CNPJ, razão social, endereço e nome do responsável pela vaga.


Sem privilégios nem preconceitos

Criada há 40 anos e com 1,8 mil funcionários, a Universidade do Oeste Paulista (Unoeste), de Presidente Prudente, tem no seu quadro profissional cem empregados com deficiência física e intelectual de diferentes perfis e idades. Os trabalhadores estão distribuídos em todas as áreas e atuam como docentes e também em serviços gerais, administrativos, eventos, recepção, atendimento a alunos, biblioteca, jardinagem, hospital veterinário, informática, entre outros.

Segundo a psicóloga Fátima Leonardo, há dez anos no cargo e responsável pelo RH da instituição, sempre que uma nova vaga é aberta o setor tenta imaginar se uma pessoa com deficiência poderia ou não preenchê-la. Em caso afirmativo, é dada a mesma chance para todos os interessados, independentemente de os candidatos terem ou não deficiência. “Não é assistencialismo, é inclusão social. Não há privilégios”, explica.

Quando termina o processo seletivo, o trabalhador ingressante se tiver alguma deficiência recebe atenção especial durante o período de adaptação. Nem sempre todos os ambientes estão preparados para sua chegada, mas a Unoeste conta com um fisioterapeuta especializado em ergonomia, que faz as adaptações necessárias. Depois, independentemente de ser cadeirante, cego, surdo ou amputado, tem os mesmos direitos e deveres dos demais.

Há 30 anos a instituição tomou a decisão de ter trabalhadores com deficiência no quadro pessoal. Fátima conta que a relação deles com os demais funcionários (3 mil alunos de graduação e 700 professores) é interessante e rica. No início, eles queriam “protegê-los”, mas foram percebendo que não havia essa necessidade, “um pouco de paciência resolve tudo”, comenta.

Diversos setores

Funcionária da Unoeste há seis anos e três meses, a contabilista Erika Morais, de 36 anos, tem uma deficiência física leve, no ombro. E já passou por três setores da instituição em diferentes funções. Desde outubro trabalha na área administrativa da universidade, na coordenação de um curso. Atende alunos e faz matrículas, entre outras atividades.

Antes da Unoeste, Erika teve dois empregos. Soube da vaga que depois iria ocupar no PAT de Presidente Prudente. Satisfeita no cargo, mas atenta à novas oportunidades, ela cursa pós-graduação e estuda para concurso público. “A legislação de cotas é importante, assim como o esforço individual, que conta muito”, destaca.


Padef 18 anos: contratações CLT

Ano Trabalhadores
1995 88
1996 160
1997 237
1998 240
1999 185
2000 465
2001 413
2002 638
2003 816
2004 455
2005 376
2006 487
2007 594
2008 1.183
2009 1.429
2010 2.128
2011 2.185
2012 683
2013 913
Total 13.675

(Fonte: Padef)

Serviço

Cadastro de vagas no Padef
Outras informações pelo telefone (11) 3241-7172
E-mail padef@emprego.sp.gov.br

Rogério Mascia Silveira
Imprensa Oficial – Conteúdo Editorial

Reportagem publicada originalmente na página IV do Poder Executivo I e II do Diário Oficial do Estado de SP do dia 18/01/2014. (PDF)

Bolsa Eletrônica de Compras passa a atender os 645 municípios do Estado

Ao aderir ao sistema, prefeituras podem comprar pela internet 20 mil produtos de 46 mil fornecedores cadastrados

A administração estadual estendeu o serviço da Bolsa Eletrônica de Compras (BEC) para os 645 municípios paulistas. O sistema de informática da Secretaria de Estado da Fazenda informa os menores preços e permite a compra de 20 mil itens de até R$ 8 mil, que dispensam licitação. As transações são eletrônicas, realizadas via internet, e o Estado garante o pagamento, no prazo, aos fornecedores.

O sistema BEC tem 46 mil fornecedores cadastrados. O portal apresenta os itens de acordo com a especificação técnica e unidade de medida – caixa, peso e litro. Os produtos são gêneros alimentícios, material de escritório, higiene e limpeza, medicamentos, combustíveis, ferragens, informática e suprimentos agrícolas, entre outros. As compras são restritas a materiais, não sendo possível contratar serviços.

Para aderir ao BEC, o município deve assinar convênio com a Secretaria Estadual da Fazenda, aceitando as regras do sistema e firmando um acordo com a Nossa Caixa, agente financeiro das operações. Depois de cadastrada, a prefeitura recebe senha para iniciar aquisições.

Compras

O procedimento é simples. No site da Bolsa Eletrônica de Compras, o usuário escolhe o material que precisa adquirir e emite uma ordem de compra para o sistema. Ele determina o dia e a hora que a transação será realizada e informa pelo correio eletrônico aos fornecedores do produto sobre a abertura do ato público. Se estiver interessado, o distribuidor pode enviar pelo sistema suas ofertas para o leilão eletrônico de menor preço.

No dia estipulado, o sistema vai informando aos compradores sobre os menores preços ofertados. Encerrado o prazo, a BEC revela o valor mínimo oferecido. Na sequência, de acordo com o total de lances e participantes, é calculado o tempo adicional para os lances finais, e o sistema reabre comunicando aos fornecedores o prazo-limite para o envio de ofertas, agora definitivo. Terminado o processo, são divulgados o nome do ganhador e a lista de concorrentes que enviaram lances.

Roberto Agune, coordenador do Sistema Estratégico de Informações do Estado, explica que, enquanto a compra não é finalizada, ninguém sabe quem está ofertando, nem mesmo os administradores da BEC. Caso haja empate no valor dos lances, vence aquele que tiver sido o primeiro a enviar a oferta. Esse tipo de disputa não-presencial é denominado leilão reverso.

“Há um aumento na competição. No modelo anterior, eram tomadas três ofertas de preços, e o menor valor prevalecia. Agora, mais fornecedores têm acesso à competição. É uma oportunidade de negócio, onde quanto mais fornecedores participarem, melhores as condições para quem quer vender rápido e para a prefeitura que precisa dos materiais”, explica.

Prazo de entrega

O vencedor é obrigado a entregar o pedido em até cinco dias úteis no endereço especificado pela prefeitura, que deverá verificar se o material está de acordo com as especificações e informar para o sistema a data e as condições de recebimento. A BEC notifica então a Nossa Caixa, e em 30 dias o pagamento referente à venda será creditado na conta do fornecedor.

Se quiser receber o dinheiro antes dos 30 dias, o vendedor imprime um recibo, também pelo sistema, que pode ser descontado na Nossa Caixa. Nesse caso, deve pagar uma taxa de juros pela antecipação.

Condição suficiente: computador e internet

Pode fazer parte da BEC qualquer empresa paulista. A única exigência é estar em dia com suas obrigações com a Secretaria da Fazenda e ter conta aberta na Nossa Caixa. Estão excluídos devedores do INSS e FGTS. No processo de inclusão, é conferido o regimento da empresa na Junta Comercial do Estado (Jucesp).

“É desejável que, cada prefeitura ao se cadastrar sugira a seus fornecedores habituais que se associem à BEC. Quanto mais municípios e empresas participando, maior a competitividade e eficácia. A intenção é transformar o Estado e as prefeituras em bons parceiros de negócios para a iniciativa privada”, comenta.

Quem descumpre prazos ou regras da BEC é punido com suspensão. No ano passado, a Casa Civil comprou cartuchos de tinta para impressora no valor de R$ 2,6 mil. A vencedora foi uma papelaria de Ribeirão Preto que despachou por Sedex a encomenda, que pesava dois quilos. “Mesmo distante 300 km da capital, a empresa honrou o compromisso no prazo”, ressalta.

“Aproximadamente 500 cidades paulistas são de pequeno porte e não dispõem de recursos para montar um sistema sofisticado como a BEC, com internet, bancos de dados e suporte de informática. Assim, a única exigência para participar do leilão reverso é ter um computador com internet”, frisa.


Evolução das operações da BEC até 03-10-2003

Ano Oferta de compra negociada Valor Referência (Total A) Valor Negociado (Total B) (A-B) Porcentual
2000 168 450.000 361.000 89.000 19,78%
2001 5.291 16.718.950 13.134.302 3.584.648 21,44%
2002 10.361 50.589.859 40.741.350 9.848.509 19,47%
2003 13.081 91.358.687 65.876.762 25.481.925 27,89%
Total geral 28.901 159.117.495 120.113.414 39.004.082 24,51%

Serviço

Bolsa Eletrônica de Compras (BEC)
Telefone: (11) 3243-3400

Rogério Mascia Silveira
Da Agência Imprensa Oficial

Reportagem publicada originalmente na página I do Poder Executivo I e II do Diário Oficial do Estado de SP do dia 06/11/2003. (PDF)