Vigilância eletrônica da Poli-USP monitora a Cidade Universitária

Até 2022, Projeto Smart Campus pretende abarcar todo o câmpus da zona oeste da capital; tecnologia pioneira ajuda a prevenir acidentes, monitorar atitudes suspeitas e deslocar rapidamente equipes de socorro

O Smart Campus, projeto executado pelo Departamento de Engenharia de Sistemas Eletrônicos da Escola Politécnica (Poli) da Universidade de São Paulo (USP), tem por meta seguir até 2022 instalando câmeras e sensores nas ruas e estacionamentos da Cidade Universitária, localizada na zona oeste da capital. Coordenada pelo pesquisador Sérgio Takeo Kofuji, a ação da Pró-Reitoria de Pesquisa na área de cidades inteligentes, pioneira no País, teve início em 2015, e propõe oferecer um ambiente mais seguro e assistivo.

Baseado em inteligência artificial, o Smart Campus usa do chamado aprendizado de máquina (Deep Learning) para reconhecer pessoas, veículos e diversos tipos de objetos, possibilitando, assim, identificar situações de risco e atitudes suspeitas. Segundo o professor Kofuji, físico e doutor em engenharia elétrica da Poli-USP, o sistema permite detalhar, por exemplo, o rosto de um indivíduo em uma multidão, informando, inclusive, as cores de suas roupas, se o mesmo carrega celular, mochila nas costas, etc.

O projeto da Poli-USP é realizado em parceria com a multinacional Huawei. Todo ano, a empresa chinesa aporta R$ 2 milhões e esse recurso é direcionado para comprar equipamentos e financiar a formação de profissionais. Em contrapartida, o grupo investidor terá direito a receber royalties de eventuais patentes de projetos decorrentes surgidos no âmbito do Smart Campus até o fim do contrato firmado com a universidade, previsto para 2022.

Privacidade

O Smart Campus visa a aumentar, gradativamente, a vigilância e a sensação de segurança para uma população flutuante estimada em mais de 50 mil pessoas, de modo menos ostensivo e invasivo. Assim, lança mão da tecnologia para proteger a comunidade acadêmica e mais, ciclistas, corredores e moradores da região, além de outros grupos presentes cotidianamente nas imediações e vias do entorno da Cidade Universitária.

“Uma das apostas será diminuir acidentes com os pedestres, pois os locais com mais ocorrências passam a ser monitorados, assim como a velocidade dos veículos”, observa Kofuji, destacando o fato de a privacidade ser um dos pilares fundamentais do projeto. “Toda a concepção do Smart Campus foi elaborada em conjunto com a Faculdade de Direito da USP, de modo a não expor ninguém e respeitar à risca direitos humanos e individuais”, ressalta.

“Por outro lado, o sistema foi projetado de modo a permitir ajudar um paciente com doença crônica, como, por exemplo, uma pessoa com asma. Basta ela solicitar a ajuda formalmente”, informa. “Assim, quando o mesmo é identificado pelo sistema, de acordo com o modo como caminha, é possível solicitar auxílio rapidamente caso seja identificada qualquer alteração no padrão de seus passos nas imagens”, destaca Kofuji.

Conectividade

De acordo com o cientista da computação Anderson Alves da Silva, pós-doutorando também comprometido com o projeto, a Internet das Coisas (conexão integrada de dispositivos) e a inviolabilidade dos dados coletados são outras duas questões-chave presentes no Smart Campus. Além das câmeras, o sistema de informática é alimentado por diversos conjuntos de sensores de temperatura, altura, peso e iluminação, entre outros.

“Todos os pontos do Smart Campus são interconectados e a inviolabilidade dessas ligações é uma preocupação permanente. Assim, para proteger as informações e conexões da rede contra hackers e invasores, usamos chaves digitais de criptografia e todos os dados são armazenados na nuvem de computação da USP”, explica Silva.

Cidades inteligentes

De acordo com o professor Silva, a maioria dos sensores está instalada em áreas externas do câmpus, mas alguns deles também ficam em ambientes internos do Living Lab. “Trabalhamos nesse Laboratório da Poli-USP onde iniciamos o projeto piloto do Smart Campus”, revela. Ao seu lado, o pesquisador Stelvio Ignácio Barboza destacou uma apresentação recente do projeto, realizada no dia 12 de julho.

Nessa oportunidade, informou Barboza, foi assinado acordo de intenções entre a diretoria da Poli-USP com a Prefeitura de Joinville (SC), para a realização de pesquisas na área de cidades inteligentes. Outro destaque nessa área é o campo permanente de provas mantido pelo Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro) em Xerém (RJ). “Esse centro mantém intercâmbio permanente de troca de informações sobre pesquisas com cidades inteligentes com a Poli-USP”, conclui o pesquisador.

Rogério Mascia Silveira
Imprensa Oficial – Conteúdo Editorial

Reportagem publicada originalmente na página I do Poder Executivo I e II do Diário Oficial do Estado de SP do dia 31/08/2017. (PDF)

12º Sabor da Colheita celebra o Dia Nacional do Café

Aberto à população e com representantes de toda a cadeia produtiva, evento realizado no Instituto Biológico, na capital, marca o início da safra 2017

O Instituto Biológico (IB), vinculado à Secretaria Estadual de Agricultura e Abastecimento (SAA), recebeu a população na manhã de ontem, em sua sede, na Vila Mariana, zona sul da capital, para o 12º Sabor da Colheita.

O evento simbólico comemorou o Dia Nacional do Café (24 de maio) e marcou o início da colheita do grão no Estado de São Paulo, uma das principais riquezas agrícolas paulistas. Além do público, compareceram representantes de órgãos estaduais, municipais e de empresas da cadeia produtiva e do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae).

A maioria dos presentes, moradores da metrópole, teve a oportunidade de degustar broa de milho e canjica e vivenciar um pouco do dia a dia das fazendas do interior. As pessoas puderam conhecer e colher grãos maduros no cafezal do IB, um dos maiores cultivados em área urbana do País.

A safra orgânica do IB tem origem nos 2 mil pés de café arábica das variedades Mundo Novo e Catuaí, também presentes em 90% do parque cafeeiro brasileiro e desenvolvidas pelo Instituto Agronômico de Campinas (IAC-Apta), órgão também vinculado à SAA.

Colaboração

De acordo com a pesquisadora do IB, Harumi Hojo, essa plantação teve início na década de 1950 e destinava-se a oferecer material para o estudo do controle de pragas. “Hoje, tem função educacional, histórica e cultural e serve como exemplo de demonstração de princípios das boas práticas agrícolas”, explica.

“Em média, cada safra rende uma tonelada, parte desse total é encaminhado ao Fundo Social de Solidariedade do Estado (Fussesp), para ser doado a entidades assistenciais. No ano passado, repassamos 82 quilos de café arábica”, lembra.

No evento, o agrônomo Celso Vegro, pesquisador do Instituto de Economia Agrícola (IEA), também da SAA, foi homenageado com uma placa, em reconhecimento ao sucesso obtido com o plantio de 500 mudas em um terreno montanhoso do cafezal do IB, cujos primeiros grãos foram colhidos ontem. “Comprovamos, na prática, essa possibilidade”, disse Vegro.

Segundo ele, hoje, 35% do consumo nacional de café ocorre no Estado e 85% das exportações nacionais são escoadas pelo Porto de Santos. São Paulo tem 200 mil hectares cultivados para produção comercial em 16 mil propriedades – 80% delas têm perfil familiar. O Estado é o segundo maior produtor nacional, com 4,5 a 6 milhões de sacas anuais.

Resgate

No cafezal do IB, um dos grupos mais entusiasmados era formado por 24 aposentadas do Centro de Convivência da Melhor Idade (CCMI), de Diadema. Quase todas ex-agricultoras e moradoras do Jardim Eldorado, elas participam pela quarta vez do Sabor da Colheita.

Uma das líderes do grupo, a mineira da cidade de São Geraldo, Cecília de Pauli, 77 anos, conta que a maioria delas trabalhou no campo antes de emigrar para São Paulo. “Até os 17 anos, fui boia-fria em lavouras de arroz e café. Era um tempo gostoso, de fartura. Dá muita saudade, todo ano espero esse evento”, revela Cecília.

Crescimento

A poucos metros dali, o diretor-executivo da Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic), Nathan Herszkowicz, plantava mais um pé no histórico cafezal do IB. Entusiasmado com a repercussão do evento, destacava dados recentes, como o fato de o Brasil ser o maior produtor mundial e exportador de grãos e de café solúvel. No período 2017/2018, estima-se safra de 47 milhões de sacas, seguido pelo Vietnã, com 27 milhões de sacas.

“Com investimento contínuo em tecnologia, derrubamos nas duas últimas décadas o mito do grão colombiano ter qualidade superior ao nosso. No ano passado, as exportações nacionais somaram US$ 5,8 bilhões”, revela o dirigente.

Segundo ele, no mercado interno o café está presente na despensa de 98% dos lares brasileiros e seu consumo supera o de bebidas com maior apelo comercial e publicitário, como cerveja, cachaça e refrigerante. Em média, cada brasileiro bebe 84 litros de café por ano e o consumo segue em crescimento.

“Aliar volume de produção com qualidade e sustentabilidade é o diferencial do café brasileiro”, ressalta. “Outros passos importantes são o monitoramento e os processos de certificação realizados pela Abic com mais de 180 marcas de café gourmet”, conclui.

90 anos

Segundo o diretor-geral do IB, Antônio Batista Filho, esta edição do Sabor da Colheita integra as festividades dos 90 anos de criação do instituto – o aniversário será celebrado no dia 7 de novembro.

Entre outras atividades, ele destaca os serviços do IB como referência nacional em pesquisa e prestação de serviços em sanidade animal e vegetal, com acreditação pelo Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro) na norma ISO 17025, relacionada à qualidade. Seus laboratórios processam mais de 200 mil pedidos de diagnósticos anuais de pragas e doenças vindos de todo o País.

“A próxima celebração será domingo, 28, com a instalação do chamado corredor verde para polinizadores, isto é, o plantio de 18 árvores e arbustos com orientação de especialistas e participação da comunidade”, informa. Agendada para as 9 horas, essa atividade ocupará aproximadamente 530 metros lineares, nos arredores do IB. Sua meta é criar um espaço seguro e adequado para agentes polinizadores, como, por exemplo, as abelhas melíferas, essenciais à produção de alimentos.

Rogério Mascia Silveira
Imprensa Oficial – Conteúdo Editorial

Reportagem publicada originalmente na página I do Poder Executivo I e II do Diário Oficial do Estado de SP do dia 25/05/2017. (PDF)

Instituto de Pesos e Medidas celebra 50 anos de olho no futuro

Para comemorar o cinquentenário, inauguração de laboratório, selo postal alusivo e exposição do acervo histórico; missão do Ipem-SP é orientar o cidadão nas relações de consumo, zelar pela concorrência leal e dar apoio a empresas

O Instituto de Pesos e Medidas do Estado de São Paulo (Ipem-SP) celebrou, ontem, 24, o 50º aniversário de fundação. O jubileu de ouro foi comemorado com solenidade realizada no auditório Espaço da Cidadania André Franco Montoro, no Pátio do Colégio, sede da Secretaria Estadual da Justiça e da Defesa da Cidadania, no centro da capital. Além de servidores do instituto, houve a participação de autoridades estaduais, representantes do Ipem de outros Estados e da diretoria do Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro).

Durante o evento foi lançada a exposição do acervo histórico do Ipem-SP, no saguão da secretaria, cuja visitação gratuita pode ser realizada das 10 às 16 horas. Peças antigas, como balanças, taxímetros, pesos, bombas de combustíveis, podem ser apreciadas até o dia 23 de maio. Na solenidade também foram apresentados ao público o selo e o carimbo postais comemorativos do cinquentenário e inaugurado, na sede do instituto, localizada na Rua Santa Cruz 1.922, zona sul de São Paulo, o Laboratório de Desenvolvimento de Tecnologias Anti fraude (Labdata), especializado em descobrir irregularidades digitais.

Segundo o presidente do Inmetro, Carlos Augusto de Azevedo, o Ipem paulista é referência para seus pares da Federação e uma instituição essencial ao fortalecimento do mercado interno e das exportações. “O trabalho dos institutos de pesos e medidas segue padrões internacionais de metrologia e de acreditação. Assim, sua atuação auxilia a coibir fraudes, cujos prejuízos são atualmente estimados pelo governo federal em R$ 100 bilhões anuais”, informa.

O superintendente do Ipem-SP, Guaracy Fontes Monteiro Filho, comentou que o maior valor do instituto continua sendo seus funcionários, “quadros formados internamente, cuja qualificação técnica e dedicação profissional possibilitaram a chegada da instituição ao seu jubileu de ouro”.

Homenagens

Durante um mês, na agência dos Correios do Ipiranga, zona sul, serão usados o carimbo e o selo postal do jubileu de ouro do Ipem-SP. Depois, eles serão incorporados ao acervo do Museu Nacional dos Correios, em Brasília (DF). Ambos são criação do especialista em metrologia e qualidade Pedro Montini, 65 anos de idade.

O profissional ingressou no Ipem em 1982. Durante dez anos atuou como fiscal, depois, recebeu convite da direção para criar a área de comunicação do instituto, uma necessidade na época para “atender à imprensa e orientar empresas e cidadãos”, recorda.

Em 1996, Montini ajudou a desenvolver o logotipo e o site do instituto; como designer, também colaborou com a produção das cartilhas de orientação aos consumidores, disponíveis para cópia gratuita no site do órgão (ver serviço). “O desenho do selo e do carimbo postal é o prolongamento da bandeira de São Paulo com o logotipo do Ipem. Transmitem o conceito de pertencimento e de continuidade do instituto como patrimônio e símbolo da sociedade paulista e brasileira”, explica.

Atividade

Aos 69 anos de idade, Hugo de Aquino Júnior é um dos mais antigos funcionários em atividade na instituição. Lotado na Regional Oeste, no bairro do Butantã, capital, ingressou no instituto em julho de 1971. Técnico em química, durante sete anos fez análises laboratoriais de produtos de postos de combustíveis e de terminais de gás, no âmbito do convênio do Ipem-SP com a Agência Nacional do Petróleo (ANP). Nesse período, para aprimorar conhecimentos, estagiou na Usina Presidente Bernardes, em Cubatão, e no Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), vinculado à Secretaria Estadual de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação.

A convite do então superintendente Ivo Alpiste (1968-1976), começou a participar de ações de fiscalização de rua – e nunca mais parou. Uma das operações na qual atua é a denominada Olhos de Lince. Realizada em postos de combustíveis, avalia as condições das bombas e as medidas de volume comercializado, visando a combater fraudes na quantidade vendida, irregularidade lesiva ao comprador e ao fisco.

“A meta é garantir que o consumidor leve o volume exato de produto pelo qual pagou”, esclarece. Passados 46 anos, ele nem pensa em se aposentar. Casado e pai de duas filhas, foi homenageado com uma placa na solenidade. “O Ipem-SP é minha casa, cresci profissionalmente aqui e ainda tenho muito para aprender e colaborar”, diz.


História e padronização

Em 1862, por decisão do imperador Dom Pedro II, o Brasil adotou oficialmente o Sistema Métrico Decimal, a partir da Lei n° 1.157, publicada em 26 de junho daquele ano. Assim, o País aboliu diversos padrões de medição usados na era colonial e padronizou em seu território o chamado sistema métrico francês.

Essa decisão facilitou o comércio interno e externo, coibiu fraudes e substituiu, definitivamente, medidas imprecisas, como palmo, pé e polegada, por outras usadas até hoje (metro, litro e quilograma) e adotadas no Sistema Internacional de Unidades (SI), baseado em unidades e sucessor do Sistema Métrico Decimal.

Em meados da década de 1930, com a industrialização, a questão metrológica foi retomada; no plano estadual foi criado o IPT, na época com uma seção de metrologia exclusiva. Em fevereiro de 1967, o governo federal instituiu, com o Decreto-lei nº 240, uma política metrológica de âmbito nacional e definiu sua gestão ao Instituto Nacional de Pesos e Medidas (INPM), o antecessor do atual Inmetro, criado em 1973.

Descentralização

Essa legislação previa a criação de órgãos estaduais delegados do INPM para realizar serviços técnico-administrativos de pesos e medidas. Assim, para cumprir a determinação, o então governador de São Paulo, Roberto de Abreu Sodré, criou, por meio do Decreto estadual nº 47.927/1967, o Ipem-SP.

Em 1995, com a Lei estadual nº 9.286, o Ipem-SP foi transformado em autarquia vinculada à Secretaria Estadual da Justiça e da Defesa da Cidadania. Mediante convênio firmado com o Inmetro, executa serviços de proteção ao cidadão em suas relações de consumo. Assim, verifica e fiscaliza instrumentos de medição e de medidas materializadas; de produtos pré-medidos; de têxteis; de itens com certificação compulsória; de veículos transportadores de materiais perigosos; e de GLP fracionado.

No Estado, o Ipem-SP tem 700 funcionários e dispõe atualmente de sede administrativa na capital, 14 Delegacias de Ação Regional no interior, oito laboratórios para verificação de produtos pré-medidos, quatro postos fixos para verificação volumétrica de caminhões-tanque; e posto fixo para verificação volumétrica de vagão-tanque. Oferece, também na capital, posto fixo para verificação de taxímetros e um centro tecnológico para prestar serviços de calibração de padrões metrológicos e de instrumentos de medição.

Serviço

Ipem-SP
Cartilhas de orientação ao consumidor

Rogério Mascia Silveira
Imprensa Oficial – Conteúdo Editorial

Reportagem publicada originalmente na página IV do Poder Executivo I e II do Diário Oficial do Estado de SP do dia 25/04/2017. (PDF)