Governo estadual cria canal exclusivo para promover a inovação na internet

Rede iGovSP usa ferramentas da Web 2.0 para integrar funcionários, compartilhar experiências bem-sucedidas e aprimorar gestão pública

Aproveitar o potencial de produção colaborativa da Web 2.0 para divulgar e reproduzir boas práticas de gestão na administração pública. Esta é a proposta do Grupo de Apoio Técnico à Inovação (Gati), equipe da Secretaria Estadual de Gestão Pública responsável pelo lançamento na internet do portal da Rede Paulista de Inovação em Governo.

Conhecida como Rede iGovSP, o site foi projetado para ser um espaço permanente de debates para os 700 mil funcionários públicos paulistas. Adota como estratégia dar visibilidade e incentivar o protagonismo do servidor, em especial dos que sugerem e executam ações localizadas e bem-sucedidas em seu ambiente de trabalho.

A proposta da Rede iGovSP é se integrar aos muitos serviços existentes na internet que produzem conhecimento de modo colaborativo, como a Wikipedia e o YouTube. Para isso, usa as ferramentas sociais da Web 2.0: blog, wiki (documento produzido coletivamente), comunidade virtual, fóruns de discussão e as SMS, sigla que identifica as Short Message Service, mensagens de texto recebidas no celular.

O portal iGovSP traz notícias nos formatos de texto, podcast (arquivo de áudio) e vídeo. Um dos destaques é a comunidade virtual nósGov, que tem uso parecido com o do Orkut e permite ao participante postar imagens e vídeos pelo celular.

Todos os serviços oferecidos são gratuitos e tutoriais passo-a-passo ajudam o usuário iniciante a se familiarizar rapidamente com as ferramentas. A maioria das lições são transmitidas em vídeos curtos e ensinam tarefas simples, como criar um blog e postar comentários e fotos; produzir, editar e publicar vídeos e podcasts na internet; estruturar um wiki (documento colaborativo); fazer um perfil e interagir em comunidades virtuais e listas de discussões.

Inteligência coletiva

Roberto Agune, coordenador do Gati, aposta no compartilhamento de informações e na criação coletiva do saber “como um meio para inovar, desburocratizar e aprimorar a gestão pública”. Segundo ele, o funcionário detém o conhecimento dos processos internos e dos serviços prestados pelo Estado. E, ao longo de sua carreira, encontra respostas para problemas pontuais e recorrentes que podem ser reaproveitadas.

“A meta é preservar e disseminar este saber acumulado, muitas vezes perdido com a aposentadoria de servidores. A ideia é aproveitar este conhecimento para fortalecer o aprendizado e facilitar o trabalho das futuras gerações. E, em paralelo, incentivar órgãos, repartições e secretarias a identificar, planejar e executar ações neste sentido”, explica Agune.

Sem custos

A Rede iGovSP é uma ação estadual pioneira no País que integra a Política de Gestão do Conhecimento e Inovação, proposta regulamentada pelo Decreto nº 53.963, publicado no Diário Oficial de 22 de janeiro. O trabalho é uma continuidade do Programa de Desenvolvimento Gerencial (PDG), instituído em 2004, que capacitou dez mil gerentes públicos. Promove, desde 2006, ciclos de palestras e oficinas de criatividade para os servidores estaduais.

Mais da metade dos servidores paulistas têm curso universitário e 25% deles pós-graduação em conclusão ou em andamento. “É um capital humano bem-formado, que deve evoluir ainda mais por agora dispor de um ambiente próprio para compartilhar informações”, prevê José Antônio Carlos, consultor do Gati.

“Há muitas oportunidades para inovar em serviços públicos estaduais, como escolas, hospitais e presídios”, aponta Álvaro Gregório, também integrante do Gati. Como exemplo, cita a própria Rede iGovSP, construída sem custos por usar ferramentas de uso gratuito (open-source) disponíveis na internet, que também são as mais populares.


Inovação e eficiência no celular

Exemplo de uso inovador e eficiente da tecnologia foi uma experiência-piloto realizada no final de 2008 pela Secretaria Estadual de Gestão Pública. Participaram o Gati, a Companhia de Processamento de Dados do Estado (Prodesp), as operadoras de telefonia móvel e o Instituto do Coração (InCor) do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP.

No teste, dois dias antes de consultas e exames, cada paciente recebeu no celular mensagem de texto lembrando-o do compromisso agendado. A medida diminuiu atrasos e ausências em 17%.

A experiência com a telefonia móvel foi também testada em outros programas e secretarias de Estado. No Poupatempo foi usada para agendar a retirada de segunda via de documentos. No site Emprega São Paulo, o trabalhador cadastrado recebeu no display do aparelho um lembrete na véspera de entrevistas e de compromissos ligados à sua recolocação profissional.

Cada mensagem de texto custa R$ 0,09 e o preço cai quando cresce o volume de destinatários. Na avaliação do Gati, o prejuízo ao Estado causado pela perda de compromissos é maior que o gasto com o envio das mensagens. E a experiência inovadora pode ser adaptada às necessidades de outras localidades na área da gestão pública.

Serviço

Mais informações, acesse a Rede iGovSP.

Rogério Mascia Silveira
Da Agência Imprensa Oficial

Reportagem publicada originalmente na página I do Poder Executivo I e II do Diário Oficial do Estado de SP do dia 02/03/2009. (PDF)

Semáforo criado pela USP poupa energia e funciona até 90 minutos em blecautes

Centro emprega diodos emissores de luz (LEDs) em mais de 40 projetos nas áreas de sinalização, iluminação e saúde

Desenvolver um semáforo capaz de poupar energia, refletir a luz com mais eficiência e funcionar até uma hora e meia em caso de interrupção no fornecimento de energia elétrica.

Estes foram os desafios impostos a um grupo de cientistas do Centro de Pesquisa em Óptica e Fotônica de São Carlos (CePOF) da Universidade de São Paulo de São Carlos, unidade responsável por mais de 40 projetos com os diodos emissores de luz de alto brilho, denominados Light Emitting Diodes (LEDs).

O novo semáforo foi batizado de blackout e usa como fontes de luz quatro LEDs no espaço correspondente a cada uma das três lâmpadas incandescentes tradicionais.

Além de funcionar até 90 minutos em caso de falta de energia, a tecnologia tornou o equipamento mais leve que o convencional. E cumpriu também a meta de economia: o consumo de energia é 15% menor. Sua instalação é simplificada e o desenho geométrico das lentes plásticas aproveita toda a intensidade do fenômeno físico da refração.

A pesquisa começou em 2006 e teve a parceria da Meng, empresa privada que atua no campo da sinalização. A firma já fabricou mais de dez mil unidades do semáforo e unidades do blackout já estão funcionando em Guarulhos e na capital. O físico Vanderlei Bagnato, pesquisador do CePOF responsável pelo projeto, explica que o desenvolvimento da aplicação foi rápido, em menos de um ano.

Idéias luminosas

O blackout tem vida útil média de 20 mil horas. O físico afirma que ele é mais barato que o semáforo convencional mais simples, orçado em R$ 30 mil (com o poste) e com manutenção anual de R$ 5 mil. Sublinha, entretanto, o fato de o conjunto de LEDs consumir somente um megawatt por hora, ante os 100 megawatts exigidos por somente uma das quatro lâmpadas incandescentes do modelo convencional.

“No Brasil, a maioria das cidades têm sinalização insatisfatória, um risco para pedestres e veículos. O custo menor do blackout pode ajudar as prefeituras a adquirir mais equipamentos e melhorar o trânsito nos cruzamentos mais perigosos. Por funcionar com baterias acopladas, previne situações perigosas em metrópoles como São Paulo, quando a chuva forte derruba postes e interrompe o fornecimento de energia”, explica o pesquisador.

Embora empregue LEDs em suas aplicações, o CePOF não os produz. A maioria é importada e somente uma empresa brasileira os fabrica no País. Esta tecnologia vem sendo aprimorada desde a sua descoberta, nos anos 1960. “Essa fonte luminosa já não está presente apenas nos painéis eletrônicos de TVs”, observa.

Ameaça de apagão

Vanderlei Bagnato afirma que o País não mantém investimento em geração de energia elétrica capaz de acompanhar o atual ritmo de crescimento da economia.

“Se a tendência atual da economia for mantida, em até dez anos o déficit será de 30% – e surge a ameaça de um novo apagão, como o ocorrido em 2001. O uso de LEDs é bastante eficiente neste sentido. Consegue converter até 80% da eletricidade em luz, sendo que a lâmpada incandescente aproveita apenas 20% do recurso”, explica.

O próximo passo é repassar a inovação utilizada no semáforo para a iluminação residencial e urbana. Integrar equipamentos como painel eletrônico, celular, TV, farol de carros e brake-light (luz traseira interna). Ao contrário da lâmpada incandescente, que é monocromática, o LED consegue mudar de cor, intensidade e distribuição.

“Abre, assim, inúmeras possibilidades de uso científico, industrial e de bens de consumo. Na área médica, por exemplo, o CePOF está finalizando dispositivos capazes de combater a psoríase e o papilomavírus humano (HPV) genital ou anal, vírus que causa verrugas visíveis ou microscópicas.”

O tratamento de alguns tipos de câncer é um dos pontos principais das pesquisas. Estes projetos são desenvolvidos pela empresa em parceria com a Faculdade de Medicina da USP de Ribeirão Preto (FMRP-USP), o Instituto do Coração (InCor), o Hospital Amaral Carvalho, de Jaú e o laboratório farmacêutico ESM-Sigma-Pharma, de Hortolândia, entre outros.

Os futuros equipamentos serão capazes de detectar e matar células de tumores, em cânceres de boca, pele, mama e colo de útero.

“Para funcionar, requer que o paciente engula uma substância especial, que fará com que a luz emitida pelos aparelhos ataque somente as células tumorais. Evita assim um conhecido efeito colateral e indesejado da radioterapia, terapia carcinogênica tradicional, que ao ser executada mata também tecidos saudáveis do organismo”, finaliza.


Serviços para a sociedade

O CePOF tem 70 pesquisadores fixos e mais 50 cientistas eventuais e associados. Funciona ancorado sobre três pilares básicos. O primeiro é o investimento em pesquisa básica unido ao esforço coletivo para formar pessoal capaz de gerar conhecimento; o segundo diz respeito à inovação tecnológica, com a aplicação do saber produzido; e o terceiro, é a tarefa de promover a difusão científica.

A natureza do trabalho do CePOF é multidisciplinar. Por seus laboratórios transitam engenheiros, biólogos, dentistas e fisioterapeutas, entre outros profissionais. Além dos LEDs, há estudos em áreas como o relógio atômico, fibras ópticas, espectroscopia do átomo, lasers e análise de propriedades ópticas de diversos materiais.

A inovação desenvolvida pelo CePOF é produzida pelo Laboratório de Apoio Tecnológico (LAT) do Centro. A missão dele, segundo Vanderlei Bagnato, é converter o conhecimento produzido para a sociedade em produtos e serviços.

“Privilegiamos estudos com tecnologia renovável, segura para o uso humano e sustentável. Na próxima década, a principal preocupação será preservar o meio ambiente e poupar energia”, prevê.

Rogério Mascia Silveira
Da Agência Imprensa Oficial

Reportagem publicada originalmente na página I do Poder Executivo I e II do Diário Oficial do Estado de SP do dia 04/10/2007. (PDF)

Informatização do Incor racionaliza serviços e recebe prêmio Gestão SP

Sistema elimina fichas em papel, controla entrega de remédios para pacientes nos leitos e auxilia a combater infecção hospitalar

O sistema de gestão desenvolvido pela equipe de informática do Instituto do Coração (Incor) modernizou a administração hospitalar, reavaliou processos internos e trouxe mais segurança para médicos, pacientes, funcionários e instalações. A evolução na prestação de serviços é resultado de uma filosofia de trabalho que privilegia a tecnologia desde a fundação do Instituto, no final dos anos 70.

O sistema foi um dos oito serviços públicos contemplados com o Prêmio Gestão SP – Inovação na Gestão Pública no Estado. O troféu Mário Covas, concedido na categoria Uso das Tecnologias da Informação e Comunicação, foi entregue dia 22 de novembro, em solenidade realizada na Sala São Paulo, capital.

A equipe de informática é liderada pelo engenheiro eletrônico Marco Antonio Gutierrez, que comanda um grupo de 38 profissionais. “Após sua criação, o Incor importou dos Estados Unidos sistemas para controle de laboratórios e procedimentos de cateterismo e hemodinâmica. Assim, na época a Central de Informática já nasceu com a missão de gerenciar os equipamentos”, explica.

Os módulos do sistema já instalados facilitaram a logística – interna e externa – e automatizaram tarefas como administração de leitos, agendamento de consultas, cadastro de pacientes, atendimento de ordens médicas, diário de enfermagem e de procedimentos. “Uma das novidades, é poder visualizar exames com imagens tridimensionais pelo computador. Assim o profissional consegue acompanhar a evolução do estado dos pacientes internados nas outras unidades do Incor, como o Hospital Auxiliar de Cotoxó, que fica em outro bairro”, informa.

Segurança reforçada

A segurança no atendimento também aumentou. Desde a chegada na recepção, o usuário é identificado eletronicamente, por meio de código de barras. “A leitura óptica praticamente elimina o risco de enganos na entrega de prescrições e garante que o paciente vai conseguir ler corretamente o nome do remédio. E o volume de pacientes em trânsito é grande: todos os meses, são realizadas em média 1,2 mil internações e concedidas 1,2 mil altas médicas”, explica Gutierrez.

Papéis estão sendo progressivamente substituídos. Antes, só havia uma cópia impressa do prontuário de cada usuário. Se um especialista precisasse dele, impossibilitaria outro de retirá-lo no mesmo horário. “Outra vantagem é armazenar digitalmente o histórico do doente. Além de ocupar bem menos espaço físico, se um ex-paciente sofrer novas complicações, o atendimento de emergência é mais abrangente: a equipe médica consegue informação em poucos segundos sobre eventuais restrições, como alergia a alguma substância”, acrescenta.

A privacidade das informações está assegurada. Para isso, o sistema utiliza chaves de criptografia e os administradores estabelecem permissões de acesso diferenciadas para cada perfil de usuário. “Recepcionistas têm acesso a dados cadastrais. Médicos podem enxergar o histórico de saúde; o departamento financeiro verifica se há pendências e assim por diante”.

Diariamente, o sistema é programado para fazer cópias de segurança de todos os dados. “Temos um robô, que guarda e localiza rapidamente em fitas magnéticas, todas as informações”, explica.

Recursos tecnológicos

O Incor dispõe de mil computadores (terminais), 50 servidores para rodar as aplicações e a rede utiliza sistema operacional de uso livre. “A adoção do Linux (ambiente operacional do computador) representou economia no momento de comprar programas. Trouxe mais desempenho e segurança”, analisa.

O chefe de informática explica que os usuários sempre esperam por soluções instantâneas da informática. Ele conta que foi preciso criar uma nova cultura dentro da organização. “Na realidade, parte fundamental do trabalho foi rever todos os processos internos e externos do Incor. A partir desse estudo aprofundado, concebemos o sistema, que está em constante atualização para melhorias”.

Gutierrez explica que a preocupação com a veracidade da informação é permanente. “A base de dados do sistema do Incor tem 800 mil pacientes cadastrados e é utilizada para o ensino e a pesquisa acadêmica. Assim, para evitar distorções nos resultados, o sistema tem de ser confiável”, enfatiza.

O sistema registra no estoque de medicamentos do Incor quando algum medicamento foi utilizado e avisa automaticamente quando é necessário fazer reposição. O atendimento também ajuda a combater infecções hospitalares e informa quais leitos já foram desinfetados e estão prontos para novas ocupações.

Rede sem fio

Fábio Pires, diretor de sistemas do Incor conta que no interior do prédio, há uma rede interna sem fios, que permite a qualquer usuário com notebook acessar a internet e sistemas internos, desde que autorizado. O prêmio recebido foi um grande incentivo e ele destaca o “apoio fundamental de parceiros como a Fapesp, Finep, CNPq, Capes e outros órgãos de fomento à pesquisa”, diz Pires.

José Antônio Ramos Neto, diretor da unidade de internação do Incor, aprova a informatização. “Como um diamante bruto, ainda estamos lapidando o sistema. Mas a implantação já permitiu reduzir em 80% o uso e impressão de papéis internos. Além disso, a reavaliação de processos possibilitou remanejar dois profissionais para outras áreas, que estavam carentes de mão-de-obra”, finaliza.

Rogério Mascia Silveira
Da Agência Imprensa Oficial

Reportagem publicada originalmente na página I do Poder Executivo I e II do Diário Oficial do Estado de SP do dia 04/12/2004. (PDF)