Sistema utiliza pressão da água de torneira para gerar energia

Criado na Fatec São Carlos, dispositivo de baixo custo permite carregar um telefone celular, acender lâmpada de LED ou acumular eletricidade em uma bateria

Inspirado no funcionamento de usinas hidrelétricas, o sistema de baixo custo criado na Faculdade de Tecnologia do Estado (Fatec) de São Carlos permite gerar energia elétrica em uma torneira de residência ao utilizar a pressão existente na água vinda da rua. Batizado de Energia Líquida, o dispositivo permite suprir necessidades cotidianas de baixo consumo energético, como carregar um telefone celular ou acender uma lâmpada de diodo emissor de luz (LED).

Sob orientação do professor Alfredo Colenci Neto, o sistema foi desenvolvido por Angelo Nannini Neto, universitário do quarto semestre do curso de Gestão Empresarial. O estudante pretende apresentá-lo como seu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) no final do ano que vem, porém sua viabilidade já rendeu notoriedade: o projeto ficou entre os 15 finalistas do 3º Desafio Inova Paula Souza de Ideias e Negócios (2015/2016).

Requisitos

“A proposta é oferecer uma fonte adicional de energia elétrica, em especial em locais sujeitos a blecautes frequentes, principalmente zonas rurais e periferias”, revela o universitário. Segundo Nannini Neto, a única exigência para o dispositivo funcionar é que a casa ou o apartamento tenha pressão mínima de 6 metros por coluna de água (m.c.a.) em seus encanamentos.

O passo seguinte é a instalação do equipamento em cada uma das saídas de água da residência, isto é, acoplá-lo às torneiras ou ao chuveiro da residência. Assim, sempre que alguém for escovar os dentes, usar o vaso sanitário, lavar roupa ou louça ou tomar banho, o sistema irá gerar eletricidade.

Bateria

O universitário, de 52 anos, construiu o protótipo com pedaços de poliacetal – tipo de plástico que pode ser usinado (moldado). O dispositivo projetado consiste de um cilindro dotado de uma espécie de turbina em seu interior. Com a pressão da água, essa peça gira e transfere a energia produzida a um gerador, para a obtenção de eletricidade.

O equipamento é capaz de armazenar energia em uma bateria – essa experiência também foi testada pelo universitário com sucesso. Para isso, a corrente elétrica produzida precisa ser retificada, ou seja, um circuito eletrônico incorporado ao dispositivo faz a adaptação da corrente para a tensão adequada à acumulação de eletricidade.

Futuro

Agora, o criador do sistema pretende recorrer à Agência de Inovação do Centro Paula Souza (Inova) para patentear a sua metodologia. Ele considera a possibilidade de empreender e montar um negócio com base na produção do dispositivo. Outra opção é repassar a tecnologia a algum investidor ou empresa interessada.

“O protótipo custou R$ 100, porém, a produção em escala industrial pode reduzir esse custo para até R$ 30. Assim, seria possível revender o Energia Líquida por cerca de R$ 60 – valor acessível à maioria dos consumidores”, acredita.

Empreender

O Desafio Inova Paula Souza de Ideias e Negócios tem por objetivo destacar projetos de base tecnológica criados por alunos de Escolas Técnicas Estaduais (Etecs) e Fatecs com potencial para originar novas empresas e serviços. Na seleção dos trabalhos acadêmicos, os critérios considerados são inovação, possibilidade de oferecer resposta a um problema existente na sociedade, viabilidade comercial e competitividade.

Aproximadamente 3 mil estudantes participaram da edição 2015/2016 do concurso estadual. A avaliação dos trabalhos foi delegada a um júri formado por professores de diferentes áreas, empresários e investidores. Foram selecionados 15 projetos para a fase final, sendo o Energia Líquida um dos finalistas. O nome dos três vencedores foi divulgado em solenidade realizada dia 24 de junho, no Centro de Capacitação do Centro Paula Souza, na capital.

ABC campeão

Nessa terceira edição do evento, o trio de campeões origina-se de Etecs e Fatecs da região do ABC. O primeiro lugar coube ao Detect 3, dispositivo criado na Etec Santo André para prevenir explosões e acidentes causados por gás de cozinha.

A segunda colocação foi obtida pela Cadeira Infantil Veicular Inteligente (Civi), da Fatec Santo André. Também estruturada em sensores, alerta o motorista sobre criança esquecida no interior de carro e entra em operação quando o condutor desce do veículo e não desafivela o cinto de segurança da cadeirinha da criança ou quando a temperatura no interior do veículo se eleva. Um bicicletário automatizado desenvolvido na Fatec São Bernardo do Campo conquistou o terceiro lugar.

Inscrição

A edição 2016/2017 do Desafio está com inscrições abertas até o dia 31 de agosto. Para concorrer, os grupos de alunos interessados devem desenvolver um modelo de negócio com a ajuda de um professor mentor de um dos 15 polos regionais da Agência Inova Paula Souza no Estado. A inscrição no concurso e informações adicionais estão disponíveis no site da Agência (ver serviço).

Serviço

Agência Inova Paula Souza
Fatec São Carlos
Telefone (16) 3307-7545
Vídeo sobre o projeto pode ser visualizado em https://youtu.be/eRAflLMkm64

Rogério Mascia Silveira
Imprensa Oficial – Conteúdo Editorial

Reportagem publicada originalmente na página IV do Poder Executivo I e II do Diário Oficial do Estado de SP do dia 22/07/2016. (PDF)

Alunos da Etec Albert Einstein criam bicicleta magnética

Projeto apresenta alternativa sustentável para a questão do transporte nas grandes cidades; trabalho é um dos 15 finalistas do 3º Desafio Inova Paula Souza

Imagine uma bicicleta que permite ao ciclista se esforçar duas vezes menos e facilitar a subida de ladeiras e ruas íngremes, como as muitas existentes em São Paulo. Esse é o conceito da bike magnética – inovação que utiliza ímãs instalados nas rodas capazes de triplicar a força de tração a cada pedalada.

O protótipo da bicicleta é o trabalho de conclusão de curso (TCC) de três alunos do curso de Administração da Escola Técnica Estadual (Etec) Albert Einstein, localizada no bairro da Casa Verde, zona norte da capital. Sem poluir e com apelo sustentável, o projeto foi um dos finalistas na categoria Industrial da 9ª Feira Tecnológica do Centro Paula Souza (Feteps), realizada em outubro.

Agora, o projeto é um dos 15 finalistas do 3º Desafio Inova Paula Souza de Ideias e Negócios (ver tabela). Neste ano, o concurso anual do centro paulista de ensino tecnológico recebeu 3 mil trabalhos e sua premiação visa a estimular o espírito empreendedor e destacar pesquisas realizadas nas Etecs e Faculdades Estaduais de Tecnologia (Fatecs) com potencial para originar produtos e serviços.

A avaliação dos trabalhos é feita por um júri composto por profissionais e empresários de diferentes áreas. O anúncio dos campeões ocorrerá às 9 horas do dia 24 de maio, em solenidade no Centro de Capacitação do Centro Paula Souza, na Rua General Couto de Magalhães, 145, Santa Ifigênia, região central da capital.

Segredo industrial

A bicicleta magnética é fruto da criatividade e pesquisa na área de Física, em especial dos ensinamentos do cientista Isaac Newton (1643-1727), realizada pelo alunos Ingrid Santos, Kauana Meireles e Gabriel Souza. Desenvolvido na Etec ao longo do ano passado, o projeto foi orientado pela professora Maíra Cezaretto, mestra e coordenadora da área de Administração.

“O trabalho exigiu horas de estudo na biblioteca do Instituto de Física da Universidade de São Paulo (USP)”, relatam as estudantes Ingrid e Kauana. “Muitas ideias postas em prática vieram de conhecimentos na área de exatas do Gabriel Souza, ferramenteiro exímio, hoje universitário de Engenharia Civil”, destacam.

Além de reduzir o esforço do condutor, a bicicleta dispõe de sistema de tração auxiliar magnética sem eletricidade que tem por base as forças de atração e de repulsão presentes no conjunto. Do choque dessas duas correntes nasce a força circular, que permite ao condutor pedalar duas vezes menos.

Acessibilidade

Além do desejo de vencer o 3º Desafio, o grupo espera proposta de algum fabricante de bicicleta ou de empresa disposta a investir no aprimoramento da tecnologia – eventuais interessados devem procurar a direção da Etec (ver serviço). O protótipo desenvolvido custou R$ 350 e foi montado em uma bicicleta infantil, que teve sua viabilidade e eficiência comprovadas pelo primo de Souza, “piloto de provas” com 6 anos de idade, com peso e altura compatíveis com a da bike magnética.

“Diversos cálculos confirmaram a eficiência do sistema que tem como base os campos magnéticos”, revelam as ex-alunas. Segundo elas, o trabalho segue em desenvolvimento. As próximas metas são patentear a tecnologia e produzir a versão da bicicleta para adultos. “Outras possibilidades são adaptar a tecnologia com dispositivos direcionados à mobilidade e acessibilidade, como, por exemplo, cadeira de rodas”, explicam.

Pontuais

A repercussão obtida pelo trabalho foi uma surpresa para a professora Maíra. Ela conta que todo ano a Etec sugere um tema inédito e comum para os trabalhos de conclusão de curso, sempre buscando alternativas viáveis ante os desafios existentes na sociedade, considerando aspectos sociais, tecnológicos e financeiros. No ano passado, a proposta apresentada aos estudantes era buscar um meio de transporte, mesmo que conceitual, capaz de atenuar o problema do tempo perdido no trânsito das grandes cidades do Estado e do País.

A solução não poderia exigir grandes mudanças urbanísticas, como mudar mãos de direção de ruas ou abrir novas avenidas. Deveria ser segura, ou seja, não trazer risco à vida nem ao patrimônio público e privado e, ainda, ser de perfil ecológico, isto é, apresentar eficiência energética e aproveitar recursos disponíveis e de baixo custo.

Evolução

A princípio, o trio de estudantes idealizou um serviço de táxi baseado nas bicicletas, como o utilizado na China para transportar passageiros. No entanto, o peso do condutor, a pavimentação das ruas das cidades brasileiras e a existência de muitas subidas inviabilizaram a ideia, por questões de segurança. A inspiração seguinte foi a bicicleta elétrica, solução mista, que mescla o esforço humano com motor elétrico ou a combustão.

A ideia foi novamente descartada, contou a professora Maíra, pelo fato de o motor elétrico usar bateria e ela conter materiais pesados em sua composição. O potencial poluente também inviabilizou uma solução com motor a combustão. A criação da bicicleta magnética acabou sendo a evolução natural do trabalho.


Finalistas do 3º Desafio Inova Paula Souza

Projeto Etec/Fatec Cidade
Aplicativo mobile de aprendizado e gestão escolar através do uso da gamificação Etec Prof. Idio Zucchi Bebedouro
Sistema Inteligente de Reutilização de Água (SIRA) Fatec Itapetininga Itapetininga
Sistema GPA Fatec Jales Jales
Ecoo-Jahu – Tecnologia para medição de volumes de represas Fatec Jahu Jaú
O Apagaluz – Sistema de economia de energia Fatec Piracicaba Piracicaba
Economic Shower Etec Tenente Aviador Gustavo Klug Pirassununga
Detect4 – Detecção e prevenção contra explosão por vazamento em quatro etapas Etec Júlio de Mesquita Santo André
Cadeira infantil veicular inteligente Fatec Santo André Santo André
Célula de combustível auxiliar para carros Etec Aristóteles Ferreira Santos
Bicicletário Automatizado Fatec São Bernardo do Campo – Adib Moisés Dib São Bernardo do Campo
Energia Líquida – EL42U Fatec São Carlos São Carlos
Bicicleta magnética Etec Albert Einstein São Paulo
Rede de soluções em gestão e tecnologia Fatec Sertãozinho – Dep. Waldyr Alceu Trigo Sertãozinho
Produção de tinta com adição da borra de tinta Etec de Suzano Suzano
VivBem Fatec Taquaritinga Taquaritinga

Serviço

Etec Albert Einstein
E-mail e023dir@cps.sp.gov.br
Telefone (11) 3966-0503

Vídeo com a apresentação da bicicleta em https://goo.gl/je4qjw

Rogério Mascia Silveira
Imprensa Oficial – Conteúdo Editorial

Reportagem publicada originalmente na página IV do Poder Executivo I e II do Diário Oficial do Estado de SP do dia 03/05/2016. (PDF)