O trânsito na tela do celular

 Aplicativo que informa as condições do trânsito, criado por alunos do ICMC (USP de São Carlos), deve ser lançado até o fim de maio

Um aplicativo para informar, em tempo real, as condições de trânsito e a velocidade média de deslocamento nas vias da capital. Esse é o principal objetivo do tranSPlot, programa gratuito para computadores e celulares desenvolvido por um trio de alunos do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da USP São Carlos.

O aplicativo é uma criação dos universitários Giovanni Marques, Fabio Dela Antonio e José Eduardo Colabardini, além do técnico em informática Danilo Carolino. Em fase de finalização, seus criadores pretendem oferecê-lo para cópia gratuita (download), até o fim de maio, nas lojas Apple Store (para iPhone) e Google Play (para Android).

O tranSPlot opera combinando dados coletados em tempo real dos celulares dos próprios usuários com informações obtidas pela Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), que cuida do trânsito na capital, a partir de câmeras de monitoramento espalhadas pela cidade.

Maratona hacker

Batizada de Bad Request, a equipe da USP São Carlos disputou com outras 40 o título da 1ª Hackatona e conquistou o 3º lugar e um prêmio de R$ 5 mil com o projeto. Promovida pela CET, a competição de 28 horas ininterruptas de duração desafiou, nos dias 22 e 23, programadores e interessados na criação de softwares a desenvolver um app para auxiliar a mobilidade urbana.

Projetado para quem anda a pé, de transporte público, de carro ou de moto, em São Paulo, o aplicativo calcula a velocidade média nas vias em três plataformas. A primeira delas, para computador, informa por meio de um site da internet sobre o trânsito para quem não tem celular de última geração (smartphone).

As outras duas são para smartphones das linhas Apple (a partir do iPhone 4) e Android (diversos modelos e marcas), desde a versão 2.3 do sistema operacional distribuído pelo Google. Esses aparelhos têm como característica receber e enviar dados em tempo real pelas redes móveis de telefonia, o popular serviço de 3G vendido pelas operadoras de telefonia.

Mais gente, mais qualidade

Giovanni Marques, integrante do trio premiado do ICMC-USP, explica que o conceito do tranSPlot é coletar por meio dos celulares e processar em tempo real as informações de tráfego em ruas que não dispõem das câmeras de monitoramento da CET. A ideia é ampliar, com os dados vindos pela rede 3G, as informações dos mapas de trânsito e permitir uma visão mais geral da situação das vias da cidade. O sistema pinta de vermelho as ruas onde a fluidez do trânsito está mais lenta e, de verde, onde está mais rápida.

“O tranSPlot é um software livre e usa uma base de dados aberta, que pode ser consultada na Web por qualquer pessoa ou programador. Assim, o código-fonte pode ser melhorado ou, então, adaptado para quaisquer outras grandes cidades ou capitais”, explica Giovanni. Além disso, quanto mais pessoas utilizarem o aplicativo, melhor será a qualidade da informação fornecida e mais pessoas se interessarão pela ferramenta.

Serviço

Equipe Bad Request

Rogério Mascia Silveira
Imprensa Oficial – Conteúdo Editorial

Reportagem publicada originalmente na página II do Poder Executivo I e II do Diário Oficial do Estado de SP do dia 08/04/2014. (PDF)

Metrô anuncia que a ciclovia da Radial Leste deverá estar concluída em janeiro

Moderna pista para ciclistas está sendo construída entre as estações Tatuapé e Corinthians-Itaquera do Metrô, na Radial Leste

Convênio assinado no mês de agosto entre a Companhia do Metrô e a Secretaria Municipal do Verde e Meio Ambiente de São Paulo definiu a construção de uma ciclovia interligando as estações do Metrô Tatuapé e Corinthians-Itaquera. O investimento é de R$ 9 milhões e a previsão é concluir a obra em janeiro de 2008. O trecho tem 12,2 quilômetros de extensão e traçado paralelo à Linha 3 – Vermelha do Metrô, na Avenida Radial Leste.

A iniciativa integra o Projeto Caminho Verde e pretende aproximar a bicicleta do transporte metropolitano na capital. As obras preveem recuperação do calçamento e instalação de piso intertravado com revestimento colorido. A iluminação ganhará 900 novos postes e a fiação elétrica será subterrânea.

A ciclovia terá, em média, uma árvore plantada a cada 7,5 metros, somando 1,5 mil unidades. O projeto paisagístico inclui gramíneas, arbustos e espécies arbóreas de pequeno, médio e grande portes. O objetivo é embelezar o trajeto e favorecer as reduções nas emissões de gás carbônico na atmosfera.

As bikes poderão ficar estacionadas em bicicletários nas estações Carrão e Corinthians-Itaquera. A segurança de pedestres e ciclistas será reforçada com sinalização cicloviária horizontal e vertical.

Mobilidade e saúde

O professor Paulo Hilário Nascimento Saldiva, da Faculdade de Medicina da USP, coordena o Laboratório de Poluição Atmosférica da universidade. Ele aposta no uso da bicicleta como alternativa viável para melhorar a fluidez do trânsito e a qualidade de vida. Cita como vantagens ser um veículo ecológico (não poluente), estimula a prática do exercício físico, humaniza o trânsito e sociabiliza o condutor.

Médico patologista, o pesquisador acompanha a medição dos níveis de poluentes na atmosfera feitas pela Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (Cetesb) nas seis estações da região metropolitana da capital (RMSP). Em seus estudos, relaciona os dados apurados sobre a qualidade do ar com a expectativa de vida da população.

Poluição e mortalidade

Do ponto de vista energético e ambiental, Saldiva classifica a opção pelo carro como insustentável. “É um desperdício queimar combustível para impulsionar um veículo que pesa, em média, duas toneladas, e trafega, na maior parte das vezes, com um único passageiro”.

A Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) estima em 6 milhões de carros o tamanho da frota paulistana. Nos últimos anos, a cidade tem registrado, em média, 70 mil mortes por causas naturais e 10% dos óbitos estão ligados à poluição. “Bastam 10 microgramas de emissões adicionais de poluentes sobre os níveis atuais para diminuir em 1,5 ano a expectativa de vida dos munícipes”, alerta.

Mais ciclovias

Ciclista praticante, o professor Saldiva pedala diariamente 6 quilômetros no trajeto entre sua casa, no Itaim, e o campus universitário, na Avenida Doutor Arnaldo, 455, em Pinheiros. Segundo ele, poucas cidades brasileiras apostam na bicicleta como meio efetivo de transporte. E lamenta persistir no País a ideia de associá-la somente ao lazer e ao esporte.

“Santos é uma exceção. Na cidade litorânea a ciclovia é opção preferencial de deslocamento para a população de baixa renda”, aponta. Outra vantagem é possibilitar velocidade média horária de 15 quilômetros por hora na ciclovia. Na capital, na última década, a velocidade média dos carros nas ruas caiu de 50 quilômetros por hora para 8.5 – número equivalente ao oferecido pelas charretes e cavalos no século 18.

O professor Saldiva sugere a criação de mais ciclovias e bolsões de estacionamento nas áreas centrais e de grande circulação de São Paulo. Enfatiza a necessidade de ampliar e integrar os diversos modais de transporte coletivo – Metrô, ônibus, trens metropolitanos e veículos leves sobre trilhos.

“O custo da implantação da ciclovia é baixo e sua instalação é simples. Além desta, em construção na Radial Leste, outras poderiam ser instaladas nos canteiros das avenidas Rebouças e 9 de Julho e marginais Tietê e Pinheiros. Uma opção é projetar vias elevadas exclusivas para as bicicletas, como as adotadas em Toronto (Canadá)”, analisa.


Exemplos estrangeiros

Em Bogotá (Colômbia), o transporte coletivo foi priorizado: as avenidas foram reduzidas e surgiram parques – caminho oposto ao adotado em São Paulo. Na capital, áreas de lazer e proteção ambiental desapareceram com a construção das marginais Tietê e Pinheiros.

A lista de experiências internacionais inclui a Ilha de Manhattan, área nobre da cidade de Nova York (EUA). “Quem roda na ilha paga caro pelo estacionamento. A iniciativa privada adiantou-se ao poder público e houve consenso na sociedade sobre o rumo tomado: privilegiar o pedestre em vez do motorista”, esclarece.

O professor Saldiva cita soluções mais radicais, como o pedágio urbano. Esse método foi adotado nos 21 quilômetros quadrados do centro de Londres (Inglaterra). Na capital britânica cada veículo possui um chip no seu interior – e há cobrança quando ele ingressa na zona central.

Rogério Mascia Silveira
Da Agência Imprensa Oficial

Reportagem publicada originalmente na página II do Poder Executivo I e II do Diário Oficial do Estado de SP do dia 08/12/2007. (PDF)