Parceria IPT e Embrapii apoia e financia inovação nas empresas

Projetos de pesquisa e desenvolvimento estão disponíveis para indústrias de todo o País; a meta é ampliar o potencial do setor e criar produtos e serviços para exportação e o mercado interno

Ampliar, com apoio técnico e laboratorial e financiamento a fundo perdido, o potencial de competitividade da indústria nacional para criar produtos e serviços para o mercado interno e exportação. Essa é a proposta do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) e da Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii), parceria dos governos estadual e federal para gerar conhecimento, emprego e renda no País a partir de projetos para empresas de pesquisa, inovação e desenvolvimento.

“Desde 2014, o IPT atua como Unidade Embrapii em duas áreas: Tecnologias de Materiais de Alto Desempenho e Desenvolvimento e Escalonamento de Processos Biotecnológicos”, informa a gerente da Coordenadoria de Planejamento e Negócios do Instituto Flávia Gutierrez Motta.

“Na área de materiais, o IPT desenvolve cerâmicas, compósitos e outros serviços com nanotecnologia, além de investir em ligas metálicas para melhorar a proteção contra corrosão. No campo da biotecnologia, a atuação é escalonada, para atender às necessidades específicas das empresas”, destaca.

Exclusividade

“O intuito é gerar crescimento econômico e divisas para o País”, explica Flávia, ressaltando o fato de a Embrapii ser iniciativa conjunta dos ministérios da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações e o da Educação. Além do IPT, órgão vinculado à Secretaria Estadual de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação, a iniciativa reúne mais 34 instituições científicas e de pesquisa e soma mais de 200 projetos contratados, com valor médio de R$ 1,5 milhão cada um (ver serviço).

Nos projetos, a propriedade intelectual é igualmente dividida entre a empresa e o IPT. O serviço está disponível para empreendimento regular, de qualquer porte, sediado no Brasil e disposto a desenvolver tecnologia em produto ou serviço novo.

Contudo, a contratante tem prazo para lançá-lo no mercado depois de confirmada sua viabilidade. Se não o fizer, perderá o direito legal ao sigilo industrial e à exclusividade de uso da tecnologia. Além disso, nesse caso, a inovação desenvolvida em conjunto com o instituto poderá ser repassada para outro empreendedor ou grupo de empresas.

Benefícios

Em março de 2013, o IPT lançou seu projeto piloto na área. Em julho do ano seguinte foi regulamentado como Organização Social Embrapii. Desde então, firmou 31 contratos.

Neles, o instituto banca 20% dos custos e 33% são de responsabilidade da Embrapii, valores que não precisam ser devolvidos. A empresa interessada desembolsa os 47% restantes. Caso a contratante seja microempresa, a parte não reembolsável do financiamento poderá chegar a 86%.

“Diferentemente de outros estímulos, o da Embrapii tem a vantagem de ser desburocratizado, podendo o valor ser solicitado pela empresa interessada diretamente no IPT. O tempo do processo todo varia entre dois meses e um ano. Quando a empresa tem definida sua estratégia de inovação, a assinatura do contrato é mais rápida”, ressalta Flávia.

Segundo ela, outro atrativo é o IPT destacar equipes multidisciplinares de pesquisadores e técnicos com experiência em projetos para a indústria. A carteira de clientes Embrapii do IPT é diversificada.

Inclui a indústria cimenteira, projetos com compósitos para a Embraer e trabalhos para os setores siderúrgico, metalúrgico e de mineração. Há também serviços abordando corrosão e nanotecnologia nas áreas farmacêutica, de higiene pessoal e de petróleo e gás. Em biotecnologia, foram realizados atendimentos para produtores de fertilizantes e empresas de tecnologia (startups).


O estado como parceiro

Radicada no Brasil há 20 anos, a farmacêutica venezuelana Peky Noriega cursou mestrado, doutorado e pós-doutorado na Universidade de São Paulo (USP). Em 2013, poucos meses após concluir sua última etapa acadêmica, ela mudou sua condição de pesquisadora para empreendedora e incubou a Nanofitotec, empresa recém-criada por ela, no Centro de Inovação, Empreendedorismo e Tecnologia (Cietec), localizado na Cidade Universitária, na capital.

Segundo Peky, especialista em fitoterápicos, a proposta de sua startup é usar a nanotecnologia para potencializar as propriedades de extratos vegetais utilizados em medicamentos e cosméticos. “Desse modo, é possível usar quantidades menores e obter resultados mais eficientes em comparação com muitos itens de composição sintética hoje à venda”, explica.

Na sua avaliação, muitas espécies da flora brasileira têm potencial para inovação e negócios. Assim, uma das estratégias adotadas em sua empresa é buscar patentear muitos dos conhecimentos sobre plantas adquiridos ao longo de sua formação universitária.

Cicatrizante

Para iniciar a operação da empresa, atualmente instalada na Companhia de Desenvolvimento do Polo de Alta Tecnologia de Campinas (Ciatec), Peky conseguiu aprovar na Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado (Fapesp), em 2013, projeto de Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas (Pipe-Fapesp) Fase I, para desenvolver nanopartículas utilizadas em medicamentos cicatrizantes.

Em 2014, aprovou no IPT/Embrapii o desenvolvimento do Nanolin, composto para tratamento antienvelhecimento ou de doenças de pele a partir da Centella asiatica, planta de uso tradicional na área de cosméticos. “O apoio do IPT com pessoal, laboratórios e equipamentos foi fundamental. Possibilitou aumentar a permeabilidade e o campo de ação do produto, isto é, atingir as camadas mais profundas da pele”, pontua Peky.

Atualmente, o composto segue à disposição para empresas interessadas em produzi-lo em escala comercial. “Até para um negócio de grande porte é difícil desenvolver um produto nanoestruturado, pois os custos desses equipamentos são muitos altos. Por isso, classifico como imprescindível o serviço prestado pelo IPT/Embrapii”, diz a empresária, informando ter conseguido no final do ano passado novo financiamento Pipe-Fapesp Fase II.

Serviço

Instituto de Pesquisas Tecnológicas – IPT
Telefone (11) 3767-4400
E-mail ipt@ipt.br

Embrapii
Nanofitotec

Rogério Mascia Silveira
Imprensa Oficial – Conteúdo Editorial

Reportagem publicada originalmente na página I do Poder Executivo I e II do Diário Oficial do Estado de SP do dia 26/07/2017. (PDF)