Bibliotecas da USP recebem kits de acessibilidade social

Equipamentos com ampliador digital e leitor autônomo facilitam a leitura e o aprendizado de pessoa com deficiência visual, parcial ou total

A Universidade de São Paulo (USP) disponibilizou três conjuntos de equipamentos (kits) de leitura para pessoa com deficiência visual, parcial ou total. À disposição da comunidade acadêmica e demais usuários das bibliotecas universitárias, o primeiro deles foi instalado na Biblioteca do Câmpus de Ribeirão Preto (BCRP).

O segundo kit foi montado na sala de acessibilidade da biblioteca da Faculdade de Educação (FE), da Cidade Universitária, na zona oeste de São Paulo. O último conjunto tem entrega e operação previstas para outubro, tendo como destino a biblioteca da Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH), da USP Leste, na capital.

Assistivo

Cada kit custa em média R$ 16 mil e inclui duas máquinas com sistemas de informática com vida útil prevista para vários anos. Ambas têm software (programas) e hardware (placas e demais componentes) projetados especificamente para facilitar a leitura de impressos para pessoa com deficiência visual.

O leitor autônomo é o primeiro dispositivo inclusivo do kit. Seu sistema “fotografa” páginas de livros e reconhece o conteúdo. Na operação, lê de modo linear o texto impresso e o transmite para os fones de ouvido do cego, que, com um teclado, controla a velocidade da leitura, podendo avançar ou retroceder rapidamente para outras linhas e parágrafos. Se o usuário tiver visão parcial, pode ampliar trechos da página com o teclado e conferir o resultado do zoom na tela do equipamento.

A linha em braile é o segundo dispositivo assistivo do kit. Parecido com um teclado de computador, funciona em conjunto com o leitor autônomo. Seu sistema decodifica o texto escaneado da página e o converte para os 64 sinais da linguagem braile. Estes são representados em alto-relevo em uma superfície perfurada do teclado. Nela, pequenos pinos se alternam, subindo e descendo, formando os símbolos e permitindo ao cego fazer a leitura tátil do conteúdo.

A biblioteca da FE dispõe também de terceiro equipamento para auxiliar pessoas com visão diminuída, chamado ampliador digital. Com operação similar à de uma lupa, sua lente dá zoom em trechos das páginas e reproduz, com nitidez e de modo instantâneo, o conteúdo impresso em um monitor de computador.

Ler e estudar

“O objetivo dos kits é fortalecer ainda mais a inclusão social na universidade”, destaca Anderson de Santana, chefe da Divisão de Desenvolvimento e Inovação do Sistema Integrado de Bibliotecas (SIBi) da USP. “Além da leitura, equipamentos possibilitam ao aluno, professor ou funcionário cego ou com visão parcial estudar. Funcionam também com arquivos armazenados por eles em e-mails e pendrives pessoais”, informa.

Antes do retorno dos kits para a universidade, Anderson conta que os três integraram a exposição Conhecimento: Custódia e Acesso. Realizada de 2012 a 2014, essa mostra celebrou 30 anos de criação do SIBi e foi atração em diversos eventos em instituições culturais, como o Museu da Língua Portuguesa, vinculado à Secretaria Estadual da Cultura. Esteve também na Bienal do Livro de São Paulo e nas Feiras do Livro de Ribeirão Preto e Educar, na capital.

Segurança

“A maioria das pessoas com deficiência que ingressa na universidade costuma conhecer o ampliador digital e o leitor autônomo. Ambos são de uso simples e aprendizado rápido”, diz Lina Flexa, diretora da biblioteca da FE.

Segundo ela, o kit representa mais um passo da USP para ampliar o acesso aos acervos acadêmicos. Lina diz se orgulhar de comandar uma das bibliotecas campeãs de acessibilidade da universidade pública paulista. Como exemplo, cita a entrada do prédio que não tem capachos, pois podem prejudicar o acesso de pessoas com muletas e andadores.

Os cuidados seguem com o piso tátil para orientar deslocamentos. O mobiliário adaptado inclui balcão rebaixado, mesas com altura regulável (para cadeirantes), elevador, banheiros e bebedouros exclusivos para pessoas com deficiência. Além disso, as estantes e a escada são sinalizadas com painéis em braile.

Faz tudo

Thiago Freires, um dos bibliotecários responsáveis pelo atendimento ao público, confirma a facilidade de uso dos aparelhos do kit. Na USP desde 2009, ele assina e apresenta o vídeo institucional do site da biblioteca, que tem sete minutos de duração e traz todas as informações sobre o acervo, consultas e demais serviços da biblioteca da FE (ver link em serviço).

Ele conta que, diariamente, cerca de 400 pessoas circulam pelos três pisos (térreo e dois andares) do edifício próprio. Com 25 funcionários, a biblioteca da FE abre de segunda a sexta-feira, das 8h30 às 22 horas, e aos sábados, das 9 às 13 horas.

Serviço

Bibliotecas da USP com kits de acessibilidade:

Central USP Ribeirão Preto
Faculdade de Educação da USP
Escola de Artes, Ciências e Humanidades da USP

Rogério Mascia Silveira
Imprensa Oficial – Conteúdo Editorial

Reportagem publicada originalmente na página III do Poder Executivo I e II do Diário Oficial do Estado de SP do dia 22/09/2015. (PDF)